A Última Lua escrita por Gustavo


Capítulo 20
The Last Song


Notas iniciais do capítulo

"Faço de mim casa de sentimentos bons, onde a má fé não faz morada e a maldade não se cria. Me cerco de boas intenções e amigos de nobres corações, que sopram e abrem portões com chave que não se copia."



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DELEGACIA DE COPACABANA/RIO DE JANEIRO

Os olhos de Joanna marejavam de tamanho espanto; em todo tempo, minuto e afronte, estivera frente a frente com a verdadeira assassina de seu pai: a sua própria irmã. Angie olhava para ela com um divertimento; estava claro que Carine ainda não tinha mostrado para a polícia a verdadeira prova.

— O áudio que a Stephanie tem de mim é uma encenação – ela engole em seco – somos amigas e eu estava dizendo para ela contar a verdade para você! Fui muito burra... (Angie)

— Você não teve culpa – ela se aproxima – mas graças a Deus, quando você disse que queimaria as fotos, eu peguei uma! (Carine)

— Sim – ela sorri – você se provou minha verdadeira amiga! Salvou a minha pele – ela olha para Joanna – e a de todo mundo. (Angie)

Joanna ainda estava sem palavras; a foto cai de sua mão e ela olha para a loura a sua frente. Culpava-se de ter dado um tapa na cara dela. Não era ela que merecia, e sim Stephanie.

— Você tem que ir para a mansão rápido – ela suspira – (Angie)

— Sim, eu fiquei vigiando a Stephanie e vi quando ela saiu de um motel e foi em direção à barra, provavelmente vai pegar as suas malas... (Carine)

— Malas? (Jojo)

— Sim – ela é direta – a Stephanie vai fugir do país hoje; o que ela não imagina é de todo esse fuzuê. (Angie)

— Eu tenho que ir, agora – ela vacila – essa garota não pode sair impune... (Jojo)

— Sim, mas vá sozinha – ela é cautelosa – isso é um assunto entre vocês duas! Depois de meia hora que você sair daqui, vou entregar a foto para a polícia! (Angie)

Joanna precisava enganar Edgard, que a esperava no hall da delegacia. Uma ideia passa pela sua mente.

— Eu vou – ela engole em seco – espero que a senhora consiga se salvar! (Jojo)

— E eu espero que você derrote a Stephanie – ela cerra os olhos – ela merece! (Angie)

— Boa sorte, Joanna... – ela sorri – eu sou uma grande fã sua! (Carine)

— Muito obrigada – ela olha para a garota – em outro momento eu prometo que te dou um autografo, mas eu preciso muito ir... (Jojo)

Sem mais nenhuma palavra, ela sai da sala de visitas e entra no hall de entrada, onde Edgard a esperava sentado.

— Joanna? – ele parecia tenso – e aí? (Edgard)

— Edgard, eu preciso de um tempinho a só para respirar – ela tenta controlar as lágrimas – vou ficar lá fora, e já entro para dar fim às papeladas! (Jojo)

— Tudo bem – ele sorri – (Edgard)

Jojo sai às pressas do local e, como estava com a chave do carro, rapidamente dá partida em direção à mansão.  O tempo estava se fechando, e se ela não fosse rápida, talvez jamais conseguisse pegar Stephanie França.

Enquanto isso, Stephanie coloca um cadeado na última mala. Tinha que se preparar para tudo. Desceria as malas e logo depois iria pegar as joias que foram de sua mãe, na caixinha de veludo no criado mudo de Tina.

*

APARTAMENTO DE LILO/ RIO DE JANEIRO

Victor, com uma chave, abre o apartamento e logo uma pontada no coração o intimida quando ele encontra Lilo e Karol assistindo televisão abraçados. Os dois não percebem a entrada do garoto e continuam rindo; tinham se aproximado muito nas últimas semanas, e Lilo pouco se lembrara do garoto que um dia achou o grande amor de sua vida. Até Karol, que estava armando até o fim, estava começando a gostar realmente do homem.

Victor encosta-se a uma prateleira, e sem querer, acaba deixando cair um quadro. A foto era dele e Lilo na cama após uma transa; o sorriso deles era inabalável, e eles achavam que iriam ficar juntos para sempre. As sombras o haviam consumido por inteiro.

Com o estilhaço do quadro, Lilo e Karol se viram rapidamente para o local do barulho e Lilo arfa quando vê o garoto parado atrás deles, com os olhos brilhando.

— Victor? – ele se levanta – pensei que nunca mais te veria... (Lilo)

Victor tinha saído sem nada; deixara maior parte de suas roupas no apartamento do homem, e tinha sua própria forma de se sustentar. Para não pedir dinheiro a Lilo, tinha voltado com a prostituição online.

— Eu vim... – ele engole em seco – acho que vim pegar as minhas coisas! (Victor)

Os dois se olham com uma intensidade avassaladora; Victor sabia que ele não ficaria com ele. Agora seu coração pertencia a Karol, que sorria. Lilo olha para a mulher e pega sua mão, a beijando em seguida. O coração de Victor dói de ciúmes, mas ele nada faz; Lilo não o pertencia mais.

— Pode nos deixar um minuto a sós? (Lilo)

Karol assente e sai da sala, entrando no quarto que era dele logo em seguida. O quarto que ele dormia com Lilo.

— E então... – ele engole em seco – presumo que não tenha vindo aqui só para pegar as suas coisas! (Lilo)

— Não – ele começa a chorar – eu precisava ter a certeza de que realmente não estamos mais juntos... – ele sorri entre as lágrimas – e agora eu tenho! (Victor)

Lilo também se doía por aquele momento; Victor sempre foi seu primeiro homem. Sempre foi aquele que ele sempre amou. Ele é forte e consegue segurar as lágrimas.

