Lights Go Down escrita por Claire Smith


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa foi uma história que não imaginei escrever, então perdoem os erros que possam ter.
Enquanto escrevia, duas músicas se mostraram muito presentes: I Miss You da Adele e Do I Wanna Know? do Arctic Monkeys, elas me guiaram em algumas frases e cenas.
Espero que gostem de algumas mudanças e que aproveitem esse capítulo.
Ps: é um pouco grande!



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Londres estava à beira de um dilúvio.

Olhei pela janela, próximo ao vestuário, que a cidade se encontrava em uma penumbra escura. Nem parecia ser o meio da tarde, quem não fosse londrino acharia estranha a mudança tão brusca no clima, mas era perfeitamente normal.

Troquei de roupa. Pus a camisa social vermelha e a calça jeans que havia tirado ao chegar à Barts. Peguei minha bolsa e voltei ao necrotério para pegar os “itens de pesquisa”, previamente selecionados por mim, que Sherlock pedira mais cedo.

Molly. Se importa de trazer algumas córneas, dedos e outros itens de pesquisa para mim? Talvez um pulmão? A Sra. Hudson jogou alguns fora e reclamou o dia inteiro.” SH

Ri ao lembrar do sms. Só mesmo ele para fazer a Sra. Hudson aturar partes mortas em sua geladeira. A última vez que o vi, ele estava drogado e recebeu três tapas meus. Nunca mais o tinha visto, e receber sua mensagem hoje me surpreendeu, afinal, não era sempre que alguém batia nele deliberadamente.

— Ema, vou dar uma saída. Devo voltar logo – falei para minha assistente enquanto pegava a bolsa e a valise de pesquisa.

— Hm. Vai encontrar algum gato? – perguntou.

— Não, vou só tomar um ar, aqui ta um pouco abafado – dei um sorriso.

— Ah, ta. É assim que chamam hoje em dia? – ela deu risada – Molly, você tá linda. Já se olhou no espelho? – perguntou - Melhorou muito depois que terminou com aquele idiota do Dave – disse sem remorso – Então, nada mais natural que sair no meio do expediente e tomar um café com alguém interessante – declarou, dava para ver a malícia nos olhos dela.

Foi a minha vez de rir alto. Dave no início era um doce, continuou doce no meio e se tornou insuportavelmente doce no final. Era um pé no saco. Fazia declarações o tempo todo e sempre quando tínhamos uma plateia, parecia que ele apenas queria se mostrar e não me deixar nas nuvens. Terminei com ele.

— Ele era horrível – concordei – Mas era ótimo quando começamos.

— Claro, ele queria conquistá-la para se apoderar da sua vida. ACORDA, mulher! Não vai me dizer que você se arrependeu de terminar?

— Não, isso não. Me sinto ótima sem ele...

— E ainda conheceu gente bem mais interessante depois – ela concluiu.

Não pude evitar rir.

— Falando da vida da chefe, hein? Sempre disse para mim mesma “não abra a guarda, mostre quem manda, não seja amiga” e veja onde estamos – disse já saindo da sala.

— Ah, chefinha, e eu ainda nem falei do gato do Dr. Hugo que você disse que beija super bem – ela gargalhou – Aproveita!

...

Saí do hospital e absorvi o clima. Peguei um táxi, informei o endereço e deixei o motorista tagarelar sobre a chuva que estava por vir, já pensando no trabalho que teria ao voltar, havia algumas análises pendentes, mas nada tão urgente. Meu celular deu um bip ao receber uma mensagem.

Você ainda me deve um jantar ou uma ida ao pub, Molly. Basta escolher. Estou livre hoje. Me ligue se quiser sair.” HC

Ah, Hugo Carter. Bonito, pegador e exibido. Beija bem, lembrei. Ultimamente todos os homens que se aproximavam eram exibidos demais, melosos demais. Eram passatempos. E hoje, eu apenas queria dormir, Ema havia me convidado para ir ao pub amanhã para uma noite com amigos, e por mais que Hugo fosse bom, não valia uma noite mal dormida. Digitei uma desculpa qualquer para ele e enviei; olhei pela janela, havia chegado.

...

— Olá, Sra. Hudson! Como está o quadril? – cumprimentei-a ao mesmo tempo em que ela me abraçava e estalava um beijo em minha bochecha.

