Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 19
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o tão aguardado encontro.



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Seu deslumbramento era, de certo modo, inexplicável.

Afinal, ele já a havia visto tantas vezes desprovida de qualquer peça de roupa, enlevada pelo prazer, e nada lhe parecera mais belo.

Todavia, a visão de Jemma Simmons naquele vestido azul o arrebatou por completo.

— O que foi? - ela indagou após um momento sendo alvo da apreciação de Fitz – eu estou… estranha, não? Eu me sinto estranha com esta roupa...

— Não, você está linda! – Fitz apressou-se em dizer.

Jemma deu um sorriso contido e não deixou de notar que o rosto dele ganhara uma expressão hesitante que denunciava uma ligeira incerteza.

— Não é só por isso que está me fitando, não é? Há algo mais…

Ele lançou-lhe um olhar complacente, um dos cantos de seus lábios se curvando para cima, e estendeu a mão para alcançar a dela sobre a mesa. O toque suave de seus dedos a confortou instantaneamente, de súbito ela relaxou os ombros –  sequer havia reparado o quanto estava tensa..

— Não é nada de mais… É que esse jantar... É um grande gesto romântico.

O sorriso dela se ampliou. Jemma sentiu-se satisfeita consigo mesma por um breve momento.

— E não tem nada a ver com você.

Bruscamente, a expressão de felicidade e satisfação em seu rosto se desfez, cedendo lugar a um semblante contrariado.

— Ora, isso é ridículo! - o tom de voz dela se alterou consideravelmente.

Ele tomou um pouco de seu champagne, na tentativa de quebrar a tensão e ganhar tempo para selecionar melhor as palavras.

— Jemma, não adianta discutir. Sabemos que eu sou o romântico dessa relação – disse, resoluto.

— Claro, tão romântico que sequer me pediu em namoro ainda – ela contestou, revirando os olhos e verbalizando algo que deveria ter dito apenas em pensamento, dando-se conta tarde demais do que havia falado.

O olhar de Jemma encontrou o dele novamente. Ela, vagamente constrangida e receosa de como ele iria receber aquela crítica. Ele, com uma expressão insondável, impossível de decifrar. Naquele momento, Simmons desejou que pudesse realmente ler a mente de Fitz – como tantas pessoas diziam que ela podia fazer.

— Então é disso que se trata esse jantar? Oficializar…?

Cerrando os olhos e tomando fôlego discretamente, Jemma recriminou a si mesma por trazer àquele tópico à tona.

— Não me leve a mal... Eu só estou insegura.

Ele arqueou as sobrancelhas, genuinamente surpreso que ela estivesse se sentindo assim.

— O que aconteceu antes de você partir, o que estamos vivendo agora... Nossa relação só parecia existir de fato da porta do seu quarto para dentro – a cientista desviou o olhar, fixando-se nas taças de champagne e no prato apetitoso e caríssimo que eles saboreavam naquela noite.

De repente, sentiu os dedos dele apertarem suavemente a sua mão.

— Me desculpe... Por tudo que houve antes de eu deixar a base. Não era assim que deveria ter acontecido entre nós.

Ela tornou a encará-lo. Não teve como não achar adorável como os olhos dele expressavam um pedido silencioso de perdão. Ao mesmo tempo, quis que aquela súbita melancolia se desanuviasse, pois esta era para ser uma noite feliz e romântica.

— Já passou… – assegurou-lhe a fim de pôr um ponto final naquela discussão.

— Eu espero reparar isso.

— É exatamente o que está fazendo...

— E pensei que não precisássemos verbalizar o status do nosso relacionamento.

— Oh, não – ela riu, um tanto desconcertada – Basta fazermos o que estamos fazendo agora... Um relacionamento normal. Sem amarras.

Ele moveu sua mão sobre a dela, de modo a entrelaçar seus dedos. E prosseguiram com seu jantar naquele sofisticado restaurante. Requintado até mesmo para os padrões de Fitz que já havia mostrado extremo bom gosto no tocante a restaurantes em seu primeiro - e desastroso - encontro.

Mas aquilo estava no passado. Ao contrário do anterior, este encontro seria memorável. Jemma apreciou solenemente seu champagne, sorrindo consigo mesma ao se lembrar de qual era o passo seguinte.

