Caminhos de Fadas escrita por Machene


Capítulo 3
Capítulo 3




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Cap. 3

 

Já estava perto de dar meia noite, então o padeiro Alzack e sua esposa Bisca não tinham muito mais tempo para realizar seu desejo. Assim, o homem andou até a bruxa.

— Senhora Erza, nós temos o que pediu. Aqui: um sapato dourado. – a bruxa pegou o calçado, virou, revirou e fez uma careta.

— Isso aqui não é um sapato, é uma sapatilha. Tem diferença, mas suponho que um homem não saberia reconhecer. – a mulher o arremessou para longe, no que Wendy deu um salto e pegou no ar, surpreendendo muitos – Próximo.

— Ah, então aqui! O cabelo da sua... Ah... Filha. – Bisca entregou as madeixas.

— O cabelo da Mavis não é amarelo como milho. Na verdade, é uma ofensa que ele tenha sido ao menos comparado a cabelo de milho! – disse largando o cabelo no chão.

— Então, pelo menos a vaca... – mal o padeiro terminou, Charlie escorregou por entre seus dedos e caiu de pé no chão, restando apenas a fantasia – Eu não acredito.

— Que linda! – o mensageiro Happy começou a babar pela gata, que o ignorou, então o relógio do castelo começou a badalar, anunciando a meia noite.

— Só lamento, não posso realizar seu desejo. Mas também, como foram confundir todos os ingredientes que eu pedi?! Se eu mesma pudesse entrar na floresta, teria os pego por conta própria, sem erros ou falhas. – Zeref franziu as sobrancelhas.

— Espere um instante. Eu a vi na floresta. Você foi visitar Mavis na sua torre. – Erza encarou a multidão sem saber o que dizer e sorriu sem graça.

— Isso é verdade? – Bisca questionou – Então por que disse que não podia ir até lá?

— AH TUDO BEM! Eu confesso... Realmente estava brigada com as fadas, porque eu me descuidei e segui a escuridão ao invés de escolher o caminho da luz. Mas não era por isso que não queria entrar na floresta. Só não queria trombar com o meu namorado.

— “NAMORADO”? – a maioria repetiu com incredulidade, e Jellal se aproximou.

— Quer dizer... Ex namorado. – a bruxa bufou – Desculpe por ter te transformado em um meio lobo. Fui infantil, e boba, e ciumenta... Ah, também não vou ficar aqui me martirizando na frente de toda essa gente, certo?! Só queria que soubesse o quanto eu me arrependo. Queria te transformar de volta em humano, mas não consegui os ingredientes. – o lobo sorriu e a abraçou, criando um clima temporariamente agradável.

— Um instante! – a esposa do padeiro quebrou o momento – Tem certeza que nós não podemos aproveitar o que pegamos para usar nessa poção? Quer dizer, essas coisas são parecidas. Só faltou a capa vermelha, contudo podíamos aproveitar... Aquele vestido!

— Vocês não vão tirar o meu vestido! – Lucy vociferou.

— Parece que não será preciso. Ele está se desfazendo. – o caçador Gajeel avisou.

— O quê? – a moça se abraçou assustada ao se dar conta que a roupa estava rasgando – Levy, o que está acontecendo? O que você fez?

— Não é minha culpa, ora essa! Eu disse que à meia noite a minha magia se desfaria, e eu sou uma fada da escrita. Só posso criar vestidos de papel.

A loira se apavorou diante os olhares da plateia, principalmente a parte masculina, e antes de desabar no chão pela vergonha ainda notou o cuidado especial das meias-irmãs para seus pretendentes não verem nada. Felizmente, Natsu pegou sua capa e colocou sobre seus ombros rapidamente. Outra vez, o clima meigo retornara com força total.

— Fico surpresa que uma camponesa tenha roupas de baixo tão ousadas. – declarou Juvia ao checar o conjunto rosa – E seios tão grandes.

— Uma camponesa? Natsu, o que significa isso? – Makarov bradou.

— Meus irmãozinhos sabem escolher muito bem, pelo visto. – Laxus riu, porém foi interrompido quando Mirajane tomou a dianteira e ajudou Lucy a levantar.

— Sim, eles sabem mesmo. Esta moça é a minha irmã. – todos exclamaram chocados, principalmente quando Lisanna também ficou ao lado delas, e isso fez a loira chorar – A Lucy pode não ter sangue nobre, mas tem um coração nobre, e é isso que importa.

— Também pode-se dizer isso da senhorita. – a mais nova se voltou à Mavis – Que foi acolhida por uma temida bruxa, mas a defendeu como sua mãe. Além disso, recebeu ajuda de duas fadas para vir até aqui e defender um casal desconhecido, a quem não devia nada. Esse é o tipo de pessoa que não se pode definir como menos que admirável. – todos sorriram em acordo, então Lisanna voltou-se ao rei Makarov – Majestade, seus filhos com certeza serão líderes abençoados se tiverem essas mulheres para ajuda-los a trilhar seus caminhos. E isso, eu afirmo, inclui minha irmã Mira. – ela riu da vergonha da mais velha, confabulando com o futuro cunhado a certeza da conexão entre os dois.

