A Última Lua escrita por Gustavo


Capítulo 18
There is a Smile of Wickedness


Notas iniciais do capítulo

"Há um Sorriso que é de Amor
E há um Sorriso de Maldade,
E há um Sorriso de Sorrisos
Onde os dois Sorrisos têm parte."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698054/chapter/18

DELEGACIA DE COPACABANA/ RIO DE JANEIRO

— O que você está me contando é muito grave – ele se levanta da cadeira – (Delegado)

— É grave e é a mais pura verdade – ela pega seu celular da bolsa – eu gravei uma conversa minha e dela; uma briga. Ela revelou que foi ela que o matou, mas ela não esperava que eu fosse gravar tudo. (Stephanie)

Stephanie abre o aplicativo de gravador e aperta no play. A voz de Stephanie sai do aparelho, calma e decidida.

— Simples – ela dá um sorriso irônico – “fui eu quem matou o Gael Costa! Eu que enfiei uma faca em seu coração para que ele desse seu último suspiro. Eu.” (Angie)

Stephanie volta a fitar o delegado que parecia chocado com o que tinha acabado de ouvir. Stephanie não planejara isso; mas ao ver sua amiga “confessar” o assassinato não resistiu. Era uma forma de fazer Joanna ficar longe de seu segredo e focar na florista; assim, Stephanie poderia fugir do país com todo seu sangue e dinheiro.

— Isso realmente é uma confissão – ele pega o seu rádio – como posso ter certeza de que esse áudio é de Angie Charlotte? (Delegado)

— Vai atrás dela – ela joga um papel na mesa – aqui está o endereço da floricultura. A prenda imediatamente! (Stephanie)

  O Delegado fala com o rádio e por ele, chama alguns homens para irem ao endereço dado. Stephanie se afasta da mesa e pega o seu celular, indo atrás de um pilar de mármore. Ela disca um número conhecido por ela.

XV: Stephanie? (Angie)

XV: Oi minha querida! (Stephanie)

XV: Você quer alguma coisa? (Angie)

XV: Eu quero te avisar que você deve fugir o mais rápido possível se não quiser ser presa — ela é fria – finalmente você vai ser presa por ter matado o meu pai. (Stephanie)

XV: Do que você está falando? — sua voz sai preocupada – foi você que matou o seu próprio pai... (Angie)

XV: Não é o que os áudios dizem — ela sorri – lembra quando você encenou uma confissão de como eu deveria contar para a Joanna que eu matei o Gael? Então, eu gravei tudo! Pareceu uma confissão sua; contra provas não há argumentos. (Stephanie)

XV: Não... — ela exaspera – POR QUÊ? EU PENSEI QUE FOSSE SUA AMIGA. (Angie)

XV: A altura do momento, você já deveria saber que eu não sou de confiança. Sou egoísta, só penso em mim. Mas estou te avisando — ela debocha – para você ter tempo de fugir! Quer amiga mais verdadeira que isso? — sua voz é grossa – agora eu preciso desligar para fazer um boletim de ocorrência. Espero que tenha uma longa vida atrás das grades, Angie! (Stephanie)

Em protestos do outro lado da linha, Stephanie desliga o telefone ignorando. Não pretendia contar para Angie; queria que ela fosse presa. Mas, se ela fosse pega de primeira, poderiam descobrir sobre os sangues. Ela revira os olhos e volta para a presença do delegado; tinha muito o que fazer agora que achara uma culpada.

*

APARTAMENTO DE RONALDO/ RIO DE JANEIRO

Tina entra com risadas no apartamento com Ronaldo; tinham ido para um karaokê e Tina estava tão feliz que se esquecera de que Stephanie faria algo com Cate. Assim que entra, encontra o quarto de Cate fechado. Ronaldo dá um selinho nela e indica que vai ao banheiro e ela assente. Lentamente, ela abre a porta da filha do amado e a encontra chorando na cama. As lágrimas molhando a fronha do travesseiro. Ela fecha a porta atrás de si e se aproxima da garota, que a fitava desesperada.

— Cate? – ela engole em seco – o que aconteceu? (Tina)

— Ela veio aqui – ela respira fundo entre as lágrimas – A Stephanie veio aqui, me humilhou e injetou uma coisa nojenta em mim. Fui pesquisar e li sobre uma lenda urbana de uma garota que injetava sangue contaminado com o vírus do HIV nas pessoas. (Cate)

— Você tem certeza disso? (Tina)

Claro que Tina sabia que o que Stephanie contaminava nas pessoas era sangue; a própria revelara para ela dizendo que fazia isso por uma injustiça de Deus. Se ela tinha a doença, todos seriam fortes o suficiente para ter também.