*

Na rua, sob a luz de um poste, enquanto aguardavam um táxi, Jemma deixou de resistir aos impulsos e aproximou-se mais de Fitz, a fim de envolver seus braços no pescoço dele. Ele sentiu as mãos da bioquímica, ligeiramente frias, tocarem sua nuca, antes de baixar a cabeça para que seus lábios fossem de encontro ao dela. As mãos pressionaram suavemente a parte baixa de suas costas. O beijo foi lento, intenso, demorado… E era o primeiro beijo que eles partilhavam em um local público, sem se importar com os transeuntes que assistiam.

Poderia soar clichê para quem a ouvisse contar, porém, naquele momento, ela se sentiu flutuando, seu mundo pareceu girar em questão de um instante, até que as mãos dele abandonaram sua cintura e agarraram os pulsos dela, desencostando-as de sua pele.

— Jemma… – Fitz recostou sua testa na dela.

— Sim? - ela indagou com os olhos cerrados, um tanto frustrada por ele haver interrompido o melhor beijo de sua vida até então.

— Suas mãos estão frias.

Jemma abriu os olhos, rindo, e pressionou as costas das mãos contra seu próprio rosto a fim de verificar a temperatura.

— Oh, elas parecem baldes de gelo… Está muito frio aqui fora. É isso.

— E para onde vamos agora? - ele perguntou, procurando aquecer as mãos dela com as suas.

Um sorriso ardiloso se desenhou no rosto dela.

— Não vou lhe dizer. Mas suspeito que minhas mãos não ficarão frias por muito tempo quando chegarmos…

Fitz retribuiu seu sorriso, experimentando um súbito entusiasmo antecipado, ansioso para que chegassem ao próximo destino. Deveria mesmo valer a pena se aquela expressão maliciosa no rosto de Jemma representava um indício de qualquer coisa.

— É possível que esta noite fique ainda mais maravilhosa?

— É sim! – ela disse, radiante, tornando a envolver os braços em seu pescoço – Fico feliz em saber que a noite está sendo maravilhosa para você.

— Eu tenho uma namorada realmente atenciosa e especial. Não poderia ser diferente.

Os olhos de Jemma pareceram faiscar ao ouvir Fitz chamá-la daquela forma.

— É bom ouvir isso.

O táxi encostou segundos após o condutor avistar o sinal de Fitz. Assim que entraram, Jemma entregou um pedaço de papel contendo o endereço para o motorista. Fitz o espiou brevemente pelo espelho retrovisor e atentou para o fato de que um canto dos lábios dele se moveu para cima ao ler o que havia no papel.

— Bela escolha.

Dentro do veículo, sentados no banco de trás, ele a espreitava, olhando-a de soslaio, como se tentasse arrancar telepaticamente qualquer pista de para onde eles iam. Desejou poder ler sua mente, assim como Jemma momentos atrás.

Aquilo apenas contribuiu para que a ansiedade de Fitz aumentasse. E, ao estacionarem em frente a um extravagante, imponente e ostentoso hotel cinco estrelas, ele se viu subitamente sem palavras.

— Wow! - foi tudo o que ele conseguiu dizer, ao avistar, da janela do carro, o luxuoso edifício.

— Essa interjeição é suficientemente precisa para definir esse hotel - ela disse com a mesma naturalidade de quem informa as horas ou comenta a respeito do clima.

— Aproveitem a noite - o taxista disse, sorrindo, após lhes devolver o troco.

Eles saltaram do carro em direção à entrada do hotel.

*

Pelo pouco que Fitz pode ler, o serviço de quarto era realmente fantástico. Havia uma variedade incrível de pratos, petiscos e drinks, mas as mãos de Jemma estavam sedentas por tocá-lo e seus lábios insaciáveis pelos beijos dele. Ela se debruçou sobre seu corpo na cama king size da suíte presidencial, fazendo-o deitar sobre os finos lençóis e recostar a cabeça no travesseiro, de modo que ele derrubou o menu de capa aveludada no chão e lá ele permaneceu esquecido durante toda a noite enquanto eles despiam um ao outro – justamente próximo do local onde logo o vestido dela iria jazer, apenas uma pilha de tecido azul ao lado da cama.

