[HIATUS] Caindo do céu escrita por Luminária


Capítulo 9
Essa pessoa não é o meu velho - Jack


Notas iniciais do capítulo

Ho hey
Está curtinho, mas tá tenso u-u



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Saí de seu quarto ainda um pouco pensativo, fechando a porta lentamente.

Normalmente eu não me sinto culpado pelas merdas que faço, eu apenas as empurro para debaixo do tapete e pronto, problema resolvido e vamos fingir que isso nunca aconteceu. Mas quando eu vi a Mérida desacordada, eu me senti o maior idiota do mundo. De algum modo a culpa foi toda minha, embora eu não costume admitir, meu negócio é apenas omitir mesmo. Afinal, eu sei que ela é muito teimosa e que não iria parar tão cedo, então eu a provoquei para que ela ficasse tentando até não poder mais e desistir... Eu não achei que ela fosse desmaiar! Eu não sabia desse poder alienígena dela! Eu não sabia como essa coisa aí funcionava! Como é que eu ia adivinhar que ela ia gastar toda a sua energia até não sobrar mais nada?  Quem fez a merda dessa vez não fui eu, por incrível que pareça, a única culpada dessa história é a Mérida.

Mesmo assim, eu acho que eu não deveria ter feito aquilo... NÃO! Eu não tenho culpa de nada! Droga! Por que raios eu estou me sentindo assim? Se eu fico me sentindo culpado pelo que eu fiz com uma garota, geralmente é porque eu estou começando a vê-la de outro jeito, se é que me entendem. Claro que eu não estou apaixonado, porque ninguém pode se apaixonar por aquela coisa que ela é, eu só gosto dela. Apesar de Mérida, eu tenho que admitir, ser bem bonita (e já ter despertado alguns pensamentos pervertidos em minha mente), ela não tem o perfil de pessoas pelas quais eu me apaixono. Ela é tão teimosa, maluca, estranha, inconsequente, preguiçosa e não sabe levar as coisas a sério; seria como namorar um Jack Frost de peruca ruiva.

Desci as escadas e me dirigi ao sofá da sala de estar, ficando jogado por lá e vendo um filme repetitivo qualquer na TV aberta, esperando o velho chegar.

Se ele não me contar toda a verdade hoje, eu juro que vou embora dessa casa.

Eu sempre me desentendi muito com ele, nós nunca fomos “parceiros” ou algo do tipo, mas uma coisa que eu sempre admirei no meu avô era o fato de que ele sempre me falava a verdade. Eu já havia estranhado o fato de ela ter acreditado tão facilmente que Mérida e Anna eram de outro planeta e ter deixado-as ficar, comecei a desconfiar de alguma coisa, mas deixei de lado depois de um tempo. Agora, o que foi aquilo que aconteceu no depósito celeiro armazém? Ele mentiu pra mim e não só agora ou um ano atrás, ele mentiu pra mim a vida inteira e esse não é o velho que eu conheço. Essa pessoa não é meu avô.

— Boa noite. – o velho desejou ao chegar

Certo, Jack respire e mantenha a calma.

— Boa noite? Boa noite é o caramba! Como você ainda tem coragem de olhar para minha e dizer “boa noite”? Como você ainda tem coragem de falar comigo?

E a minha tentativa de manter a calma falhou drasticamente.

— Você está mais estranho que o habitual ou é impressão minha?

— Impressão sua. E você está com Alzheimer ou é impressão minha?

— Eu não estou entendendo aonde você quer chegar, mas já vou avisando para baixar o tom comigo! Eu sou seu avô e dono dessa casa!

— Legal, se você me expulsar eu não tenho para onde ir. Isso! Esfrega na minha cara!

— Jack! Pare com essa loucura e fale direito comigo! Explique o que está acontecendo.

— Explicar o que está acontecendo? Ok, sem problemas, eu explico tudo: você mentiu pra mim.

— Eu menti?

— Mentiu sim. – eu já estava sem paciência alguma - Olha, eu posso te achar um velho chato, mas uma das poucas coisas que eu sempre admirei em você era que você sempre falava a verdade. Aí a Mérida tenta explodir o seu depósito celeiro armazém umas cinquenta vezes e não acontece nada.

— Jack! Você foi para lá mesmo dizendo para nunca ir?

— Talvez tenha sido por frustração de infância, mas isso não muda o fato de que um portão de madeira não fica de pé depois de cinquenta explosões. – ele ficou quieto, não havia como discordar disso – Você está escondendo alguma coisa de mim, por isso que nunca abriu a porta pra mim.

— Eu... – ele começou – Eu escondo algo lá dentro, mas eu não posso te contar. Sinto muito.

— Ok, sem problemas. – o que vou fazer é uma coisa idiota e inconsequente que jurei para mim mesmo há alguns anos, aproveitando que nesse momento a raiva é maior que o bom senso. – Eu vou sair de casa, tô subindo pra arrumar as malas.

— Jack!

Ignorei completamente meu avô e fui correndo até meu quarto, jogando algumas roupas aleatórias em minha mochila.

— Jack!- ele abriu a porta e entrou sem ao menos bater, eu deveria trancando. - Jack! Seja inteligente uma vez na vida, você não tem nada. Como vai viver?

— Você não vivia enchendo o meu saco para eu arrumar um emprego? – fiz questão de jogar na cara - Agora eu vou arrumar um por falta de opções, você pode dormir tranquilo porque eu não tô pensando em vender nenhum órgão.

— Pare de ser infantil.

— Sair de casa e arrumar um emprego para ser independente quando já se tem dezoito anos? Parece bem maduro pra mim.

— Jack, não faça essa loucura. – ele pediu

— Tudo bem, se você quer que eu fique é só me contar a verdade.

O velho olhou para um canto qualquer do cômodo sem dizer uma só palavra.

— Como eu pensei. – fechei a mochila e a coloquei nas costas, me levantando – Avisa pra Mérida que eu me mudei e que ela pode ficar com o meu quarto para treinar. Eu vou te passar o novo endereço assim que conseguir um lugar pra ficar, se quiser me contar a verdade pode aparecer por lá.

Desci as escadas e andei até a porta. Olhei para trás algumas vezes, senti meus olhos se encherem d’água e até pensei em voltar, mas agora já era tarde. Andei até um ponto de ônibus próximo, pensando em como eu iria arrumar um lugar para ficar.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo reencontraremos velhos conhecidos ;)
Beijinhos de luz :*



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