Entre Lençóis e Mantas escrita por larrycavalcante


Capítulo 1
Capítulo único




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Da janela da casa de praia, dava-se para ver a privilegiada visão do mar tão de perto. Se quisessem, era apenas sair pela porta da cozinha e seus pés davam na fina areia.
Cristais azuis, pequenos cristais que brilhavam na superfície do mar. A brisa leve batia na face alva da pequena morena que fitava a imensidão de cristais no parapeito da enorme janela.

 

Apenas um lençol cobria o corpo esbelto de Rukia. Sua cabeça ainda latejava, quase gritando pedindo ao menos um remédio para a dor de cabeça. Mas não tinha nada disso na casa, e a farmácia mais próxima era à quilômetros dali.

 

Lembranças. Ela queria lembrar do que tinha acontecido pela noite. E queria que Ichigo acordasse de uma vez para ver se ele ao menos lembrava de algo.
Ainda duvidava das suas esperanças já que tinha encontrado três garrafas de Red Label (Whisky) completamente vazias sobre o tapete da sala. E além das garrafas pelo chão, camisa, blusa, cinto, shorts jeans, calça jeans e roupas íntimas nos degraus das escadas...

 

“Droga, é óbvio que fizemos. Ou não, tem a possibilidade de nós termos desmaiado na hora H...” – Se virou e rodou os olhos pelo quarto branco. Procurou pelo assoalho de ipê algumas pistas. Se agachou no chão procurando alguma coisa debaixo da poltrona e do rack branco.

Nada, na realidade, ela não sabia o que exatamente procurar.

 

Levantou do chão. Ainda estava desconcertada, sua cabeça doía, e nem conseguia pensar direito. Ela e Ichigo não deviam ter afogado as mágoas ontem à noite. Os dois haviam terminado o namoro - Ichigo terminou o namoro de 2 anos com Orihime, e Rukia com o Renji... em 2 meses de namoro. -  na mesma semana, e como amigos decidiram ir para a casa de praia que era do pai de Ichigo.

 

Rukia olhou para a cama pela milésima vez aquela manhã. Imagina o susto que o ruivo levaria ao se ver nu, e Rukia apenas enrolada em um lençol? Não queria nem pensar nisso.

Viu o ruivo se espreguiçar, e logo em seguida gemer alto e levando a mão à testa.

 

“Aaai, minha cabeça. Eu não consigo nem... mexer a minha cabeça direito.” – Disse em pausa e em meio a gemidos mimados.  “Que droga, estou fedendo a bebida...”  – Falou sozinho ainda de olhos fechados sem perceber nada ao seu redor.  “E ao perfume da Rukia... e...” – Parou de falar e ainda de olhos fechados franziu o cenho.

 

A morena via a cena sem muito humor. Como já previa, ele ia se tocar, e ia dar um ataque.

 

“Espera...” – Abriu os olhos de repente e gemeu mais uma vez quando a luz feriu seus orbes como fogo.  E ainda por cima, a sua cabeça estava latejando forte.  Sentou-se na cama ainda brigando com a luz que não deixava os seus olhos ficarem decentemente abertos.  “O que raios aconteceu?!” Perguntou a si mesmo quando viu debaixo das cobertas que também estava nu.

 

“Eu também gostaria de saber.” – Rukia disse olhando para o ruivo de mau humor.

 

Ichigo arregalou os olhos quando viu a amiga enrolada em um lençol.

 

“COMO VOCÊ NÃO SA...Aaai!” – O ataque foi impedido de continuar quando a sua cabeça quase explodiu.

 

“Como eu previa... nenhum de nós dois sabemos. Ótimo.” – Rukia falou sem mais nenhuma esperança de saber o que tinha acontecido.  Massageou as têmporas e foi se sentar na beirada da cama. “Eu encontrei três garrafas de Red Label vazias, acho que nem preciso dizer mais nada.”  

 

“Como você consegue agir tranquilamente?!” – Ichigo tentava controlar a voz, era meio impossível, estava abalado e queria uma explicação, nem que fosse mínima.

 

“Eu estou acordada desde as oito horas, ou seja, estou aqui remoendo isso à uma hora e meia! Mas ainda não sei se fizemos, ou não.”