— Tenho – ela grunhe – aquela coisa nojenta se parecia muito com sangue. Seria muita coincidência; se fosse uma injeção letal igual tinha na novela Salve Jorge, eu já teria morrido há um bom tempo. (Cate)

Tina não estava muito surpresa; já esperava que Stephanie injetasse sangue na garota. Ela senta na ponta da cama e a olha com os olhos brilhando. Amava Ronaldo e sabia que ele ficaria chocado quando descobrisse isto tudo. Poderia até terminar com ela. E a própria deveria aceitar as consequências, pois fora ela que revelara para Stephanie que Cate sabia de seu segredo. Como que lendo seus pensamentos, Cate a tira do devaneio;

— Você não pode contar para o meu pai – ela a interrompe – por favor... (Cate)

— Por quê? – ela parece espantada – (Tina)

— Por que ele vai querer se vingar da Stephanie – ela gagueja – provavelmente vai querer contar para a polícia e... A Stephanie já disse que vai se vingar caso alguém abra a boca. Ele não pode correr este risco. Se você gosta tanto dele, vai entender! (Cate)

Tina olha para a garota com compreensão; ela não parecia uma garota de 17 anos que se preocupava com problemas de adolescentes como namorar, ou ir para balada. A garota era uma jovem madura já, com problemas sérios.

— Tudo bem – ela suspira – não vou contar nada para o Ronaldo! (Tina)

Ronaldo bate na porta e abre, já esperando encontrar Tina com Cate. Ficara meio apreensivo quando não viu a mulher na sala e nem no quarto, mas logo se lembrou de que Cate e Tina tinham suas conversas secretas.

— Atrapalho? – ele fita a filha – por que você está chorando? (Ronaldo)

Cate se atrapalha com as palavras; o que explicaria para o pai?

— Eu terminei com o meu namorado... – ela falava uma verdade; desde que conversara com Jocéa, sua mente estava a mil de que Pietro era ausente em sua vida, dois dias depois, terminou com ele – e eu estou me sentindo como qualquer garota normal de 17 anos que termina um relacionamento... (Cate)

— E eu estou ajudando ela a superar – ela engole em seco – inclusive, naquele dia que estávamos conversando na sala, era sobre isso! Eu a mandei tomar cuidado e pensar sobre o que faria. (Tina)

Cate olha de canto para a mulher e sorri; sabia que fora ela que tinha contado para Stephanie que ela sabia do segredo da mesma, mas nada tinha a se fazer. Fora Stephanie que injetara sangue contaminado nela, não Tina.

— Ah minha filha, sinto muito – ele pega a mão dela – devo dar um murro na cara dele? (Ronaldo)

— Não – ela se levanta o interrompendo – devemos deixar a Cate sozinha para pensar! (Tina)

Tina se apoia nos ombros dele.

— Tudo bem – os dois se afastam indo para a porta – fica bem minha filha! (Ronaldo)

Quando Ronaldo e Tina se afastam, a mente de Cate viaja. Sabia que não iria ficar bem. Nunca.

*

APARTAMENTO DE GIOVANNA/ RIO DE JANEIRO

Quando Leslye entra no apartamento de Giovanna, encontra tudo escuro. Tinha ligado para Leon, que dissera estar na praia, e contado tudo para ele. Desde o começo. O mandou a encontrar lá. Ela caminha em direção ao seu quarto, mas logo é impedida quando uma mão chega por trás dela e a prensa.

Giovanna, cheia de ódio, a ameaça com uma faca na mão. Leslye se espanta.

— GIOVANNA? (Leslye)

— Shhhh – ela aperta a prima – fala baixo! Você vai sentar naquela cadeira sem barulho. (Giovanna)

Ela empurra Leslye até a cadeira, que se senta bruscamente.

— O que você está fazendo? (Leslye)

 – Cala essa sua boca – ela pega uma corda – (Giovanna)

Giovanna começa a amarrar a prima na cadeira, que em instantes, fica totalmente imóvel. Ela amarra bem os pulsos dela.