— De um tempo para cá tenho conseguido uma conexão com a Karol que nunca tive com você – ele fita o chão – mas você sabe que eu nunca deixei de te amar! E eu te amo, a cada minuto do meu dia eu te amo muito mais – ele engole em seco – mas acho que não é nosso destino ficar juntos... (Lilo)

— Só podemos amar algumas pessoas... (Victor)

— Estando longe delas – ele o completa e fecha os olhos – eu desejo o melhor para você, Victor! Já coloquei as suas coisas numa mala – ele aponta para a lavanderia – nem estão no quarto mais! (Lilo)

Victor assente e rapidamente, vai até lá e pega suas malas. As rodinhas roçam pelo chão enquanto as lágrimas caíam como anjos do céu. Ele se aproxima da porta e olha uma última vez para o amado; nunca mais se veriam. Nunca mais se tocariam – eram duas metades de um coração partido.

— Se você precisar de dinheiro sabe que pode contar comigo – seus olhos vagam com lembranças – sempre... (Lilo)

— Adeus, Lilo – ele suspira – eu... (Victor)

— Eu sei – ele não suportaria ouvir – (Lilo)

Victor sorri e sai do apartamento, fechando as portas cuidadosamente. Lilo suspira; odiava despedidas, ainda mais quando era uma pessoa que amava.

— Eu amo você... (Lilo)

As in love with you as I am; Being as in love, love, love

*

TE ADORO HOTEL/ RIO DE JANEIRO

Leon abre a porta do quarto e se surpreende com o garoto parado a sua frente; era louro, tinha olhos claros e era alto. Seu físico não era estranho para ele; aquele era Romeu, o garoto que Leslye amou e se vingou. Romeu ficara semanas culpando-se por ter tratado Lelsye uma última vez daquele jeito; ligando para todos os hotéis do Grajaú, ele descobriu que ela estava naquele, e desde então ficara se perguntando se deveria ir ou não falar com ela. Por fim, o seus sentimentos pela garota foram mais fortes e ele decidiu ir até a porta do quarto dela.

— Pois não? (Leon)

Aquele deveria ser o irmão de Leslye, pensa Romeu. Ela havia o descrito como um garoto louro de olhos azuis como ele. Os olhos de Leon eram um tom mais claro, que refletiam até a luz das lâmpadas.

— Eu queria falar com a Leslye – ele engole em seco – sou o Romeu... (Romeu)

— Eu sei quem você é – ele bufa – mas você chegou tarde demais! A minha irmã acabou de ir para o aeroporto. (Leon)

— Aeroporto? – ele se espanta – ela vai receber algum parente dos Estados Unidos? (Romeu)

— Não – ele revira os olhos; sabia o quanto a irmã estava sofrendo por aquele homem – ela vai se mudar para a USA. Depois de toda a confusão que você fez na vida dela, a própria não achou motivos para continuar aqui. (Leon)

As palavras do garoto o ferem. Não tinha pensado na possibilidade dela se mudar para o país onde morou grande parte da vida; achava que ela gostava do Brasil.

— Meu Deus do céu... – ele olha desolado para o irmão da amada – eu não acredito nisto... (Romeu)

Uma pontada de culpa enche o peito de Leon; amava a irmã e sabia que ela amava aquele garoto parado a sua frente – talvez ele conseguisse a fazer ficar no Brasil com ele. Se chegasse a tempo...

— Ela saiu não faz nem dez minutos – ele suspira pesadamente – você precisa correr para chegar antes que ela parta! (Leon)

— E para que aeroporto ela foi? – seus olhos se iluminam – (Romeu)

— O Galeão internacional – sua voz é incentivadora – vai atrás da minha irmã e tenta fazê-la ficar... (Leon)

 – Eu vou tentar – ele sorri para o garoto – muito obrigado... Agora preciso ir correr atrás do meu amor! (Romeu)

Ele sai em disparada pelas escadas do hotel e Leon bufa; era a única oportunidade que tinha para a garota não ir embora. Torcia para que desse certo. As palavras de Romeu ecoam por sua mente “agora vou ir correr atrás do meu amor...”; ele falou de um jeito tão decidido e forte que o peito de Leon deu uma pontada. Estava sofrendo por Stephanie; a mesma dissera para ele que viajaria para Paris e que nunca se veriam. Ele também precisava correr atrás do seu amor. Pegando dinheiro no armário ao lado da cama, ele fecha a porta do quarto e corre também em disparada.

*

MANSÃO FAMÍLIA COSTA/ RIO DE JANEIRO

Joanna estaciona o carro na frente da mansão, e com as suas chaves, entra rapidamente. O carro de Stephanie prateado ainda estava parado na garagem, o que significava que ela ainda não havia saído.

Ela abre a porta da sala e encontra a patricinha descendo a última mala pelas escadas. Stephanie se assusta quando vê a garota; tinha escolhido este dia para viajar, para não correr o risco de ser flagrada por alguém.

— O que você está fazendo aqui? – ela larga a mala – não tem um casamento para apreciar? (Stephanie)

— Foi você... – lágrimas de fúria desciam por seus olhos – VOCÊ MATOU O PRÓPRIO PAI (Jojo)

Stephanie se assusta com o que tinha acabado de ouvir; a própria confirmação que era uma assassina. Ela olha para a cantora assustada e com os olhos arregalados.

— A Tina que te contou? – ela arfa – (Stephanie)

— Não. A Angie foi presa e ela tem as provas com fotos de que você é uma vagabunda pistoleira que matou o pai por causa de uma herança – ela se aproxima – como você pôde? (Jojo)

Stephanie fica tensa sob o que tinha acabado de escutar; o cerco havia se fechado diante de si. Angie a entregara e logo os policiais estariam vindo para prendê-la. Precisava fazer algo para fugir.