Enquanto os lábios de Fitz assaltavam seu pescoço e ela sentia o deslizar suave dos dedos dele por sua pele, Jemma riu baixinho. Pobre Daisy, ela pensou consigo. Empenhou-se tanto na tarefa de escolher a cor e o modelo certo de lingerie para que ela usasse naquela noite especial e Fitz sequer se ocupou muito de apreciá-la. Provavelmente, ele nem mesmo notou a textura do tecido ou sua tonalidade, uma vez que logo aquelas pequeninas peças abandonaram seu corpo devido à ação das habilidosas mãos de Fitz sobre si. Jemma não se importou, ela conhecia as predileções de seu namorado. Sabia que ele a preferia assim, ao natural...

Ele adorava vê-la naquele estado de êxtase, cavalgando seu corpo, movendo tão precisa e cadenciadamente seus quadris sobre ele. Ele adorava senti-la, como ela era quente, como a sintonia entre eles era perfeita, o perfume que ela exalava, o sabor doce e suave de seus beijos, de sua pele, de seu corpo. Ele adorava tocá-la, correr suas mãos pela tez macia que ardia e se arrepiava sob os dedos dele. Ele adorava ouvi-la, os sons involuntários que escapavam de sua boca, denunciando o prazer irracional que ela sentia enquanto subia e descia sobre ele.

Todo o desejo expresso através da transferência absoluta de calor e energia entre eles. Seus corpos em pleno contato, como se jamais fossem se desconectar um do outro. Fitz reclinou-se novamente, recostando-se no travesseiro, deixando que Jemma prosseguisse no ritmo que melhor desejasse sobre si.

Fascinado, ele a observou chegar ao clímax. A sensação de júbilo e plenitude a envolveu por inteiro, dos pés à cabeça e demorou a cessar. Momentos depois, ainda sentindo os espasmos decorrentes de seu prazer, ela inclinou-se para frente, de modo que seus seios tocassem o tórax dele em um movimento intencional. Jemma prendeu as mãos de Fitz sobre a cabeça dele, evitando que ele a tocasse e mordendo seu lábio inferior, em uma clara mensagem de que ela estava no controle. Fitz não se importou de ficar sob seu domínio, notando, de repente, que as mãos dela não estavam mais frias.

— Você está quase lá? – ela perguntou em um sussurro.

— Sim... – ele respondeu, ofegante, os olhos cerrados.

— Fitz...

Os olhos dele se abriram ao ouvi-la pronunciar seu nome naquele tom de voz arrepiante e sedutor que ele jamais ouvira antes.

— Não tire seus olhos dos meus...

Ele a obedeceu sem hesitar. Entorpecido pela deliciosa fricção dos seios dela em seu peitoral, pelo total atrito entre suas peles, absolutamente centrado em Jemma, tão apaixonado por ela que não havia palavras suficientes que explicassem aquele sentimento...

O orgasmo foi intenso, avassalador, tomando violentamente seu corpo, sem jamais desviar seus olhos dos dela. Por um momento, Fitz achou que aquela sensação revigorante não iria abandoná-lo tão cedo.

— Isso foi incrível... – ele sussurrou, ainda buscando recobrar o ritmo normal de sua respiração.

— Eu sei – ela não evitou um sorriso presunçoso e curvou-se mais em sua direção a fim de beijá-lo.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

*

Por ora, a energia havia se esgotado. Estavam deitados, levemente sonolentos, apreciando a maciez do enorme colchão e dos lençóis que acolhiam seus corpos. Ele a abraçou por trás, descansando o queixo na curvatura de seu pescoço. O toque suave dos lábios dele na pele de seu ombro a manteve desperta.

— Jemma...? – ele começou, hesitante.

— Huh?

— Eu queria te perguntar uma coisa...

— O que foi?

— Bem... Eu não sei por que estou perguntando isso só agora... Na verdade, já faz um tempo que eu queria te perguntar, mas acabei protelando por... Bem, não sei por quê...

— Pode perguntar – ela disse, tranquilamente, em um sussurro, os olhos cerrados.

— Eu... Não quero soar sexista... Depois de tudo, eu perguntar só agora... Isso não quer dizer que eu ache que só você tenha responsabilidade de... Quer dizer, eu também deveria ser mais responsável, é só... – as palavras pareciam se desencontrar pelo nervosismo com que ele falava.

Jemma tornou o rosto em sua direção, portando um olhar inquisitivo.

— Fitz, o que foi? – seu tom de voz se alteou um pouco – que tal perguntar de uma vez ao invés de ficar enrolando.

Ele respirou fundo.

— Ok... Você... Bem, você toma alguma pílula...?

— Oh, isso? – ela riu um pouco – não se preocupe. Estamos seguros.

