Acordo-me no outro dia com alguém distribuindo beijos por meu corpo. Abro meus olhos, eu estou deitada de bruços na minha cama, o lençol cobrindo somente da minha cintura para baixo e Peeta beijando minhas costas, tenho alguns flashes da noite anterior e não consigo conter um sorriso, nunca me senti mais feliz do que agora. Puxo o lençol para cima me virando para Peeta, este por sua vez sorri instantaneamente.

— Bom dia, meu amor! – Ele diz beijando meus lábios.

Sinto um cheiro gostoso e sento-me na cama.

— Bom dia. – Digo, sinto uma alegria tão grande em vê-lo e sei que tem um sorriso ridículo em meu rosto.

Ele se senta do meu lado, colocando uma bandeja no meu colo, firmando seus suportes na cama, um de cada lado da minha perna. Em cima da bandeja tem frutas cortadas, pão de queijo e uma xícara de chocolate quente. Sinto meu estômago se contorcer de fome e sorrio para Peeta.

— Fez tudo isso para mim? – Pergunto.

— Não foi nada. – Ele diz abaixando a cabeça e vejo suas bochechas levemente rosadas.

— Para mim significa muito. Você não sabe o quão gentil isso é. – Digo sorrindo e sem esperar nem mais um segundo começo a comer.

Peeta me observa sorrindo por alguns minutos e depois encara seu relógio de pulso.

— Eu gostaria de passar o dia aqui com você, mas infelizmente não posso. Ontem seria o dia da Inauguração da padaria, e como não deu certo. Tenho que tomar algumas providências. – Ele diz passando a mão pelos cabelos.

— Peeta, tenho certeza que Greasy não gostaria que parássemos nossas vidas por causa dela. Sei que a enterramos anteontem. Mas, você já tinha avisado para todo mundo. Isso não é justo. – Digo comendo um pedaço de morango.

— Sério? Eu não estaria sendo muito insensível? – Ele diz e eu começo a rir.

— Você não conseguiria ser insensível nem se tentasse Peeta. — Digo e ele sorri.

— Então eu já vou. Eu gostaria que você fosse, se não for pedir muito. Sei como deve estar se sentindo.

— É claro que vou. Estarei lá as 16:00. – Digo me aproximando dele e beijando seus lábios suavemente.

Ele deposita um beijo na minha testa e sai, deixando-me a terminar meu café da manhã.

Após comer, eu tiro a bandeja do meu colo e afasto o lençol, para poder me levantar. Assim que levanto, completamente nua. Percebo uma mancha de sangue no lençol, o que me assusta, mas logo me sinto mais calma ao lembrar de já ter ouvido que isso é normal na primeira vez. Vou para o banheiro tomar um relaxante banho de banheira e vestindo uma roupa confortável, sinto minhas pernas doerem e um cansaço extremo. Tiro as roupas de cama e levo tudo lá pra baixo. Assim que piso na cozinha lembro-me de Greasy, como ela vinha aqui todos os dias ver como eu estava. Bom, hoje ela não virá, nem amanhã e nem nunca mais. Lavo a louça e as roupas de cama o mais rápido que posso, querendo apenas sair dali antes que começasse a chorar de novo.

Assim que termino vou para a sala e sento no sofá ligando a Tv. Logo chega Annie e Effie e elas começam a conversar comigo sobre várias coisas como, a última moda e como o Finnick anda chutando mais forte nos últimos dias. Na hora do almoço fazemos batata frita e comemos com refrigerante. Nós assistimos vários filmes, Effie chorou no de drama e Annie a consolou, quase dei um soco na cara de Effie na hora do de ação e Annie chorou de rir com o comédia. A tarde passou rápido e quando encaro o relógio de parede percebo que são 3PM.

— Meninas eu vou me arrumar agora, hoje é a inauguração da padaria e eu tenho que ir. – Digo me levantando.

— Sim, nós também vamos, se arrume que vamos com você. – Diz Effie.

Subo para o quarto, e elas veem atrás de mim, entro no banheiro tomando um banho rápido enquanto Effie e Annie reviram meu guarda-roupa procurando uma roupa “adequada” para a ocasião.

— Gente, é só uma inauguração. – Digo me sentando na cama enquanto Annie penteia meus cabelos e Effie passa um pouco de maquiagem no meu rosto.

