Ruínas da Guerra escrita por Teodan98


Capítulo 15
Reino das Fadas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698297/chapter/15

Do alto da colina era possível ver a lua se estendendo no céu em sua forma completa. Dante, Brielly e Luna estava diante da fogueira que crepitava enquanto queimava três coelhos que Brielly e Dante haviam caçados, Luna ficou responsável pela fogueira, Dante ficou sem saber qual foi a técnica realizada pela princesa para fazer a fogueira, que queimava sem parar por um longo período.

Dante estava olhando para Luna que girava os coelhos assados no graveto e Brielly olhava a janta atentamente, caso queimasse. Luna fazia questão de girar a janta na fogueira, Brielly havia discutido com ela porque a fada acreditava que ela acabaria queimando tudo e não haveria mais o que jantar naquela noite.

—Dois dias viajando... – Disse Dante quebrando o silêncio enquanto afiava a sua espada em seu colo com uma pedra que havia achado. – Estamos perto?

—Sim. – Respondeu Brielly desviando o olhar da janta e encarnado os olhos de Dante. – Deveremos chegar no reino quando o sol chegar ao meio do céu.

—Isso parece uma eternidade. – Disse Dante deslizando a pedra na espada de baixo para cima. – E você princesa? O que acha de tudo isso?

—Acho que isso vai ficar uma delícia. – Respondeu Luna sem desviar os olhos da janta.

 O estoque de comida que Brielly trouxe era apenas para a tarde que elas haviam planejado e Dante não sentiu necessidade de levar algum tipo de alimento, apenas a sua espada e sua armadura.

—Não estou falando disso. – Dante olhou novamente para Luna. – O que acha do mundo aqui fora?

—Acho que é bem melhor do que ver apenas as muralhas do castelo. – Enquanto falava, o seu colar azul brilhante oscilava devido a chamas da fogueira.

Dante então olhou para Brielly que escutava atentamente a princesa. As asas de Brielly ao luar pareciam cintilar menos do que pela manhã, mas mesmo assim dava um grande destaque para a fada.

—Eu também estou achando adorável. – Disse Brielly. – Tomar banho com a princesa no lago, passar dias conversando sobre aventuras na qual eu passei, se reunir com as melhores pessoas ao redor da fogueira. Está sendo incrível!

—Você acabou de nos chamar de “melhores pessoas”? – Perguntou Dante enquanto direcionava o seu olhar para a fada.

—Algum problema? – Perguntou ela.

—Isso foi a coisa mais deprimente que eu já ouvi! – Respondeu Dante enquanto Luna encarava as chamas da fogueira. – Digo, achei que as fadas possuíssem mais amigas da própria espécie do que qualquer outra. Cadê as suas amigas fadas?

—Bom... Elas estão... estão no reino das fadas. – Respondeu a fada tentando esconder a tristeza de algo. –Eu não as vejo faz duzentos anos.

—Você é muito mais experiente do que eu imaginava. –Disse Dante ironicamente depois de ter arremessado a pedra que afiava a espada por entre as árvores. – Aconteceu alguma coisa com você a duzentos anos atrás?

—Sim.

Luna então desvia o olhar das chamas e olha diretamente para Brielly ao seu lado como se isso fosse algo que ela nunca estivesse ouvido.

—Eu não sei quando terei outra chance para contar sobre isso, não existe ninguém melhor para contar do que vocês. – Após as palavras cessarem Brielly olha para Dante.

—O que foi? – Perguntou ele confuso.

Brielly olhou para a fogueira enquanto seus olhos emitiam a luz das chamas e disse:

—Dante. Você já passou por algo que achasse que nunca esqueceria e iria viver com essa culpa pelo resto de sua vida?

—Claro que sim! – Respondeu ele. – Nós humanos vivemos fazendo coisas na qual nos arrependemos pelo resto de nossas vidas. Isso que nos torna humanos.

—Com tão pouco tempo de vida e vocês conseguem simplesmente esquecer? – Perguntou novamente a fada, agora um pouco mais curiosa.

—Esquecer não, fazer diferente, sim. – Respondeu ele sereno e calmo, fazendo seu rosto ficar sério enquanto trocava olhares com Luna e em seguida para Brielly. – O que foi que você fez?

