On the Edge of Paradise escrita por Jana


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Aqui está o segundo capítulo, uma semaninha depois.
Acho um bom tempo, um capítulo por semana, o que vocês acham?
Boa Leitura!



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POV Summer

Acordei no dia seguinte com uma comum dor de cabeça após festa, que estava bem fraca já que eu não havia bebido muito na noite anterior. Tentei me levantar, porém havia algo ao meu redor me prendendo. Conforme as lembranças atingiam minha mente percebi o que era: Guilherme. Tirei os braços dele de cima de mim e virei para olhá-lo. Ele se mexeu um pouco, mas o seu sono não foi perturbado. Sorri olhando pro seu rosto. Então ele havia mesmo ficado? E por que merda eu tinha o convidado pra ficar mesmo? Dei uma risada baixa. Virei o rosto e levantei. Fui ao banheiro e quando voltei fui obrigada a parar. Era tão estranho o ver na minha cama. Primeiramente por que era o Guilherme. Em segundo lugar por que ele não estava lá porque tivemos uma transa louca, e sim porquê havíamos dormido juntos. Literalmente. O que era praticamente impossível pra mim. O único homem no qual eu dormia sem malícia alguma, era meu primo Fernando. Ele sempre fora meu refúgio. Como um irmão. Nunca tive pai, meu avô nunca gostou de mim, meu primo Jefferson é um babaca, já tive padrastos na vida que eram bêbados, velhos, da minha idade, que davam em cima de mim, e até o que tenho ódio eterno: o que teve a coragem de abusar de mim. Então, sempre tive motivos suficiente para odiar todos os homens. Menos o Fe que sempre é à pessoa mais maravilhosa que conheço. Mas o Guilherme? Aquele otário que eu nunca fui com a cara? A gente brigava sempre que ficávamos muito tempo no mesmo ambiente. E do nada ontem ele foi extremamente legal comigo. Foi minha salvação. Ouviu os meus problemas e cuidou de mim. Como era possível? Eu tinha dormido com ele sem sentir a vontade de pegá-lo!

Caminhei calmamente até ele e sentei ao seu lado na cama. Assim, dormindo, ele parecia tão diferente. Tão inocente. Como uma criança até. Dei uma risadinha. Guilherme estava muito longe de ser inocente. Mas, naquele momento parecia. Seu rosto estava tão tranquilo, sua boca em um sorriso pequeno, seus cabelos dourados bagunçados. Passei os dedos calmamente pelo contorno de seu rosto, sua mandíbula, seu queixo. Traços retos, firmes. Meus dedos roçaram por vestígios de uma barba feita há pouco tempo. Subi para suas bochechas e desci para seus lábios. Mornos e carnudos. Enrosquei meus dedos em seu cabelo. Era fino e macio. Sempre bagunçado, entretanto sempre bonito. Notei sua respiração calma que fazia seu abdômen definido subir e descer. Puta que pariu que abdômen! Poderia descer mais o olhar. Contudo me levantei antes disso. O que eu estava fazendo? Peguei meu celular rapidamente. Caminhei para fora do meu quarto dando uma última olhada naquela bela visão em minha cama antes de sair.

Procurei pela minha mãe em todo o apartamento. Mas estava claro que ela tinha saído. Depois verificaria o meu celular. Talvez tivesse uma mensagem da minha descabeçada mãe. Ela dificilmente se lembrava de me avisar quando saía. Tudo bem que eu também quase nunca fazia isso, somente quando ia ficar um bom tempo fora. Depois de dias sem dar notícia ela geralmente lembrava-se da minha existência, então evitava isso e avisava. Fora isso, nenhuma das duas se metia na vida da outra.

Procurei alguma coisa para comer. Achei cereal e frutas com leite. Joguei-me no sofá e comi assistindo á um programa qualquer. Li todas as mensagens em grupos e no privado, e as notificações das redes sociais. Havia muitas mensagens de Barbie e Teresa, no nosso grupo e pelo privado. Além de ligações. Estas, diferente da minha mãe, realmente se importavam quando eu sumia. Às vezes até demais. Revirei os olhos.

