Turn The Page escrita por Connor Hawke


Capítulo 12
O Abismo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse capítulo continua a narrativa da Jessy, e depois troca para a terceira pessoa pra detalhar melhor as cenas seguintes, pois a Jessy e a Alicia não narram a partir da deixa da Jessy. E na verdade, eu até poderia ter passado pro POV da Alicia, mas, misturar 2 pontos POVs em um capítulo é meio maçante de ler, então troquei pra terceira pessoa por causa disso. Esse capítulo é meio que no estilo do filme "Ilha Do Medo" com o Leonardo Di Caprio. Espero que curtam

Boa leitura!



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6:00

Eu acordei dentro dessa caixa. As paredes eram "fofas", não havia janela, apenas uma porta do outro lado. Era um lugar fechado.

Eu voltei o olhar para mim mesma e eu estava vestida com essa roupa branca e descalça.

"Onde eu estou?" , eu pensei. "Que lugar é esse?"

De repente, a porta se abriu. Eu vi esse homem vestindo um terno preto com uma camisa branca, sapatos pretos, gravata, tinha um cabelo branco, olhos azuis, achei que parecia o Howard.

Fiquei a pensar se aquilo tudo era um sonho, se eu estava sonhando...

Esse homem veio até mim e me cumprimentou.

"Olá, Jessica!" , ele disse.

— Onde eu estou? Quem é você? — eu inquiri.

— Eu sou seu doutor. Meu nome é Adam Stroke. Eu sou psiquiatra. Uma moradora do apartamento ao lado do seu ligou dizendo que você parecia fora de si — ele revelou.

—O quê? Mas como vocês me encontraram? — eu devolvi.

— Eu e meus enfermeiros fomos até o seu apartamento. Eles arrombaram a porta e a pegaram. Você estava berrando o nome Alicia. Eu ordenei aos meus enfermeiros que vestissem você assim, pois você estava nua e pusessem a camisa de força — Adam retrucou.

— Espera! Eu tenho que trabalhar amanhã... — eu exclamei.

— Sim, nós sabemos, Jessica. Eu já liguei para a sua chefe para informar que você vai ficar um tempo ausente. Eu achei um cartão do seu café com o celular da sua chefe, junto ao telefone do lugar, a conta no Twitter, e o endereço da página no Facebook, e também o email do café — Adam comentou — O seu nome estava escrito no cartão também, junto com o da sua chefe.

—O quê?! — eu exclamei.

— Eu disse a sua chefe que você estava doente, e que eu era o seu médico e estávamos cuidando de você e ela acreditou.

— Espera! Então eu estou enlouquecendo? — eu quis saber.

— Eu acredito que sim, Jessica — então Adam interrompeu — Devo lembrá-la que apenas eu sei o seu nome verdadeiro. Para os outros pacientes dessa instituição, seu nome é Alicia Meyers.

O quê?! Isso é algum tipo de conspiração? Alicia Meyers? Esse é o nome da minha Mandy? O que está acontecendo? Eu quero acordar logo desse pesadelo.

— Não se preocupe, Jessica. Eu estou aqui para ajudá-la a se recuperar — Adam me tranquilizou — Eu dei alguns remédios para você não ficar tão nervosa. Em breve nós faremos uma sessão com os outros pacientes.

Socorro! Alguém me ajude! Como eu vim parar aqui? Alicia! Me tira daqui! Por favor!

— Fique calma, Jessica. Vai ficar tudo bem.

Eu comecei a chorar.

— Está tudo bem. Pode chorar — Adam disse me abraçando.

Eu chorei nos braços daquele completo desconhecido.

—Olha, Jessica. Eu posso ser o seu amigo, se quiser..

— Mas, eu não conheço você!

— Exato. Vamos nos conhecer melhor. Conte-me a sua história e eu contarei a minha.

— Não. Não sei se devo...

— Você pode confiar em mim, Jessica. Fale...

— Eu conheci essa garota chamada Alicia Meyers, ela é modelo. Ela estava em um relacionamento abusivo com o vocalista de uma banda de rock chamado Duke Madison. Ela terminou com ele, e depois veio para o café onde eu trabalhava. Eu me apaixonei por ela, e eu sei que não estou louca...

— Não, você não está. Continue...

— Eu acabei ficando obcecada por ela. E então eu surtei no meu apartamento.

— Entendo, Jessica. Olha, você tem uma história interessante. Por que não conversamos melhor em minha sala?

— Tudo bem, eu acho.

