O anjo que goza. escrita por Farias Magalhães


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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O ANJO QUE GOZA 

Bibury, uma erma aldeia e paróquia civil assentada no condado de Gloucestershire, que é pequena e pitoresca como o próprio nome, foi palco de mais um escândalo, cujos detalhes calhordas não ganham tanta repercussão quanto os que nos chegam da corte, mas que são de igual infâmia e ultraje moral.  

Havia muito o clérigo Erik espreitava as belezas jovens da província, malgrado seu semblante resignado e exemplarmente germânico que inspirava nos camponeses o arquétipo da retidão, era ele um homem arrebatado, de paixões que iam de traquinas à perversas. Quem o visse, a celebrar a missa, a ministrar hóstias, não desconfiava ali um devasso, e no entanto, o sacerdote há algum tempo achava-se, por assim, dizer, em contravenção, ao absorver-se nos encantos de certa figura.  

Nunca uma bacante agitou tão violentamente seu tirso em louvor de Dioniso, nem cantou naquelas partes odes mais vigorosas ao vinho do que a Senhora Xavier, irascível mulher, dada ao folguedo e à folia, cujo marido, pobre diabo, empenhado em negócios de lotes, ao desencarnar, deixou herança com que ela patrocinasse suas pândegas. Não tardou para que também tivesse sua alma recomendada, aos céus  —ou à satã, quem o sabe? —em virtude de sua conduta regada à prazer etílico que facultou-lhe chaga mortal ao fígado. Do agregado turbulento que fora este matrimônio, nascera, contudo, Charles, quem ficou deixado à orfandade aos cinco anos de vida. Um general viúvo chegado de Hampshire, que não ignorava a procedência escandalosa da criança, resgatou-lha daquele desarrimo e tornou-se o seu benfeitor. O general Logan Howlett não era bem conhecido por sua cortesia, tampouco a paciência constituía algum de seus orgulhos, ele criara o jovem Charles, decerto, mas sob maneiras tão inflexíveis de modo que aos dezesseis anos queria o rapaz abraçar o desengano, desejando cancelar, de uma vez para sempre, a descendência indecorosa dos Xavier. Chegara a suspender-se de uma corda em certa ocasião, fora, todavia, sabotado nesta execução miserável por um agricultor que denunciou sua arte ao general, quem logo correu a dar-lhe uma sova a qual contruibuíra senão para incendiar ainda mais seu anseio pelo jazigo. Charles era um moçoilo de preferências delicadas, cultivador nato de ideias que as leituras em  Mendel, sobretudo, embalavam; era totalmente avesso à natureza matuta do general Logan e da população interiorana, em geral; achava o primeiro um grosseirão e detestava-o. Achando-se cercado de campo, animais e homens pacatos, o leitor pressente que nada há para um jovem como ele desejar senão a forca, e é precisamente aqui, como verificar-se-à, que nessa corrente o nosso monge de índole obscura ganha todo o seu propósito.  

Ora, ás dezesseis primaveras, Charles encontrava-se no zênite de sua graça; naquela hora em que a pubescência é para a beleza o que o sol é para as flores: a primeira aquenta a segunda e expande-lhe as cores. Possuía uma beleza em tudo amável, virgínea, se bem que opressa, de formas suaves, que lhe delegavam duplamente, dessarte,  a simpatia dos humanos mais sensíveis e as atrações sensuais dos mais degenerados. Há muito que, desde sua chegada ao vilarejo, cobiçava-o o reverendo Erik Lehnsherr, cujo sobrenome, como se pode acertadamente presumir, sugere proveniência estrangeira. Natural de Düsseldorf, era um homem de compleição correta, demasiado proporcional e bem constituído. Possuía um rosto de graves angulações e cuja testa era protuberante, os olhos, contudo, eram límpidos e conservava sempre aparência muito asseada e cínica. Como quisesse o general inserir Charles na vida eclesiástica, este frequentava a capela assiduamente, conforme os sistemas de seu benfeitor, quem em mocidade houvera, ele próprio, experimentado lições do presbitério. Estava prestes a tornar-se padre quando fora, todavia, conjurado para outro destino; sabia celebrar uma missa qual um arcebispo, motivo pelo qual podia gabar-se, e assim faz-se evidente que muito recomendava a educação cristã ao jovem Charles. Diariamente, este remetia-se, à certo contragosto, ao mosteiro da vila, onde tornou-se objeto dos extravios do reverendo Lehnsherr.  