— Cuidado pra não me machucar... (Leslye)

— Já mandei você calar a boca – ela fita a prima com a faca na mão – fica tranquila que o que eu vou fazer não vai te machucar não – ela vai para trás dela, tocando em seus cabelos – quer dizer; até pode ser que doa, mas vai ser por dentro. (Giovanna)

— Giovanna, o que você quer? – seus olhos começam a brilhar – EU NÃO ESTOU MAIS COM O ROMEU! (Leslye)

— O que eu quero, é que você volte para a imundice do seu apartamento em Seattle – ela começa a alisar o cabelo da garota – só que você vai aparecer um pouquinho diferente... (Giovanna)

— O que você vai fazer? – sua voz sai engasgada – (Leslye)

Giovanna vai até a cozinha, e no armário, encontra uma caixa de fósforos. Rapidamente, ela volta para trás da garota prensada na cadeira. Ela abre a caixinha e tira de lá um palitinho, começando a roçar na parte em que o acendia. Sem mais nenhuma palavra, e com o fósforo aceso, ela coloca o palito dentre um tufo de cabelo de Leslye, que começa a queimar imediatamente.

A Garota se desespera e tenta se desvencilhar, porém a corda a prendia duramente. Seu grito não sai diante tamanho espanto. Giovanna encara a cena com um sorriso no rosto; tinha sonhado com aquilo milhões de vezes quando no passado, com um fósforo na mão, Leslye queimou os cabelos dela – sem querer. Demorou anos para ele voltar a crescer normalmente. Tinha ficado seco como palha queimada. Foi aloprada na escola; depois disso, sua vida nunca mais foi à mesma.

Giovanna, dando risada, pega um balde de água e joga na cabeça da garota, a molhando inteira e apagando o fogo que continha em seu cabelo longo – agora curto, na altura dos ombros. As pontas louras estavam pretas como carvão e afiadas para cima, secas como areia do deserto.

— AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH – ela dá um grito rouco – (Leslye)

— CALA A BOCA – ela dá um tapa na garota encharcada – (Giovanna)

Ela corta as amarras com a faca e volta a puxar a garota para si, a levando para seu quarto. Acende a luz e a põe de frente para um grande espelho, que iria do teto ao chão. Leslye encarava sua imagem com lágrimas, e Giovanna sorria enquanto mexia em seu cabelo queimado.

— Fala a verdade – ela dá uma risadinha – não ficou ótimo? (Giovanna)

— Ficou horrível – ela sussurra com ódio no olhar – você acabou comigo... ESSA NÃO SOU EU (Leslye)

— É – ela assente com a cabeça – é outra pessoa mesmo, mas está muito melhor. Cabelo longo é algo muito vulgar para você; está ótima assim! (Giovanna)

Leslye passa os dedos pelos fios queimados e seu coração começa a palpitar de tamanho nervoso; sua mão tremia.

— EU QUERO MEU CABELOOOOOOOOO – ela começa a chorar – EU QUERO MEU CABELO DE VOLTA! (Leslye)

O desespero era perceptível na voz da garota.

— Ah, por favor, Leslye – ela estava totalmente desequilibrada e cínica – cabelo é só um detalhe. A vida é muito mais que isso... (Giovanna)

— EU QUERO MEU CABELO – ela chorava e gritava – (Leslye)

— Que cabelo? – ela ria – (Giovanna)

— O QUE VOCÊ QUER COMIGO? – elas se fitam; Giovanna nunca tinha visto a prima tão nervosa – PELO AMOR DE DEUS, O QUE VOCÊ QUER FAZER COMIGO? VOCÊ QUER ME MATAR, É ISSO? (Leslye)

— EU NÃO MATO NINGUÉM – ela a interrompe – EU NÃO SOU BANDIDA... (Giovanna)

— ME MATA LOGO – ela puxava seus cabelos se debatendo – ME MATA! (Leslye)

— Você roubou o Romeu de mim; não cumpriu com a sua palavra; jogou a minha vingança no lixo – ela engole em seco – (Giovanna)

— ENTÃO O QUE VOCÊ QUER? – sua voz sai exasperada – pelo amor de Deus... (Leslye)

— Cala essa boca, sua vadia – ela encara a prima – para de fazer drama! (Giovanna)

— Some da minha vida... – ela fala entre dentes – ME DEIXA EM PAZ, SAI DA MINHA VIDA! (Leslye)

— QUEM NÃO ESTÁ MAIS AGUENTANDO FANIQUITO... (Giovanna)

— SAI DA MINHA VIDA... (Leslye)

As duas gritavam juntas; era impossível ouvir o que uma ou outra falava em si. Giovanna caminhava pelo quarto em rodeios.