—Há quinhentos anos atrás meu pai havia me posto para ser a guardiã da fonte da juventude. – Sua expressão dizia algo ruim e enquanto falava a princesa olhava para ela. – Minha única missão era fazer com que ninguém chegasse perto da fonte, mas isso tudo foi por água abaixo.

—O que aconteceu? – Perguntou Luna curiosa enquanto olhava atentamente para a fada.

—Trezentos anos se passaram desde que fiquei responsável por proteger a fonte e um certo dia dois pequenos anões encontraram a fonte, um deles estava ferido e a beira da morte enquanto o outro lhe carregava em direção a fonte. – Brielly parou de falar por um tempo, deu um suspiro e continuou: - O anão suplicava para que salvasse o seu irmão que estava morrendo aos poucos, lágrimas caiam de seus olhos e sangue escorria dos ferimentos de seu irmão.

—E o que você fez? – Perguntou Dante enquanto Luna continuava a olha-la incrédula.

—Eu não tive opção, ele estava morrendo e eu tinha a cura em minhas mãos. – Ela olhou para as suas mãos e fechou cerrando os punhos. – Eu corri para a fonte e lhe dei apenas um gole da fonte para o anão. Ele se recuperou, mas...

Dante pode ver lágrimas caindo dos olhos da fada enquanto ela olhava para baixo, com seus punhos ainda fechados.

—Mas o que? – Perguntou Dante com incerteza se realmente queria saber a resposta.

—Eu fui tola e medrosa! Eu tentei ajuda-los, quebrei a minha promessa para proteger a fonte, mas fui enganada! – Mais lágrimas caíram de sua face. – Ambos revelaram a sua verdadeira forma e me mostraram que era magos negros, servos direto dos demônios. Eu tentei para-los, mas eram fortes demais, então fugi.

—E o que aconteceu depois? – Perguntou Dante.

—Eles criaram sede de matança e foram diretamente para o reino das fadas, onde destruíram tudo e mataram milhões. Se não fosse meu tio que deu a sua vida para aprisiona-los, eu não estaria aqui e tudo seria completamente diferente...

—Seu tio morreu com honra. – Falou Dante.

—Sim, mas pela minha culpa. Agora ele está no mundo dos demônios. –Ela fez uma pausa novamente e prosseguiu: - Meu pai como bom e severo rei, me deu apenas duas escolhas por ter quebrado a lei, ou a sentença de morte, ou seria exilada do reino das fadas e nunca mais retornaria.

—Você é uma princesa? – Perguntou Dante surpreso.

—Sim, eu era. – Respondeu ela enquanto lágrimas caiam de sua face.

—Então foi por isso que você andou vagando por Nomentum durante esses duzentos anos? – Perguntou Luna.

—Sim. – A resposta da fada se perdeu no silêncio da noite.

Durante algum tempo a única coisa que falava ali na colina era o vento que vinha do Leste e se encontrava com as pedras da colina, até que Luna falou:

 –Sinto muito.

—Nós sentimos muito. – Corrigiu Dante. – Todos nós temos segredos e fico feliz por ter compartilhado isso conosco, mas tenho uma pergunta.

—Qual? – Perguntou a fada enxugando as lágrimas que já haviam traçado um caminho pela sua face.

—Como você pretende voltar para o reino das fadas amanhã?

— As fadas sabem perdoar com o tempo, embora esse tempo seja muito para qualquer humano. – Respondeu Brielly agora sem lágrimas nos olhos. – Eu posso retornar, mas passar mais do que um dia e uma noite, não.

—Isso prova que seus pais ainda lhe amam. – Disse Luna tentando anima-la.

O sorriso da fada foi a iluminação de esperança na noite densa através do luar. Depois todos jantaram em silêncio e foram dormir em suas camas improvisadas por Dante que sempre carregava trapos velhos caso precisasse e foi exatamente o que eles precisaram naqueles três dias.

Após os primeiros raios de sol iluminarem o horizonte sob a colina, Dante se levantou, preparou os cavalos para a partida e se juntou com Luna e Brielly para jantar o resto dos coelhos da noite anterior e logos após partiram continuando para o leste em direção ao reino das fadas.

Quanto mais os três seguiam para o leste, mais as formas das árvores tomavam outros tons de cores, depois de alguns passos a mais, as folhas das árvores tomavam cores de amarelo ao invés de verde e de suas folhas pólen começou a cair sendo guiados apenas pelo vento, como se fosse neve.

