As pessoas ainda andavam de um lado para o outro naquele loca, e Maya ainda não conseguia desviar os olhos do garoto, até então, desconhecido. Por fim, respirou fundo fazendo Bruno rir da cena incomodadora.  

— Então... Tchau!

Maya se afastara rindo de si mesma, por não conseguir agir de outra forma com um garoto que mal conhecia. Caminhou em direção à parte de trás, porém seus pensamentos e sua visão fora interrompidas por uma garota que a puxara para um canto.  

— Maya, preciso falar com você! 

—Nossa Andressa, calma.

Andressa suspirou fundo e segurou-se nos ombros de Maya.

— Mais você tem que me prometer que não vai contar nada para ninguém. Promete?

— Você sabe que sim. O que foi?

Andressa olhava para os dois lados se certificando que ninguém estivesse escutando e arrastou Maya mais um pouco em direção a uma arvore bem antiga, porém não percebeu que alguém se encontrava sentado atrás dela.

— Olha eu acho que vi Mel e Thiago juntos.

— O QUE?

Maya gritara fazendo Andressa tampar a sua boca.

— Desculpe. – Maya sorriu sem jeito. - Você tem certeza?

— Não, é que eu entrei no quarto e estava ele sentado na cama e a Mel de sutiã olhando pra ele.
  Maya ficara em silencio por alguns instantes.

— Olha isso deve ser um engano, a Mel não gosta do Thiago eles só são bem amigos. E você sabe como ela é, não tem vergonha de nada. 

—É deve ser mesmo. – Ela coçara a cabeça tentando acreditar em suas próprias palavras. – Mais você pergunta pra ela como quem não quer nada?

— Claro, pode deixar!

As duas se abraçaram e Andressa saiu andando enquanto Maya apoiara a cabeça na árvore.

— Será?

Ela perguntara a si mesma, porém balançou a cabeça tentando se livrar dessa possibilidade e entrou. Gustavo aparecia atrás da árvore visualizando Maya entrar, bufou alto e entrou correndo. Já estava anoitecendo, amanhã eles tinham aula e muita coisa a resolver.

...

O despertador tocou no quarto dos meninos fazendo Miguel levantar-se e ir direto ao banho, logo depois Gustavo que levantava e caia de volta na cama, Caio que já começava a bater na porta do banheiro e Thiago que seguia ao outro banheiro.

— Tem dois banheiros. 

Ele sussurrou para Caio que foi em vão até o segundo banheiro já que Thiago havia entrado.

— Eu odeio manhã. 

Gustavo sussurrava para si levantando da cama e se apoiando em Caio que girou a cabeça com um olhar de que se ele não saísse os dois iam cair no chão. Gustavo deu um sorriso e saiu de perto, indo em direção ao guarda-roupa.

No quarto das meninas, diferente dos garotos elas estavam mais felizes do que nunca. Não que gostassem das aulas, porém os boatos de que havia garotos mais bonitos que no ano passado as fizeram estarem mais animadas que o natural.

— Eu não entendo porque fazem essas saias desse tamanho.

Andressa tentava abaixar a saia enquanto Bianca se olhava no espelho. 

— Eu acho linda. O que acha Mel?

— Tanto faz. 

Mel saia do banheiro com o uniforme e ia em direção à cama.

— Eu também acho lindo!

Maya concordava com um sorriso enquanto Mel girava os olhos. 

— Vamos logo não quero me atrasar para o primeiro dia de aula.

Andressa saia a logo depois as meninas. Sua primeira aula era Geografia.

O sinal já batera e enquanto todos estavam nas aulas quatro garotos corriam pelos corredores em direção a sala 7. Eles entraram pé por pé enquanto algumas pessoas riram da cena, as garotas suspiravam quando os quatro passavam entre as classes.

— Bom dia garotos. Perderam a hora?

— Pois é, eu disse para o Caio não comprar despertador naquela loja “fialho” do centro. 

Gustavo colocara as mãos na cabeça fazendo um sinal negativo com a própria. A professor pensou alguns segundos e sorriu.

— É. Eu também já comprei coisas lá e aquela loja definitivamente não presta!

A professora concordava mandando eles se sentarem. Enquanto Caio perguntava gesticulando para Gustavo como ele sabia da loja. O mesmo respondera que seu primo já trabalhou lá. 

As aulas tanto das meninas como dos meninos foram mais apresentações e como os professores avaliavam as provas e trabalhos. O sinal bateu e eles tinham quinze minutos até a próxima aula.

— Mel, podemos conversar? - Maya aparecia na frente de Mel fazendo a mesma concordar com a cabeça e elas irem em direção a um corredor.

— Sobre o que quer falar?

— Só quero te perguntar uma coisa por curiosidade...

Maya estava se jeito. Não sabia como perguntar isso a amiga sem que revelasse que Andressa a tinha visto com Thiago e que ela era apaixonada por ele. E se Mel estivesse também gostando de Thiago?

