Divergências escrita por Litsemeriye


Capítulo 1
Como Sarada e Boruto superaram as divergências




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Que Boruto e Sarada se odiavam não era nenhuma novidade pelos corredores de Konoha Jr. High. Quase toda semana iam parar na sala do diretor Iruka pelos mais variados motivos, que iam desde ofensas em sala até brigas físicas.

Porém, havia sim um motivo que fazia os dois deixarem as diferenças de lado e trabalharem juntos: a felicidade de seus pais.

Sarada foi a primeira a perceber, pouco depois de seus pais se separarem.

Sakura e Sasuke tinham tido um divórcio relativamente tranquilo. Eles dividiam a guarda da filha, as despesas que ela fazia e, às vezes, ainda se encontravam para conversar e tomar café, preservando a amizade. Ninguém que olhasse de fora entendia exatamente o porque dos dois terem se separado, visto que se davam tão bem.

Mas Sasuke sempre tinha aquele olhar melancólico quando mirava a foto do trio da época de escola, que não necessariamente era direcionado à ex-esposa, e foi assim que Sarada descobriu o problema e o motivo dos pais se separarem.

Demorou dois anos para que os pais de Boruto se separassem, e então a garota o abordou na saída das aulas. Demorou para que ele aceitasse que era verdade, e Sarada precisou soca-lo no meio do intervalo para que seus pais fossem chamados e o jovem Uzumaki visse como seu pai olhava meio tímido para o Uchiha, para finalmente aceitar o plano maluco daquela garota.

E agora estavam ali, no terraço do colégio.

“Isso não vai dar certo”, o loiro suspira, exasperado. “Eles não vão cair nessa.”

“Por que não?”, Sarada o rebateu, muito satisfeita com o próprio plano. “É simples: os convencemos a ir nos jogos, entramos em um brinquedo que demore um pouco e os convencemos a ir na mesma lanchonete. É só fingir que é coincidência, Boruto!”

“E você realmente acha que por causa de um encontro acidental eles vão simplesmente começar a namorar no dia seguinte, Uchiha?” Devolveu, irritado.

“Não é pra namorarem no dia seguinte, e sim dar um empurrãozinho, seu imbecil.” A garota apoiou o rosto num dos punhos, batucando o outro contra o chão de concreto do terraço. Há quanto tempo estavam naquela discussão idiota? Logo daria hora do almoço, e as pessoas subiriam para almoçar. Seria desconfortável se descobrissem que os dois estavam matando aula ali, além de que daria margem para interpretações equivocadas. “Você não quer ver seu pai feliz? Eu sei que ele não namora desde que sua mãe se separou, e até a senhora Hyuuga já está em outra e ele não.”

Por bem ou mal, aquilo parecia ter surtido efeito no lourinho, que virou para si os olhos azuis, derrotado.

“Certo, vamos tentar sua ideia.”

Sarada sorriu, vitoriosa.

X

Havia sido difícil convencerem os pais a leva-los no centro de jogos, mas finalmente estavam os quatro no mesmo lugar. Boruto viu Sarada pelo vidro de uma garra mecânica, apontando para um simulador 4D sobre dinossauros ou tiro ou uma mistura dos dois – mas era algo de duas pessoas, então a garota apenas acenou e puxou Sasuke pela mão alegando que havia visto algo de seu interesse.

Ela entrou na fila, Boruto logo atrás fingiu surpresa por encontra-la, e os dois começaram a conversar como se o passado de brigas nunca houvesse ocorrido e fossem amigos de infância – o sonho dos pais, certamente. Haviam mais quatro pessoas na frente deles, então precisariam enrolar um tanto na conversa para se fingirem ocupados e distraídos.

Sasuke olhou para tudo com estranhamento, desde o abraço entre os dois até a conversa, como se duas semanas antes não tivesse sido chamado na diretoria pois os dois estavam trocando socos no pátio.

“Que coincidência encontra-lo aqui, teme.”

“Que infelicidade encontrar você, dobe.” O Uchiha sorriu, virando-se e abraçando o amigo de infância.

Naruto retribuiu o cumprimento, dando dois toques nas costas de Sasuke. Ainda estavam sendo ignorados pelos filhos, que pareciam comentar sobre a atração que estavam na fila, aparentemente nova.

“Ela herdou o temperamento da Sakura, não?” O louro fez graça quando Sarada deu um soco, aparentemente dolorido, no estômago de seu filho.

“Pelo menos posso por a culpa nela. Se você tentasse por a do temperamento do seu filho em Hinata, bom, ninguém vai acreditar.” O moreno respondeu, dando de ombros. Suas mãos se esconderam nos bolsos do jeans e ele se pôs a observar o amigo.