— EU FIZ ISSO POR SUA CAUSA – ela começa a gritar – EU MATEI O GAEL POR QUE VOCÊ APARECEU NA MINHA VIDA... VOCÊ QUE DEVERIA SENTIR CULPA, E NÃO EU! (Stephanie)

— EU? – ela engole em seco – (Jojo)

— SIM GAROTA, VOCÊ – ela começa a subir as escadas, Jojo a segue correndo – DESDE QUE O GAEL FALARA QUE VOCÊ ERA MINHA IRMÃ GEMÊA, EU PENSEI EM TUDO! Eu monitorei a sua vida e quando ele estava próximo de te contatar, eu o apaguei. Depois eu previ que seu pai contaria tudo, então fiz um plano com a Angie para te matar – ela dá um sorriso – e sabe com o que? COM OS MEUS SANGUES CONTAMINADOS QUE VOCÊ TANTO INVESTIGA; EU SOU A GAROTA DA LENDA URBANA. EU QUE TRANSEI COM UM CARA QUE TINHA HIV SEM PROTEÇÃO E PELA INJUSTIÇA DE DEUS, CONTAMINO AS PESSOAS – ela debocha – precisava manter você longe deste meu segredo; é uma máfia complexa. Se eu fosse pega, várias outras pessoas seriam – ela fita a irmã – INCLUSIVE O EDGARD. ELE SABIA DE TUDO. (Stephanie)

Jojo arfa quando ouve aquilo da garota. O Edgard sempre soube de tudo?

— ELE ERA O MEU CUMPLICE POR ANOS – ela sorri – NÓS ERAMOS NAMORADOS BEM ANTES DE VOCÊ APARECER, JOANNA! – elas andavam pelo grande corredor – (Stephanie)

Joanna já chorava; o ódio que Stephanie sentia dela era perceptível em sua voz. Tanto ódio transformou a garota em uma assassina psicopata.

— Você acha mesmo que eu vou deixar você ficar com toda a herança do meu pai que era para ser minha? – ela pega os braços da garota – NUNCA! (Stephanie)

A patricinha empurra Joanna para um quarto, e ela começa a gritar em protesto. Ela prensa a garganta da cantora na parede.

— Tudo que você fez foi destruir mais a sua vida... (Jojo)

— AINDA NÃO ACABOU – seu rosto estava vermelho – AINDA NÃO É O FIM! EU NÃO ACABEI (Stephanie)

Stephanie larga Jojo, que cai pra frente à procura de ar. Ela sorri e impede que a morena passe por ela, garantindo a sua fuga.

— Você sabe quando é que eu vou deixar você se aproveitar desta herança que era minha por direito? – ela empurra Joanna na cama – NUNCA! (Stephanie)

— Stephanie... (Jojo)

Joanna estava realmente assustada; Stephanie era perigosa e faria de tudo para conseguir o que quisesse.

— Você sabe que eu nunca gostei muito de você né? – ela dá uma risadinha – e sabe que eu também nunca fiz questão de esconder, né? Sabe que eu sempre achei que você fosse sofrer um acidente? – ela pega o vaso de vidro com flores – UM ACIDENTE COMO ESTE AQUI! (Stephanie)

Stephanie joga o vaso na cabeça de Joanna, e ele se quebra em mil pedacinhos. A garota cai desmaiada na cama, com sangue escorrendo de sua testa. Stephanie começa a dar uma risada rouca e se aproxima da garota caída.

— EU NUNCA IRIA DEIXAR ESSE DINHEIRO TODO PRA VOCÊ – ela olha ao arredor – POR QUE TODO ESSE DINHEIRO É MEU! (Stephanie)

Ela desce rapidamente até a garagem e pega de lá um galo cheio de gasolina, o levando para o quarto novamente, onde Joanna continuava imóvel.

— Agora vamos começar a brincadeira – ela abre a tampa do galão – (Stephanie)

A patricinha despeja o conteúdo de gasolina ao redor da cama. Ela dava risadas, parecendo uma doida num hospício.

— OLHA SÓ JOANNA – ela espalha o conteúdo pelo chão – você pode ficar com essa casa todinha pra você! TODINHA – ela debocha – VAI VIRAR TUDO CARVÃO MESMO! (Stephanie)

Ao terminar de despejar tudo, ela joga o galão no chão e na gaveta de seu criado mudo, pega uma caixa de fósforos grande. Ao pegar um palitinho, ela o roça na parte lateral da caixa e o fogo logo sobe, iluminando de baixo o seu rosto que aparentava um sorriso demoníaco.

— Tchauzinho Joanna – ela joga o palito com o fogo no chão – (Stephanie)

O fogo logo se consome pelo piso molhado de gasolina, queimando tudo ao seu redor. Joanna ainda deitava na cama; filete de sangue molhando o edredom. Dando risadas, Stephanie fecha a porta do quarto que se incendiava.

Ela corre até o cômodo onde seu pai vivera e corre para pegar sua caixinha de joias, que era o que a sustentaria em Paris. Valiam uma fortuna. Ela abre a caixa e admira os diamantes prensados em anel e colares que um dia foi de sua mãe.

— Finalmente – ela passa as mãos pelos pertences – as minhas joias... São minhas finalmente... Só minhas... (Stephanie)

*

BUFFET JARDIM/ RIO DE JANEIRO

Tina e Ronaldo comemoravam todos os detalhes da festa que os cercava; dançando e curtindo com as pessoas que amavam. Cate dançava ao lado do pai BANG da Anitta; quando a música acaba, ela arfa e olha em seus olhos. Tina estava ao lado dos dois.

— Muito obrigado minha filha – ele coloca a mão no ombro dela – por me apoiar... Desejo um futuro assim para você; cheio de felicidade. (Ronaldo)

Cate sorri e olha para Tina. Não conseguia mais guardar segredo do pai sobre o que tinha acontecido com ela; podia não ter mais um futuro. Tina a entende e assente com a cabeça, já com os olhos cheios de lágrimas.