 

“Que bosta. O problema nem é ter ficado bêbado! É que transamos e eu nem lembrar de nada!” – Disse incrédulo, os braços débeis ao lado do corpo sem conseguir se mecher por causa da bebida e do susto.

 

“O que [i]você[/i] quis dizer com isso, Ichigo?” – Rukia perguntou o fuzilando com os olhos.

 

“Espera lá! Você entendeu errado!”

 

“Tá, tanto faz! Minha cabeça está doendo demais para eu discutir com você!”

 

“Tanto faz nada, Rukia! E se transamos? Usamos camisinha?”

 

O pânico dominou a morena. Levantou da cama o mais rápido possível e expulsou o ruivo da cama. Sacudiu as cobertas na esperança que caísse de lá ao menos o pacotinho.

 

Ichigo recolheu uma das mantas verdes que Rukia havia jogado no chão e cobriu a cintura.

Além de jogar todos os panos para fora da cama, atirou também todos os travesseiros.

 

“VÁ PROCURAR NO LIXO DA SUÍTE!” – A morena gritou desesperada agora voltando a agachar no chão procurando qualquer relato que fosse.

 

O ruivo foi até a suíte quase se arrastando. Talvez, a possibilidade dos dois terem feito algo não fosse como o fim do mundo. Os dois eram amigos de faculdade, não se conheciam à tanto tempo assim para ser algo imperdoável, e desde que conheceu Rukia sempre se sentiu atraído por sua beleza rara. Sinceramente, queria lembrar da noite, nem que fosse um pouco.

 

Se curvou ao lixo e o olhou superficialmente. Um alívio lhe percorreu a espinha e tirou do lixo o pacotinho de camisinha vazio e a camisinha usada. 

 

“Olha, achei!” – Ichigo saiu do banheiro com o pacote e a camisinha em cada mão, um sorriso aliviado estampava seu rosto.

 

“Acho que você ainda tem álcool no sangue, só pode ser! VAI JOGAR ISSO NO LIXO!”  – Rukia se sentou na cama, aliviada. Pelo menos seria uma preocupação à menos.

 

“Não consigo entender, você me pede para procurar. Eu acho. E ainda assim, reclama!” – Foi reclamando levando a camisinha e o pacote de onde tirou.

 

Abriu a torneira, e deixou o barulho da água o envolver.  Aquilo o fez relaxar, por alguns segundos esqueceu-se da ressaca, do gosto amargo que tinha na sua boca, e a conversa que sabia que Rukia o faria ter depois que escova-se os dentes.

Jogou a água no rosto, sem secá-lo, pôs pasta na escova de dente e começou a escovar os dentes.

 

Rukia estava deitada na cama, olhando para o teto. Tudo bem, não tinha a possibilidade de estar grávida do seu amigo. Mas agora tinha o outro problema, por que chegaram ao ponto de transar?

 

“Ichigo, você não se lembra de nada?”

 

“Tolvuz, eo lembre.” – Disse com a escova dentro da boca.

 

“Sabe, se você não falasse com espuma e uma escova de dentes dentro da boa eu entenderia.” – Reclamou de mau humor. Os cobertores estavam em cima da cama, mal arrumados.

 

“Eu disse: Talvez eu lembre.” – Falou terminando de cuspir e secar a boca. Saiu do banheiro e se juntou a morena na cama.

 

“Droga de Red Label.” – Reclamou de novo, se arrumou na cama apoiando as costas na cabeceira também de cor branca.

 

“Não fique se lamentando, eu não sou tão ruim na cama.” – Ichigo ficou na mesma posição que ela, com as costas na cabeceira e olhando para o quadro abstrato na parede.

 

“Se você fosse bom eu lembraria nem que fosse um pouco.” – A morena alfinetou sem humor algum no tom de voz. Sua cabeça ainda latejava e não era pouco.

 

“Se eu fosse ruim, você lembraria de tudo.” – Retrucou com um sorriso malicioso. Rukia bufou e preferiu não prolongar o assunto se ele era bom ou não.

 

“Enfim” – Deu um fim naquele assunto e antes de voltar a falar massageou as têmporas novamente. “Como duas cabeças pensam melhor que uma, vamos pensar juntos. Você lembra de ontem à noite até que ponto?” – Terminou de fazer a pergunta. Rukia tinha a péssima mania de gesticular com as mãos. Ichigo odiava isso.