— Você foi longe demais, garota... (Leslye)

— Eu quero você fora daqui – ela fala em deboche – SAI DAQUI! E não estou falando só da minha casa. Se eu souber que você botou os pés de volta no Brasil, eu juro que acabo com a sua vida. (Giovanna)

As duas ouvem quando a porta da frente se abre e a luz da sala se ascende.

— É melhor ficar com a boca calada... – ela dá uma risadinha – se não quem sofre é seu irmão! (Giovanna)

Leslye corre do quarto da prima e encontra Leon na entrada, a olhando espantado.

— Leslye? – ele engole em seco – o que aconteceu com o seu cabelo? (Leon)

— Eu queimei sem querer – ela respira fundo – (Leslye)

— Queimou? – ele parece não acreditar – (Leon)

— Não quero falar sobre isso – ela enxuga as lágrimas – só vamos sair o mais rápido daqui! (Leslye)

— Cadê a Giovanna? – ele exaspera – foi ela quem fez isso? (Leon)

— Não, eu já disse que fui eu – ela fecha os olhos – a Giovanna está trancada no quarto desde que eu cheguei! (Leslye)

Era claro que Leon não engolia aquilo; ele tinha quase certeza que Giovanna que tinha queimado o cabelo da irmã; mas nada podia fazer.

— Vamos então embora daqui o mais rápido – ele a puxa para o quarto dos dois – pega suas malas enquanto eu pego as minhas e vamos para um hotel imediatamente! (Leon)

*

APARTAMENTO DE RONALDO/ RIO DE JANEIRO

Cate se encontrava deitada com sua amiga, Jocéa. As duas comiam brigadeiro e riam; eram amigas como ninguém. Recentemente, Cate havia terminado com Pietro, seu namorado, por uma indicação da amiga. E assim o fez.

— Ai amiga, você nem acredita – ela pega uma colher de doce – o boy dessa semana disse que me levaria até a lotação – ela parecia indignada – eu tenho cara de pobre? (Jocéa)

— Claro que não né – ela dá uma risadinha – mas se eu fosse você tomava cuidado! Longe de mim criar intriga; eu sou uma pessoa muito sincera, mas eu vou abrir o jogo com você aqui! (Cate)

— O que é? – ela revira os olhos – (Jocéa)

— Eu ouvi a Tamiris – era uma amiga delas da escola – falando para a Juliane que o seu peito, você não pagou; foi pelo SUS. (Cate)

— O QUE? – ela se levanta da cama – essa garota é o cúmulo da falsidade... (Jocéa)

— Ela falou também que você não lava suas calcinhas... – ela fita o chão – NÃO TO FAZENDO INTRIGA! Eu to sendo sua amiga, você não vai falar que eu te disse, ein? Mas, elas estavam falando que vão te tombar... (Cate)

— Haja paciência para essas duas recalcadas – ela senta-se na cama novamente – mas não vão mesmo; pode deixar que depois eu me resolvo com elas, mas mudando de assunto... – ela fica calma – por que você está assim, tristinha? (Jocéa)

— Ah amiga – ela dá um sorriso amarelo – não quero falar sobre isso... (Cate)

— Foi o Pietro? Por que se sim, meu amor, eu acabo com a raça desse moleque... (Jocéa)

— NÃO – ela suspira – não foi o Pietro. Não precisa se preocupar. (Cate)

Cate continua sorrindo para a amiga – sabia que não era verdade. Sua vida nunca mais seria a mesma.

*

MANSÃO FAMÍLIA COSTA/ RIO DE JANEIRO

Assim que saiu do quarto de Stephanie, Joanna voltou para o seu e ligou para Edgard dizendo que precisava conversar com ele. E assim ele o fez, chegou rapidamente. Os dois começaram a conversar abraçados sentados no canto da cama.

— Eu vasculhei o quarto da Stephanie – ela arfa quando ele aperta sua coxa – tentar achar algo que a incrimine... (Jojo)

— Eu já disse que não concordo com você indo atrás desse segredo – ele fica rígido – não quero você indo atrás do segredo da Stephanie, eu sou amigo dela há anos, e ela nunca me contou. Deve ser muito perigoso, então! (Edgard)

— Mas eu não posso desistir – ela o fita – com o segredo da Stephanie eu não tenho nada a perder... (Jojo)

— Tem perder a sua vida – ele engole em seco – se você desconfia mesmo que ela injeta sangue nas pessoas, já disse, se afasta da Stephanie! Você é cantora, não precisa disto tudo. Pode se afastar dessa família. (Edgard)

— Era uma coisa que o meu pai queria... (Jojo)

Desde a morte de João, nunca tinha ido para o cemitério. Sentia-se culpada e não tinha motivos para isso.

