Era você escrita por JhullyChan


Capítulo 2
Home, sweet home.


Notas iniciais do capítulo

Mais um! o/



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LEGENDA:

Itálico - pensamento

Negrito - sonho/lembrança

...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...

— Kagome? – escutei uma voz distante, como um sonho – Acorde querida. – abri meus olhos e novamente estava naquela sala clara demais para meus olhos. Virei a cabeça na direção da voz e encontrei minha mãe, com o rosto banhado por lágrimas – Oh minha filha! – ela não conseguia falar coisas coerentes, mas as que entendi eram claras demonstrações de carinho. Me senti aliviada por finalmente estar com alguém além dele.

— Mãe, - ela ainda chorava quando olhou pra mim – o que aconteceu? – e para minha surpresa, ou não, ela voltou a chorar.

Olhei ao redor para procurar alguém que pudesse me explicar, mas estávamos sozinhas. Esperei até que finalmente ela se acalmou e seu olhar alcançou o meu.

— Boa noite. – um homem alto, vestindo jaleco branco entrou no quarto – Vejo que a senhorita Higurashi acordou. – ele caminhou até mim e fez um pequeno e rápido exame – Como se sente?

— Fraca, dolorida, faminta e com sede. – respondi o mais audível que minha garganta permitiu.

— Hum... Com fome e sede já é um ótimo sinal. – ele escrevia freneticamente em sua prancheta – Vou solicitar um check-up rápido e você já poderá comer, tudo bem? – confirmei com a cabeça.

— Doutor Li. – minha mãe foi até ele e ambos caminharam até a porta, sussurrando coisas incompreensíveis.

...

Já havia passado uma semana desde que havia acordado. Sim, acordado. Meu pai e o Dr. Li foram os únicos que tiveram coragem de me contar o que tinha acontecido. Ah, mas antes de qualquer coisa, descobri uma coisa ótima – pra não dizer o contrário—, eu perdi minha memória recente. Como descobri? Tomei um susto quando vi Souta daquele tamanho e surtei!

Foi quando eles repararam que algo estava errado.

Passei por outra bateria de exames, psicológicos, de conhecimentos gerais e familiares para ver até onde minha memória ia. Então, eles descobriram que eu esqueci os meus últimos dois anos e meio, mais ou menos. COMO O MEU IRMÃOZINHO CRESCEU TANTO EM TÃO POUCO TEMPO? Sério, ele já estava mais alto que papai! Ok, Kagome, volta! Confesso que as perguntas foram bem chatas, mas eu tentei colaborar o máximo que a minha paciência deixou. Ficar com aqueles catetes, agulhas e afins era agoniante! Por duas vezes eles tiveram que me dar calmantes, porque eu não conseguia colaborar! Era mais forte que eu!

Pelo que eles me contaram eu resolvi ir de carro para a casa de campo dos Taisho. Até aí, tudo bem, pois sempre fiz isso. O problema foi ter começado a chover forte no meio do caminho, um raio ter caído em uma árvore e ela ter caído na estrada.

— As marcas no asfalto indicam que você tentou desviar, mas não conseguiu. A traseira do lado direito bateu na árvore, você rodou na pista e outro carro atingiu justamente a sua porta. Você sofreu traumatismo craniano, quebrou a clavícula, a escapula, o úmero e duas costelas do lado esquerdo, além de ter sofrido várias escoriações. – Dr. Li tentou me explicar.

— Por quanto tempo eu estou aqui?

— Semana que vem completa dois meses. – papai me respondeu. Minha surpresa foi totalmente perceptível.

— Eu estive dormindo esse tempo todo?

— Na verdade não. – o Dr. Li respondeu. E que Doutor!— Suspendemos os sedativos por uma vez, para avaliar o grau da dor e dos ferimentos, mas você reclamou e logo voltou a ser sedada.

— Hun... – abaixei os olhos e passei a observar o estado lastimável que eu me encontrava. Inúmeras talas, tubos e bandagens estavam espalhados pelo meu corpo.

Mas havia uma coisa que me deixava curiosa. Eles não me deixavam olhar no espelho, nem quando o meu rosto coçava! Quando isso acontecia, uma enfermeira vinha, me mandava fechar os olhos e passava algodão umedecido com alguma coisa.

Certo dia perguntei a Souta o porquê de ele não me olhar nos olhos.