— Você gosta de alguém?

— Não. Por quê?

— Tem certeza? – Mel arregalara os olhos. – Quer dizer, não gosta de nenhum garoto mesmo?

— Não. Porque a pergunta?

Mel a olhava curiosa, não era normal Maya chegar do nada e perguntar isso.

— Só por curiosidade.

— Maya eu não sou idiota, o que te falaram? Mel cruzara os braços esperando uma resposta da amiga que mordia os próprios lábios.

— Não dá para mentir pra você não é?

— Não. - Ela sorria balançando a cabeça. Maya virava de costas. – Maya diz logo. 

— Você não pode apenas esquecer? - Maya virava novamente fitando os olhos azuis esverdeados de Mel, a mesma fizera um sinal negativo com a cabeça.

— É que...

— Vão andando meninas, aqui não é lugar de papo. 

A professora as expulsara fazendo Maya se despedir rapidamente e Mel não conseguir alcança-la. Ela bufou e encostando a cabeça na parede ficou pensativa.

— Que saúde em Mel! Um garoto passou por ela fazendo Mel girar os olhos e sair andando.

— Cala a boca.

...

Os meninos estavam conversando com a professora quando a mesma perdeu o horário e saiu correndo, pois estava atrasada para uma reunião de apresentação dos novos professores.

— Definitivamente Gustavito, eu te amo!

Caio abraçara Gustavo que retribuíra fingindo que eram um casal apaixonados arrancando risadas dos amigos. Até pararem e fitarem uma senhora mais velha, saindo da sala do diretor. Os garotos se juntaram em um círculo, conversando entre eles.

— O diretor tem gostos bem exóticos... – Miguel gargalhava.

— Quem vocês acham que é? – Perguntou Thiago.

— Amante?

— Tá mais pra defunto...

Thiago e Miguel pararam de rir e começaram a fazer sinais aos amigos, que continuavam a debater sobre a suposta senhora.

— Uma empregada que ele gosta de pegar às vezes?

— Deve ser...

— Minha mãe. – O diretor se manifestou atrás dos garotos, fazendo os dois virarem e abrirem um sorriso maroto. – Detenção, os quatro!

Ambos saíram de cabeça abaixa, porém um olhar junto com um sorriso discreto saiu de Gustavo em direção a Caio que o olhou da mesma forma. Thiago e Miguel se cumprimentavam discretamente quando todos conseguiram sua primeira detenção no ano.  

— Porque está rindo? - Caio perguntava a Gustavo.

— Mamãe vai me matar. 

— Papai vai me dar um presente!

Os dois riram com o comentário de Caio e seguiram até a direção.

...

O sinal batera mais uma vez e as garotas entraram na sala, sentando-se uma do lado da outra. Um alvoroço se formou mais a frente, enquanto Mel tirava seus fones de ouvido para prestar atenção e Maya já ia se aproximando.

Cláudia e Gisele, duas garotas do mesmo ano, que não se davam muito bem com as garotas riam alto de alguma coisa, até uma delas se manifestar alto.

— Mel, por que não nos conta?

Mel bufou, levantando-se irritada, já que provavelmente estavam falando dela.

— Contar o que?

— É que ouvi dizer quase morreu nas férias. Achei que gostaria de dividir com a gente...

A expressão de Mel se desmanchou, ela sentiu seu rosto arder e suas pernas bambearem.

— Como sabe disso? - Sua voz tremeu.

Cláudia continuou rindo, se aproximando dela.

— Meu pai, o diretor, sabe tudo dos alunos. – Ela sorriu, segurando uma mecha do cabelo de Mel. – Ainda mais da garota que só da problema...

— Cláudia você...

— Deixa ela se defender Maya. – Cláudia a interrompeu, fazendo Maya olhar para Mel, que não conseguia soltar uma palavra sequer. – Então o que foi dessa vez? Bebidas... Drogas?

Mel se afastou, fazendo Maya se colocar em sua frente.

— Que pena Mel, devia pelo menos ter dado essa alegria aos seus pais.

Maya colocou as duas mãos na boca no mesmo instante que Mel saíra correndo da sala. O professor que havia parado atrás delas olhou para trás vendo a loira sumir após passar pela porta. Maya foi para cima de Cláudia e Gisele se colocou na frente, começando um imenso empurra-empurra, porém parou após o professor dar um grito. 

— Professor você viu o que aconteceu!

Maya se manifestara indignada enquanto o professor fez sinal para todos ficarem em silêncio. 

— Vocês três para a direção, agora!

As três saíram se encarando junto com o professor enquanto Bianca saia logo após com Andressa.

— Vou procurar a Mel!

Andressa respirou fundo e sentou-se tentando raciocinar. O que Cláudia quis dizer com aquilo?

