Quem poderia imaginar que algo similar poderia acontecer? Takumi segurava seu rosto, e com cuidado se aproximou, encaixando os lábios dos dois para um início de beijo, que acabou por se aprofundar em pouco tempo. Isami aos poucos foi se sentindo mais confortável e abraçou o pescoço do irmão, de forma que aquela proximidade não se quebrasse tão cedo.

A sensação era tão boa quanto cozinhar, por isso, apenas os pratos que o irmão mais velho produzia conseguiriam ofuscar os sentimentos ditos por aquelas ações, uma vez que Takumi tinha um talento que se poderia fazer esquecer todo o resto, e estava sempre melhorando, chegando a esse ponto de não se poder comparar a algo em especial.

Takumi dizia mais pelos atos e pratos do que o que realmente acabava por transmitir por sua voz. Por isso, seu corpo era como uma carta endereçada, e lacrada apenas para quem não quisesse ver.

Isami não se via nesse seleto grupo de escolhidos que poderiam viver sem se encantar com a presença daquela pessoa, que era tão empenhado e gracioso a ponto de que não poderia odiá-lo. Embora, Isami sabia bem que sua queda era devida somente ou em grande parte por aquele fator humano, uma vez que sua auto estima era ampliada e reduzida por aquele talento natural reluzente. Takumi era sua paixão e sua meta, sua inveja e sua tristeza, e também sua alegria.

Isami vivia por causa e para a causa do irmão, desde o dia em que Takumi lhe fez sentir que não estava só, que não seria apagado pela luz que emanava.

Takumi lhe correspondia de sua maneira direta, sempre o havia feito. Porém, o dessabor da comparação feita pelos outros fez com que esse ponto fosse ignorado por Isami por um bom tempo. Quando percebeu isso, se lamentou como nunca, contudo, a partir de então se prometeu que nada mais dito a respeito da técnica dos dois lhe abalaria.

Isami se focaria no próprio esforço, uma vez que não adiantaria culpar algo ou alguém. Depois disso, foi questão de tempo até perceber mais e mais detalhes de Takumi que lhe fizeram se tornar sedento, e irreparável, quanto a ideia de tê-lo para si mais do que já o tinha. Isami mais do que nunca se pegava ao pensamento de que não queria ser apagado, que não seria uma sombra na vida de seu irmão, pelo menos não uma que seria esquecida.

Aquela era uma continuação inesperada para Isami da vida deles, contudo, não menos apreciada. A pele de Takumi tinha um gosto salgado, e os dedos dele lhe seguravam as roupas para trazê-las ao chão. Isami se continha como podia para não acabar marcando o pescoço do irmão, pois da outra vez Takumi tinha reclamado. Apesar de se divertir com seu irmão aborrecido, tratou de beijar o rosto, assim como os dedos que tanto prezava, e admirava, e amava.

Não queria que aquele sorriso se apagasse, tanto quanto não queria ser apagado. Todavia, nem sempre se poderia conciliar isso. Então, Isami sabia que um dia algum dos dois teria de ceder, e não seria a perdedora sua pessoa querida, pelo menos ele mesmo não permitiria algo assim de se suceder.

— Ti amo.