Nozaki lavou as suas mãos no calmo e quieto banheiro da faculdade. Se arrumou no espelho do banheiro e tudo o que tinha passando entre ele e Chiyo voltou a ele como um flashback.

Como ela nunca conseguiu reparar nos sentimentos de sua assistente? Ele de alguma forma, parecia tão rude, sem sentido, os seis meses que passou sem estar perto da ruiva, enquanto a mesma estava fazendo intercâmbio, foram praticamente uma tortura para o pobre aspirante a mangaká.

Os alunos da faculdade já tinham saído, estava só o moreno, a ruiva e alguns alunos estudando, mas muito poucos. A tarde caía e dava um efeito angelical – e nostálgico – para qualquer coisa que pudesse acontecer lá. Ele sentiu o suor cair, se olhou no espelho, e saiu andando se encontrar com Chiyo, onde iria falar o que sentia por ela.

Provavelmente, ela estaria na sala de artes, terminando de betar seu mangá shonen – o qual havia lançado fazia poucos meses – ou desenhando.

Por falar em mangás, como a vida deu voltas... Nozaki mal podia acreditar que a “Let’s Fall In Love” acabara fazia três meses. E seus assistentes, agora apenas amigos, estavam todos com suas vidas encaminhadas. Consequentemente, foram quem o avisaram sobre seus sentimentos.

Tudo realmente começou em uma tarde quando Chiyo ia entregar os betas em seu cubículo – ou apartamento – e caiu em cima de Nozaki, por causa de que aquele apartamento era nada além de um ovo que mal cabia uma pessoa.

O garoto alto e moreno sentiu seu estomago se revirar naquele dia, após procurar alguns médicos e todos contatarem que nada aconteceu com ele, sobrou a Kashima e Hori – os quais iriam fazer seis meses de namoro semana que vem – explicarem que aquilo não era doença no estômago, era paixão.

Voltando aos corredores da escola, a sala onde Chiyo estava era a sala de Língua Portuguesa, observando alguns passarinhos na janela. O pôr do sol entrava na janela, o que fazia a cena ficar ainda mais bonita e nostálgica.

Nozaki já tinha visto aquilo de algum lugar, só lhe restava lembrar. Só que antes iria claro, se declarar para a ruiva.

Chiyo se virou em direção a Nozaki e sorriu, ela normalmente falaria algo como “Vamos embora. ” – Ou – “Nozaki-kun, você viu o Mikorin por aí? ” – Ou até mesmo – “Nozaki-kun, que surpresa agradável! ”

Desta vez, Nozaki foi mais rápido do que Chiyo, assim que ela o viu, ele se abaixou e falou as primeiras palavras coerentes que lhe viram a cabeça:

— Sakua Chiyo! – A ruiva desta vez o encarou com um olhar dúvida; faziam alguns anos que ele não a chamava assim. – Eu-eu... – Nozaki precisava ser mais forte, força! Ele juntou toda força que tinha e no final a frase saiu como – Eu sou seu grande fã!

Chiyo oficialmente não entendeu nada. Olhou para o moreno achando que era um trote, do que ela fizera anos atrás. Então esperou o moreno falar mais alguma coisa:

— E-e e-eu.... Quero ficar para sempre com você! – Aquele podia ter sido um erro para Nozaki, e se ela achasse que ele era o tipo de fã “grudento”?

Mas Chiyo ao invés de ficar feliz, ou o negar, foi tomada pela estúpida e incrível sensação de raiva. “Como você nunca me reparou, Nozaki-kun? “

Enquanto Nozaki corava se vergonha e outros sentimentos, Chiyo corava de raiva, aquela que guardou por anos e se ela fosse a Seo, provavelmente já teria dado um tapa da cara do moreno berrando: “Seu idiota! Eu te amo! ”

Mas ela tinha que ser mais forte do que isso, ela não podia perder pelo seu lado “Seo” de viver, o qual tinha adquirido depois de noites em claro com Seo, Mikoshiba e Nozaki, betando o “Let’s Fall In Love ”.

Então, cravou os dentes, e sussurrou “Agora você vai passar por tudo o que eu passei. ”

Nozaki não escutou nenhuma mísera palavra, pois estava muito ocupado admirando as coisas mais inúteis de todos os tempos, a sola do sapato da ruiva a sua frente, por exemplo.

Chiyo arrancou uma folha de seu bloco de notas, pegou uma caneta e fez o melhor autógrafo de toda sua vida, o mais caprichado e com vai força de vontade:

“ Para Nozaki-kun, meu primeiro e melhor fã! ”

Ela estampou um sorriso na cara, entregou a Nozaki e falou:

— Por que você não me ajuda a betar meu mangá?

O moreno, abalado, sem ter palavras para descrever se o que sentia era seu coração frustrado ou felicidade, no ato irracional abriu a sua boca e falou sim sem hesitar.

E em um piscar de olhos, os dois estavam no metrô, indo para o apartamento de Chiyo – o qual havia se mudado fazia pouco tempo – e ouvindo a ruiva falar sobre seu mangá.

As coisas para Nozaki não estavam muito boas, mas ele sabia que aquilo era melhor do que nada. Então decidiu: “Eu não vou desistir assim tão fácil. “

E agora só lhe restava encontrar outra oportunidade para declarar seu amor por Chiyo.