Bom dia suas irritantes

Estou bem

Ontem só estava com muita dor de cabeça e resolvi ir pra casa

Sei que não é normal, haha

Guilherme me trouxe

Antes que vocês digam alguma coisa, pois é ele trouxe

Incrível não? Me fez um favor uma vez na vida

Lembrei que tinha brigado com a Barbie na noite anterior. E bufei. Às vezes sou bem otária. Mandei uma mensagem só para ela:

Está tudo bem Barbie

Não precisa se desculpar

Eu é quem tenho. Então, foi mal

Logo elas apareceram. Teresa respondeu na mesma hora, pois já estava acordada, Barbie acordou logo depois. Primeiro me encheram de broncas por ter sumido sem avisar e não responder as mensagens. Depois me encherem de perguntas sobre o motivo de ter vindo pra casa com o Guilherme. Resolvi não contar que ele havia dormido aqui em casa. Aliás, ainda estava dormindo. Eu sabia como elas eram. Iriam fazer um escândalo e considerar isso alguma coisa. O que claramente não era. Eu não queria nada com o Gui, e ele comigo. Melhor esconder isso. Quando elas se contentaram em me encher, começaram a falar sobre os acontecidos com elas. Como foram maravilhosos os amassos que deram no Vinicius e no Jefferson, e “blábláblá”. Essas duas eram tão iludidas que me davam raiva. Realmente tinham esperança que agora seria diferente, que agora tinham eles na mão. Mas eu sabia que nunca durava. Jefferson era meu primo, mas eu realmente tinha nojo dele. Era tão cafajeste, egocêntrico e insensível! Nunca ia dar valor para Barbie. E Vinicius era apaixonado pela Viviane. Teresa podia fazer de tudo para separar eles, e conseguir isso. Porém mais cedo ou mais tarde eles voltavam. E ela ficava aqui aos pedaços. Minhas melhores amigas já cansaram de se ferrar por eles, porém nunca aprendiam. Exatamente por isso que eu não acreditava em amor. Isso não existia.

Estava falando com elas por um tempo quando escutei um barulho na porta. Logo vi um Guilherme com cara de sono só de cueca me olhando.

— Bom dia Bela Adormecida! – Falei rindo.

— Bom dia Malévola. – Respondeu bocejando. Revirei os olhos com sua comparação idiota.

— Você não tem roupa não menino? – Perguntei enquanto ele vinha na minha direção. – E se minha mãe tivesse aqui?

— Xi! É verdade! Ela ta em casa? – Ele perguntou assustado.

— Não. – Ri da cara dele. Guilherme veio na minha direção e parou na minha frente. – Mas se ela tivesse e te visse assim ia adorar a cena. – Falei amarga. Minha mãe era super inconveniente. Bem diferente de todas as mães. Nunca se importou em eu usar roupas provocantes, ir a todo tipo de festa, voltar tarde, beber um monte, ou pegar um monte de homens. Na verdade, ela sempre foi uma tremenda vadia. Eu sempre soube disso. Mal consigo contar quantos padrastos já tive na vida. E o que mais me irritava era ela dar em cima dos meus amigos. Já não bastavam meus professores, pais de colegas, vizinhos... Tudo bem que ela sempre fora solteira, bonita e jovem. Porém isso me irritava profundamente. Sei que ela perdeu sua adolescência por mim. Mas não mandei engravidar com 13 anos, e nem saber quem era o pai.

— Verdade né! Esqueci que sua mãe é mó gostosa. – Ele falou na maior cara de pau. Joguei uma almofada na cara dele. – Ei! Summer sua babaca! – Dei uma risada. Ele por sua vez, bagunçou meu cabelo.

— Para ô!