Por vezes o padre observava-o nos interiores da abadia, à princípio em condição de acaso, posteriormente, o corpo delicado, a tez nívea e os lábios obscenamente róseos do mancebo —elementos tais que julgou configurarem um excelso banquete—, conduziram Erik a procurá-lo, e como representasse essa atração uma rebeldia contra sua existência prolixa, Charles abandonou-se à paixão do monge, cuja viripotente compostura, não negava, agradava-o soberbamente. Após o amém das missas, Charles passara a deixar um pequeno pano de linho sobre o banco, como que por acidente, o qual Erik ia urgentemente colher, quando não o percebiam, e assim davam-se as suas correspondências. Reduzindo-se aos seus aposentos, Erik inalava-os, adulterava-os com sua fantasia, que, malgrado a pressuposta santidade de sua posição, fomentava com delírios de toda sorte; Seu semblante alterava-se absolutamente nesta operação voluptuosa, tornava-se rubro e vesano: o moderado clérigo alemão metamorfoseava-se num jovem Marte, "pois aonde Deus estabeleceu sua igreja, ali também colocou o diabo a sua capela", sabia-o Lutero. Sua imaginação urdia uma miríade de corruptelas ideais, faltava-lhe somente a ocasião para executá-las. Adorava Charles, desejava-o com excessos, porém sabia que era necessário adular um pouco o senhor de quem se deseja depravar o filho, e logo ocorreu-lhe um ardil estratagema. 

Tão logo pôde penetrar a habitação do general Logan com conversas adoçadas sobre a lavoura e tornar-se conhecedor dos seus hábitos de caça, Erik adquiriu de um cuidador que conhecera e de ótima reputação, meia dúzia de patos selvagens indulgentemente nutridos e espalhou-os pelo bosque de Bibury. Seguro de que os animais distavam de, pelo menos, 30 jardas entre si, foi, dissimulado como de praxe, comunicar a nova ao general. Ao abrir-lhe a porta, o  senhor Howlett cumprimenta-o com os seus modos pouco polidos que, contudo, expressam genuína satisfação em vê-lo. 

—Reverendo Lehnsherr, quê negócios pretende o senhor para comigo e Charles nesta manhã?—Disse-lhe o quinquagenário, ao que devorava um naco de melancia e cospia os caroços algures. A menção de Charles assombrou-lhe, todavia, tratou de disfarçar essas impressões com o semblante mais sossegado que pôde, como convém a um emissário da igreja. 

—Temo que vós não me creiais, porém soube de um amigo caçador, habilíssimo no seu desporto e por ele muito laureado, que há patos selvagens robustos, e, diga-se de passagem, bastante promissores na região.—Responde-lhe Erik, com um pequeno riso de sua boca fina, mas guarnecida de uma dentição excepcionalmente ampla, á guisa de um jovem lobo. Procurava prover sua conversa de razões gentis sobre caça e patos, mas adivinho que não era bem nisto que pensava. 

O general devolveu-lhe o costumeiro olhar de desconfiança. 

—Há anos que não encontram-se patos aqui, deveras. Se não fôsseis homem de Deus, teria aí mais um motivo para pensar que queredes levar-me pelo nariz! 

—De modo algum quero engabelar-vos. Vede, e diga se não pertencia á um pato selvagem, com efeito. —demasiado engajado nesta artimanha, o padre saca de seu bolso uma pena lisa e de tons castanhos; é o bastante, como previra, para objetar o ceticismo do Senhor Howlett e subjugar-lhe a teimosia. 

—Agora conversamos!—Proferiu, ditoso, o general apreciando a pena entre as mãos, entrementes, convocando o padre para entrar. 

Era típica habitação campesina, frugal, e não por isto menos confortável. Entre as paredes revestidas de madeira conduzia-se ali uma existência mansa, morosa, ao sabor das expirações bochornais da lareira estabelecida na sala de estar, a qual ocorria de tornar-se também a sala de jantar.  