—Como isso é possível? – Perguntou Dante incrédulo.

—Isso é a magia da floresta. – Respondeu Brielly. – Quando a floresta e os habitantes dela entram em perfeita harmonia os deuses da floresta ficam felizes e como gratidão eles nos dão pólen.

—Esse presente é completamente sem sentido. – Falou Dante.

—Sem sentido ou não, isso aqui é lindo! – Disse Luna enquanto olhava para os pólens que caiam do alto das árvores enquanto esbanjava um belo sorriso. – Que tipo de pólen é esse?

—O do tipo que é bem raro. – Respondeu Brielly. – Ele se chama Orlyx e só é encontrado aqui, no reino das fadas.

—Espero que isso não entre no meu nariz! – Exclamou Dante.

—Não se preocupe. Todas as criaturas e seres de bom coração que entram nessa região são protegidas por um campo mágico. – Falou Brielly com entusiasmo. – Olhe para as suas mãos e verá do que eu estou falando.

Dante fez o que foi ordenado e viu um campo que rodeava suas mãos e todo o seu corpo, quase invisível. Algo começou a crescer dentro de Dante, uma felicidade entoou por todo o seu ser, ele nunca havia presenciado algo daquela maneira. Dante segurou o cabo da sua espada que estava em sua banha e desejara que ela não quebrasse aquele campo mágico ou fizesse algo de ruim para com todo aquele lugar.

Dante olhou para Brielly ao seu lado, ela estava montada em seu cavalo como de costume e estava olhando atentamente para a frente.

—Porque você está montada nesse cavalo? – Perguntou Dante.

A fada então olha atentamente para ele e responde:

—Porque voar cansa.

—Cavalgar também. – Retruca Dante.

—Bem menos do que bater as minhas asas. – Explica Brielly. – Qual é dessa pergunta?

Dante abre um sorriso para ela e fala:

—Estou muito empolgado.

—Com o que? – Pergunta Brielly.

—Não sei. – Responde ele. – Mas estou me sentindo ótimo!

Brielly olha para o seu lado e se depara com Luna que está com um sorriso de orelha a orelha olhando ao seu redor enquanto pólen cai das árvores.

—Ah! – Anuncia Brielly como se lembrasse de algo. – Isso é a magia da floresta. Ela faz com que as pessoas protegidas pelo campo fiquem se sentido feliz e confiante.

—Isso é incrível... – Diz Luna para ninguém em particular enquanto olha ao seu redor.

A visão de Dante começa a clarear e as todas as cores de sua visão começa a ganhar um brilho intenso, ele fecha os olhos e passa a mão no rosto, mas ao abrir os olhos a sua mão que estava diante de si se multiplica.

—Isso não afeta você? – Pergunta Dante para Brielly.

—Não. – Responde ela. – Nenhuma fada é afetada por essa magia, já estamos acostumadas com isso.

—Isso explica muita coisa sobre você. – Falou Dante tentando ser irônico.

 Dante então segura forte as rédeas de seu cavalo com ambas as mãos e fecha os olhos tentando recobrar a visão, mas sem sucesso.

A frente da estrada que eles estão, um som de água forte se jorrando foi escutado. Dante olha para a frente e pergunta:

—Isso é uma cachoeira?

—Sim.- Respondeu Brielly. – Isso quer dizer que chegamos!

—O reino das fadas fica perto de uma cachoeira? – Pergunta Dante novamente.

—Não uma cachoeira qualquer. – Responde ela com entusiasmo. – A cachoeira mais bonita de Nomentum.

E ao termino das palavras de Brielly, Dante pode escutar a água cada vez mais próxima a cada passo que davam com os cavalos.

De súbito a estrada acabou e deu em um enorme penhasco e logo adiante Dante avistou o reino das fadas que estava pequeno devido a distância que estavam. Perto de si, a sua direita, Dante viu uma estrada em forma de serpente que descia até uma ponte e logo após a ponte o reino das fadas se estendia.

A cachoeira que Brielly havia comentado ficava por detrás do reino e suas águas cristalinas faziam um pequeno lago ao redor do reino que formava uma perfeita silhueta de uma asa, bastante parecida com as de Brielly, e as águas se despejavam em um rio que seguia para o sul.