— Ta bom, ta bom. – Se jogou do meu lado. – Tem alguma coisa pra comer? To morrendo de fome.

— E você tem alguma coisa pra vestir? Adoro homens só de cueca, mas meu querido, não é um nenhum pouco agradável te ver assim. – Falei me levantando.

— Ah é? Dúvido! – Ele disse me puxando pela mão para o peito dele. Meu coração bateu um pouco mais forte nessa hora. – Fala sério Sum! Admite que sou um gato! – Deu uma piscadinha que realmente o deixava ainda mais lindo. Tive que rir.

— Deixa de ser babaca! – Continuei rindo. Gui levantou me levando junto dele, e passou meus braços ao seu redor.

— Você não me engana ruivinha. Sei que me acha irresistível. – Roçou os lábios dele em meu pescoço e depois me encarou convencido. Contive um arrepio.

— Vai nessa! – Gritei me soltando dele e indo pra cozinha. Ele era um babaca convencido! Mas gato. Muito gato. E provocante... Para Summer! É o Guilherme. Só o Guilherme. Peguei a mesma coisa que havia comido e coloquei em cima da mesa. Leite, cereais e frutas.

— E ai! Afinal, o que tem para comer? – Gui perguntou entrando divertido e já vestido, na cozinha.

— Cereal! – Falei fazendo uma cara boba. Ele fez uma careta.

— Só isso?

— Só ué! Você esperava um banquete, quem sabe?

— Não um banquete, mas pelo menos uma coisinha melhor né. Já é de tarde, e to morto da fome. – Me respondeu e riu.

— Sinto muito queridinho. – Dei um sorriso falso.

— Você não sabe cozinhar, não?

— Não ué. Pufft. Olha a minha cara de quem sabe cozinhar. – Sentei em cima da bancada e revirei os olhos. Ele deu uma risada.

— Verdade. Mas você também não sabe fazer nada não é?

— Sei fazer muitas coisas, ta legal?! – Respondi já ficando irritada. Falou o maioral.

— Tipo o que? Pagar "o melhor boquete da escola". – Ele disse debochado fazendo aspas no ar. O que ele tava querendo? Apanhar? Pois ele estava prestes a conseguir.

— Sim. Podemos citar isso também se você deseja. – Falei já com os olhos cerrados.

— Que eu desejo o que? O boquete? – Respondeu malicioso.

— Haha. Não. – Dei uma risada que deixava escapar a minha raiva. – Estou me referindo á lista de coisas que sei fazer. Já que podes mesmo colocar isso em minha lista, pois eu realmente faço muito bem. E muito melhor que todas as putinhas escrotas que você é acostumado a comer. Aliás, elas devem fazer muito mal mesmo. Pois se você recebesse um bom boquete talvez não fosse assim tão otário. – Cuspi tudo dando ênfase em cada parte. Minhas mãos apertavam com cada vez mais força a bancada. Eu poderia até me comportar como uma vadia, ou até ser. Mas ele não tinha moral alguma pra falar isso pra mim. 

— Ah é? E como é que você pode saber? – Aquele sorriso idiota que estava em seu rosto começou a sumir. Guilherme odiava que qualquer pessoa ficasse por cima.

— Por que eu não sou homem, mas entendo muito bem de sexo. E para você ser tão idiota assim precisa ter um motivo né? Esse é um bom.

— Uau. E conseguisse chegar nessa conclusão sozinha, ou aprendeu no seu manual para ser a mais vadia da escola? – Enxerguei claramente como ele esperava me ofender com isso.

— Você realmente quer me menosprezar não é? Mostrar que me acha um lixo. Mas isso não cola comigo. Pelo contrário. – Desci da bancada e fui caminhando devagar até ele. – Consigo enxergar claramente que o único motivo para você tocar nesse assunto, é você querer experimentar "o melhor boquete da escola". – Fiz aspas no ar assim como ele. – Porém eu tenho uma coisa para te contar... O meu único motivo para nunca ter desejado te pegar, é eu te achar um completo babaca! – Acariciei o rosto dele ironicamente.