— Pai... – ela engole em seco – eu talvez não tenha um futuro! (Cate)

— Como assim? – o sorriso sai de seu rosto – o que você quer dizer filha? Você vai se matar? (Ronaldo)

— Desculpa estar te contando isso agora – ela começa a chorar – mas eu preciso! A Stephanie foi até em casa e me humilhou; logo depois, ela injetou sangue contaminado em mim... (Cate)

— Sangue contaminado? – seus olhos começam a brilhar – contaminados do que? (Ronaldo)

— HIV pai – ela arfa, doía falar sobre isso com ele – eu sou soro positivo agora! Posso não ter mais uma vida, posso pegar uma gripe e morrer de pneumonia... (Cate)

Ronaldo encara a filha. Tina deixa os dois a sós para atender seu celular, que tocava constantemente. Sem nenhuma palavra, ele a abraça e a deixa chorar em seus ombros.

— Desculpa por essa decepção... (Cate)

— Não filha, você não precisa se preocupar – ele também chorava – eu vou te proteger de tudo! Eu e a Tina vamos cuidar de você... (Ronaldo)

Tina os interrompe expirando fundo; seus olhos pareciam esbugalhados pelo que tinha acabado de ouvir no telefone.

— Nós precisamos ir para a mansão imediatamente – ela arfa – o Edgard me ligou dizendo que a Angie tinha as fotos que comprovavam que foi a Stephanie que matou o Gael e que a Joanna foi enfrentar a garota sozinha na mansão – ela olha para Cate, que ainda chorava – ela é perigosa, precisamos correr... (Tina)

*

AEROPORTO INTERNACIONAL GALEÃO/ RIO DE JANEIRO

A última chamada toca para Leslye e ela se levanta da cadeira para ir correr pegar o seu voo; chegara atrasada no aeroporto e teve de esperar um pouquinho. Seu coração doía por estar se despedindo de toda a vida que tinha construído no Brasil; principalmente com Romeu.

Vestia um vestido branco simples e uma bota camurça com um pequeno salto, que em passos largos, a levam mais próximo da checagem de passagem e passaporte. Uma voz conhecida a impede de seguir, e sem entender, ela vira para trás e se depara com Romeu correndo para si.

Ele chega nela expirando e fita seus olhos. Leslye engole em seco.

— Romeu? – ela parecia preocupada – o que está fazendo aqui? (Leslye)

— Eu vim te impedir de viajar – ele estava tenso – vim te impedir de fazer uma besteira... (Romeu)

— Por quê? – sua voz é calma – (Leslye)

— Por que eu amo você... (Romeu)

Leslye fita o chão; tinha de ser forte para aguentar se despedir de Romeu.

— Eu não quero que você vá, por que eu amo você de um jeito incontrolável – ele parecia desesperado – e eu quero reconstruir a minha história ao seu lado sem pensar no passado... (Romeu)

— Romeu, eu não posso – ela fecha os olhos para impedir as lágrimas – a Giovanna deixou bem claro que não me quer no Brasil... (Leslye)

— A gente dá um jeito nisso juntos – ele olha para ela; o azul de seu olho fundo – Leslye... (Romeu)

— A verdade – ela o interrompe – é que eu nunca amei ninguém do jeito que eu te amo, mas isso não é verdade para você – ela despeja tudo – e agora, por algum milagre, você aprendeu que não se deve tratar ninguém do jeito em que tratou a Giovanna – ele a olhava triste – eu sei que você nunca quis me machucar, e eu até sei que você me amou de sua própria maneira, e talvez se as coisas tivessem sido diferentes... – ela fita seus olhos – se o mundo tivesse sido mais gentil com a gente, eu poderia ter sido o amor da sua vida... (Leslye)

Ela começa a chorar; amava Romeu mais que tudo, porém não podiam ficar juntos. O passado os engoliria sempre. Ela precisava seguir.

— Eu poderia ter sido sua pequena calma – ela respira fundo – (Leslye)

— Eu sinto muito... – um arrepio corre por suas veias – (Romeu)

— Não sinta – ela se aproxima dele – eu acho que vai ser bom para mim; encontrar uma vida que é completamente minha. Eu nunca tive isso. (Leslye)

Romeu, ainda a mirando com os olhos derrotados, assente com a cabeça. Também a amava, e por isso, a deixaria ir. Ir para viver a sua vida e ser feliz; por que é assim, quando amamos uma pessoa, queremos a ver sorrindo sempre. E ele sabia que ao seu lado, com o medo das ameaças de Giovanna, ela nunca sorriria verdadeiramente.

Leslye o beija. Um beijo entre lágrimas que pesava uma despedida; seus lábios se roçam enquanto lembrava-se de cada momento juntos. Conheciam-se a cada virada de cabeça e cada toque. Eles eram as duas almas que formavam uma. Era o que tinham de ser.

Leslye se afasta dele com os olhos fechados por tamanha dor. A chamada da última estava quase acabando, e se não fosse logo, poderia perder o voo. Ela sorri para ele.

— Sei que você pode não acreditar, mas você merece ser feliz, Romeu! – ela suspira – por favor, seja feliz... (Leslye)

Os seus olhares se cruzam pela última vez e Romeu assente com a cabeça; faria o que ela tinha lhe pedido. Seria feliz.

— Você também – ele sussurra para ela – (Romeu)

Leslye dá uma risadinha entre lágrimas e vai para o balcão; alguns minutos depois, entra num corredor e sai das vistas de Romeu. E ele continuara ali, observando seu avião ganhar velocidade e subir na imensidão do céu azul. E, com sorte, estaria ali a esperando, assim que voltasse.