 

“Eu lembro que pegamos sim, duas garrafa de Red Label, mas acho que já perdemos o foco antes de acabar a segunda e não sei como conseguimos a terceira. Mas, eu lembro que estávamos falando dos defeitos do Renji e da Orihime.”

 

“Que são muitos, aliás. Disso eu lembro...” – Falou com um sorriso maroto. Fechou os olhos na esperança de que  algumas imagens viessem à sua mente.  “Áh! Você cantou Cine e Restart comigo!”

 

“Não! Impossível, eu odeio Cine e Restart.”

 

“E hoje sei, sei, sei, não importa mais! Porque não vai, vai, vai, voltar atrás...” – Rukia cantou baixo e cutucando o braço do ruivo.

 

“Tá, eu cantei. Mas se você abrir a boca e falar para alguém... você está morta, Kuchiki.”  – Ameçou lhe fuzilando com os olhos.

 

“Vou contar para o Kenpachi que você começou a usar uma calça rosa pink” – Brincou, desencostou as costas da parede e ficou de frente ao ruivo que a olhava de mau humor evidente. “Coladinha.”  

 

“Chega.”

 

“Apertadinha.”

 

“Rukia...” – Ichigo fechou os punhos tentando se controlar, odiava a infantilidade da morena.

 

“Vou contar para o meu pai que você se assumiu de vez e ainda usa calças coloridas e franjinha cheia de gel.” –  A pequena foi pega de surpresa pelos seu pulsos.  Ichigo apertava com força os dois pulsos, ninguém podia brincar, ou duvidar da sua masculinidade.

 

“Você sabe que eu odeio isso.” – Urrou.

 

“Não me importo.” – Rukia ria se divertindo com a situação. Amava alfinetar o ruivo, e adorava por ele não ter ainda se acostumado com as suas implicâncias. “O que foi calça colada? Vai descontar a sua raiva em mim?”

 

“Repete?” – Ichigo empurrou a morena sem piedade para se deitar no colção. Ainda segurando os pulsos da pequena com uma das mãos, ficou por cima lhe encarando seriamente.

 

“Calça colada?” – Repetiu em um tom divertido. Era impossível não rir daquela situação. “Sabe, eu sempre quis ter um amigo gay.”

 

“Por que invés de você ficar tirando com a minha cara, nós não tentamos nos lembrar de ontem?” – Ichigo sorriu de canto. Um sorriso malicioso.

 

“Okay, é só você soltar meus pulsos e sair de cima de mim...” – Foi interrompida por uma risada irônica do ruivo. “Que foi?!”

 

“Você consegue ser bem lerdinha, às vezes, Kia.”

 

“Não estou sendo lerda, nós vamos tentar nos recordar do que aconteceu de ontem e só.”

 

“Acho que não vamos longe se não formos na prática.” – Dessa vez ele abriu o sorriso malicioso por completo. Mostrando as suas segundas intenções sem metáforas.

 

“Mas, Ichigo!” – Chiou quando o ruivo se aproximou de seu rosto.

 

“Que foi?”

 

“Ontem fizemos só porque estávamos bêbados!”

 

“Então, você só transaria comigo de novo, só se estivesse bêbada?” – Perguntou sem se afastar dela. Os lábios à poucos centímetros de distância.

 

Um momento de silêncio permaneceu entre os dois. Ambos não perceberam quando a chuva começou a cair. O céu completamente coberto pelo manto negro. A luz entrava com dificuldade no quarto. A única coisa que escutavam era o barulho da chuva e a própria respiração.

 

Ichigo foi soltando o pulso da pequena aos poucos, desistindo. 

 

“Não!  Quer dizer...” – Rukia se enrolou para falar. Estava totalmente corada. Esqueceu-se completamente da sua ressaca.

 

Era tentador. Não poderia negar isso. Ichigo, e aquele corpo, o convite era extremamente tentador. E não era apenas um desejo carnal, Ichigo sempre desestruturou seus sentimentos, quando dizia coisas bonitinhas sobre a amizade dos dois. Mas, dessa vez. A bebida não seria desculpa. Estariam sãos e sabiam de cada ato que estariam fazendo. E as conseqüências que viriam com esses atos. 