Dante conseguiu avistar diversas fadas sobrevoando o reino que possuía diversas casas brancas e um castelo branco com detalhes em dourado, todo o castelo cintilava com a luz que recebia do sol e se estendia para o alto e quase alcançava o topo da cachoeira. Tudo isso fugia do padrão das casas e castelos que Dante sempre vira por toda Nomentum.

—A que distância a cachoeira fica do castelo? – Perguntou Dante.

—Longe o suficiente para não nos molhar. – Respondeu a fada. – Daqui parece mais perto do que realmente é.

A visão de Dante se recobra e ele olha para as suas mãos e descobre que o campo mágico desapareceu e toda aquela felicidade que estava sentido foi embora. Brielly olha para Dante e diz:

—A magia só dura quando estamos na floresta.

—Eu percebi. – Retruca ele.

De súbito um barulho de algum peso caindo no chão ressoa aos ouvidos de Dante e ele olha para onde o som viera e descobre que a sua esquerda Luna havia desmaiado e caído de seu cavalo.

—PRINCESA! – Grita Brielly sem reação.

Rapidamente Dante desce de seu cavalo e vai ao encontro da princesa. Dante coloca ela em seu colo e diz:

—PRINCESA! PRINCESA! PRINCESA! – Ele tenta acordar ela. – O que aconteceu com ela?

—E-eu... eu não sei! – Responde Brielly. – Eu nunca... nunca vi isso acontecer com alguém em toda a minha vida!

Luna começa a abrir seus olhos no colo de Dante, devagar como se estivesse acordando pela manhã.

—Acorda princesa! – Diz Dante mais uma vez. – Brielly, me dá água!

Brielly então pega um cantil de água que estava na bolsa de seu cavalo e joga para Dante que pega no ar. Brielly então pergunta:

—Ela está bem?

—Acho que sim. – Responde Dante. – Tome princesa, beba um pouco de água.

Dante então abre o cantil e entrega para Luna que bebe como ordenado.

—Acho que isso se deve a ela ser metade elfa e metade humana. – Disse Brielly.

—Você acha? – Perguntou Dante enquanto recebe o cantil de Luna.

—É a única explicação. – Responde a fada.

 –Certo. Traga o meu cavalo até aqui. – Disse Dante para Brielly.

—O que vai fazer? – Perguntou a fada sem entender.

—A princesa não vai aguentar cavalgar sozinha então ela vai comigo. – Dante olhou para Brielly que o encarava. – Ou você prefere leva-la?

—Não. Ela é toda sua. – Falou a fada como se se livrasse de um peso das costas.

Brielly desceu de seu cavalo e então levou o cavalo de Dante até ele, como ordenado e depois ajudou a colocar a princesa sentada na cela, logo em seguida Dante subiu em seu cavalo e ficou por detrás da princesa conduzindo o cavalo e evitando que a princesa se espatifasse no chão.

A princesa se inclina para a frente e se depara com o reino das fadas que se estendia no horizonte a frente.

—Chegamos? – Perguntou ela com voz fraca.

—Sim princesa, chegamos. – Respondeu Brielly com um sorriso de criança no rosto.

—Tem certeza que quer ir? –Perguntou Dante para Brielly enquanto a princesa encostava a sua cabeça em seu peito.

—Aquilo foi a muito tempo Dante. – Respondeu ela enquanto conduzia o seu cavalo pela estrada que dava ao reino.

Dante seguiu Brielly pela estrada serpenteada. Brielly havia amarrado o cavalo de Luna em sua sela e o grande cavalo branco da princesa seguia Brielly para onde quer que ela fosse. Ao fim da estrada e o começo da ponte Dante ficou lado a lado da fada, a ponte era muito mais extensa do que Dante acreditava que fosse.

Logo a fada começou a puxar uma conversa para acompanhar a viajem como de costume.

—Quando criança eu queria ter todos os roedores de Nomentum. – A fada sempre olhava para a frente durante a conversa. – Desde pequenos castores até grandes esquilos que eram a companhia de grandes guerreiros poucos anos após a Batalha do Triunfo do Norte.

—Por que essa feição por roedores? – Perguntou Dante enquanto cavalgavam pela estrada.

—Não sei. – Ela deu de ombros. – Mas é melhor do que sexo!