Naruto usava uma camiseta laranja que marcava os braços e jeans meio folgado de lavagem clara, além de um tênis branco e um cordão com o símbolo do clã Uzumaki. Os cabelos estavam mais curtos do que se lembrava e as cicatrizes nas bochechas pareciam mais finas, mas os olhos azuis deles continuavam com o mesmo brilho e vivacidade que mantinham desde que se conheceram.

Em contrapartida, Sasuke usava uma camisa social preta cujas mangas estavam dobradas até os cotovelos, e com os dois ou três primeiros botões abertos, dando visão de suas clavículas eminentes e do cordão prata onde carregava o brasão Uchiha. Sua calça era de lavagem escura e tecido justo, além dele ter voltado ao corte que usava na adolescência – a franja por cima do olho havia sido sugestão de Sakura quando estavam noivos, então cortá-la era um jeito sutil dele de mostrar ao mundo que realmente havia acabado. Ele não podia ver o próprio rosto, mas desconfiava que as olheiras não tinham sumido do dia anterior para esse. Diferente de Naruto, ele próprio pouco tinha mudado

Foram alguns minutos de silêncio constrangedor. Um casal de uns dezesseis ou dezessete anos saiu do simulador e duas meninas entraram. Depois delas ainda iria mais um casal e enfim os filhos, que continuavam a conversar como se tivessem ido juntos ali, e não com os respectivos pais.

“Então... Como está sendo viver sozinho?” Sasuke perguntou, incerto, tentando fazer o constrangimento se afastar. Então, o louro riu, e o clima tornou-se mais leve.

“Muito difícil! Eu vivo esquecendo de coisas básicas, tipo, lavar a privada ou tirar o lixo. Se Kurama não resmungasse, o coitado teria morrido de fome já!”

“Pobre Kurama. O quanto você odeia esse gato para levar ele com você, usuratonkachi?”

“Sasuke!” O louro exclamou. “Já que fala de mim, como está indo a sua de solteiro, senhor espadachim?”

“Muito bem, obrigado por perguntar. Mas estaria melhor se você voltasse a me visitar no dojô, dobe.”

E a conversa fluiu.

Sarada olhou por cima do ombro de Boruto, fazendo o outro se virar também. Seus pais haviam se sentado numas cadeiras de espera não muito longe da fila e mantinham a conversa fluindo, sorridentes.

“Sabe o que o seu corpo quer dizer quando seus joelhos estão virados para a outra pessoa?” Ela falou baixinho para o outro, apontando para os joelhos dos pais que chegavam a se tocar algumas vezes – eles estavam de lado nas cadeiras, com as pernas inclinadas e os joelhos virados um para o outro.

Boruto negou.

“Atração.” A morena respondeu, quase no mesmo momento que os dois na fila entravam no brinquedo e a fila andava mais. Eram os próximos.

X

Faziam três anos desde o encontro no centro de jogos, e, embora Sarada e Boruto ainda não fossem com a cara um do outro, eles pelo menos não iam parar na diretoria faziam bons dois meses – mesmo porque o diretor dos alunos do prédio Konoha Highschool era Hatake Kakashi, e ele havia deixado claro que se ambos aparecessem em sua sala novamente, a vida deles nos um ano e meio que faltavam para a formatura seria um verdadeiro inferno na terra.

O trunfo dos dois, porém, permanecia. Depois daquele dia eles perceberam que os pais passaram a andar mais juntos, se tornarem mais próximos... até assumirem o namoro e passarem a praticamente morar juntos – terem cada um sua própria casa parecia só uma desculpa para não dizerem que estavam quase assinando papéis de união estável. Naquele dia, por exemplo, Sasuke iria para a casa de Naruto. E Sarada. E Boruto.

“Você não pensou nisso no seu plano maluco, não é, Uchiha?”

“Cale a boca, Boruto!” Ela exclamou. Tanto seu quarto como o do garoto eram, de quinze em quinze dias, divididos entre os dois. “Droga, acho que esqueci a escova de dentes na casa da mamãe. Naruto, podemos passar na farmácia, por favor?”

O louro riu no banco da frente, olhando os dois pelo retrovisor. Kurama havia se apropriado do banco de carona e praticamente atacou Boruto quando este tentou sentar ao lado do pai, forçando os adolescentes a ficarem ambos no banco de trás.

“Claro, Sarada-chan!” Ele deu seta, desviando o caminho para poderem passar na frente da farmácia.

X

Que Boruto e Sarada se odiavam não era novidade nenhuma para ninguém, mas, no final, eles sabiam deixar as diferenças de lado e trabalhar juntos pelo que lhes era mais importante: a felicidade de Sasuke e Naruto.


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Notas finais do capítulo

Feliz aniversário, Alcalino!
Espero que tenha gostado, mesmo que seja uma one bobinha e de um casal cliché (mas eu amo ;u;)
E espero que todos que tenham chegado até aqui tenham gostado também! Foi minha primeira investida no fandom, então não sejam muito duros, sim? haha~



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