Jemma tornou a cerrar os olhos, sorridente, se aninhando mais nos braços dele. Passou-se um segundo antes de seu sorriso se desfazer. Uma lembrança malquista invadindo sua mente.

— Bem... Nem sempre foi assim. Fomos descuidados no começo... Antes de você deixar a base.

Ele demorou um pouco a reagir àquelas palavras.

— Oh... Sério?

— Pois é – ela ponderou se deveria contar a ele, mas decidiu que não queria mais ter segredos, esconder coisas de Fitz. E era algo que já havia passado, então por que não? – Inclusive, eu tive um alarme falso. Pouco depois de você ir embora – ela manteve os olhos fechados, sem querer encará-lo enquanto revelava – Foi apenas um susto. Eu mesma fiz um exame de sangue e estava tudo certo. Mas tirou meu sono por algumas poucas noites...

O coração de Fitz acelerou e, de repente, ele se sentiu culpado, recriminando a si mesmo pela sua atitude e por não estar ao lado dela durante aquele susto.

— Sinto muito... Por não estar com você nesse momento.

— Tudo bem, já foi.

— Não... Jemma – ele tocou em seu ombro e Simmons compreendeu que ele queria olhar em seus olhos, portanto virou o rosto em sua direção – eu me arrependo tanto por isso. Tudo poderia ter sido diferente...

— Não podemos mudar o passado, Fitz – ela disse com suavidade – o que importa é o agora. E eu não vou mentir, desde a nossa primeira vez... Eu amo a forma como você me toca. Nunca me arrependi do que vivemos naquelas noites. Eu queria isso tanto quanto você. A diferença é que agora é melhor... – um novo sorriso surgiu em seu rosto – e é incrível como isso vai ficando cada vez melhor.

Ele retribuiu seu sorriso, tornando a abraçá-la, dessa vez em um aperto ainda mais firme.

— Esse é um bom momento para uma curiosidade científica?

Jemma riu.

— Sim. Isso é muito sexy.

— Oh, é mesmo? Bom saber disso. Bem, há um estudo que diz que casais que dormem abraçados ficam viciados um no outro devido aos níveis de oxitocina liberados quando se abraçam. Deste modo, quando ficam distantes, têm sintomas similares a abstinência.

— Sério? Isso é interessante, mas... Vício remete a algo não saudável. O que eu sinto não é isso. Eu sou apaixonada por você. De um modo bastante saudável.

Fitz suspirou, deleitado ao ouvir aquilo.

— Eu também – ele afirmou em um sussurro, antes de pregar os olhos e adormecer.

*

Assim que se certificou de que Fitz estava dormindo, Jemma enviou uma mensagem para Bobbi, agradecendo por todos os seus esforços, seu empenho ao lado de Daisy em planejar aquele encontro. Fora realmente um sucesso. Estava sendo uma noite memorável.

Bobbi não tardou a responder.

Por nada ;) Mas não é um pouco cedo para isso? A noite é uma criança, Jemma...

Daisy está aqui e mandou avisar que vai querer detalhes depois.

A bioquímica conteve-se para não rir um pouco alto demais. Ela não queria acordar Fitz.

Nossa noite ainda não terminou. Estamos apenas descansando.

Sobre os detalhes... Pensarei a respeito.

A réplica chegou quase que instantaneamente.

Whoa! Descanse para a próxima rodada. Não nos deixe curiosas, queremos saber TUDO... haha! Aqui é a Daisy que acabou de roubar o celular da Bobbi por um minuto =D

Jemma ficou levemente vermelha. Ela teria de dar um jeito de se esquivar da amiga quando regressasse à base. Não se sentia confortável em partilhar sua intimidade desse modo... Precisava pensar em uma maneira de driblar Daisy. Mas não queria pensar nisso agora. Ela precisava urgentemente descansar, tirar um cochilo para que, mais tarde, pudesse aproveitar o máximo de tempo possível de sua estadia com Fitz naquele hotel. Não era todo dia que ela se hospedava em um hotel cinco estrelas com seu namorado.

Ela sorriu para si mesma e se aconchegou mais nos braços dele, cedendo ao cansaço e finalmente adormecendo.


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Notas finais do capítulo

Na vida, eu sou o taxista :)

O aniversário é meu (amanhã, mas tudo bem) e quem ganha o presente são vocês. Aweee! Espero que gostem do capítulo e feliz 28 anos para mim, haha! Bjos ;*



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