— Não, é a inauguração da padaria do homem que você ama, é um sonho dele sendo realizado. Isso é tão importante para você quanto para ele. Você tem que estar linda. – Diz Effie. — Terminamos.

Assim que me encaro ao espelho mau me reconheço, meus cabelos estão soltos e caem em ondas por minhas costas. Minha maquiagem está clara, porém notável, e estou trajando um vestido verde claro que vai até a altura dos meus joelhos.

— Vamos logo. – Digo me virando para elas.

Assim que chegamos na padaria me surpreendo com a quantidade de pessoas que estão ali presentes. Com dificuldade conseguimos entrar. Apesar da aglomeração de pessoas consigo ver comidas e mais comidas serem expostas, e sinto meu estômago dar sinal de vida. Logo Peeta aparece acompanhado por mais dois rapazes bem fortes. Eles começam a servir as pessoas ali presentes e eu decido esperar as coisas se acalmarem do lado de fora. Saio da padaria me sentando em um banquinho que foi posto diante da entrada. Annie se senta comigo dizendo que não arriscaria entrar lá dentro agora pois eles poderiam machucar sua barriga. Ficamos lá fora conversando até as coisas se acalmarem, após algumas pessoas saírem para fora, eu entro novamente na padaria. Assim que passo pela porta, vejo Peeta conversando com uma moça. Ela passa a mão por seu rosto e ele sorri para ela, quase babando por sua beleza. Não posso impedir que sentimentos de raiva e decepção formem um nó na minha garganta e comprimam meu peito.

Quando estou prestes a sair por onde entrei sinto alguém tocar em meu ombro. Viro-me e vejo um rapaz muito bonito, com certeza deve ser algum funcionário da padaria, já que está de uniforme. Ele sorri gentil me encaminhando até uma mesa.

— Você deseja comer alguma coisa? – Ele pergunta.

— Não sei... – Digo confusa. — Traga-me o que vocês tiverem de mais gostoso.

“Só não pode ser o dono.”. Penso e me reprimo, como eu posso ser tão boba? Peeta ainda está lá, babando em cima daquela nojenta, ele nem sequer reparou que estou aqui. Sou despertada de meus pensamentos quando o rapaz volta com um cesto cheio de quitandas e um copo com um liquido laranja, provavelmente suco de laranja.  

— Obrigada...? – Digo, querendo saber seu nome.

— Ramon. – Ele diz simpático.

— Obrigada Ramon. – Agradeço e ele sai, dizendo que se eu precisar de algo é só chamá-lo.

Começo a comer e tomar meu suco, quando estou quase terminando, olho de relance para Peeta e vejo a garota beijando o canto de sua boca. Sinto uma raiva queimar em meu peito e seguro o copo fortemente, o barulho de algo quebrando faz todos – inclusive eu – encarar minha mão direita que agora está sangrando. Sorrio cínica enquanto Ramon vem até mim.

— Você está bem? – Ramon pergunta e eu assinto. Logo Peeta aparece, sua expressão preocupada.

— Katniss, eu não tinha visto que você estava aqui. – Ele diz.

— É, eu percebi. – Digo encarando minha mão.

— O copo deveria estar trincado. – Diz Ramon e eu sorrio encarando Peeta.

— É, provavelmente. – Digo, e ele me olha curioso.

— Não se preocupe, trarei outro suco para a senhora. – Diz Ramon juntando os cacos de vidro e retirando o forro da mesa.

— Não se incomode, eu já estava de saída. – Digo sorrindo para ele, e virando as costas.

— Katniss, tem certeza de que está bem? – Ouço Peeta perguntar atrás de mim.

— Claro, óbvio. – Digo sem parar de andar.

Várias pessoas me encaram sussurrando: “É ela”, ou “Ali está o tordo.”. Eu apenas as ignorava.

— Katniss... – Peeta me puxa pelo braço me fazendo encarar seus olhos. — Pode ir se quiser, mas, mais tarde eu vou na sua casa para ver se você está bem. – Ele dá um beijo em meu rosto e volta para dentro da padaria.

Sinto meus olhos se enxerem de lágrimas e saio correndo dali. “Droga de ciúmes bobos.”. Penso, me jogando no sofá assim que entro em casa. Amarro um pano em minha mão e ligo a Tv tentando me distrair e acabo pegando no sono. Acordo com o barulho da campainha tocando. “Deve ser Peetta.”. Penso me levantando e abrindo a porta.

Solto um sorriso fraco ao ver quem é.