— Ah, querida, que gentil perguntar, ele está bem sim, melhor que em outros dias. Basta eu ficar parada, sabe? – disse, guiando-me escada acima.

— Soube que a senhora se machucou ao dançar – John havia me dito.

— Não foi nada grave. Saí para dançar com o dono do restaurante ao lado, nos divertimos muito – disse em tom de segredo – Mas talvez nos mexemos rápido demais – terminou rindo. Pude perceber um brilho jovem em seus olhos e um pouco de malícia também, não foi uma simples dança.

Ela abriu a porta do 221B e eu ainda sorria de seus comentários. Começou a chover muito forte, um vento frio invadiu o apartamento antes que Sherlock fechasse a janela.

— Finalmente! Agora os assassinos vão se sentir a vontade para dar uma volta pela cidade – ele disse, e olhou para mim quando entrei – Ah, Molly. Pensei que não viria. Seria obrigado a atirar nas paredes novamente – disse com um sorriso moleque para provocar a senhoria.

— Você já é um adulto para descontar seu tédio na parede, não? – falou como uma mãe que repreenderia o filho por riscar as paredes. Virou-se para mim – Vou trazer um chá para você, querida. Assim, você se aquece e espera a chuva passar – disse e pude ouvir seus passos leves ao descer a escada.

Olhei para Sherlock e ele estendeu a mão para a valise. Passei a ele e recebi uma piscadinha como agradecimento.

— Sente-se, Hooper.

Segui o conselho e fui até sua poltrona de couro preto. Vi quando ele arqueou uma sobrancelha em minha direção, mas nada disse. Abriu a valise em cima da mesa e começou a olhar o que tinha trago.

— Onde está o John? – perguntei. Ele visitava o amigo quase todos os dias desde que descobriu a forte relação dele com as drogas.

— Viajando com a Mary. “Dando um tempo de Londres”, foi o que disse, mas suspeito que também tenha sido para checar o nível alcoólico da irmã – completou.

Devia ser mesmo, John se preocupava muito com ela.

— Como está o Mike? – provoquei.

Ele riu.

— Meu querido irmão, Mike – falou com sarcasmo e estranhando o apelido – Deve estar salvando a nação de algum perigo urgente, imaginando o momento em que receberá da rainha uma honraria por toda sua devoção e amor a pátria – terminou sorrindo.

— O próprio governo britânico – disse.

— Exato!

Ficamos em silêncio. Odiava puxar assunto, mas estava curiosa com uma única pergunta que ainda não tive coragem de fazer. Parecia que ele sabia isso e se manteve a espera.

— Sherlock – chamei.

—Sim – continuou de costas.

— Alguma pista sobre os planos do Moriarty? – perguntei de uma vez. Dava para ver que ele não estava confortável com a pergunta, os músculos em sua costa se retesaram, alguns vincos apareceram na camisa preta que usava e se apoiou na mesa. Virou-se devagar para observar minha reação e observei em seu olhar que aquilo o incomodava. Muito. Não lembro quando o vi daquele jeito.

— Algumas – disse com cautela – Mycroft está em busca de novas evidências, assim como eu. Meus contatos ainda não conseguiram algo plausível, mas em breve, isso deve mudar – suspirou e seus olhos brilharam de expectativa.

Tinha que provocá-lo.

— Menos mal, sua expressão me fez pensar que fosse desmaiar na minha frente – sorri.

Olhou-me como se não acreditasse no que tinha dito, aproximou-se de mim e antes de dizer algo, a Sra. Hudson entrou e anunciou o chá.

— Sherlock, tire essas tralhas da mesa – pediu, enquanto ele ainda me observava e apertava os lábios.

— Espero que não queime sua língua, Holmes – disse ao me levantar para ajudar a tirar a bagunça da mesa.

— O mesmo para você, Hooper – disse achando graça.

...

Já estava ali há uma hora e nada de chuva passar. Depois que tomamos o chá, peguei um livro qualquer para ler e Sherlock realizou vários experimentos. Ele estava em profundo transe agora, imerso em seu palácio mental, com os olhos fechados e uma ruga entre as sobrancelhas. Totalmente concentrado.