Na direção os garotos haviam recebido a detenção de limpar o laboratório que era a detenção que seus pais sempre cumpriam quando estavam no colégio.  Ambos foram para as salas enquanto um pouco depois três garotas esperavam serem chamadas. 

— Vocês podem ir!

O diretor falava com um sorriso satisfeito.

— O que? - Maya o olhava não entendendo.

— Foi um desentendimento normal de colegas. Não é necessário uma punição, e se for o caso, a melhor de todas, é vocês aprenderem a conviver juntas.

— Isso não é justo! – Maya quase gritou.

— Silêncio. Devia agradecer por não levar algum castigo. Agora vão para a sala.

O diretor entrava em sua sala enquanto Cláudia e Gisele saiam sorrindo. Na verdade Maya não entendera nada do que acabar de acontecer, mas saiu de lá antes de fazer alguma coisa que a fizesse ser expulsa.

Bianca estava caminhando pelos corredores quando avistou Miguel de longe conversando com duas garotas. Miguel agia de um jeito natural sem se importar com o que os outros pensam e era isso que Bianca mais admirava no amigo. Ela se aproximou enquanto Miguel. completamente cara de pau. criticava o modo como uma de arrumar o cabelo. falando que não precisava ser igual a uma árvore de natal. Bianca rio e as garotas se despediram ao ver ela se aproximar.

— Dando aulas?

— Ela que pediu a minha opinião. 

Miguel se gabava fazendo Bianca o dar um leve tapa no braço. Ambos caminharam mais um pouco em direção ao corredor dos dormitórios masculinos.  

— E a minha combinação, o que achou?

— Ficou linda. -Miguel sorria torto. – Mas já disse que não precisa de tudo isso

— Está bem, Miguel. - Bianca riu irônica, porém Miguel permanecia serio. - O que?

— Por que você age assim? As pessoas só veem o que você é por fora e esquecem da Bianca de verdade, da que eu conheço. 

— Talvez a verdade Bianca não queira ser mostrada.

— Isso é uma pena, muitos se surpreenderiam...

Miguel balançava a cabeça negativamente e entrava no quarto fechando a porta antes que Bianca pudesse contestar. A morena respirou fundo e se afastou, indo em direção ao dormitório das meninas.

...

As lagrimas não chegavam a cair dos olhos de Mel, mas uma agonia terrível preenchia o seu peito enquanto a mesma não sabia se estava assim pela dor das lembranças ou pela raiva de Cláudia ter falado para todos o que havia acontecido.

Mel abraçou os próprios joelhos enquanto no meio de um corredor permanecia sentada encostada a parede fria. 

Flash Back

— Mel ande você vai? Esqueceram que te proibiram de sair!?

Seu irmão gritava, enquanto ela tentava sair escondido pela porta dos fundos.

— Cuida da sua vida!

Final do Flash Back

Um toque em seu braço fez Mel levantar rapidamente e dar de cara com Thiago. O mesmo sorrio fraco enquanto ela tentava se manter firme, parando de braços cruzados olhando pra ele. 

— O que quer?

— Saber como está. – Mel fechou os olhos como se não quisesse dizer nada, como se quisesse ficar sozinha. – Olha Mel, você não precisa me contar nada, tudo bem? só me deixe ficar com você. 

Thiago abraçou Mel fazendo suas mãos tocarem em seu peito e ela encostar a cabeça lentamente um pouco abaixo dos ombros de Thiago. Ele fazia cafuné em seus cabelos no mesmo instante em que deu um doce beijo em sua testa. Mel sempre se sentia bem ao lado de Thiago, ele era seu amigo e ela sabia que sempre poderia contar com ele, mesmo sentindo que não precisava, ou que sua teimosia falasse mais alto.  Eles ficaram assim até Mel se sentir melhor e os braços de Thiago cansar. 

— Melhor? – Ela balançou a cabeça positivamente. – Eu disse que meu abraço ajuda!

Mel riu fraco e os dois saíram abraçados em direção a um outro corredor dando de cara com Maya e Andressa, porém eles continuaram andando apenas dando um sorriso para as duas. Andressa respirou fundo, andando rapidamente em outra direção e fazendo Maya a seguir.

— ESPERA! – Maya puxou seu braço fazendo a mesma parar. – Porque você fica assim? Eles são amigos Andressa, a Mel divide coisas com ele que não divide comigo eu tenho certeza que ele a viu triste e foi dar um apoio, se quiser eu vou lá agora e pergunto...

Maya saia andando fazendo Andressa a puxar. 

— Não tudo bem, eu não sei o que me deu. 

— E além disso ela me disse que não gosta de ninguém!

— Você perguntou a ela? - Os olhos de Andressa brilharam. 

— Sim. Fica calma. 

As duas se abraçaram e foi como se uma agulha fincasse o coração de Maya. Não acreditava em suas próprias palavras porém, Andressa precisava delas.