Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 15
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo mais curto, mas com mais interação MaySimmons para compensar :)



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Ela se distraiu momentaneamente quando, em um movimento da luta, acabou se deparando com seu próprio reflexo no espelho e se deu conta de que estava cheia de marcas vermelhas no pescoço e acima do busto. Resultado da barba por fazer de Fitz em sua pele alva e macia. May aproveitou o momento de distração para derrubá-la com um rápido e preciso golpe.

— Você está muito desconcentrada hoje, agente Simmons.

Era apenas a terceira vez que ela treinava com May e já estava quase levantando uma bandeira branca. Durante a noite anterior, a boca e as mãos de Fitz em lugares estratégicos de seu corpo haviam lhe garantido um prazer descomunal, como ela nunca havia sentido antes... E naquele momento com May, estava difícil limpar sua mente das lembranças dos atos pecaminosos da última noite.

— Me desculpe.

— Não adianta pedir desculpas a mim, agente Simmons. Quando estiver enfrentando o inimigo e ele lhe aplicar um golpe pior do que este, o que fará em seguida? Pedirá desculpas?

— Não, eu...

— Levante-se e vamos recomeçar.

— Eu... Acho que preciso de um tempo – ela levantou-se desajeitadamente – Preciso recobrar o fôlego...

— Precisa se desvincular de Fitz.

— O quê?

— Neste momento, agora! Limpe sua mente. Fitz é sua fraqueza.

Jemma baixou o olhar, sentindo-se um tanto constrangida, como se sua vida íntima estivesse sendo invadida.

— Precisa esquecer qualquer elo emocional e físico que tem com ele e concentrar-se apenas no aqui e no agora. No combate, no confronto. Quando estiver lutando, Jemma, não é nos seus sentimentos que tem de se concentrar. Se um dia precisar lutar por Fitz, não é nele que deve pensar.

Algo pareceu se agitar dentro de Simmons, como se seu coração estivesse desgovernado, ameaçando sair pela boca.

— A segurança dele pode ser seu objetivo final, mas o caminho até isso deve ser a ideia fixa de derrotar o seu oponente. Se eu visse Ward na minha frente agora, teria de esquecer o ódio que sinto por ele. Agir racionalmente, estrategicamente e não levada pela emoção.

A confusão estampada no olhar da bioquímica não surpreendeu May. Pelo contrário; pareceu extremamente natural e previsível.

— Sei o que está pensando. Meu método de lutar... Às vezes parece que a raiva está me guiando pelo modo furioso com que encaro meu adversário. Mas não, Jemma. Se você agir motivada pelo amor ou pelo ódio, será derrubada em questão de instantes. Esses sentimentos cegam você, te levam a agir impulsivamente. O inimigo percebe que sua cabeça e coração estão em outro lugar e... – ela se preparou para um novo golpe, acertando Jemma com o cotovelo na altura do abdômen e a empurrou novamente para o chão – identificando sua fraqueza, ele te derrota. Exatamente como agora. Você não está aqui, Simmons.

Jemma tentou tomar fôlego, mas a dor lancinante em sua costela direita tornava esse simples ato um verdadeiro martírio.

— Eu estou aqui – disse, sua voz irreconhecível devido à exaustão e à dificuldade em respirar.

— Está aqui fisicamente. Sua cabeça, contudo, está em outro lugar. No quarto de Fitz, possivelmente...

Simmons bufou, o olhar voltado para o chão.

— Concentre-se no que estamos fazendo agora. Terá tempo de sobra para transar com seu namorado depois que acabarmos...

De modo brusco, Jemma levantou a cabeça para encarar May cuja expressão era indistinta. Era como se um sorriso enviesado estivesse prestes a brotar em sua feição.

— Ele não... Quer dizer, ele ainda não é... – ela refletiu por um instante. Era a primeira vez que alguém se referia a Fitz como seu namorado. Bem, exceto por aquelas vezes, anos atrás, na Academia, quando as pessoas costumavam pensar que eles eram um casal por estarem sempre juntos. Todavia, naquelas ocasiões, Jemma revirava os olhos, rindo, e dizia que eles eram apenas amigos. Fitz, um tanto sem graça, concordava com a cabeça. Mas isso era antes, em outros tempos, quase como se fosse em outra vida. Agora, era tudo diferente – isto é... Eu não sei ainda...

— Jemma, como eu te falei no primeiro dia, a vida íntima de vocês dois não poderia me interessar menos. Portanto, levante-se e vamos terminar isso que começamos. Quero sua cabeça nisso, pensando apenas em uma forma de me golpear. Nada mais. Limpe sua mente de qualquer outra lembrança, preocupação ou pensamento aleatório.

A cientista fez como a outra falou, levantando-se, contrariada.

May que estava em posição de ataque, relaxou um pouco e suspirou.

— Jemma, se não quiser mais fazer isso, não precisa...

— Não, eu quero! Eu preciso aprender a me defender.

A especialista assentiu e se colocou em posição novamente. Mas, desta vez, de defesa.

— Venha, me ataque!

Jemma tentou golpeá-la, como ela havia ensinado, sem muito sucesso. E May a atacou novamente, deferindo um golpe com o punho no braço direito de Simmons, lhe arrancando um gemido de dor.

— Vamos, Simmons! Minhas mãos não são carinhosas como as de Fitz. As minhas machucam!

A bioquímica novamente se preparou, tentando um chute do qual May se esquivou sem dificuldades, mas esse era apenas um meio de distrair a oponente. Em um movimento inesperado, Jemma acertou May com o cotovelo em sua barriga. A especialista deu alguns passos para trás, tentando se recuperar do ataque surpresa.

— May, me desculpe! Eu não... – Jemma começou a se justificar, chocada diante do próprio gesto.

A outra levantou um dedo em riste, interrompendo as evasivas de Simmons.

— Jamais se desculpe com seu adversário, Jemma! Pare de pedir desculpas, você quis fazer isso. E foi ótimo!

Simmons a olhou, um tanto embaraçada, sem saber o que dizer.

— Foi um bom golpe. Ainda tem muito que trabalhar, mas está começando a se sair bem. Vamos continuar.

A cientista estava impressionada. Não com as aptidões de May – ela jamais colocara isso em dúvida ou subestimara o talento da especialista na arte de lutar. Mas, sim, com o quão loquaz ela poderia ser. May falara mais com ela naqueles vinte minutos de treinamento do que jamais havia feito nos últimos três anos.


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