*

APARTAMENTO DE GIOVANNA/ RIO DE JANEIRO

Giovanna tenta ligar para Romeu; mas nunca é atendida. Seu apartamento estava escuro pela solidão de suas atitudes, que acabara afastando todo mundo que gostara. Brigara com Dayane assim que a amiga soube que ela tinha queimado o cabelo de Leslye; não tinha ninguém ao seu lado.

Ela joga o celular na parede, e a tela se quebra em mil pedaços. Ela encosta-se à parede e começa a chorar.

— QUE ÓDIOOOOOOOOOOO – suas mãos começam a puxar o próprio cabelo – ele deve estar atrás da Leslye... EU ODEIO ESSA GAROTA! ODEIO-A. (Giovanna)

Ela se levanta, e soluçando, começa a jogar as suas coisas no chão. Vasos. Telefone. Tudo de vidro quebra e espalha vidrinhos pelo chão, que começam a cortar os pés de Giovanna descalça. O sangue se espalhava por seu piso.

— EU ODEIO ESSES DOIS – ela volta a encostar-se à parede e o soluço a domina – eu odeio... (Giovanna)

E ela continua ali. Sozinha, sem ninguém para quem se apoiar. Diante de tanta popularidade, acabara destruída no próprio veneno.

É a ira de Deus. E se essa escuridão se transformar em chuva, que volte o dilúvio, mas sem a arca, nós que não soubemos fazer um mundo onde viver e não sabemos na nossa paralisia como viver.

*

MANSÃO FAMÍLIA COSTA/ RIO DE JANEIRO

— Minha joia – ela as admira – agora só eu vou poder usar as minhas joias... (Stephanie)

Ela fica de frente para o espelho grande do quarto de Tina, entornado em desenhos de bronze. A imagem reflete sua áurea odiosa.

— Eu sempre fui meio invisível por que nunca prestaram atenção em mim – ela fala com a imagem de si mesmo – mas agora vão sempre se lembrar de mim e me enxergar... (Stephanie)

Enquanto isso, do lado de fora da mansão o fogo parecia consumir tudo. A fumaça invadia as janelas e formava uma nuvem negra. Edgard chega de carro e encontra a porta aberta, entrando rapidamente em seguida. Tina chega junto, com Ronaldo. Cate tinha ficado na festa para explicar aos convidados.

— A CASA ESTÁ PEGANDO FOGO – ela se desespera – (Tina)

— MEU DEUS DO CÉU – ele fica desesperado – (Edgard)

Tina tenta entrar, mas Ronaldo a segura pelo braço.

— EU PRECISO ENTRAR – ela grita – A JOANNA ESTÁ LA DENTRO... (Tina)

— ESPERA – ele grita – (Ronaldo)

— Eu vou... – ele engole em seco – (Edgard)

Ronaldo tenta impedir Edgard, mas é falho. Ele corre para a porta da mansão e entra lá dentro, onde tudo parecia consumido de fumaça e chamas. Ele inala o ar e tosse.

— JOANNA – ele tossia muito – (Edgard)

O grande lustre de cristal da sala, pegando fogo, despenca no chão, espalhando mais chamas e fazendo um barulho ensurdecedor. Ele grita e corre para a escada, subindo direto para o corredor. Ele chuta a porta do quarto de Stephanie e encontra Joanna deitada na cama, encoberta de chamas ao redor.

Em labaredas, ele tira os moveis queimados do caminho para poder chegar à garota adormecida. Ele a pega e a coloca nos ombros; precisava sair dali o mais rápido possível.

Assim que sai do cômodo, as janelas explodem e lançam cacos por todos os lados, queimando a cama inteira.

Ao descer as escadas e chegar à sala, tudo parecia piorar. Ela pegava fogo por inteiro, queimando tudo. Ele consegue chegar ao hall de entradas, se desviando dos pedaços de teto que caiam em chamas. Respira ar livre e logo Tina o ajuda a segurar Joanna, que estava suja por tanta fumaça.

Ele coloca Joanna no chão e olha para o seu rosto, que parecia sereno.

— Eu te salvei Joanna... – ele engole em seco – (Edgard)

— E a Stephanie? – ele olha para a garagem – o carro dela ainda está ali... (Ronaldo)

Edgard se desvencilha da amada e corre para de volta a casa; Tina segura seu braço tentando o impedir.

— EU PRECISO SALVAR A STEPHANIE (Edgard)

— NÃO... (Tina)

 Ele se desvencilha dos braços dela e corre para dentro, mas é impedido sendo jogado por uma explosão na sala.

Stephanie ainda se olhava no espelho, sem notar que tudo abaixo dela queimava em chamas.

— Eu vou ter a vida que eu mereço – ela sorri para o espelho – finalmente vou ter a vida que mereço... (Stephanie)

Ela pega a caixa e a coloca debaixo do braço, indo em direção à saída do quarto. Precisava ir para o aeroporto imediatamente, caso contrário perderia o voo. Ao abrir a porta, chamas consumiam todo o corredor, e em um espanto, ela bate na parede frágil e um pedaço de madeira em chamas cai em sua perna, a imobilizando.

— AHHHHHHHHHHHHHHH – seu grito era desesperador – (Stephanie)

Chamas invadem rapidamente o quarto de Tina e queimam tudo. O espelho que ela se olhava minutos atrás explode, diante tamanho calor. Este era o fim para ela.

*

Leon desce do táxi e se assusta com a grande quantidade de fumaça que a mansão exalava. Fita a porta aberta e corre para dentro, encontrando várias pessoas paradas; reconhecia várias delas. Tina, a madrasta de Stephanie. Joanna, a irmã...

Ele se aproxima de todos e procura Stephanie entre eles, mas não a encontra. Tina olha para o garoto; sabia quem ele era. O louro que Stephanie estava se envolvendo.