— E eu também já disse: assim que eu descobrir o segredo da Stephanie – ela expira – vou voltar para São Paulo para começar a produzir meu segundo disco solo. (Jojo)

— Você está perdendo várias oportunidades por conta dessa investigação – ele fita ela – acha que não li as matérias que recusou um feat com a Ariana Grande por que não tinha tempo? Seria um grande passo você cantar com ela. (Edgard)

— Eu não quero mais discutir sobre isso – ela o interrompe – a minha vida de cantora só diz respeito a mim. Eu vou continuar procurando o segredo da Stephanie e não se fala mais nisto. (Jojo)

Edgard não diz mais nada. Tinha medo de Joanna se envolver demais nos assuntos de Stephanie. Tinha medo também dela descobrir que ele estava envolvido com tudo; claro que queria contar para ela, mas não sabia qual seria as suas reações. Quando estava com Joanna, via apenas o futuro; um futuro sem sangue contaminado e vilanias. Um futuro em que era totalmente inocente.

*

APARTAMENTO DE LILO/ RIO DE JANEIRO

Karol e Lilo chegam rindo pela porta da frente; tinham ido ao shopping tomar um café e tinham conversado bastante. Assim que entram, se deparam com Victor parado perto da bancada com um olhar preocupado no rosto. Seu pé direito batia para cima e para baixo com tamanho nervosismo. Ele olhava para os dois enfurecido, como se estivesse de pé a um bom tempo. Via-se olheira como bolsas roxas abaixo de suas pálpebras; desde o primeiro surto, ficara trancado no quarto chorando debaixo dos cobertores. Lilo achava que poderia ser algo relacionado à sua doença mental – que Karol inventara.

— Victor? – ele sorri inocentemente – finalmente saiu da caverna... (Lilo)

— Onde vocês estavam? – ele se aproxima de ambos – acham que eu sou idiota? – ele fita Karol – acha que eu não sei o seu plano? (Victor)

— Que plano? – ela é falsa – eu estava me divertindo com o Lilo... (Karol)

— EU SEI QUE VOCÊ QUER ROUBAR ELE DE MIM – ele começa a gritar – A NATHALIA ME CONTOU QUE VOCÊS FORAM NO SHOPPING! (Victor)

Lilo estava preocupado; o amado estava realmente desequilibrado. Ele se aproxima de Victor, e ele se afasta, como se sentisse nojo dele.

— VOCÊ NÃO PODE DAR LADAINHA PARA ESSA MALUCA – ele surta – EU QUE SOU O SEU NAMORADO... (Victor)

Lilo se sentia também um pouco culpado por estar se aproximando demais de Karol; os dois haviam se beijado e ele havia gostado. Será que era loucura de Victor? Mas ele e Karol eram amigos...

— Nós estávamos apenas nos divertindo – sua voz sai grossa – você não pode nos culpar por nada... (Lilo)

Será que não podia mesmo? Tinha sido só um beijo inesperado num momento de ímpeto desejo...

 – VOCÊ TEM QUE FICAR LONGE DESSA MULHER – ele fica encostado na parede; suava frio – ela é completamente perigosa... (Victor)

— Eu sou perigosa? – ela finge uma situação e tenta se aproximar dele – eu sou toda inofensiva... (Karol)

— NÃO ESCOSTA EM MIM, SUA NOJENTA – ele dá um tapa no rosto da mulher, que cai para o lado – E FIQUE LONGE DO LILO... (Victor)

— CHEGA – ao ver Victor estapear Karol, ele se enfurece – VOCÊ ESTÁ TOTALMENTE FORA DE SI! (Lilo)

— EU FORA DE MIM? – sua voz vacila – LILO OLHA SÓ O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO... (Victor)

— A KAROL É A MINHA AMIGA – os dois se encaravam frente a frente – E VOCÊS TAMBÉM SÃO! PARA COM ESSAS SUAS PARANÓIAS. (Lilo)

— EU NÃO VOU PARAR – ele engole em seco – EU NÃO VOU POR QUE ELA É UMA COBRA, UMA VAGABUNDA NOJENTA. (Victor)

— SAI DAQUI – ele aponta para a porta – A Karol é a minha amiga e eu não vou tolerar esse tipo de comportamento... SAI (Lilo)

Victor fica desolado ao ouvir ser expulso da morada do próprio namorado. Lilo já considerava Karol demais; uma amiga que ele tinha e defenderia.

