Capítulo 46

7 de março de 2005 - PDV da autora

Logo após o final das aulas daquele dia Edward vai ao hospital procurar Carlisle. Entra sem ser anunciado ou pedir licença e vai direto ao escritório do pai. Abre a porta num rompante, mas Carlisle não se surpreende, pois já havia pressentido a presença do filho antes de ele chegar até a sua sala:

— Oi filho, você por aqui? O que aconteceu?

— Eu preciso de seu carro emprestado - diz Edward encostando a porta atrás de si.

— Sim Edward, claro que empresto; mas você tem o seu próprio carro porque precisa do meu?

— O meu está com pouco combustível e eu não quero parar para abastecer.

— Meu filho, o que está acontecendo você está mais exaltado, sente-se e 'respire' – a testa do médico se franze de preocupação com o rebento.

— Pai eu não posso perder o controle perto dela.

— Perto de quem?

— Você sabe... a filha do chefe Swan, Bella.

— Bella, o que ela fez?

— Nada pai, é que o cheiro dela é tão inebriante para mim que tenho medo de não conseguir suportar.

— Filho, eu acredito em você. Você pode fazer isso.

— Pai, eu não quero desapontar você nem mamãe de novo. Preciso sair da cidade por um tempo... Você tem força para levar essa vida, eu não acho que tenho.

— Você tem se saído muito bem até hoje, filho.

— Sim, mas eu nunca tinha encontrado minha cantante, papai.

— O quê?

— Sim, papai.

— Isso é muito grave Edward.

— Eu sei e é por isso que eu quero ir para bem longe dela... longe  daqui; quero ir para o Alasca morar com nossos primos por algum tempo. Não é nada com vocês, é um problema meu, não me entendam mal. 

— Bem, não vou dizer que não deve ir, mas vou sentir sua falta.

— Eu também pai – Edward se levanta da poltrona e abraça Carlisle. – Explique para os outros depois quando chegar em casa.

— Como assim? Você não vai para casa?

— Não, não quero correr o risco de mamãe me convencer a ficar. Estou decidido a me afastar.

— É claro filho. É o certo a se fazer agora. Boa sorte - diz Carlisle entregando a chave da Mercedes.

— Tchau, pai – diz Edward saindo do hospital correndo.

...XXX...

Angeline PDV

Quando meus irmãos chegam em casa da aula eu já estou sentada no sofá ao lado de mamãe e ela pergunta percebendo que o filho mais novo não está com os demais. Ela já sabia, pois não sentira o cheiro dele, mas ainda esperava estar enganada de alguma maneira e ele estivesse sim com os irmãos:

— Onde está Edward? O que aconteceu?... Alice – ela volta-se para minha irmã.

— Ele foi conversar com o papai e depois pretendia ir para o Alasca.

— Mas por quê? E sem falar comigo para ao menos se despedir?

— Ele sabia que você iria tentar dissuadi-lo mamãe – responde Alice. – Ele não poderia correr o risco. Não queria decepcioná-la, mas também não podia ficar.

— Mas por que ele fez isso? – afago o ombro de Esme mostrando que eu estou aqui e ela tem meu apoio. – Será que ele vai voltar?

— Isso eu não sei – se Alice não sabe é porque ele ainda não decidiu isso, concluo.

— Mas qual foi a causa, Alice? – pergunto. Agora eu também estou preocupada com o sumiço de meu irmão e com o estado de nossa mãe.

— Não se preocupe com Esme, Angel, ela vai ficar bem – diz Jasper ao pressentir meu nervosismo crescente.

— Acho que teve algo a ver com a aluna nova – se interpõe Rosalie.

— Quem? – questiono confusa.

— Sim, teve mesmo – diz Alice. – Bella tem um cheiro muito poderoso para Edward. Seu sangue canta para ele. E temendo fazer alguma besteira ele preferiu se afastar. Ele não se considerou forte o suficiente para resistir.

— E agora, não verei meu filho nunca mais? – Esme esconde o rosto nas mãos como se fosse chorar.

— Ele está no Alasca com nossos primos, não se preocupe mãe – diz Emmett.

— Mas porque ele fez isso, foi falar com Carlisle e não me deu sequer satisfação? Eu sei que ele não precisa porque é mais velho do que eu em certo sentido mas... ele é meu filho e o amo muito, não é justo... ele não deveria ter feito isso comigo - sei que ela estaria chorando se fosse possível.

— Mamãe, acalme-se – diz Jasper.

— Não Jazz, eu não quero que você use seu dom em mim – ela o repreende. Eu olho para ele.

— Ele precisava do carro do papai – Alice explica. – ele queria ir logo, sem parar. A Mercedes tinha o tanque cheio enquanto o Volvo não.

— Ah! – eu exclamo.

Esme levanta a cabeça para olhar para a filha.

— Ele poderia ter me avisado, de qualquer forma.

— Sim, mãe – diz Alice. – Nem eu sabia o que ele pretendia fazer até agora a pouco quando não o encontramos no final da aula esperando por nós. Se eu soubesse teria lhe contado.

— Verdade? – Esme levanta a cabeça mais animada.

— Sim – diz minha irmã. Algo na expressão de seu rosto dizia que falava a verdade. Ou ela estava mentindo tão bem. Ela e Edward sempre foram muito ligados, apesar de eu também ter um dom parecido com o de nosso irmão, ela era mais íntima dele, pois ele entendia como era viver com um dom tão difícil quanto a vidência.

Embora não haja relato de que meu irmão, ele não diz ter tido problemas com a telepatia enquanto ainda era humano - talvez ele só fosse mesmo sensível ao pensamento daqueles ao seu redor. Nem eu me lembro de ter tido qualquer manifestação prévia de meu dom. Nisso Alice é única. [Até a chegada de Bella cujo dom também teve manifestação enquanto ela ainda era humana.]

Pouco depois Carlisle chega e toma lugar ao lado da esposa:

— Carlisle, nosso filho foi embora de novo! Ele prometeu que não faria mais isso comigo!

— Querida, ninguém sabia que seria assim, ninguém esperava que Bella fosse a cantante de Edward.

— Ah querido, eu não sei se vou aguentar tamanha dor mais uma vez.

— Esme, sabemos onde ele está se quisermos podemos ir vê-lo.

— Não chore mamãe! - eu digo afagando seu rosto. - Eu prometo que nunca vou deixá-la.

— Obrigada filha! - ela diz soluçando. - É verdade dessa vez sabemos onde Edward está.

[Essa não foi a última vez que meu irmão saiu de casa. Da próxima vez ele vai para a Itália buscar a morte. E vai fazer nossa mãe sofrer mais uma vez.]

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