— Vocês estão certas. – Makarov assentiu – Que tipo de rei eu seria, atribuindo mais valor ao título de uma pessoa do que ao seu coração? Ainda mais, que tipo de pai eu seria, se desejasse que meus filhos casassem apenas com mulheres prendadas? O pior de todos.

— Ainda mais porque minhas filhas, certamente, são talentosas em todos os aspectos, majestade! – Evergreen se apressou em informar, abraçando as três pelos ombros.

— Mavis também é muitíssimo prendada! – Erza falou e vários riram quando a moça pôs os cabelos na frente do rosto por vergonha, sendo abraçada ainda mais forte por Zeref.

— Então está decidido. Vocês são livres para ficarem com quem quiserem!

A decisão do rei alegrou a todos. A plateia aplaudiu enquanto os príncipes e o novo rei beijavam suas escolhidas, e naquele clima Juvia, repentinamente, também agarrou seu cavaleiro. Gray foi beijado com tanta vontade que quase morreu sufocado, embora tenha gostado a ponto de retribuir quando retomou o fôlego.

— Iu. – Wendy e Romeo fizeram cara de nojo.

— Então, o que faremos agora? – Bisca lamentou ao marido e os dois se abraçaram.

— Sinto muito, mas não posso fazer nada sem os ingredientes. Enquanto for bruxa, só posso trabalhar com acordos, e pra dar uma criança a vocês devo honrar a lei da troca.

— Espera aí. – a menina fitou Erza – Você disse que queria uma capa vermelha, não é?! Aqui. – ela tirou seu capuz e deu nas mãos do padeiro.

— Seu capuz é azul, não vermelho. – o menino constatou com estranheza.

— Ele só parece azul, mas na verdade é vermelho. Vejam. – a garota bateu na capa e espalhou pó pelo ar, deixando-a da cor original – É pó de fada.

— Ah, as borboletas devem ter espalhado na roupa. – o caçador coçou o nariz – É bastante comum. Eu mesmo vivo me enchendo de pó de fada. Mas não chega a ser um incômodo. – ele sorriu para Levy, que corou.

— Que raios de pó é esse que deixa roupas vermelhas azuis e vice-versa? – Lucy se agarrou à capa do príncipe ao falar, chamando a atenção dos demais para a situação.

— Não é um assunto que vale a pena debater. – a bruxa balançou a mão – Está bem. Agora nós precisamos de um cabelo amarelo como milho, uma vaca branca como leite e sapatos dourados como... Qualquer coisa.

— O cabelo da Lucy é mais escuro que o da Mavis. E os sapatos dela são de ouro.

— Serve. – a ruiva tomou a tesoura de Bisca, cortou seu cabelo e tomou os calçados.

— Príncipe Natsu! Logo você vai deixar que tomem coisas de mim?!

— É por uma boa causa querida. Além disso, essas são as partes do seu corpo de que eu menos posso sentir falta. – as reações depois dessa frase variaram entre risadas e gente corando, o que incluiu a futura princesa, que aceitou esconder o rosto entre os braços dele.

— Perfeito! Agora só será preciso uma vaca. Alguém pode ajudar com isso?

— Não sei se vale a pena perguntar de novo, mas precisa mesmo ser uma vaca?

— Sim gatinha, eu preciso de uma vaca. Jellal precisará beber um líquido com todos os ingredientes, então a menos que você possa dar leite, eu preciso de uma vaca.

— Nesse caso, eu acho que tenho a solução. – Romeo abriu a cesta nas mãos e tirou um pote de dentro – Aqui tem um pouco do guisado de peixe da senhora Porlyusica.

— Peixe?! – o gato Happy recomeçou a babar – Posso comer um pouco?

— Não! – o caçador o segurou pelo rabo antes que voasse em cima da comida.

— Enfim... – o garoto prosseguiu – Você pode acrescentar os ingredientes e ele bebe.

— Oh... Tudo bem, acho que pode servir. – o lobo olhou para a bruxa em pânico – Ora essa Jellal, seja homem! Não é nada demais. Mas eu ainda vou precisar de crina de cavalo branco. Ele é alérgico a pelo de gato.

— Sem problema. – Natsu assoviou e logo apareceu um puro sangue galopando – O meu cavalo está às ordens. Pode pegar o que precisa.

Erza sorriu, cortou parte do pelo do animal e finalmente mergulhou tudo no guisado. Os ingredientes afundaram como se estivessem sendo jogados num ácido, o que fez o pobre lobo ter suas dúvidas sobre o sabor peculiar daquilo. Mesmo assim, sobre o olhar severo da ex namorada, ele bebeu até não sobrar uma única gota. Outra ventania levantou e cercou tanto Jellal quanto a bruxa. Ao cessar, ele era humano de novo e ela uma fada.