— Eu? – ele abaixou os olhos e começou a esfregar o pé no chão. Ok, agora é pra valer, algo está errado. Por que eu acho isso? Simples. Souta e eu não temos papas na língua, principalmente um com o outro. Foi então que passei a pressionar carinhosamente – ou não, eu estou narrando e posso escolher a forma como vocês vão saber!— meu querido irmãozinho, idolatrado, salve salve!, a me dizer o que estava acontecendo. O idiota saiu correndo, dizendo que tinha algo muito importante pra fazer. Mais tarde, mamãe me deu um puxão de orelha por ter feito aquilo com ele. Mimado, filho de uma galinha choca! Espera eu sair daqui!

...

— Nossa você realmente está lastimável!

— Vai ficar parado aí na porta? – aquele cachorro tinha a coragem de vir aqui e dizer uma coisa dessas?!

Ele se aproximou da cama e continuou observando. Puxei sua camisa até que seu rosto ficou na altura do meu. Ele riu de surpresa e meu deu um selinho.

— Isso tudo é saudade? – ele me deu outro beijo, dessa vez na testa e se sentou ao meu lado, fazendo carinho em minha mão.

— Aposto que você está, Inu. – aproveitei a alegria que sentia. Não importava o quão quebrada estava, InuYasha sempre me faria sentir melhor.

— Eu estou e muito! Fui algumas vezes no hospital. Você nos deu um belo susto!

— Nem me fale! – ficamos em silêncio, apenas aproveitando a companhia do outro.

— Sua mãe me disse que você não se lembra dos fatos recentes...

— Sim... – suspirei – Pode me atualizar?

— Claro! Qual a última recordação que você tem?

— Hum... A última coisa que me lembro... – parei e forcei um pouco minha memória – É de Kikyou consumindo toda a minha paciência, não parando de falar o quão feliz ela estava por vocês estarem fazendo um ano de namoro. – ri. Não apenas pela lembrança, mas também pelo fato de InuYasha estar vermelho de vergonha. Ele sempre foi discreto quanto aos relacionamentos. Única coisa que ele era discreto, além da família é claro.

— Tudo bem. Kikyou e eu ainda estamos juntos, e – ele parou escolhendo as palavras – no nosso aniversário de quatro anos pretendo pedi-la em casamento. – meu queixo caiu, literalmente. O InuYasha que conhecia fugia de relacionamentos sérios. O fato de eles estarem juntos até hoje já era um enorme avanço! Casamento então... Kikyou estava de parabéns! – Não é pra tanto Kagome.

— Não é pra tanto?! – dei um soco no braço dele – Perdi muita coisa nesses anos! – ele resmungou, mas já estava acostumado.

— Uma vez ogra, sempre ogra. – sorri.

— Continue. – e ele falou por um bom tempo.

Algumas coisas não me surpreenderam muito, pois já desconfiava que aconteceria. Como por exemplo, o fato de Sango e Miroku estarem juntos e terem tido gêmeas, quando juravam de pés juntos que não se gostavam. Mas uma em especial me pegou de surpresa.

— Kagome? – InuYasha balançou a mão na frente do meu rosto. Sacudi a cabeça e o olhei desconfiada – Não, eu não estou brincando.

— Eu não posso estar namorando! Eu nem me lembro desse tal de Ban-alguma coisa!

— Banryu Bankotsu! – ele me corrigiu – É isso que a amnésia faz, sabia?! Apaga a memória, tira as lembranças...

— Quer outro soco?

— Você nunca me perguntou antes. – ele coçou o queixo – Estou achando que você ainda tem esperan... Ai! – ele esfregou o braço – Retiro o que disse! Mulher doida! – respirei fundo.

— Então, quem é esse tal de Banryu? – ele levantou a sobrancelha.

— Interessada?

— Não, imagina! Só estou tentando puxar assunto. – disse entre dentes. Ele gargalhou e bagunçou meu cabelo. Oh mania infeliz que ele tem! Nem parece que eu sou um ano mais velha que ele.

— Atrapalho? – olhei para a porta e vi Sesshoumaru encostado no batente. Estendi minha mão direita, chamando-o feito criança. Ele deu um meio sorriso e veio até mim. Ignorei as dores e o abracei – Não vale chorar.

— Já era! – ouvi InuYasha.

Realmente, já era, pois eu já estava chorando. Aqueles dois eram a minha base, meus amores, meus irmãos. InuYasha era o meu irmão caçula, implicante, infantil e imaturo. Sesshoumaru era o oposto dele. Qualquer sabedoria, maturidade ou responsabilidade que eu possuía, havia aprendido com ele. Eles eram opostos, mas me completavam.

