A filha de Esme e Charles - versão 1 escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 33
Capítulo 33




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Angeline PDV

...continuação do capítulo anterior...

— Eu fui embora – diz Esme, me tirando de meus devaneios e me trazendo de volta para a realidade. – porque eu descobri que estava grávida novamente, minha filha. Eu não queria ter de abandonar você daquele jeito, mas era necessário para salvar seu irmão. Eu temia que Charles não me deixasse ter o bebê em paz – sei exatamente o que ela sentia, nem quero imaginar se eu engravidasse realmente e ‘segurasse’ a criança por mais tempo que três meses. – Eu tinha medo de que se fosse uma menina de novo, seu pai a matasse como tentou fazer com você. E eu fugi por isso.

Não fico aborrecida com mamãe, ela fez o que achava que devia fazer e era o certo a ser feito. Não fico brava também pelo fato de ela temer que fosse uma menina, não é preconceito, mas apenas por causa que Charles não iria gostar de ter mais uma filha. Eu já sofro tanto e não desejaria ter uma irmã para passar por isso como eu. Ninguém merece sofrer assim. Por isso tenho pena da mamãe e até mesmo um pouco de pena de mim mesma.

— Tudo bem mamãe, foi por uma boa causa. Não estou magoada com você. Vovó nunca ficou chateada e passou isso para mim.

— Minha mãe era maravilhosa. Canalha do Charles por ter matado uma pessoa tão boa... Mas voltando à minha história depois que saí da cidade... O meu bebê era um menino. Ele nasceu forte e saudável. Era tão lindinho. Seu olhinhos vivos brilhavam de curiosidade ao olhar para mim – Esme diz claramente tendo uma recordação, quase como se estivesse vendo o filho agora. – Mas infelizmente, ele morreu alguns dias depois de nascer, o coitadinho. Isso me destruiu.

'Eu tentei salvar Collin como pude, de todas as formas que eu poderia, seu pai poderia ter matado ele antes mesmo de nascer, e para garantir seu direito de viver eu fugi.

'Mas quando Collin morreu eu perdi completamente o chão, a razão para continuar vivendo, não podia simplesmente voltar para casa como se não tivesse feito nada, eu não seria tão boba; não queria mais viver a mesma vida de antes. Não com Charles, eu sabia que ele não mudaria mais. Me desculpe Angeline,  eu iria chamar você e minha mãe se tudo não tivesse sido como foi, seríamos nós quatro, mas eu acabei me suicidando ao pular de um penhasco depois que seu irmão morreu.'

Em meio às lágrimas que brotam em meus olhos por causa da história tão triste de mamãe e pelo fato de que eu sei a dor que ela sentiu; ou posso imaginar, por ter vivido uma situação parecida por ter perdido dois bebês, e sentada na calçada olho para ela e digo com a voz embargada pelo bolo que se formou na minha garganta:

— Eu entendo você, mamãe. Eu também chorei muito pelos meus filhos.

— Minha filha – ela diz me olhando ternamente, quase me abraçando de longe. Como pode parecer ela, mas ao mesmo tempo ela está diferente? Não sei como explicar. Seu olhar afetuoso de agora não condiz com a expressão há poucos instantes quando ela queria matar Charles. – Você é um bebê ainda, não devia ter de passar por isso.

— Mas se minha mãe morreu quem cuidou de você? Charles tenho certeza que não – ela pergunta após um segundo de silêncio.

— Não mesmo mamãe. Acho que sou eu que cuido dele. Mas tem uma vizinha que me ajuda. Ela também me deu aulas de piano e francês, na verdade continuando o que a vovó tinha começado.

— Ainda não consigo entender como Charles foi capaz de matar minha mãe. Sim eu sei que ele faz o que quer e em quem se opõem ele bate. Mas matar?

— Charles mudou, mamãe.

— Pra pior, você diz, é claro.

— Talvez, mas ele não matou vovó diretamente, ele bateu nela para me tirar a força e ela teve um infarto fulminante.

— Sim, é claro que ela iria querer ficar com você para se lembrar de mim. E não iria querer morar com meu ex-marido e vê-la sofrer como eu sofri.

— Tudo bem comigo agora, mamãe. Mas, e você? Você não parece morta. Bom, não como eu acho que alguém que tivesse morrido deveria parecer...

— Mas eu estou, querida. Bom, para os padrões humanos eu estou. Mas é difícil explicar. É um estágio depois da vida. Entre a vida e a morte. Eu estou semi-morta filha. Sou uma morta viva. – Eu arregalo os olhos e ela percebe que a compreensão está se instalando em minha cabeça e pronuncia a palavra definitiva. – Eu sou uma vampira.

