— POV'S Milena: 

07:30 

Acordei atrasada novamente, espreguicei-me e abri as persianas brancas, fazendo a luz do sol bater fortemente em meu rosto. Dei um pulo da cama após ver o horário no visor do meu celular, prendi o cabelo em um coque frouxo e mal-feito e adentrei o banheiro. Olhei-me no espelho e respirei pacientemente, encarei meu rosto no espelho branco e alguma coisa estava errada. Não me importei tanto assim, afinal eu estava mesmo parecendo um zumbi.

Abri lentamente uma portinha que havia no espelho, onde eu guardava objetos de higiene pessoal. Escovas, hidratantes, produtos para cabelo, sabonetes líquidos. Em fim, tinha tudo ali. Puxei um sabonete líquido para o rosto e li o seu rótulo, enxaguei meu rosto e passei-o, segundos após, retirei. Continuei com minha rotina matinal por mais alguns minutos e retirei meu pijama cuidadosamente, pondo em uma cesta de roupas sujas ao lado da pia. Pus no celular a minha playlist favorita e adentrei o box do banheiro. 

Encarei o chuveiro e pensei duas vezes antes de tomar banho de água fria. Acabei decidindo enfrentar esse amedrontador banho gelado mesmo. Eu cantarolava as músicas que tocavam para esquecer um pouco daquele frio, passei todos os produtos de higiene que precisava, vesti meu roupão e sai do banheiro, puxando o celular do apoiador em formato de gatinho que eu tinha no banheiro. 

Abri meu guarda-roupa (N/A: Closet né não, querida?! -.-) e puxei uma das gavetas onde estavam minhas roupas íntimas, escolhi uma qualquer e joguei-a na cama. Peguei cuidadosamente a roupa que eu havia escolhido no dia anterior e também coloquei-a na cama. Vesti-me rapidamente e logo após sentei numa cadeira em frente a meu espelho em forma de coração, onde eu gostava de me maquiar. Passei uma maquiagem qualquer e pus os brincos, anéis e pulseiras com cuidado, penteei os meus cabelos com uma escova dourada que ganhei do meu pai (que quando viajava, me mandava presentes), amarrei-o e pus um lacinho preto. Observei por um momento a imagem do meu pai, da minha mãe e minha quando pequena, beijei minha mão e passei no retrato, pegando minha bolsa e descendo as escadas para tomar café. 

Minha mãe, de quem eu nem falei até agora, se chama Gabriela. É uma mãe cuidadosa, gentil e um pouco super-protetora. Deve ser porque eu sou sua única filha. 

—Bom dia meu amor! - disse-me mamãe com entusiasmo, enquanto tomava mais um gole do seu chá. 

—Bom dia mamãe! - abri um sorriso sem mostrar os dentes, e sentei-me numa cadeira a sua frente. Comecei a checar minhas redes sociais, que não eram muito movimentadas. 

Fatiei dois pedaços de bolo e pus café numa xícara, enquanto eu e minha mãe comíamos, eu resolvi perguntar: 

—Mamãe, o pai disse quando chegaria de viagem? 

—Sim! - minha mãe abriu um grande sorriso. -Ele prometeu que estaria aqui amanhã e disse que está trazendo aquele livro que você pediu. 

—AI QUE ÓTIMO! - disse alto, pois era um livro que eu esperava à meses. Mamãe gargalhou, levantou-se da mesa, pegou sua bolsa, me deu um beijo da bochecha e partiu para o trabalho, me dando um último bom dia. 

Também já tinha terminado de comer, guardei meu telefone na bolsa, e pus minha louça suja na pia. Eu sempre ia de carona com a Bia para a escola, ela fazia questão de me levar. Ouvi a buzina do carro dela e sai de casa, avisando a empregada que já estava de saída, dei um bom dia a ela e fui embora. 

Bia estava radiante e toda rosa, ela amava rosa e parecia uma Barbie, enfim, uma combinação perfeita. Entrei no carro e ela me olhou com os olhos brilhantes e se abanou dizendo: 

—Ai, minha filha cresceu, que orgulho! 

Eu ri da sua expressão e me sentei no banco do carro. Ela mexia no telefone enquanto eu olhava pela janela. Conversávamos coisas aleatórias. Tiramos algumas selfies, onde eu não quis sair de jeito nenhum, mas fui obrigada. 

Chegamos na escola e nós descemos do carro. Bia deixou algumas instruções para o motorista, entrelaçou seus braços com o meu e nós entramos na escola, rindo e conversando. A risada da Bia era alta, fazia chamar atenção e toda vez que ela ria exageradamente eu dava um tapa em seu ombro e nós riamos mais. Procurei um banco em meio as rosas que haviam no pátio da escola, e sentei sozinha por uns instantes, Bia havia ido comprar um suco. Após alguns segundos de plena tranquilidade, a megafone chegou, sentou-se do meu lado e começou a me contar. 

—Sabe o Eduardo Thompson? Aquele do 3-B. - ela me disse animada. 

—Sei sei, aquele que anda com o Felipe Thomas, que também é do 3-B. Os idiotas, cafajestes e populares da escola. - disse com desgosto. 

—Ai Mili, para com isso. O Eduardo é um gatinho, e você sabe que eu gosto dele desde que a pochete saiu de moda. - resmungou com desgosto.

—Tudo bem Bia, pode falar, estou te escutando... - falei revirando os olhos.

—ELE ME DEU O NÚMERO DELE! ME SEGURA! - falou se abanando novamente. 

—Beatriz, você sabe que ele é pegador, não é? Sai com todas dessa escola. -disse lendo um livro eu havia acabado de pegar.

—Sei, mas comigo pode ser diferente. - ela falou com a voz falha e de cabeça baixa. Olhei para ela com um sorriso no rosto, abracei-a e sussurrei um boa sorte inaudível em seu ouvido. Ela me apertou um pouco e depois me soltou após ouvir o sinal tocar. Eu podia jurar se senti alguém me secando enquanto conversava com a Bia, mas deixei para lá, devia ser só impressão mesmo. 

Entrei no 3-A e sentei numa cadeira, na fileira do meio, ao lado da Bia. Hoje a primeira aula era de matemática, então tirei meus livros, cadernos e calculadora da mochila e pus na mesa. Até a Srta. Maggie chegar. 

Isso já virou rotina...