— Faremos o seguinte, então. Se você prometer se comportar, eu prometo que deixo você sem as algemas.

Então eu olhei para as minhas mãos e vi que eu estava usando algemas. Como isso é possível?

— Então, Jessica. Você promete?

— O quê?

— Você promete que vai se comportar?

— S-Sim.

— Muito bem. Então diga: "Por favor, tire as algemas".

— Por favor, tire as algemas.

Me senti como um peixe fora da água.

Adam então chamou os enfermeiros que estavam do lado de fora da porta e eles vieram e retiraram as minhas algemas.

Eu sai acompanhada de Adam e ele me guiou até a sala dele.

[...]

Escritório de Adam Stroke

Eu olhei ao redor e vi uma prateleira cheia de livros, uma janela com vista para um jardim. O sol estava brilhando, e havia essa mesa onde Adam se sentou de um lado e pediu para eu me sentar.

— Sente-se, por favor — Adam me mostrou a cadeira para eu me sentar.

Eu me sentei.

— Vamos começar. Jessica, você gosta de ler livros?

— Sim, eu adoro.

— Você notou que na minha sala tem essa prateleira de livros, não?

— Sim. Eu percebi.

— Você pode pegar um para ler, se quiser...

— Obrigada. Mas, eu passo.

— Tudo bem. Então, me fale como tudo começou — Adam me pediu.

— Bem, eu trabalhava no café, e nessa instituição de caridade... — eu comecei.

— Entendo. Continue...

— Na instituição eu conheci essa garota, a Linda. Ela e eu servíamos sopa para os desabrigados, até que um dia resolvemos experimentar uma relação homo - afetiva, e no fim acabamos gostando daquilo.

— E o que houve com a Linda? — Adam quis saber.

— Bom, a instituição ficou sabendo do nosso caso, e ela foi expulsa de lá...e eu acabei ficando — eu relatei.

— Que triste. E depois disso você conheceu a Alicia Meyers? — Adam me interrogou.

—Sim. Eu passei por muitas coisas com a Alicia. Eu dormi com ela, eu fui ao ensaio fotográfico dela, eu escrevi uma carta de amor para ela, depois ela foi para Beverly Hills, e eu fiquei, me senti carente por não estar com ela.

— Essa sua história é mesmo fascinante. Está certo. Eu vou falar um pouco sobre mim, como eu prometi— Adam retaliou.

—Tudo bem.

— Desde jovem, eu era muito chegado na psiquiatria, como o meu pai. Eu me formei, e montei essa instituição, a Light Box Asylum — Adam revelou.

— E por que eu estou aqui? — inquiri.

— Como eu disse, anteriormente, uma visinha sua ligou para essa instituição e disse que você não parecia bem, então ela internou você aqui.

— Posso ir embora? — eu estava desesperada para sair daquele lugar e voltar ao meu trabalho.

— Bem, Jessica... —Adam ponderou.

Eu comecei a refletir sobre aquilo tudo. Me lembrei do livro que minha mãe lia para mim quando eu era pequena, Alice no país das maravilhas, que por sinal é o mesmo livro que a Alicia gosta, e foi baseado nele que eu escrevi a nota que eu deixei com o omelete para ela comer aquele dia, antes de eu sair para o trabalho.

Eu ainda conseguia me lembrar de todas aquelas lembranças na minha cabeça que pareciam não ter sido implantadas por aquela clínica.

— Posso ir embora? — eu voltei a insistir naquela pergunta.

— Supondo que eu deixe você ir, o que você faria depois? — Adam falou retoricamente.

— Bem, Adam...eu só quero voltar para a minha verdadeira Alicia Meyers...

Meus olhos começaram a se encher de lágrimas. Adam pegou um pouco de lenço de papel de uma caixa na mesa dele e me entregou.

Eu limpei minhas lágrimas do rosto com eles e me recompus.

—Por favor, Adam. Eu quero voltar a minha vida — eu supliquei.

—Jessica. Eu vou ser sincero com você. Você tem essa história fascinante da sua vida, e eu admiro isso. Mas, eu sinto que você não está pronta para deixar essas paredes para trás. Você não está louca, você está doente, Jessica. Você está instável... — Adam jogou na minha cara.

— Mas...

— Jessica. No momento eu sou o único amigo que você tem. Eu quero te ajudar. Mas você tem que me ajudar também, e acima de tudo, ajudar a si mesma.

— Adam, por favor! Eu não vou conseguir ficar aqui por muito tempo.