Dante olhou para ela surpreso enquanto ela o encarava com um sorriso de criança entre os dentes. Era nesses momentos que Dante desejara não ter conversado com a fada.

—É brincadeira! – Disse ela enquanto sorria e olhava para a frente. – Sexo é melhor.

—Pelos deuses... – Disse Dante em voz baixa para si mesmo.

Os trotes dos cavalos sob a ponte de pedra ressoavam aos ouvidos de Dante e quanto mais se aproximavam, mais o som da queda d´agua ficava mais alto.

Ao fim da ponte, no começo do reino, Dante pode avistar um aglomerado de fadas olhando para ele, Brielly e a princesa e milhares de fadas diminutas voavam aos arredores encarando os visitantes que estavam preste a entrar em seu reino.

—É a Brielly novamente! – Dante pode ouvir uma das fadas no aglomerado falar.

—Quem é esse? – Perguntou uma outra fada. – Olha! É a princesa também!

Dante e Brielly pararam seus cavalos na entrada do reino que não possuía nenhum tipo de portão ou qualquer proteção que os reinos costumavam ter.

As fadas em seu aglomerado eram parecidas com Brielly, suas asas, suas vestes e as faces que lembravam crianças, embora todos ali eram muito mais velhos do que Dante algum dia vai ser.

—Precisamos falar com o rei! – Anuncia Brielly para a multidão.

—Não precisa irmã. – Disse uma fada que estava voando diminuta e aumenta de tamanho quando chega na frente de Dante e Brielly. – Ele já recebeu as boas novas.

—Irmã? – Pergunta Dante confuso.

—Sim. – Responde a fada se aproximando de Dante. – Acho que não fomos apresentados. Meu nome é Gardiê e eu sou a irmã de Brielly.

A fada chamada Gardiê usava veste roxa que brilhavam, um tipo de vestido sem manga que cobria seus seios e formava uma saia na cintura abaixo até a metade da coxa. Ela foi ao encontro de Dante e estendeu a mão.

—Prazer em conhece-la. – Disse Dante ao cumprimentar a fada– Meu nome é Dante.

—É uma honra conhece-lo Dante. – Disse Gardiê e em seguida olha para Luna e pergunta: - O que houve com a princesa?

—Ela teve uma recaída quando passamos pela floresta. – Respondeu Brielly.

—Da outra vez que ela veio nos visitar ela passou pela mesma coisa? – Perguntou Gardiê.

—Olha, boa pergunta... – Disse Dante pego pela surpresa.

—Não. – Respondeu Brielly. – Nós viemos pela estrada Oeste e ela estava na carruagem.

—Pelo Oeste não tem floresta? – Perguntou Dante curioso.

—Na estrada Oeste apenas há árvores comuns e não as Orlyx. – Falou Gardiê.

—Faz sentido. – Falou Dante.

— Gardiê precisamos ajudar a princesa. – Disse Brielly mudando de assunto.

—Ah sim, claro! – Disse Gardiê. – Por favor, me sigam.

Gardiê ficou diminuta e adentrou o reino e falou para a multidão:

—Deem licença! Deixe-os passar!

A multidão aceitou a ordem da princesa e abriu passagem para Dante e Brielly que seguiram Gardiê. Dante passou por diversas casas de fadas que variavam de tamanhos, algumas tinha flores nas paredes, outras com grandes brilhos que pareciam pó mágico, entre outras.

 Gardiê seguia sempre em direção ao castelo e Dante pode ver diversas fadas com olhares curiosos de dentro de suas casas, algumas olhavam para Brielly e corriam para fechar as janelas e portas. Dante olhou para Brielly que desviou o olhar como se não tivesse visto.

Após algum tempo cavalgando em direção ao castelo, Dante, Luna, Brielly e Gardiê finalmente chegam ao castelo que se estendia em direção aos céus como se não tivesse fim. De longe tudo ali parecia menor. O portão do castelo era de grande que brilhava em tons de dourado e dois guardas protegiam a portão.

De súbito Gardiê para em frente ao portão do castelo e faz um alto e longo assobio para o castelo. Logo após o termino do assobio diversas fadas diminutas saíram de uma das janelas do castelo com uma espécie de cama onde era sustentada por um cipó onde as fadas carregavam.

