— E aí? Gostou?

Marlene McKinnon revirou os olhos, aproveitando que seu rosto não podia ser visto, enquanto vestia a camiseta, sentada na ponta da cama.

— Gostei — ela mentiu, depois de refletir o que diria.

“Foi horrível!” o pensamento dizia o contrário.

— Que tal repetirmos, então? — o homem, que ela não sabia o nome, tentou aproximar-se.

— Marlene McKinnon não repete — ela respondeu, sem emoção, levantando-se.

Ignorou a expressão contrariada dele, saindo do quarto apenas de blusa e calcinha. Segurava as calças no braço, as pontas dos fios de seus cabelos estavam grudados em suas costas, contidos pelo tecido vermelho, mas ela não fez qualquer gesto para tira-los dali.

— Pelas barbas de Merlin, Lene! Coloque alguma roupa! — Lily fez uma careta, quando esbarraram no salão comunal.

A garota apenas grunhiu algo ininteligível.

— Estou na fossa, amiga. Literalmente, na fossa! — reclamou Marlene, passando as calças pelas pernas, apoiando-se na parede.

— Não é o que parece — Lily olhou-a de cima a baixo.

Ela fez um sinal, como se pedindo para a ruiva esperar um pouco, antes de subir o cós da calça, abotoá-la e subir o zíper.

— Vamos para o quarto — ela murmurou, indo até as escadas do dormitório feminino, do outro lado.

— Acabei de sair de lá — disse Lily, e completou, quando viu o olhar da amiga — Mas okay. Vamos conversar um pouco...

Assim que chegou ao quarto, Marlene suspirou, feliz ao ver que estavam sozinhas. A última coisa que precisava era dar de cara com as colegas de quarto fofoqueiras. Puxou o cabelo de dentro da blusa, deixando-o se espalhar por cima do tecido fino. Logo depois, jogou-se na cama, olhando para o teto, enquanto Lily apenas observava os seus movimentos, de pé.

— Eu tenho que fazer alguma coisa, não está dando mais — ela murmurou.

— Por que vai fazer algo? Quanto ao quê? — perguntou Lily — Disse que estava na fossa, mas não está mais dormindo aqui.

— Eu não estou na fossa quanto ao sexo — disse Marlene — Estou na fossa porque eu não consigo parar de comparar.

— Comparar? — repetiu a ruiva, levantando uma das sobrancelhas, confusa.

— Você não entenderia — ela balançou com a cabeça.

— Então me explique — disse Lily, insistente.

— Quando a gente transa, tem uns caras que são bons de cama, e tem outros que não são — a castanha disse, ignorando a careta que a amiga fez, ao entender qual era o caminho da conversa — E também tem uns que são bem dotados, e outros tem o pau pequeno.

— Tá! Tá! Chega! — pediu Lily, piscando os olhos — Eu não preciso de detalhes!

— O maldito do Black é bom em ambas as coisas, e eu não estou conseguindo encontrar alguém melhor na cama — ela mordeu o canto da boca, nervosa.

— E por que você está procurando? — a amiga perguntou, incrédula.

— Porque eu não vou depender do Black para ter prazer — Marlene retrucou — A primeira vez já foi contra os meus princípios.

— Uma primeira vez que você repetiu cinco — debochou Lily, fazendo-a corar — Amiga, realmente, eu não entendo dessas coisas. Eu não sou você, não pensamos da mesma maneira, mas não vejo lógica em você procurar algo que já está perto de você. Não existem pessoas iguais.

A ruiva deu uma piscadela para ela, antes de sair do quarto.

— Ei! — Marlene tentou chama-la, mas a porta já estava fechada, e ela não tinha vontade de levantar-se da cama — Essa garota tá muito inteligente para o meu gosto... Ela deu, só pode ser!

Ela ficou um tempo olhando para o teto, pensando nas palavras da amiga. Perderia o orgulho, mas ficaria melhor do que estava ficando nos últimos tempos.

— Cadê essa coruja... — murmurou, derrotada.