Adam pensou um pouco.

— Eu desejo tudo de melhor para você, Jessica, então não quero machucá-la, nem ferir suas emoções. Então eu acho que tenho uma proposta para você.

—Que proposta? — eu fiquei curiosa.

— Eu estou pensando em trazer a tal Alicia Meyers aqui para vê-la. Se ela disser que você precisa continuar na terapia, você fica. Se disser que você não precisa, você sai. Eu acho que eu estou sendo até muito generoso com você, pois os centros psiquiátricos não costumam deixar o paciente sair até que ele esteja são, isto é, curado de sua instabilidade mental.

— Sim, traga a Alicia aqui — eu fiquei bastante feliz por saber que Adam iria trazer Alicia para mim.

— Certo — Adam suspirou.

— Mas, só uma pergunta. Como você vai fazer isso?

— Você se lembra o número do celular dela? Se importaria em escrevê-lo em uma folha de papel para mim?

— Eu posso tentar. Eu só peço que você não me coloque na solitária de novo. Eu...eu tenho problemas em ficar lá. Aquele lugar me dá medo.

— Está bem, Jessica. Talvez eu deixe você dormir comigo esta noite no meu quarto. Mas, você terá que me passar o número de telefone da Alicia primeiro.

—Tudo bem. Eu vou passar. Mas, você não vai abusar de mim?

— Não, Jessica. Eu te asseguro disso.

—Tudo bem.

Adam me deu um papel e uma caneta, e eu tentei escrever o número do celular da Alicia.

Depois de rabiscar um número no papel, passei a folha para Adam.

Ele então olhou para folha com o número do celular e pareceu satisfeito.

— Eu vou checar esse número agora mesmo. Se for falso, você volta para a solitária — Adam me advertiu.

— Tudo bem, pode checar.

Adam começou a ligar para o número na folha de papel. O telefone começou a tocar, até que eu ouvi uma voz feminina atender o telefone, parecia ser da Alicia.

—Alô?

— Alô? Quem está falando? — Adam inquiriu.

— Alicia, Alicia Meyers — a voz atestou — Quem é que está falando.

Eu fiquei muito emocionada que era a Alicia.

— Olá, Alicia Meyers! O meu nome é Adam Stroke. Eu sou psiquiatra de uma clínica psiquiátrica chamada Light Box Asylum. E eu estou com uma garota aqui com o nome de Jessica London, você a conhece?

—Isso é algum tipo de trote? Você sequestrou... — Alicia interrompeu.

— Não, não, Alicia. Veja bem, a Jessica London está aqui comigo. Uma pessoa próxima a ela resolveu interná-la na minha clínica...

Então ouvi Alicia exclamar.

—Meu deus! O que você fez com ela?

—Eu não fiz nada, Alicia. Ela apenas deseja falar um pouco com você.

— Tudo bem. Eu estou viajando para Beverly Hills agora, mas quero falar com ela. Coloque-a no viva voz.

Adam fez como o pedido e eu falei com a Alicia.

—Oi, Alicia! —eu a cumprimentei.

—Jessy...o que você quer? Eu estou indo falar com o Howard. Eu estou no avião.

— Olha, eu vou ser breve e direta. O tal Adam Stroke quer que você venha aqui na clínica e dê o seu parecer sobre mim. Eu estou sentindo muita saudade de você, e...eu não aguento ficar aqui nesse lugar. Eles me puseram numa solitária, Mandy.

—Ah Meu Deus! Jessica! Você está bem?

— Não, eu não estou, Alicia. Eu estou com muita saudade de você, e...eu me sinto muito culpada por tudo o que eu te fiz. A verdade é que eu tinha tido um relacionamento com uma garota antes, o nome dela era Linda, mas ela me deixou, e quando você surgiu na minha vida, eu achei eu fosse sentir o mesmo que eu senti com a Linda. Mas, você é diferente. Você se tornou a minha droga. Você me viciou...

Antes que eu pudesse continuar a falar com Alicia, Adam puxou o telefone para si, levantou ele no ar e o segurou enquanto falava com ela.

—É o seguinte, Alicia Meyers... — Adam começou.

Eu vi que ia dar merda, mas fiquei quieta, pois Adam me fazia de vítma.

—O que você quer, Adam? — Alicia exclamou.