As fadas desceram a cama até uma altura perto do chão, em frente ao cavalo de Dante e então Gardiê disse:

—Dante, por favor, coloque a princesa na cama.

Dante então desce do cavalo e logo em seguida retira a princesa de cima do cavalo e carrega ela nos braços até a cama.

—Cuidem bem dela. – Disse Gardiê para as fadas. – Podem ir.

As fadas, em conjunto, levantam voo e somem na mesma janela que apareceram. Gardiê então deixa de ser diminuta e fala:

—Está na hora de conversar com o rei. – A empolgação era visível. –Brielly, coloque os cavalos no estábulo.

—Certo. – Disse ela com despreza enquanto pegava o cavalo de Dante e se retirava.

O portão de súbito se abre e a corrente desliza para o chão fazendo o ferro ranger com o concreto de logo após o portão de madeira cai aos poucos para o chão com um grande som de correntes tilintando.

—Por favor, me siga Dante. – Anuncia Gardiê.

—Sua palavra é uma ordem. – Faça Dante com um sorriso no rosto.

Gardiê começa a adentrar o castelo e Dante a segue curioso com o que lhe aguarda. O salão do castelo era feito de mármore verde com grandes desenhos de flores em dourados, colunas em forma de árvores sustentavam o castelo e um grande trono feito de carvalho estava ao fundo do salão, mas Gardiê adentrou a direita, passando por uma pequena passagem, Dante a seguiu.

Logo depois da passagem havia diversas árvores com grandes seivas que escorriam de seu tronco em um tom de azul brilhante. Ao longe era possível visualizar grandes janelas por onde a luzes do sol passava e iluminava o lugar que era uma pequena floresta dentro do castelo e era facilmente possível se perder ali, mas com Gardiê guiando Dante tudo se tornava mais fácil.

—Vocês realmente são fascinados por árvores. – Disse Dante ironicamente para Gardiê. – Isso aqui é ouro para um lenhador.

— Tem razão, mas tudo isso aqui está repleto de magia e quem tentar roubar qualquer tipo de madeira daqui será punido. – Falou Gardiê em tom sério.

 –Deixa eu adivinhar. – Tentou deduzir Dante. – Uma maldição matará quem tentar roubar o que está aqui.

—Morte? – Perguntou Gardiê enquanto caminhava floresta a dentro. – A morte seria o maior desejo que a pessoa iria querer se tentasse roubar algo daqui.

Dante ficou espantado no que ouviu e disse:

—Bom, ainda bem que não sou lenhador...

—Chegamos! – Anunciou Gardiê.

A frente de Dante estava uma mesa coberta com um tecido branco com diversas taças e cadeiras ficavam em volta da mesa, do outro lado da mesa estava uma fada com uma coroa de carvalho e barbas espessas e brancas. Sobre a mesa duas árvores formavam um arco com diversos galhos com algumas Rosas. O rei então se dá conta que Dante e Gardiê estavam ali e se levanta ao encontro de Dante.

—Que cosia maravilhosa! –Anuncia o rei enquanto as suas asas, que eram parecidas com as de Brielly, cintilavam. - É realmente gratificante saber que em tão pouco tempo a princesa retornou para o meu reino.

Ele então se aproxima e procura com os olhos a princesa e então fala novamente:

—Onde está a bela princesa?

—Infelizmente a princesa está se sentindo debilitada meu pai. – Responde Gardiê. – Então eu lhe trouxe o cavaleiro que a protegia.

—Ah, uma lástima para a princesa mas creio que minhas fadas cuidaram bem dela. – O rei abre um belo sorriso no rosto e então pergunta. – Como é seu nome meu belo rapaz?

—Me chamo Dante, vossa alteza. – Reponde Dante fazendo uma grande reverência ao rei.

O rei examina Dante de cima para baixo e olha para a espada na bainha e pergunta olhando para Dante:

—É você que tanto falam que possui a Desejo Mortal?

—Nossa, as notícias voam por aqui. – Disse Dante respondendo com um sorriso.

O rei então dá uma gargalhada e fala:

—Você não tem ideia meu jovem. – Outro sorriso. – Me chamo Hyrtacus, mas creio que já saiba disso.

—Sim vossa alteza, eu sei disso. – Disse Dante. – Grandes histórias sobre sua alteza são contadas por toda a Nomentum.