 

E no caso dele? Porque, pelo lado da pequena, não seria apenas o sexo. Ali, eles se tornariam um só. Não era algo, simples, estava longe de ser.

 

“Tudo bem, vamos esquecer isso.” – Ichigo foi se afastando devagar.

 

“Não...” – Respondeu fazendo ele não sair de cima de si. Não sabia mais o que dizer, mas tinha uma pergunta presa na garganta. “Me responde uma coisa, só para eu ficar mais tranquila. O que você sente...” – Hesitou. A pergunta estava soando de uma forma estranha para ela. “O que você sente por mim?” – Repetiu a pergunta.

 

“O que você quer escutar?” – Retrucou

 

“Qualquer coisa que seja sincera.” – Respondeu com um sorriso de canto. Levantou as mãos e as enlaçou em volta do pescoço do ruivo.

 

“Eu não sei, mas não é normal.” – Ichigo riu baixo e ainda a fitava. “Sabe, se você ainda não percebeu, tem só uma manta e um lençol separando nossos corpos. E o mais engraçado é que, automaticamente você sendo a minha amiga eu deveria sentir repulsa por você. Mas, é totalmente o contrário. Por isso, não é normal. Entende?”

 

“Aham.” – Rukia sussurrou sem ligar para a explicação do ruivo. O puxou pela nuca para que se aproxima-se mais de seus lábios.

 

“Você é muito precipitada.” – Sussurrou à milímetros de seus lábios.

 

“Uhum.” – Concordou. Roçou seus lábios aos dele suavemente.

 

“Você nem prestou atenção no que eu disse, né?” – Perguntou por cima dos lábios dela, tentando resistir à boca da morena.

 

“Não.” – Murmurou se irritando com a demora do ruivo.

 

“Idiota.” – Por fim a beijou. Aprofundaram o beijo lentamente, sem se preocupar com a chuva lá fora. Como se o tempo tivesse girando mais lentamente, apenas para os dois.

 

O clima entre os dois foi esquentando a cada instante.Ambos tinham a respiração descompassada. O ruivo estava tendo uma certa dificuldade em tirar o lençol enrolado em Rukia. A mesma tentava ajudá-lo, mas a tentativa fora em vão. 

 

“Desisto.” – Ichigo murmurou no meio do beijo. Desceu a mão da cintura de Rukia indo até a sua coxa e levantando o lençol como se fosse um vestido. Ainda se beijavam com desejo. O ruivo já mostrava as suas intenções de avançar aquilo para outro patamar.

 

“Ichigo...” – Rukia o chamou num sussurro parando o beijo.

 

“Fale.” – Ele desceu os beijos até o pescoço, com a intenção de lhe deixar marcas.

 

“Ainda temos camisinha, não?” – Perguntou com um pouco de dificuldade por causa dos arrepios que lhe subiam pela espinha.

 

“Droga.” – Levantou da cama e foi procurar nos bolsos das calças. “Eu não tenho. Me diz que você tem na sua bolsa.” – Falou em um tom suplicador. Rukia virou a bolsa inteira em cima da cama.”

 

“Não tenho, sinto muito.” – Disse se enrolando novamente no lençol.

 

“Como assim, sente muito?!”

 

“Sem camisinha, nada feito.” – Saiu do quarto com o ruivo atrás de si.

 

“Você toma pílula, não toma?!” – Perguntou com uma pontinha de esperança. “Eu lembro que uma vez você comentou com a Inoue!”

 

“Tomo, mas não vou me arriscar.” – Desceu as escadas em direção à cozinha.

 

“Rukia!” – Pediu mais uma vez, abraçando-a pela cintura.

 

A resposta da morena fora mais um não. E mesmo ele insistindo, a resposta continuou a ser não. E novamente não. Outra vez não. E de novo, não.

 

“Kia!” – Implorou.

 

“Não, mas que droga Ichigo! Vai tomar um banho frio!”


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Notas finais do capítulo

Me desculpem os erros de concordância e ortografia.
E reviews são super bem vindos para uma escritora carente '' ♥