Crônicas de uma galáxia escrita por Mrs Dewitt


Capítulo 30
Desespero




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        Observava minhas estrelas girarem lentamente e sem foco à minha frente, enquanto decidia se iria à escola ou não. Pesei prós e contras, e acabei chegando à conclusão de que era a única coisa que acontecia no meu dia que podia ser ligeiramente interessante, e me arrastei até a cozinha para tomar café antes de sair.

            Cada passo parecia mais pesado de dar que o anterior, e antes da metade do caminho, eu já me sentia exausta. Sentei na calçada, pensando sobre tudo que já tinha acontecido comigo, e chorei. As pessoas passavam por mim e pareciam não me ver ou não se importar. Me perguntava se eu realmente representava algo nem que fosse digno de pena para alguém, antes de me levantar e recomeçar a caminhada penosa.

            Cada segundo que passava me empurrava para mais perto de um abismo de desespero. Eu queria correr pra longe, mas sentia que não conseguiria sozinha. Marco parecia se esforçar para me manter bem, mas aos poucos minha melancolia se estendeu até ele, e ambos estávamos de mãos dadas encarando o vazio escuro e profundo à nossa frente.

            Extrapolei diversas possíveis soluções para o problema, mas nenhuma delas parecia ser o suficiente sozinha. Eu precisava dele, comigo. Sentia no fundo da minha alma que só a presença dele resolveria todo o problema, sem precisar de mais nada. E então, gastei o resto da manhã tentando entender como eu poderia nos juntar – mais uma vez. E o destino deu seu jeito de me explicar como ele queria que as coisas funcionassem, com um adware piscante no canto da tela do meu notebook, horas mais tarde.

            Mal consegui respirar quando a ideia toda se infiltrou na minha mente, e digitei um link na barra de pesquisa do navegador. Logo fui redirecionada para uma página que vendia passagens aéreas.

            Configurei a data e local, enquanto esperava que o site me desse às melhores opções. E, depois de visto isso, peguei minhas economias guardadas em um cofre debaixo da cama e as contei. Dava pra pagar.

            “Eu vou fugir.” Mandei para Marco.

            Analisamos um pouco a questão, e dois dias mais tarde a passagem já tinha sido comprada – somente ida, e eu me ocupava em descobrir quais ônibus devia pegar para chegar até o aeroporto. Calculei quanto tempo levaria, e qual rota deveria usar para que não houvesse chance de cruzar com meus pais. Anotei tudo em um papel, com todas as hipóteses de atraso previstas, e me esforcei para decorar como deveria agir para que o meu plano se concretizasse.

Quase como uma tradição, riscava os dias em um calendário, até que ele chegou.


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