Fiquei alguns minutos ali. Quando me afastei, percebi que eles conversavam pelo olhar. Será que um dia eu chego nesse nível? Sempre invejei a cumplicidade dos dois, por mais que eles brigassem, eram inseparáveis à maneira deles.

— E como você está? – Sesshoumaru me perguntou.

— Bem... Eu acho. – fui sincera. Mentir para aqueles dois, nem rolava.

— Ela ainda não acredita que está namorando o Bankotsu! – InuYasha deu uma risada no final. Sesshoumaru olhou para mim e eu estava emburrada.

— Quer que eu te conte como foi que vocês se conheceram? Esse traste não vai saber te explicar direito.

— Feh! – InuYasha reclamou, mas tinha que concordar com Sesshy.

Sim, morra universo! Só eu tenho os irmãos mais gatos e posso chama-los do jeito que quiser que eles terão que aceitar!

...

— Então, vamos ver se eu entendi bem. – parei para tentar colocar as ideias no lugar – Sesshy me apresentou Banryu a um tempo atrás, esse cara já era apaixonou por mim e fazia cinco meses que nós estávamos namorando? Certo? – perguntei.

— De forma resumida, sim. – InuYasha disse com indiferença.

— Ignore o traste. Ele ainda não se acostumou de ter que dividi-la.

— Estou me sentindo um objeto. – reclamei.

— Já deveria estar acostumada. – InuYasha chegou perto de mim e deu um beijo em minha testa – Tenho que ir! Prometi que levaria Kikyou ao shopping. – ele respirou fundo e eu ri – Ela pediu para avisar que virá com as garotas no sábado.

— Sim senhor! – pisquei em sua direção e ele saiu.

— Agora é sério. Como você está? – Sesshy me encarou como se conseguisse ler a minha alma. Não duvido que consiga!

— Confusa, mas bem. – ele mudou de lugar, se sentou ao meu lado e eu pude me recostar nele.

Ele me abraçou. Comecei a brincar com a mão esquerda dele e dei um grito.

— O que foi mulher? – ele se afastou. Apontei para a aliança em sua mão esquerda.

— COMO VOCÊ ESQUECEU DE ME CONTAR ISSO?

— Eu não esqueci, só estava te dado um tempo para digerir o que já ouviu hoje.

— Desembucha! – exigi – Rin?

— Sim. – ameacei falar, mas ele não permitiu – Sim, você foi a primeira pessoa que nós pensamos para madrinha e Rin vai trazer toda a parafernália do casamento para te mostrar.

— Eu não acredito que eu me esqueci disso! – fechei os olhos e expressei toda a minha desolação.

...

— The Prestige! Por favor! – meus olhos brilharam enquantoSouta me encarou.

— Ah não, pela milésima vez, não!

— Por favor! – fiz bico – Pela sua irmãzinha inválida que está dependente de você para distraí-la.

— Estou me sentindo um mordomo/bobo da côrte. – ele foi até a estante e passou a procurar pelo meu filme favorito.

Tentei me acomodar melhor. Poucas almofadas para muita Kagome quebrada.

— Depois quero te mostrar um filme, que na época que você assistiu, disse que havia entrado para o seu Top10.

— Qual o nome?

— Pacific Rim.

— Hum... – forcei novamente minha memória, contrariando o que minha psiquiatra disse – É, eu realmente não lembro.

— Não tem problema. Vai ser legal ver suas reações novamente! – ele piscou para mim e se sentou ao meu lado.

...

Passamos o dia todo assistindo a filmes, intercalando entre os que eu mais gostava com alguns mais recentes que Souta insistira em me mostrar. Quando mamãe chegou do supermercado – porque ela havia esperado por papai para eles virem juntos de carro— e nos encontrou largados no sofá, ela colocou ordem na casa, sobrando até pra mim. Tive que ajuda-la a conferir as compras, sentada desconfortavelmente em uma das cadeiras de madeira da cozinha, gritando os itens da compra e vendo mamãe andando pra cima e pra baixo com várias sacolas.

...

Estava tentando mexer no notebook, coisa que parecia impossível de ser feita usando apenas uma das mãos!, quando ouvi batidas na porta. Levantei a cabeça e dei de cara com Shippou.