—Charles, temos visita! Vinde e traze o chá!—O general conjurou a jovem beleza.  

Quando Charles assomou na reunião, Erik achou-se demasiado introverso naquilo que julgou ser um anjo de Deus. O rapaz treme sob as influências do seu olhar inflamado, receoso de derrubar o bule no percurso até os senhores. 

—Sente conosco.—encoraja-o o general, e o mancebo não ousa contrariá-lo: senta-se entre o padre e o seu benfeitor, une as pernas, mordendo os lábios de um rubor absurdo. 

—Aproveitando o ensejo, padre—diz o Senhor Howlett, voltando-se ao reverendo e dispondo o chá nas xícaras,—Como tem prosseguido Charles nas lições catequéticas, é muito aplicado? 

O jovem volve à Erik os olhos garços que, conquanto largos feito pratos, pareciam apresentar sempre aspecto melancólico. O clérigo examina-o com o modo cínico que conferiu-lhe o caráter, e profere animosamente o seu diagnóstico:—É um dos mais proficientes alunos, isto é consenso entre quase todos os pontífices, os que não concordam é porque não o viram ainda debruçado sobre a hermenêutica das escrituras. O senhor acharia-se mui orgulhoso ao vê-lo recitar Virgílio, o faz em latim e com providência. 

—É excelente sabê-lo, reverendo. Desde que coloquei-o sob minha tutela penso em educá-lo não nas leis naturais ou nas leis dos homens, mutáveis e suscetíveis ao engano, mas nas leis de Deus, divinas e eternas.—exprime o general, haurindo o conteúdo da xícara muito satisfeito consigo,—mais chá, vigário? 

Erik consente e ambos prosseguem com os assuntos de caça. O padre, sempre que oportuno, exorta-o, de maneira oblíqua, a conferir os marrecos, ora preconizando a qualidade dos animais, ora lisonjeando o Senhor Howlett por sua aptidão desportiva, até que este cede aos seus incentivos. Tomando posse de sua velha carabina, o general sai à caça nos bosques de Bibury, Erik faz que o acompanha, porém, muito dissimuladamente, contorna a casa e assalta a porta inferior que conduz à cozinha, onde Charles acha-se empenhado á guisa de uma ninfa doméstica. 

O anjo não se dá conta e o sátiro toma-o desprevenido pelas costas. Ele aspira sua macia cabeleira e, amassando-lhe o corpo delicado e púbere, profana tudo quanto está ao alcance das mãos, qual um desgraçado que, há muito faminto, é agraciado com um banquete. Ao que se houvesse substituído pelo sangue nas suas veias, lava corrente, Erik tornara-se rubro, até mesmo seus cabelos arruivados pareciam ter se abrasado e contraído tom mais fúlgido. Qual um deus furibundo e caprichoso, tudo nele bramia ímpeto e o desejo de gozar a sua paixão adolescente.—Ele ausentou-se, é ocasião de darmos cabo ao que, ambos sabemos, nos é irresistível, meu anjo,—aperta-lhe o pálido regaço, seus lábios contorcendo-se num esgar feroz—meu amor, meu passarinho de neve, como vos adoro! Nada impeça! 

Charles, vacilante, retorque:—E se o meu senhor retornar...—Erik depõe-lhe sobre a face ósculos afetados—Ah! Quê será? 

—Não o fará tão cedo, encontra-se bem atarefado, assevero-vos. Charles, sois jovem, e eu sou jovem, gozemos as ledices da vida, pois não há outra! Amemo-nos!—Dizendo isto, aperta-lhe a cintura de modo tal que, qualquer hesitação que presidisse os pensamentos de Charles, fora logo resolvida. 

O rapaz conduz o amásio ao seu discreto cômodo, o qual conquanto comportasse não mais que um estreito leito, uma cadeira, uma mesa, e sobre esta papéis e velas consumidas, representava, no julgamento de Erik, a ermida exemplar para os atos de idolatria que pretendia cometer. Uma pálida luz oriunda da janela estendia-se pelo quarto e ficava à vontade, como que compelindo-os a avançar em seus procedimentos sensuais. Erik verga-o ante a estrutura da mesa, e despe-o com um desvelo religioso o qual ultrapassaria o dos apóstolos, pois é bem verdade, que se houve no mundo uma religião á que o monge devotou-se genuinamente, esta religião denominava-se beleza. Charles, ao ter exposta sua intimidade, oscila, e que saudável melodia compõem os suspiros que emana docemente...Erik, após extrair-lhe beijos da boca pequenina, desce aos seus pés e beija-lhe também o interior das pernas e joelhos. Ao sentir cócegas, a jovem beleza acha-se assim dividida entre o prazer e o gracejo nesta agradável reinação.  