— Oi – sua voz sai seca – sou o Leon; cadê a Stephanie? (Leon)

— Ela ainda está lá dentro – ela o olha desesperada – não acho que tenha mais o que fazer... (Tina)

A mente de Leon vagueia e em um ímpeto, ele corre para dentro da mansão ignorando todos os gritos de protestos. Chegando à sala, encontra tudo queimado e a fumaça ofuscava sua visão; ele reconhece a escada e corre para o corredor, já vendo Stephanie caída no chão com um pedaço de madeira furando a sua pele da perna. Ele desvia das labaredas e se ajoelha ao lado da garota, que se espanta com sua presença.

— Leon? – ela engasga e tosse – o que você está fazendo aqui? (Stephanie)

 – Eu vim te salvar – ele a olha – (Leon)

— Não tem como – sua voz sai desesperada – esse pedaço de madeira se cravou na minha perna! Se você tentar tirar eu posso perder ela... (Stephanie)

— Eu preciso tentar... – seus olhos começam a brigar – não posso deixar você morrer... (Leon)

— NÃO PRECISA – sua voz se altera – eu quero ficar! Não vai ter saída Leon, se você me salvar eu vou ser presa – ela pega a mão dele – saia daqui o mais rápido possível! (Stephanie)

— O que você fez de tão grave? – ele tosse – ME CONTA... (Leon)

— Eu sou uma assassina – ela começa a chorar – eu matei o meu próprio pai... (Stephanie)

Leon fica em choque, mas continua segurando a mão da garota.

— Você precisa ir embora – ela alisa sua mão – precisa me deixar ficar para morrer... (Stephanie)

— Eu não vou embora Stephanie – ele fita seus olhos – você não percebeu que estamos presos aqui? As chamas consumiram tudo... (Leon)

Stephanie olha ao redor e tem a comprovação; o teto caíra ao lado deles e as chamas ocupavam um espaço impossível de se achar uma saída.

— Me desculpe... – ela soluça – eu não queria que você ficasse aqui! VOCÊ NÃO MERECE MORRER COMIGO. (Stephanie)

— Por te amar demais, talvez eu mereça... (Leon)

— Eu te amo tanto... – ela arfa – queria poder pedir a Deus que nos tirasse daqui... (Stephanie)

— Eu não posso acreditar num Deus que faz com que os que se amam se separem – ele aperta as mãos da garota – (Leon)

— Eu sei que você não merecia nada disso – ela o fita – eu queria que tudo pudesse ser diferente... Você merecia uma vida feliz, em que pudesse se casar e ter filhos. (Stephanie)

Ele fica de frente para ela; a inalação da fumaça os matava aos poucos.

— Nada que não possamos fazer – ele sorri – eu, Leon Bonaparte, te recebo Stephanie, como minha esposa! Prometo-te ser fiel, amar-te – o fogo os consumia cada vez mais rápido – não importando em que plano estejamos... (Leon)

— Eu Stephanie Costa França – ela sussurrava de olhos fechados, seu sorriso era perceptível – te recebo Leon, por meu esposo, e te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza... (Stephanie)

Suas palavras são interrompidas quando uma grande explosão os corta, queimando tudo ao redor. Fogo consome os dois, e gritos desesperados se formam. Logo depois, outra parte do teto cai em cima deles, cobrindo todos os seus corpos já negros pelo calor das chamas. A única coisa que os unia eram as mãos entrelaçadas.

I can't feel all the things you've ever felt before; Together, to be. Together and be

*

APARTAMENTO DE LILO/ RIO DE JANEIRO

Karol e Lilo se beijavam intensamente em cima do sofá, enquanto passava a novela na Globo. Nathalia entra no apartamento e os dois param subitamente, olhando para a garota.

— Interrompi algo? – ela sorri – (Nathalia)

— Não – ele dá uma risadinha – você chegou ao momento certo. (Lilo)

Karol olha para ele e sorri; o que estava querendo dizer?

— Que momento? (Karol)

Lilo tira do bolso uma pequena caixinha de veludo, e abre na frente de Karol, que dá um gritinho de espanto na hora que vê.

— Karol Rodrigues; você aceita namorar oficialmente comigo? (Lilo)

— SIM – ela dá um grito e Nathalia comemora do outro lado – Isso é tudo que eu mais quero! (Karol)

Lilo, sorrindo, coloca o anel no dedo certo da mulher e logo depois a abraça. Karol fita Nathalia no meio do abraçado do outro lado da sala; o olhar das duas era mortal. Muitos golpes não dão certo; às vezes, o bem vence o mal. No caso delas era diferente. Conseguiram fisgar Lilo e seguiriam ricas para sempre. Karol sorri ironicamente para a filha, que retribui. Um sorriso que dizia: Finalmente conseguimos; subimos na vida.

Não se iluda com um sorriso, a maldade está no olhar!

*

HOSPITAL BARRA D’OR/ RIO DE JANEIRO

Joanna abre os olhos e fita Tina, Edgard e Ronaldo a observando. Todos comemoram quando ela dá reação e Edgard tenta a abraçar, mas é impedido devido aos grandes tubos que a envolviam. Ele havia feito inalação e limpado um pouco o pulmão; depois, pedira para ficar com Joanna até ela acordar.

— Meu amor... – ele parecia emocionado – graças a Deus você acordou... (Edgard)

Joana sorri para ele; se lembrava de tudo que tinha passado. Inclusive o que Stephanie havia dito para ela; que ele sempre soube de tudo.

— E a Stephanie? – ela olha ao arredor – (Jojo)

— Ela morreu queimada junto com o Leon – ela engole em seco – a irmã dele recebeu a notícia enquanto embarcava no avião; disse que assim que chegar aos Estados Unidos vai voltar – ela suspira – sinto dó dela! O governo dos Estados Unidos vai arcar com as consequências... (Tina)

Joanna estava desolada; apesar de Stephanie ser uma megera, não merecia ter morrido queimada daquele jeito.