Absurdamente sensual com cabelos em desordem, barba de poucos dias. Eu havia deixado de pensar nele com  frequência, deixado de ser tão boba, saí para me divertir, conheci outros caras, namorei o Dave, beijei quando desejava. Queria mudar e consegui, estava melhor. Mas mentiria se não admitisse a atração que sentia naquele instante, afinal, quantas vezes eu tinha fantasiado em ficar a sós com ele?

— Algum problema, Hooper?

Olhei para ele assustada e logo corei.

— Não, nenhum problema – disse com a voz rouca.

— Então porque olhava tão intensamente para o violino? - pausa- Quer que eu toque?- se ofereceu.

Acenei com a cabeça para ele que já estava de pé afinando o instrumento. Estranhei essa solicitude dele, da mesma forma que, algumas atitudes suas durante aquela tarde. Educado, distraído, bem humorado, distante. Às vezes, olhava o nada e parecia discutir consigo mesmo, a Sra. Hudson me confidenciou baixinho, que algo estava fervendo a cabeça dele.

Começou a tocar e a melodia era calma, convidativa a reflexão, logo mudou e ficou mais forte, expressiva. Sherlock podia ser um babaca em qause tudo, ninguém duvidava, e ser um poeta ao tocar violino. Sua musicalidade transbordava emoção.

Ouvi um bip e percebi que tinha recebido uma mensagem, Ema esta preocupada:

Molly, já faz uma hora que saiu, onde está?

Respondi:

"No apartamento do Sherlock. Desculpe não avisar, mas ainda chove e nem devo voltar hoje”.

Demorou alguns segundos.

O QUÊ? No apê do detetive bonitinho e sozinha com ele? OMG! Danada! Depois me conta tudo.

Sorri. Sherlock havia terminado e sentou-se a minha frente.

Ninguém nunca o tinha visto sair com alguém, até saberem pelo John que Janine dormia aqui. Ela se tornou uma deusa. Muita gente especulou sobre a relação deles, e ficaram contentes quando ele voltou ao antigo status. Era engraçado imaginar que ele vivia nas fantasias de outras pessoas e não dava a mínima para isso.

— Como está o namoro, Molly?

O quê?

— Desculpe, oi?

— Lestrade falou que a viu algumas vezes com um homem alto e loiro. Embora você não pareça estar namorando – disse – Terminaram há muito tempo?

— Quase dois meses – respondi confusa e zangada – Porque a pergunta?

— Nada demais, só puxando assunto – ele disse divertido.

— Por favor, não faça isso, você é péssimo!

Ele riu e deu de ombros como se sua habilidade não importasse.

— Qual a importância disso? Desde quando você se esforça para manter uma conversa? – perguntei.

— Desde agora.

— O interesse repentino também se aplica em saber informações minhas pelo Lestrade? - perguntei

Silêncio.

— Ora, ora. Quem diria que Sherlock Holmes, o detetive do chapéu engraçado, gostava de fofocas comuns?! – ele continuava calado – Devia pesquisar sobre o que falam de você.

— Nada interessante – suspirou- Só estão procurando supor os detalhes da minha vida com a mesma quantidade obscena que encontro numa cena de crime. Dizem-se investigativos, mas mantém as fofocas com as mesmas características, nada novo e todos compram – apoiou os cotovelos nos joelhos, quase zangado – Diga Molly, já que parecem ter tanto fascínio em minha imagem, apostaria neles? Estão certos?

— Neles?

— Sim.

— Não apostaria nada.

Surpresa.

— E em mim?

— Aposto que você não deixaria ninguém tomar suas decisões, e admiro isso. Mas também se livraria de algo para contrariar alguém. É a sua cara fazer isso.

— Não me livraria. Nem seria detetive se vivesse me esquivando dos perigos – disse como se eu o houvesse insultado.

— Perigos. Você não é contra a algo que coloque sua vida em risco, mas muda completamente quando você – e enfatizei – Sherlock Holmes, é colocado sob os holofotes de uma vida ordinária onde todos querem saber com quem divide sua cama – disse e nem sabia como continuava falando - Não é mais possível ser um simples desconhecido, nem fugir do burburinho popular – pausa – Mataria seus desejos para provar que está certo.

Ok. A cara dele era cômica. Confusa, derrotada e divertida. E era essa diversão que irritava.

— Estou errada, Sherlock?

Ele me olhou e percebi que estava gostando daquilo, um meio sorriso brincava em sua boca.