— Que ótimo! Essa opinião mudou a minha vida. – Falou irônico e tirando minha mão de seu rosto. – Pena que o babaca aqui não sente vontade alguma de experimentar qualquer coisa que venha de ti. Já peguei muitas vadias, realmente. Mas você é a soberana delas. Não vale a pena. – Deu de ombros.

— Falou o cara certinho, comportado e cavalheiro. O orgulho da mamãe. – Disse com uma voz fofa e apertei sua bochecha com força. – Posso ser uma "vadia", mas eu assumo isso. Não ligo para a sua opinião ou a de qualquer outro. Não tento fingir ser algo que eu não sou. E muito menos sou hipócrita. Mas é claro que por ainda existir machismo em pleno século XXI, eu sou julgada.

— Eu nunca fingi nada. Sou assim...

— Cafajeste. Galinha. Sem coração. Mulherengo. Insensível. Frio. – O cortei falando diversos adjetivos sobre sua pessoa. Ele deu uma risada. Só não o acompanhei, pois estava com raiva demais.

— Sim, sou tudo isso. E não escondo de ninguém. Também sou foda-se para a opinião dos outros.

— Então você não tem o direito de me chamar de vadia. Pois você é a minha versão masculina seu otário! – Falei mais alto.

— E você não precisa me chamar de babaca, já que sendo minha versão feminina você também é.

— Você sabe que isso não faz sentido. – Respondi quase cuspindo na sua face.

— Você sabe que faz. – Disse também no meu rosto.

— Você sabe o que faz sentido? A minha mão na sua cara! – Falei sem o deixar responder. Dei as costas, pois já estava com raiva demais.

— Eu tenho dois lados. Qual você escolhe? – Mostrou cínico suas bochechas. – Não tenho medo de ti Summer. – Bufou.

— Pois deveria ter. – Me aguentei pra não pular em seu pescoço. – E sabe o que mais você deveria? SAIR DA MINHA CASA! – Gritei.

— Tudo bem. Mas lembre-se que só to aqui porque você me convidou.

— Obrigada por lembrar. Grande erro. – Falei andando em direção á porta. Ele me seguiu. – Se sinta privilegiado, eu nunca me arrependo do o que eu faço! – Me virei para encará-lo.

— Ah, obrigada Sum! – Guilherme disse com uma falsa voz fofa. E depois riu. – Sinto muito se ficar a festa praticamente toda do seu lado, ouvindo suas tristezas, te dando um ombro pra reclamar da vida, te fazendo companhia e carinho... Não tenha sido bom. – Ficou sério de novo. Por um momento me senti mal. Ele realmente tinha sido legal. – Nada ingrata você amiga. – Mandou um beijinho.

— Idiota. – Abri a porta e ele saiu.

— Tchau Sum. Obrigada pela noite e pelo delicioso café. – Sorriu debochado e virou as costas.

— Ah Gui! – O chamei.

— O que? – Se virou para me encarar. Dei um passo pra frente e acertei um tapa em sua cara. Seu rosto virou com a força, o barulho foi reconsertante para mim.

— Nunca me subestime. Amigo. – Sorri abertamente enquanto ele me olhava com uma cara de surpresa misturada com indignação. – Tenha um bom dia! – Falei fechando a porta antes que ele falasse ou fizesse qualquer outra coisa.


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Notas finais do capítulo

E então pessoinhas, o que acharam desse capítulo?
Como disse no último, reviews são super bem vindos! Críticas construtivas também.
Vou confessar para vocês que realmente sou apaixonada por esses dois, e espero que vocês também se apaixonem conforme forem os conhecendo melhor. Ambos já sofreram na vida, por isso são assim meio descabeçados.
Enfimmmm, adoraria saber o que estão achando.
Beijinhos ♥



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