— A casa foi totalmente destruída, os policiais estão lá fazendo uma pericia – ela cerra a mandíbula – teremos que reconstruir... (Tina)

Joanna fica em silencio por alguns minutos e fita o arredor; estava num quarto único. As janelas davam vista para o outro lado da rua, que era movimentado com carros passando pra lá e para cá. O quarto era relativamente simples e só tinha um vaso com flores como decoração, além da televisão e de uma poltrona vermelha.

— Eu queria falar um pouco a só com o Edgard – ela olha para o casal Ronaldo e Tina – por uns minutos... (Jojo)

— Tudo bem, temos que falar com a Cate lá fora esperando – ela sorri – só podem três visitas por quarto! Vamos aproveitar e chamar o enfermeiro... (Tina)

Joanna sorri de volta e Tina, acompanhado do amado, sai do quarto. Depois que saiu do salão, a festa praticamente acabou e os convidados saíram, a pedido de Cate.

— O que quer falar comigo? – ele suspira – (Edgard)

— A Stephanie me contou Edgard – ela é direta – ela me contou que você sabia de todo o segredo dela e que os dois eram cúmplices! É verdade? (Jojo)

— É verdade – ele engole em seco – eu namorei a Stephanie há um tempo. Ela me contou da sua doença e eu a apoiei, então sim, eu sou meio que um cúmplice dela... Mas que ela tinha matado o Gael, eu não sabia, juro... (Edgard)

— Por que você não me contou tudo isso? – seus olhos brilham – eu confiei em você... (Jojo)

— Eu tinha medo Joanna – ele a fita – eu tinha medo de te perder! E hoje eu quase perdi. Se eu não tivesse te salvado, não sei o que faria da minha vida... (Edgard)

— Que? – ela fica surpresa – foi você que me salvou? (Jojo)

— Quem mais seria? – ele parecia tenso – eu te amo tanto que sou capaz de arriscar a minha vida! E foi isso que fiz – ele fecha os olhos – mas sobre a Stephanie; perdoa-me? (Edgard)

Joanna fica em silêncio pensando. Não o perdoaria se o caso fosse outro; mas ele provara seu amor a salvando do incêndio. Botara sua vida em risco pela dela, e ela o amava tanto por isso...

— Eu te perdoo – ela aperta a mão dele – e agradeço muito por ter me salvado! (Jojo)

— Não precisa me agradecer – ele sorri – eu te amo demais para isso... (Edgard)

— Eu também Edgard – ela dá uma risadinha – te amo demais... (Jojo)

Tina volta a entrar no quarto com o enfermeiro, agora sem a companhia de Ronaldo. Ela pede desculpas e Joanna assente, dizendo “tudo bem”. O médico começa a mexer em sua tubulação, escrevendo sempre em uma prancheta. A cena se afasta com todos rindo, inclusive Joanna. Eram uma família, e eram isso que famílias fazem; cuidam um do outro.

Está na família o segredo da felicidade em conjunto, pois uma família unida espelha a vitória.

*

BOATE COPACABANA/ RIO DE JANEIRO

Victor dançava em cima de uma mesa de frente para um velho barbudo; era a única forma que tinha para sobreviver. Seu corpo nu sobe e desce na frente dele, que era insultado de “vagabundo” “puto” e “prostituto” enquanto o velho se masturbava em sua frente.

Lilo invade sua mente; jamais pediria dinheiro para ele. Não agora que ele estava com Karol. Mais cedo, enquanto estivera com ele, pensara em contar toda a verdade sobre as ameaças da mulher e sua filha, mas não tinha provas contra isso. As sombras o tinham encoberto por completo, e poderia nunca mais encontrar o sol.

*

HÁ UMA PASSAGEM DE TEMPO

Há uma passagem de 1 ano. Neste tempo, Joanna conseguira sair do hospital totalmente sem a fumaça tóxica do pulmão uma semana após a grande explosão da mansão. Enquanto Tina decidira reconstruir o local, ela pretendera voltar a sua carreira; várias matérias sobre seu acidente estampavam as noticias; ela havia feito várias entrevistas e se vira fora de todo o mal que a encobria. Seu segundo disco solo, se chamara Disaster e conseguira debutar como uma estrela internacional.

Já Tina conseguira a amizade total de Cate; junto com Ronaldo, eles foram ao médico para confirmarem a doença da garota; por sorte, talvez Stephanie estivesse com um pouco de compaixão no coração. Ela não havia sido contaminada, provavelmente o sangue que ela havia pegado estava mais de uma hora fora do corpo e não tinha sido congelado. Cate comemorou e se emocionou; enquanto a mansão era reconstruída, Tina morava com eles no aparamento. Em breve todos se mudariam para a nova mansão.

Giovanna enlouqueceu sozinha e foi achada pelos familiares com o apartamento todo destruído e pichado; nas pichações mostrava todo o seu ódio por Leslye. Ela foi diagnosticada com esquizofrenia e foi internada numa clínica especifica.

Leslye ficou uma semana no Brasil para o velório do irmão. Logo depois se encontrava novamente com Romeu, e chorara bastante. Voltara para os Estados Unidos amiga do garoto, deixando possibilidades de um relacionamento entre os dois no futuro. Ate agora, nada. A garota mora nos Estados Unidos e trabalha como vendedora numa loja de roupas, guardando todas as suas economias para fazer uma faculdade de administração. O mauricinho começou a estudar relações internacionais.

Karol e Lilo estavam cada vez mais apaixonados. Os dois viajaram neste tempo para Los Angeles, e lá, Lilo a pediu em casamento. Logo após, Karol colocou um calmante em sua bebida e enquanto ele estava apagado, curtiu com Nathalia a noite americana.