— Prove que estou errado, Molly.

— O quê?

— Você praticamente me chamou de covarde e quer a comprovação disso. Vamos, prove!

Oh-oh. Não esperava essa reação. Também não dava para voltar atrás, e se eu pensasse bem, havia algo para ser provado.

Cruzei as pernas e olhei bem fundo naqueles olhos azul-esverdeados e disse:

— Me beije, Sherlock – disse decidida – Vamos ver como se sai.

Era um fato: ele estava surpreso. Só não parecia uma pilha de nervos como esperava. Estudou meu rosto a procura de dúvida, e eu sei que ele não encontraria nada ali, talvez se ele chegasse perto, sentindo meus batimentos que estavam em êxtase pelo que poderia acontecer. Continuou me avaliando, todo o meu corpo queimando por essa avaliação fora de hora. Estava amando tê-lo nas mãos.

Ele se levantou, pediu que fizesse o mesmo e ao pegar minha mão parecia indeciso.

— Vamos lá, Holmes – disse – Não me decepcione agora.

Não decepcionou. Seus lábios encostaram-se aos meus. Quentes, macios, convidativos. Puxou-me para si, minha língua explorava sua boca. Coloquei a mão em seus cabelos, senti os cachos sob a palma, gostava do contato com sua pele, desejava que ele não parasse.

Como sempre, Sherlock é um estraga prazeres.

— Quem está errado, Hooper? - ouvi-o perguntar, rouco, próximo ao meu ouvido.

Não respondi. Estava arrepiada. Não queria perder tempo com uma discussão boba. Queria aquela boca colada à minha, por isso colei-as nova e loucamente. Levei-me pelo momento.

Contrariando todas as expectativas, ele retribuiu cada toque e carícia, seu dedos longos estavam decididos em meu corpo. O empurrei contra a parede. Alguns objetos caíram.

— Porque não vamos ao seu quarto? - perguntei, segurando sua mão no caminho.

— Ousada, Molly - disse ao entrar.

Aquele não era o Sherlock que eu conhecia, pensei ao vê-lo sentar na cama.

Tranquei a porta. Fui até ele. Sentei em seu colo e já passava as pernas ao redor de sua cintura, sempre observada por sua expressão maliciosa acompanhada da sobrancelha arqueada.

Safado!

Coloquei meus braços em torno do pescoço dele e beijei o mesmo delicadamente, continuando ao ver os pelos da nuca eriçados. Mordi aquela pele alva e ele gemeu, sussurrando em meu ouvido palavras que me excitavam. Abri os botões de sua camisa, revelando um tronco magro e definido, deitando-me sobre ele em seguida, deliciada ao acariciar seu peito nu.

Segurou em minha cintura e rolou sobre mim. Suas mãos ágeis abriam os botões da minha camisa, pude sentir seu membro duro em contato íntimo ao meu, vi o desejo cada vez mais intenso em suas feições; comecei a gemer ao sentir seus lábios em minha barriga, mordendo minha pele, deixando uma trilha que seguiu aos meus seios, habilmente desnudados, terminando com mordidas mais fortes no pescoço.

Em certo momento, parou para me observar. Meu rosto esquentou quando percebi que estávamos seminus na cama dele. Era um caminho sem volta, eu não me arrependia e nem ele, aos meus olhos. Já havíamos passado pelos pudores, cada um desejava o outro como nunca e ambos saboreavam aquele momento de apreciação.

Sherlock deitou sobre mim e seus batimentos estavam perceptivelmente acelerados.

— Com medo, Holmes? - perguntei.

Revirou os olhos e beijou-me novamente. Encaixou seu corpo ao meu, manteve uma mão acariciando meus cabelos. A outra apertava meu seio de um jeito muito bom. Nos movíamos devagar, meus dedos enroscados nos pelos do seu peito. Nossa respiração era ofegante, deslizei minha mão na direção do zíper da calça quando bateram à porta.

— Sherlock? Você está ai? - a voz da Sra. Hudson tinha dúvidas, certamente tinha visto a pequena bagunça que fizemos.

— Melhor abrir - suspirei.

— Hm - murmurou contrafeito saindo de cima de mim, entregando minha camisa e o sutiã. Pendurado na porta estava o casaco que sempre usava, colocou-o e me posicionei atrás da porta. Ele abriu um pouco, dando pouca visão à senhora.