— Muito bem, eu admiro sua coragem. Então eu vou ser direto. Eu quero que você venha para a clínica ainda hoje, e me dê um parecer da Jessica. Se você disser que ela está em condições de voltar a vida dela, eu a deixo ir com você, caso contrário, ela vai para a solitária. E eu pessoalmente não acho que ela está pronta para "ir para a luz", mas você vai dar a palavra final. E não tente ferrar comigo, porque senão, você vai para uma solitária separada da Jessica, estamos combinados? — Adam ameaçou.

— Está bem. Diga o horário que você quer me encontrar e o endereço e depois do meu trabalho, eu passo ai.

— Certo. Digamos, as 21:00 está bom para você?

—Combinado. Agora me passe a droga do endereço, filho da puta!

—Ei, Alicia! Acalme-se. Eu não sou nenhum sequestrador— Adam alegou — eu sou um psiquiatra. Eu vou te passar o endereço da clínica.

Então eu ouvi o Adam passar o endereço da clínica para a Alicia.

[...]

Enquanto isso, no avião, Alicia procurou um papel e uma caneta na bolsa dela e quando os achou, começou a anotar o endereço que Adam lhe passara.

— Está certo. Eu vou para ai — Alicia desligou.

Alicia colocou o celular na bolsa, soltou o cinto de segurança da poltrona em que estava e foi falar com os seguranças, Trey e Tyler que estavam atrás da cortina, que separava a classe econômica e a primeira. Ela atravessou a cortina, e acordou Trey que estava dormindo no corredor.

— Trey! Trey! Acorda! — Alicia exclamou.

O Asiático demorou um pouco para acordar.

Acorda Trey! — Alicia berrou.

Trey não só acordou com o berro de Alicia, mas também acabou acordando Tyler que estava na janela.

— Que droga, Trey! Eu estava dormindo — Tyler se queixou.

— Foi mau, Barbie! — Trey exclamou — A Alicia me acordou berrando.

— Barbie? Eu sou o Ken, o Ken é mais bonito. Você é que é a Barbie — Tyler exclamou — Barbie do Paraguai.

Então, Trey e Tyler voltaram seus olhares para Alicia.

— O que foi, Alicia? — Trey quis saber.

— É a Jessica — Alicia revelou — Eu estou preocupada com ela.

— Por quê? O que houve? — Trey inquiriu.

— Eu recebi essa ligação de uma clínica psiquiátrica. Achei que fosse algum trote, mas ai eu falei com a Jessy, e...ela não está bem. Eles colocaram ela em uma solitária, e...bom, eu tenho que ir para essa clínica as 21:00. Jessy parece bastante arrependida do que fez, e..ela quer muito me ver — Alicia comentou.

— Caramba! A Jessy tá encrencada! — Trey espantou.

Tyler ia comentar alguma coisa quando Trey o silenciou.

—Shhh! Boquinha fechada! — Trey demandou.

— Trey, você não manda em mim! — Tyler se irritou.

Trey ignorou completamente o comentário de Tyler.

—Mas, e ai? O que você está pensando em fazer, Alicia? — Trey quis saber.

—Eu não sei. Eu acho que eu preciso bancar o príncipe encantado e salvar a minha Cinderela, mesmo que lá no fundo eu ache que ela não mereça — Alicia retrucou.

—Entendi. Olha, fica calma. Vai dar tudo certo. Nós vamos te levar para o encontro com o Howard, e você ainda vai conseguir salvar a Jessica— Trey a reconfortou.

— Eu estou calma, Trey. É só que...eu estou com pena da Jessica.

—Não se preocupa com isso, Alicia. Tudo vai dar certo.

— Não, não vai! Isso vai acabar em merda. Parece tranquilo demais — Tyler retaliou.

— Ah, é? E o que você sugere, MacGyver? — Trey provocou — Fazer uma corda usando cola e palitos de fósforo?

 


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Notas finais do capítulo

Ahn...vou deixar aqui algumas imagens de quem eu imagino como Howard Rayner e Adam Stroke (O nome vem de um personagem duma outra história minha, mas eu resolvi trazer para essa trama pois gosto desse nome), mas esses personagens são totalmente abertos pra interpretação.

Howard Rayner (Jeff Bridges): http://i1040.photobucket.com/albums/b407/Conrado_Akira_Yoshida/Jeff-Bridges_zps1vphbhgg.jpg

Adam Stroke (Malcolm McDowell) : http://i1040.photobucket.com/albums/b407/Conrado_Akira_Yoshida/malcolm-mcdowell2_zps5stq6kdm.jpg

Espero que tenham gostado^^

Até mais!



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