O reverendo Lehnsherr, homem oblíquo, passeia com as mãos suavemente sobre as carnes tenras, delongando-se na extensão torneada de suas pernas. O anjo freme,—Erik, quê fareis comigo?—volvendo a langue expressão ao assediador, quem interrompe-lhe com beijos de fogo, a abandonarem-lhe os lábios com um estalar. O seu amante religioso aperta-lhe as delicadas ancas e confidencia na pálida profusão em que consiste o encontro de seu colo e pescoço.—Imagine, Charles, que a vossa boca é um outro lugar...—dito isto, Erik desce o rosto por costas flexíveis, enquanto entrega o jovem ás suas inocentes conjecturas. Ele ajoelha-se, e após beijar-lhe os graciosos pés, eleva-se ás suas nádegas e as captura com dentes feros.—Ah!—Charles palpita e, para seu abalo arquicompleto, Erik as separa, encontrando ali sua pequena rosa, rúbida, recôndita e alvoroçada. O alemão a provoca senão com seu hálito incandescente, vendo-a apertar e expandir sob sua influência. A beleza bretã constrange-se, todavia, não tarda para que ceda à satisfação produzida por  este delicioso atrevimento. Quando Erik beija-a ali, desfaz-se em gemidos, e um suspiro teimosamente cativo desprende-se-lhe dos lábios e percorre, como um tremor, sua tez de neve e já cálida. Charles é todo vermelhidão e desejo.  Erik acha-o delicioso assim e prossegue penetrando-o com uma língua perita, dificultando para o jovem a tarefa de conservar-se em pé. 

Erik devora-lhe, sem reservas, aparando-lhe a alva maciez das nádegas com duas amplas e firmes mãos. Charles encontra-se em ponta dos pés, vibrátil, arquejando gostosamente contra a língua que o invade feito uma adaga calcinada. Sua cintura move-se, langue, qual uma vaga indolente, contra o rosto do monge, encorajando-o,—Oh, Erik! Mais!—suspira, e o seu amante prontamente obedece, desfolhando-lhe com revigor o pequeno botão rosicler que contrái-se urgentemente ao sabor das investidas. Charles vira seu perfil níveo e fogoso para deparar-se com o alemão que embaixo o assedia. Ao vê-lo rir-se devassamente e com seus muitos dentes naquele empreendimento, Charles pensa-o um predador despótico, ultrasensual, e esta idéia o arrebata. Extasiados sons o deixam ruidosamente numa cadência alucinógena a seduzir os sentidos de Erik, quem torna-se desatinado e cessa sua operação libidinosa, levantando-se, antes, com um último aperto vigoroso nas nádegas da jovem beleza. 

Ele desfaz-se do seu hábito, apresentando-se em toda sua harmonia máscula e proeminente. Dizer-lhes que Charles sucumbia aos afetos de um exemplar medíocre seria agir mui desonestamente, Erik era, para afirmar com justeza, um homem belo e, como dantes fora dito, feito à semelhança de um jovem Marte, que haveria de deleitar amantes soberbamente.  