— Sherlock, o que houve? - disse apontando a bagunça na sala.

— Tédio, Sra. Hudson - disse vagamente. Sua voz estava rouca, pigarreou duas vezes.

— Sei - desconfiada - Onde a Molly está? - perguntou - A chuva passou e vim saber se ela não queria algo antes de ir.

Percebi que ela tinha razão. Uma janela no quarto mostrava o céu nublado.

— Ela já foi - o ouvi dizer - Tinha algo urgente no Barts.

Merda, pensei. Ema ficou sobrecarregada hoje, vou ter que compensá-la.

— Porque você está de casaco? - perguntou - E suado? Que manchas vermelhas são essas? - voltou a perguntar ao terminar seu exame rápido.

Ele continuou calado. Quase ri ao ver um pouco da sua pele ficar mais vermelha. Felizmente, quem comandava aquela conversa era ela.

— Céus! Você parece doente! Vou procurar algum remédio. Fique ai, já volto.

A porta foi trancada assim que ela saiu. Sorrimos cúmplices e aliviados.

Não havia nada a fazer a não ser me vestir. Cada movimento registrado sob seu olhar. Cheguei perto dele e nos beijamos.

— Foi um prazer, Sherlock - disse, imaginado se haveria outra vez. Dei um beijo estalado em seu ouvido.

Saí do quarto, peguei minha bolsa, passei rápida pelas escadas e fui sortuda ao conseguir um táxi desocupado. Mandei uma mensagem para a Ema.

"Desculpa. Não deu para voltar. Você pode ir ao barzinho próximo ao Barts? Chego em 10 minutos."

 

...

 

Ema não acreditava no que dizia. Sendo sincera, eu a compreendia. Não é todo dia que alguém chega e diz que quase transou com Sherlock Holmes.

— Ele é bom assim? - perguntou e vi que ela tentava imaginar com base no meu resumo - Você podia contar os detalhes - com ênfase na última palavra.

Hahaha. Gargalhei alto atraindo alguns olhares.

— Ema, o fato de eu ter mudado não significa que vou expor essa parte. E eu contei tudo, oras.

— Será? - indagou - Você o desafiou, o que achei ótimo. Ele te beijou. Você beijou ele. Foram um furacão na sala - ela dizia enquanto sorria, eu revirava os olhos - Levou a donzela ao quarto - fez cara de muita malícia - Parabéns! Como é o peito dele?

— Definido e magro - respondi - Esse tipo de coisa se pergunta? – olhei para ela, não acreditando naquele questionário incomum.

— Claro! Imagino também que ele tenha mordido muito, porque consigo ver umas marcas daqui - disse entre risos.

Sorri como quem diz ossos do ofício.

— Molly. Isso parece bem real. Não sei qual a preocupação. Quando vão se encontrar?

Suspirei.

— Esse é o problema, acho. Não faço ideia.

Continuei conversando com ela por algum tempo, depois fui para casa. Tinha que entender aquele dia.

...

Já era noite quando cheguei ao apartamento. Estava escuro, esqueceram de novo de trocar a luz do corredor. Peguei uma lanterninha na bolsa e procurei a chave. Achei-a e direcionei a luz à porta. Sherlock me olhava parado ao lado.

— Há quanto tempo está ai?

— Não muito. Só consegui sair depois de muito enfatizar que não ficara doente - sorria - Andei um pouco. Vim até aqui.

Silêncio.

— Andou bebendo, Molly Hooper?

— Um pouco - estranhei.

— Hm. Não achava que seria tão ruim a ponto de fugir e procurar um bar - disse, se aproximando. Tinha uma cara diferente quando tentava conquistar alguém.

— Isso significa que gostou? - perguntei, fazendo cara de choque para provocá-lo - Os jornais não vão acreditar!

Ele riu alto. Pôs as mãos na minha cintura e empurrou devagar para a parede.

— Uma pergunta, Hooper - falou baixo contra a pele do meu pescoço que logo ficou arrepiada - Ainda quer isso?

Queria saber se ele queria, mas ele tinha ido ali, significava algo.

— Como já disse: não me decepcione, Holmes.

E não decepcionou.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Ficaria imensamente grata de saber o que acharam.
Até outra história (talvez)...