— Co-como? – me levanto incrédula com a voz trêmula. – Vam... vamp... vampira. Isso é impossível. Vampiros não existem!

Eu sonhava que ela estivesse viva mas não imaginava que seria assim.

— Isso é fato querida. É tão verdadeiro que eu também demorei a acreditar, mas que outra explicação eu poderia ter para estar aqui, falando com você agora, se eu estivesse mesmo ‘morta’?

Ela pulou de um penhasco e sobreviveu, mas não como humana.

— Não sei, mas... não pode ser verdade.

— É verdade. É um fato. Você não sentiu minha pele fria ao seu toque, filha?

— Sim. Eu senti. Parecia como tocar em um cadáver, mas eu não me importei – nem sei como eu sabia qual a sensação de tocar num defunto, pois eu nunca toquei em um.

— É isso que eu sou, querida.

— Mas você não parece em decomposição como um zumbi.

Esme sorri. O medo retorna a tomar conta de mim e apavorada eu digo:

— Você não é má, mamãe. Não pode ser. Não pode ter se tornado um monstro.

— Shhh querida! - Esme chega perto de mim rapidamente e coloca um dedo na frente da minha boca para me aquietar. Fico assustada com sua aproximação repentina e veloz, olho no olho, tão perto que me constrange. Mas ela tem muito cuidado para não me fazer sentir o toque de sua pele gélida. – Fique calma. Eu e meu marido e nosso filho não bebemos sangue de pessoas e sobrevivemos nos alimentando de sangue de animais.

— Sangue de animais?

— Sim, filha. É quase tão satisfatório quanto o sangue humano.

— Eu nem me imagino. Eu não poderia... ver sangue me deixa tonta e enjoada.

Eu sei o que estou falando pois fiquei tonta quando sofri os abortos e vi tanto sangue. MEU SANGUE!

— Isso é normal nos humanos, as mulheres ainda mais do que os homens. Eu também era assim, mas agora não tenho tanto problema para seguir nossa dieta ‘vegetariana’.

— Vegetariana, que quer dizer?

— Nós nos consideramos vegetarianos, filha, pois não nos alimentamos como a maioria dos vampiros. – Vendo a expressão em meu rosto ela complementa. – Sim, existem aqueles que atacam as pessoas para sugar seu sangue.

— Mas quem fez isso com você, mamãe? Alguém deve tê-la mudado, você não era assim.

— Sim, filha, a sua dedução está correta. Foi necessário alguém me transformar. Vampiros não nascem assim como as pessoas. Mas respondendo a sua pergunta, Carlisle me encontrou logo após minha tentativa de suicídio depois que perdi seu irmão.

'Na verdade, essa não foi a primeira vez que nos encontramos. Ele havia cuidado de mim quando eu quebrei a perna em 1911 e tinha somente 16 anos, quando cai de uma árvore em que havia subido. Infelizmente logo depois de me tratar ele foi embora e nunca mais o vi, mas eu nunca o esqueci nos 10 anos seguintes. Nem ele me esqueceu.

'Ele teve de me deixar para me dar a oportunidade de viver minha vida, mesmo tendo de sacrificar a si mesmo por estar apaixonado por mim. Ele não achava certo sentir isso por mim. Achava que fosse egoísmo de sua parte. Ele não podia ser egoísta e me querer. Mas, nem imaginava que eu também o amava.

'Então quando me viu morrendo naquele necrotério, Carlisle decidiu me salvar. Me transformar em sua companheira eterna. Não havia alternativa. Se houvesse algum modo de manter minha vida humana, creio que ele teria feito de tudo. Como fez realmente de tudo para me salvar. Somente usando como último recurso a mudança em vampira.

'Mas eu iria morrer. Não havia opção. Eu teria conseguido fazer o que queria. Eu queria rever seu irmãozinho, minha filha, mas não fiquei muito zangada quando acordei e soube que havia me tornado uma vampira. Eu queria ter encontrado com meu bebê que foi tão precocemente arrancado de mim, mas o reencontro foi com outra pessoa que eu também desejava poder rever. Fiquei feliz de ter reencontrado Carlisle.

— Eu também, meu amor – ele responde perto de mim.

Carlisle me abraça para que eu não me mova, me segura para que eu não fuja. Nunca resisti quando Charles me agarrava a força, eu sabia que não adiantaria e nem era inteligente então não fiz nada. Nem adiantaria porque eu podia sentir a firmeza e delicadeza com que Carlisle tinha as mãos ao meu redor. Ele e Esme trocam um olhar e ela assente.

...XXX...


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