— Meu Deus! – não consegui disfarçar minha surpresa. Enquanto Sesshy ou Inu não haviam mudado em absolutamente nada, minhas crias mais novas, entenda Souta, Kohaku e Shippou, me surpreendiam cada vez que um ia me visitar – Parem de crescer! Estou me sentindo uma idosa! – o abracei o mais forte que pude.

— Você está bem forte para uma idosa, mana. – por estarem juntos, e infernizarem minha vida quando mais novos, os três porquinhos me chamavam de mana. Sim, porquinhos porque era uma luta dar banho neles!

— Obrigada! – ajeitei os óculos e o olhei atentamente – Então, como mamãe já te avisou, eu perdi a memória e blá blá blá. – já estava cansada da mesma ladainha. Shippou riu, puxou a cadeira da minha escrivaninha e se sentou com o recosto entre as pernas.

— Sempre esquentadinha.

— Só tem uma coisa que me acalme e você sabe disso. – estalei a língua.

— Claro que sei. Por isso que tem um pote de sorvete de creme com chocolate no seu congelador. – ele apontou para as escadas e eu arregalei os olhos.

— COMO VOCÊ OUSA VIR ATÉ MIM E NÃO TRAZER ESSE MANJAR DOS DEUSES? – ele gargalhou e saiu do quarto.

— Estava com saudades dessa Kagome. – Shippou disse assim que entrou no quarto com o sorvete e duas colheres.

— Como assim? – disse enquanto aguardava ansiosamente que ele abrisse o pote.

— Desde que se mudou pro Centro, você passou a ser mais madura, menos brincalhona. – ele encheu a boca de sorvete. Engasguei.

— Como assim me mudei pro Centro?

— Sim, faz alguns meses, não sei ao certo. – coloquei uma colherada generosa de sorvete em minha boca. Então eu finalmente consegui comprar meu próprio apartamento. Isso ninguém me falou!

— Mas hey, - chamei sua atenção – ainda te amo, meu pequeno porquinho. – apertei sua bochecha esquerda, balançando seu rosto de um lado para o outro, falando com voz de criança, o obrigando a sorrir.

Passamos um bom tempo conversando, até que Souta apareceu e eles ficaram jogando no meu quarto, enquanto eu dava pitacos.

...

Mas o quê...? Estava em um quarto, onde em uma parede estava pendurado um enorme mapa-múndi. Ouvi risadas e a coisa mais louca aconteceu. Eu me vi. Não como em um espelho, mas como se estivesse assistindo a um filme.

— Você tem certeza disso? – ouvi minha voz saindo daquela eu.

— Claro! – um rapaz, com cabelos negros e olhos azuis parou ao meu lado e nós ficamos olhando para o mapa. Aquela cena era nova, porém com um gosto de déjà vu. Senti quando alguém se aproximou de mim, era ele.

Esperei alguma pergunta ou simplesmente um comentário, mas nada veio. Voltei a observar a bizarra cena.

— Índia! – me vi espetando uma tachinha com cabeça vermelha no local.

— Primeiro Austrália, por favor. – o rapaz se aproximou e colocou outra tachinha.

— Não! – ouvir minha própria risada é absurdamente estranho— Vamos para mais perto, depois mais longe.

— Vamos depois. – ele riu e logo foi iniciada uma pequena confusão de mãos se movendo em várias direções no mapa e argumentos sendo usados.

Era desconfortável me ver daquela forma, tão feliz e descontraída, com alguém que não reconhecia.

— Ai!

— Desculpa! – a outra eu riu e segurou o dedo do rapaz – Desculpa Ban. – BAN?

— Só desculpo com duas coisas. Um band-aid e um beijo. – observei o casal sair do quarto.

Percebi que ele também havia me dado as costas.

— Aonde você vai? – perguntei girando em sua direção. Ele apenas virou um pouco a cabeça, mas pude perceber que ele estava sorrindo.

...

Acordei assustada. Minha franja estava grudada na testa, de tão suada que estava. Será que isso foi realmente um sonho? Me levantei e tentei chegar até a janela. O ar gelado do final de outono me acalmava. Observei as árvores dançando com o vento e lembrei seus olhos novamente. Sempre o mesmo cara. Balancei um pouco a cabeça e tentei voltar a dormir.


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Notas finais do capítulo

E cada vez mais vamos descobrindo o que aconteceu com a Ka >.< #OhCéus
Dúvidas? Sugestões? Críticas? Me manda um comentário! *--* Vou adorar ler todos! :*



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