Agora com o coração puro e a alma redimida, a ruiva estava linda e glamorosa, mal sendo reconhecida pela maioria acostumada à sua aparência anterior. Erza tocou a barriga da esposa do padeiro e ela imediatamente cresceu, deixando-os muitíssimos agradecidos.

— Em gratidão por sua ajuda também, Lucy, aqui. – a recente fada refez as vestes da loira e seus sapatos dourados – Pode ficar tranquila agora. Eu sou a fada das roupas, então essas que te dei não vão desmanchar facilmente.

— Obrigada! E realmente não acredito que existe uma fada das roupas.

— Pode acreditar, é bem conveniente. Eu adoro poder trocar de roupa bem rápido!

— Que ótimo. E, se não se importa que eu pergunte, por que precisava de ingredientes tão bizarros? Qual o problema das bruxas com comida normal?

— Olha, mesmo me perguntando isso, eu não sei responder. Só segui um livro de receitas velho sobre magia negra que encontrei na biblioteca das fadas. Sou uma fada das roupas, não da culinária. Admito que sou um desastre cozinhando. – ela fez uma careta.

— Lamento por isso. – Lucy deu um sorriso de canto – E sobre arranjar essas coisas antes da meia noite? Já passou da hora, e mesmo assim foi possível desfazer a maldição.

— Ah, sobre isso... Eu só não queria dormir muito tarde, sabe. – todos riram por fim, e em comemoração o ex lobo beijou a amada, reatando o vínculo entre os dois.

— Parece que só faltou a gente, fadinha. – Gajeel sussurrou no ouvido de Levy.

— Não seja por isso. – ela inesperadamente voou o bastante para alcançar os lábios do homem alto, dando-lhe um beijo que surpreendeu a todos.

— Levy admitiu o que sente afinal?! – Juvia brincou – O caçador não era um ogro?

— Você me chamou de "ogro"? – o caçador se separou dela aborrecido.

— Chamei sim. Eu ainda acho isso, mas que se dane! Os ogros também amam!

E eles voltaram a se beijar, o que motivou todos os outros casais a fazerem o mesmo, excerto por Wendy e Romeo, mas eles aceitaram serem bons amigos até crescerem mais. Pra fazer a felicidade de Happy, vovó Porlyusica sugeriu ao rei Makarov fazer seu famoso guisado de peixe para todos os convidados, sugestão bem aceita. Ele até conseguiu dividir um prato com Charlie, e ela baixou mais a guarda.

Com a maldição de Erza desfeita, as terras do reino prosperaram de novo (sim, era o mau humor dela que estava prejudicando as coisas vivas). Macao e seu filho nunca mais passaram fome, especialmente porque a amizade dele com a neta da vovó os fizeram ser convidados de honra na hora das refeições todos os dias. Após voltar de viagem, Elfman ficou sabendo que todas as filhas estavam de casamento marcado e quase desmaiou.

Ele só aceitou a ideia quando conheceu os genros e os reconheceu como “homens de verdade”, segundo as suas palavras. As fadas puderam viver com os seus amados sem qualquer restrição entre espécies e raças, de acordo com o novo decreto criado pelo rei Laxus e a rainha Mira, que estabelecia igualdade para todos. Elas continuaram zelando por Mavis e visitando-a no castelo onde foi morar com Zeref.

Após o casamento, ele ampliou o domínio ao redor da torre que era o mundo dela e eles começaram a dividir o lar com Lucy e Natsu, enquanto as meias-irmãs dela moravam juntas. Depois da transformação que ocorreu no reino de Fairy Tail, novas histórias foram acrescentadas aos registros das fadas. E todos viveram felizes para sempre.

...

— Foi uma linda história mamãe. – diz uma garotinha de cabelo rosa – Obrigada.

— De nada meu amor. Agora é hora de dormir. Você também rapazinho. – a mãe se volta ao filho loiro, beijando cada um no rosto e indo até a porta do quarto, onde o pai se prepara para apagar a luz – Boa noite crianças.

— Boa noite. – os dois respondem, caindo no sono lado a lado na cama.

— Bom trabalho. – o homem sorri, abaixando o interruptor e abraçando a esposa por trás no caminho pro quarto do casal – De onde você tira essas ótimas ideias para histórias?

— Já se esqueceu que eu sou uma escritora renomada? – ela brinca, se virando dentro dos braços dele quando chegam na porta – Mas minha inspiração vem de você. De nós.

— Porque eu sou o seu dragão? – um sorriso malicioso brota nos lábios dele.

— Sim Natsu, você é. – declara tomando um beijo após o outro.

— Então Lucy... – ele puxa as pernas dela, deixando-a enlaçar a sua cintura – Agora que todas as crianças já estão dormindo, e aproveitando que o meu irmão e a Mavis não estão aqui, leva seu dragão do fogo num passeio pela caverna estelar. – o casal ri, e entre beijos a porta fecha na velocidade duma ventania.

 

Fim


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, não sei se minha inspiração repentina serviu pra motivar suficientemente esta nova fic curtinha, mas espero que quem leu tenha gostado. Obrigada pela leitura. Até a próxima!



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