Victor continuara com sua prostituição e acabara conhecendo um amigo de profissão; os dois se apaixonaram e prometeram viver juntos para sempre.

Angie foi presa, junto com a sua funcionária Carine. As duas foram acusadas de traficar sangue com Stephanie e acusadas também, de colocarem este sangue contaminado em laranjas com uma seringa.

A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade...

 *

Hotel ibis Paris Tour Eiffel Cambronne / PARIS

Edgard abre a porta do quarto e Joanna o fita, sentada na cama. Desliga a televisão e olha para o amado a sua frente. Estavam em Paris para a sua turnê; os fãs brasileiros e os poucos internacionais que tinha, pediram por isso. Edgard sorria para ela com o celular na mão.

— Que foi? – ela sorri e ele fica em silencio – Ai, fala... (Jojo)

— Espera – seu sorriso é contagiante – antes eu só quero olhar para você! Olhar para o rosto da mulher que eu amo. Da mulher que me faz sair da cama todo dia para consertar os meus erros. A mulher com quem eu vou ter um filho – ele estava emocionado e sorrindo – minha bonequinha, conseguimos! O último traficante de sangues da Stephanie foi preso. (Edgard)

Os pelos de Joanna se eriçam; desde que saíra do hospital, contara para a polícia sobre todo o segredo de Stephanie e Edgard, como uma forma de diminuir sua culpa, os ajudou a prender o grande tráfico de compradores.

— Eu sabia... – ela se aproxima e o beija – (Jojo)

— Acabou – sua voz carregava emoção – nós conseguimos botar um fim no mal que a Stephanie deixou de herança; conseguimos apagar tudo que ela fez... (Edgard)

— A gente vai conseguir ser feliz – ela coloca suas mãos no pescoço dele – juntos. De verdade. Não uma felicidade falsa e com anseio – ela assente a cabeça e os dois trocam mais um beijo – (Jojo)

Joanna se afasta dele e arfa, fitando o piso do quarto do hotel. Era tudo ordenado em dourado, e tinha a vista de frente para a Torre Eiffel.

— Que foi? (Edgard)

— Deus era injusto – ela engole em seco – esse era o discurso que a Stephanie usava para fazer todas as atrocidades dela. Eu sei que para ela era tudo mentira, que ela só se importava com o poder; ela nunca foi feliz de verdade – ela sorri para ele – felicidade é o que nós temos. Basta olhar pra gente; que ta na família, nos filhos, nos amigos de verdade... (Jojo)

— No amor... – ele a completa – (Edgard)

— Num amor que nem o nosso – ela sussurra para ele – mas será que a Stephanie, depois das coisas horríveis que fez; será que num ultimo momento de vida dela, ao lado do Leon, ela teve alguma paz? – os dois se olhavam – será que ela entendeu um pouco o que é felicidade de verdade? (Jojo)

Eles ficam se olhando em segundos de silencio e ele sorri; seus olhos iluminados ao olhar para a mulher que amava.

— Você é linda – ele acaricia seu rosto e se levanta da cama; na bolsa, pega um envelope e volta a ficar de frente para ela – isso aqui é uma carta que o seu pai escreveu horas antes de morrer. A Tina disse que ele sentia que era o seu último dia de vida; ela me mandou entregar quando você estivesse pronta... (Edgard)

Joanna pega a carta lentamente com dor no coração. Ela estava pronta mais que tudo na vida. A garota rasga a parte superior do papel e abre o papel sulfite, revelando uma caligrafia que ela não conhecia. Seu olhar se cruza com o Edgard antes de se voltar totalmente para a carta.

Querida Joanna, minha filha. Venho por meio daqui dar um pouco de explicação para você. O que eu fiz foi horrível, jamais deveria ter te dado para o meu melhor amigo, João. Ou talvez devesse. Ele a amou como eu jamais conseguiria. De longe, eu te vi crescer e ser essa cantora maravilhosa que é. Quando você descobrir de mim, provavelmente se está lendo esta carta, é por que não estou mais neste mundo. Saiba que eu me culpo todos os dias por não ter cuidado de você o suficiente, mesmo de longe. Você é a minha maior preciosidade. Espero que se de bem com Stephanie, e juntas, aprendam a dividir a minha herança. Você vai ver que a sua irmã é um pouco difícil de lidar, mas vocês vão conseguir se entender. A Tina também é uma mulher maravilhosa que esteve comigo em todos os momentos. Espero que a brisa do mar nunca a deixe se esquecer de mim. Estarei orando por você para sempre. Por toda a eternidade. Espero que um dia me perdoe. Eu te amo, minha filha.

Com amor, Gael Costa.

 


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Notas finais do capítulo

Bom gente, queria agradecer primeiramente a todos que acompanharam essa fanfic até o fim, em especial as minhas melhores amigas Leslye e Giovanna Souza, que todos os dias me cobravam capítulos e comentavam dizendo o que tinham achado. Amo vocês.
Agradecer também a Dayane, Giovanna Gabriela, Carine Lopes, que mesmo ela assim longa com vinte capítulos, continuaram empolgadas.
Muita gente me pergunta o significado do nome da fanfic; por que "A Última Lua"?
Com A Última Lua eu quis mostrar que todo mundo é uma lua; esconde um lado sombrio para si, como a Stephanie, a Tina, Karol, Nathalia e todos os personagens...
E com "ÚLTIMA" eu infelizmente quis dizer que essa é a minha última fanfic deste gênero; estou aqui desde janeiro de 2013 e em todas as minhas histórias fui cercado de amor. Esta conta ficara inativa a partir de hoje; pretendo focar no meu futuro profissional. Em breve, prometo mais novidades.
Espero que todos vocês encontrem a sua paz, e reflitam com esse último capítulo. Eu, vou tentar encontrar a minha.



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