—Deite-se.—ele ordena. E Charles, a aguardar-lhe, estira-se no leito preguiçosa e voluptuosamente como a própria lua, os dedos contornando a circunferência dos seios. Ao ver aproximar-se de si seu amásio, cujo falo é uma haste orgulhosamente erguida, Charles vibra de excitação e dir-se-á que com algo de medo: cada fibra de seu jovem corpo é conflagrada por esta energia erótica, até que tudo tenha tornado-se torpor, lassidão e cintilância. Erik, contudo, debruça-se sobre sua pequena Vênus e, ao aventurar-se nos seus cabelos, causa nela o gracejo.—Dá-me beijos desta boca pequenina.—Pede Erik, e ao que Charles permite, os amantes entregam-se a ósculos ardorosamente. No calor daquela afetação, ele penetra a jovem beleza com um falo urgente, e esta, assim, rende-se a uma deliciosa agonia. Paulatinamente, Erik rompe a resistência da apertura virgem, Charles suspira, e, acostumando-se, sente toda a extensão da viripotência do monge apoderar-se de si. O padre, com o perdão do trocadilho, não fez-se rogado e consumiu os rins da criatura, até esta achar-se como em febre. Ele sabia que era esta uma atitude condenável e que deveria ser enviado á forca — ou ao inferno?— mas não iria alhures sem antes estirar todos os músculos de seu desejo. Não enquanto detesse Charles arquejante a abrigar gostosamente o seu falo, qual um perfeito receptáculo. Não enquanto aquele anjo ufano lhe colhesse o caralho entre mãos e lábios, e em seguida o cavalgasse, elevando-se e descendo, em amorosa gangorra. 

—Meu pássaro de neve, me recebeis tão bem, tão gostosamente.—Erik divaga ao observar Charles cavalgando-lhe o falo, quem, embora virgem, tão hábil era nas artes do amor que dir-se-á que ele nascera para amar e ser amado. Nunca a beleza de Charles fora tão irresistível, e ela abismava-se na alma de Erik como uma verdade dolorosa, arrasando-o, enquanto o alemão testemunhava estupefacto o nascimento daquela vênus de dezesseis anos, que extraía-lhe indizíveis prazeres até gozar, num chafariz de perlas. 

Quando Charles deitou-se ao seu lado, exausto e vencido pela lascívia, Erik questionou-se em pensamento como era possível caber tanto desejo em um corpo tão pequenino? Como era possível que fosse a chave para um prazer que ele jamais desvenda? Charles, contudo, o abraça, fazendo do amplo peito de seu amásio uma morada confortável e confidencia-lhe, tímido:—Erik, por favor, tire-me daqui. Meu senhor é um grosseirão e já não o tolero, nem a campa, nem esses homens cujos filhos rolam no feno como seus próprios animais e misturam-se à essa paisagem eternamente enfadonha. 

—Fugiremos amanhã—Erik põe-lhe a par de seu plano, e os olhos de Charles acendem-se ante áquela nova esperança—Tenho um bom cavalo e algum dinheiro, não é muito, mas podemos conduzir uma vida sem extravagâncias durante certo período até que encontremos novas ocupações. 

—Oh, Erik!—Charles olhou-o admirado, como se representasse um santo.—Podeis cultivar...Não o sei! Uma horta?! E algum rebanho, gostais de ovelhas, não?—Charles desatou a planejar subitamente animoso, os seus olhos garços hirtos de sonho.—E bem, eu...Eu posso... 

—Poderíeis finalmente dedicar-vos ao estudo da biologia, como desejáveis.—Disse-lhe Erik, acariciando-lhe ternamente o rosto. 

—Por mais que eu a adore, a biologia não nos sustentará...Precisarei de um ofício, Erik. 

—Não vos preocupeis com isto, deixai que eu me encarregue inteiramente disto enquanto estudais. Na corte se dá muito mais valor ao conhecimento do que nessas terras ermas, se vos empenhardes nesse estudo, vos tornareis, seguramente, muito valioso.—Beijou-lhe o topo da cabeça.—Amanhã. 

Charles volveu-lhe olhos esperançosos, a sorrir, repetindo:—Amanhã. 

—Schöne träume, schatz. Du gehörst mir.—Erik murmurou entre suas suaves melenas. 

Os amantes cerraram os olhos, e nunca mais os abriram, nem amanhã jamais chegou. Pois quando o general chegara da caça e encontrou-os entrelaçados no leito após cometerem seus atos de sodomia, a raiva e o repúdio lhe assaltaram. Ao ver o filho abandonado a suas satânicas e impúdicas paixões nos braços do padre, quem já não reconhecia, por sua devassidão tê-lo desfigurado, o general irou-se e, munido de sua carabina que lhe era ainda quente nas mãos, assassinou-os ambos enquanto dormiam. 


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Notas finais do capítulo

Por quê eu escrevi isso? Só o tempo está habilitado a dizer...



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