— Você vai escolher ela a mim...? – sua voz sai derrotada – eu não tenho para onde ir, eu vou dormir aonde? (Victor)

Lilo abre uma carteira e tira trezentos reais de lá, o entregando a Victor.

— Só por hoje – ele também estava triste – paga um motel e dorme por lá! Volta quando estiver com a cabeça fria para conversar como uma pessoa decente. Mas agora, quero você fora daqui... (Lilo)

Victor assente com a cabeça totalmente derrotado. Sem mais nenhuma palavra, ele pega o dinheiro da mão de Lilo bruscamente e sai do apartamento, batendo a porta com força total. Karol observava tudo no canto da parede com um sorriso no rosto; seu plano estava quase finalizado.

— Meu Deus do céu... – ela encena um gesto preocupado – eu é que deveria sair se o Victor não confia em mim... (Karol)

— Não – ele engole em seco – o Victor que é o errado da história. Você só está tentando ajuda-lo por causa da doença mental. (Lilo)

— Exatamente – ela se aproxima dele e se encosta-se aos ombros; os dois estavam cara a cara – mas eu não quero causar discórdia entre vocês dois... (Karol)

— Eu sei disso, mas é uma coisa inevitável – ele massageia os olhos – perdão pelo tapa que ele te deu, eu fiquei muito nervoso... (Lilo)

— Sem problemas, eu já disse que é o problema mental dele – ela se afasta – olha, eu vou voltar para o quarto... (Karol)

— E a Nathalia? (Lilo)

— Ela saiu; disse que iria encontrar um garoto – ela dá uma risadinha – tenha uma boa noite, Lilo! (Karol)

Nathalia havia saído com Pietro; os dois haviam se cruzado novamente em uma sorveteria e depois que Cate terminara com ele, chamara a garota para sair.

Os dois se olhavam com intensidade.

— Tenha uma boa noite, Karol! (Lilo)

*

MANSÃO FAMÍLIA COSTA/ RIO DE JANEIRO

Tina se encontra deitada embaixo das cobertas vendo televisão em seu quarto escuro. Estava morrendo de dor de cabeça; começara depois de descobrir que Cate estava com o vírus do HIV em si. Ela via o jornal nacional da Globo, com a cabeça baixa e bocejando, quando uma notícia tira a sua atenção. A apresentadora era clara e direta, como agulha costurando.

Angie Charlotte, dona de uma floricultura em Copacabana, está foragida acusada de matar Gael Costa, um grande empresário no ramo da Tecnologia. Ela foi denunciada pela própria filha do morto, que continha provas com um áudio confessando. Quando a polícia chegou ao local, ela já havia fugido. Sua funcionaria, Carine Lopes, também está desaparecida. Daremos mais notícias assim que possível.

Tina desliga a televisão e fica num espanto súbito. Stephanie havia armado algo. Rapidamente, ela vai até o cofre que tinha guardado as fotos e quando o abre, encontra o que esperava: nada. Furiosa, e com já lágrima nos olhos, ela corre para o quarto da patricinha, que estava deitada ouvindo música em um fone.

Ela não percebe a entrada da mulher; Tina arranca os fones de seu ouvido.

— SUA LOUCA – ela senta na cama – o que quer comigo? (Stephanie)

— POR QUÊ? – ela estava raivosa – POR QUE VOCÊ ACUSOU UMA INOCENTE? (Tina)

— Pelo visto viu o jornal hoje... – ela dá uma risadinha – (Stephanie)

— E as fotos? – ela se aproxima da garota – VOCÊ AS ROUBOU DO MEU COFRE! (Tina)

— Eu não tenho culpa se você é uma incompetente que não muda a senha – sua voz é seca – e sobre a Angie; eu tenho um plano! (Stephanie)

— Que plano? – ela fica exasperada – (Tina)

— Já que você quer saber, eu vou te contar tudo – seu sorriso era debochado – mas é melhor você se preparar, por que tem grandes surpresas... (Stephanie)

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Última Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.