—Creio que sim. – Disse o rei dando uma bela gargalhada. – Ah, mil perdões, onde estão meus modos? Por favor, sente-se, vamos tomar um bom vinho e esperar a princesa ficar boa novamente.

Dante fez como ordenado e se sentou na cadeira da mesa mais próxima, a cadeira ficava de frente a cadeira do rei que ficava do outro lado da mesa a uma bela distância. Dante sentou e ficou fitando o rei caminhar em direção a sua cadeira reservada, ele vestia uma roupa feita de folhas em verdes e ostentava uma capa que deixava as suas asas passarem. A capa do rei possuía folhas amarelas como se fosse aquelas da floresta na qual Dante havia passado antes de chegar ali. O rei sentou, olhou para Gardiê e disse:

—Gardiê por favor, traga o nosso vinho especial para o nosso belo visitante.

—Sim meu pai. – Afirmou Gardiê se retirando do recinto.

—Gosta de vinho Dante? – Perguntou o rei Hyrtacus.

—Quem não gosta? – Perguntou Dante ironicamente enquanto abria um belo sorriso.

O rei cai na gargalhada, se recompõe e fala:

—Sabe, você lembra a mim mesmo quando era mais novo.

—Você bebia muito vinho e ficava com mulheres na noite densa igual a mim? – Perguntou Dante com um sorriso por entre os dentes.

—Sim, eu era exatamente assim. – Respondeu ele gargalhando daquilo. – E também era muito inexperiente para ser rei.

—Como assim? – Perguntou Dante curioso.

—Eu achava que era um bom rei. – O sorriso no rosto do Hyrtacus desapareceu. – Creio que Brielly tenha falado sobre o que aconteceu com ela.

—Sobre a fonte da juventude? – Perguntou Dante. – Sim, ela falou sobre isso.

—Claro que ela falou, ela fala sobre tudo. – Falou Hyrtacus enquanto suas asas cintilavam. – Bom, antes dela perder o direito ao trono do rei, enquanto ela protegia a fonte, Hector chegou aqui no reino.

—Hector? – Perguntou Dante curioso. – Por que vossa alteza não notificou ao rei?

—Por que ele ameaçou todos aqui de morte, caso contasse para qualquer um. – Respondeu o rei de modo sério. – Eu sou o primeiro e único rei das fadas e isso significa que eu sou o mais velho de todo neste reino e tenho uma imensa responsabilidade para cumprir e só existe uma pessoa que tem um poder maior que o meu e ela está em Sanvitale.

—O rei Liamlett. – Disse Dante.

—O rei Liamlett. – Afirmou o rei. – Eu me achava experiente, achava que poderia derrotar todos que tentariam atacar o reino, nós fadas nunca travamos qualquer guerra em todos esses anos, somos um povo pacifico e com isso eu achava que era indestrutível, até Hector chegar...

—O que Hector queria? – Perguntou Dante.

De súbito Gardiê aparece com um belo vinho, pega uma das taças na mesa e enche com o vinho e logo em seguida o dá para Dante que bebe um gole, Gardiê sai do recinto novamente e o rei continua:

—Ele queria... Bom, ele queria um objeto e me disse que se eu contasse para alguém sobre isso ele destruiria todo o reino e mataria todas as fadas existente em Nomentum. – Respondeu o rei. – Logo depois da partida dele, ele espalhou por toda Nomentum que se alguém encontrasse o que ele queria aquela pessoa receberia uma recompensa. Bom, ele não usou o nome dele, logicamente.

—Que objeto?

—Bom, há alguns dias recebi uma mensagem do próprio Hector dizendo que o objeto estava com uma pessoa, filho de alguém importante. – Falou o rei.

—Quem é a pessoa? – A curiosidade de Dante crescia.

—Você!  – Ao dizer as palavras Dante ficou surpreso. – E ele quer essa sua maldita espada!

De súbito a visão de Dante ficou turva e o mundo começou a girar e a sua cabeça começou a girar junto. O rei se levantou da cadeira e olhou estreitamente para Dante.

—NÃO! – Gritou alguém.

Dante olhou em direção a voz e viu Brielly correndo em seu encontro até que a escuridão tomou conta do mundo e a última coisa que Dante ouviu e sentiu foi o seu corpo se chocando contra o chão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ruínas da Guerra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.