A filha de Esme e Charles - versão 1 escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Aviso: suicídio



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Outubro de 1921

Uma semana depois do nascimento de Collin, Esme foi até o hospital ver como ele estava.

Caroline disse que ela deveria ficar em casa e lhe concedeu um mês de férias da escola para se recuperar do parto. Esme não queria, mas Caroline a convenceu a ficar em casa. Caroline disse que a outra professora vai cuidar das duas turmas enquanto Esme estará de licença maternidade. E ela não teve como argumentar mais, nem se opor, então cedeu e por fim concordou.

Quando chegou a casa de saúde logo foi ao escritório do Dr. Melville. Ele estava lendo, mas logo se levantou ao vê-la entrar:

— Esme!

— Dr. Melville.

— Por favor, me chame de Carlos.

— Mas você está trabalhando...

— Você é quase da família como amiga de minha esposa.

— Claro doutor... quer dizer, Carlos.

— Eu tenho que falar com você.

A maneira com que o médico olha para ela a deixa nervosa.

— O que houve com Collin? Ele está bem, diga que ele está - instintivamente sabe que a noticia não é boa. Mas ela não esperava que fosse tão má.

— Infelizmente não. Eu tenho que lhe dizer. É meu dever. Eu iria mesmo falar com você, mas você veio aqui. Nós tentamos de tudo, mas ele não sobreviveu.

— COLLIN! – Esme solta um grito de extrema dor.

Carlos caminha ao seu encontro e a abraça.

— Sinto muito – a envolve enquanto ela chora entre seus braços.

Ela escorrega por entre os braços dele e desaba sob os seus joelhos:

— Não! Não pode ser verdade. Meu filho, não! - Esme ainda nega como se pudesse reverter o que aconteceu.

— Esme – o doutor lhe estende a mão para que ela se levante. – Me desculpe, eu fiz tudo o que pude.

— Eu sei – ela diz se levantando. – A culpa não foi sua. Foi meu ex-marido, a culpa é dele por ter me derrubado da escada antes mesmo de saber que eu estava esperando Collin... Posso vê-lo doutor?

— Vamos até o berçário. Me acompanhe – lhe estende o braço para apoiá-la. - Mesmo tendo desligado todos os aparelhos ainda não tive coragem de levá-lo ao necrotério.

Caminham em silêncio, ninguém quer falar nada por causa da solenidade do momento, o pesar na atmosfera é quase palpável. O respeito deve ser preservado sem nenhum ruido. Carlos sabe que palavras agora não vão adiantar ele sabe que fez tudo que podia mas infelizmente não conseguiu salvar Collin. Apenas demonstra seu apoio segurando a mão de Esme. 

Os dois por fim  e chegam até o quarto onde ficam os bebês recém-nascidos.

— Posso pegar ele no colo? – Esme pergunta parando em frente da incubadora onde o bebê está, parece um anjinho dormindo.

— Claro – o médico lhe autoriza. Não seria necessário pedir, Esme tem o direito como mãe e não seria ele a negar. Até mesmo ele, um médico, tem de reconhecer a profundidade da dor de uma mãe por perder o filho recém-nascido.

Esme traz o filho perto de si e beija a sua testa:

— Meu filho, amado. Nunca vou esquecê-lo. Você vai estar vivo para sempre em meu coração.

Esme caminha até perto do médico segurando seu menino no colo.

— Posso levá-lo até lá?

— Sim. Venha comigo. - Na verdade, ele fica até grato por não precisar fazer isso. E também ele quis deixar a mãe se despedir de seu filho. Carlos é um médico, sabe que não deveria se deixar envolver. Mas ele é também humano e os médicos tem de ser também humanos.

Esme segue o doutor até a sala mais fria e escura do hospital. Apenas um corpo jaz coberto por um lençol. O cheiro é um pouco desagradável, então o médico empresta uma máscara cirúrgica para Esme. Ele a veste, pois ela está com o bebê nos braços.

— Coloque ele aqui, por favor.

Ela caminha até a pequena mesa ao lado da pia. O deposita com todo cuidado e afeto:

— Eu te amo Collin, para sempre – dá mais um beijo em sua cabeça antes que o doutor cubra seu corpinho com um lençol.

Carlos coloca a mão sobre o ombro dela e ambos caminham em direção da saída. Ela retira a máscara assim que passam pela porta.

— Do que ele morreu? – questiona Esme depois que os dois saem da sala.

O médico fica surpreso com como Esme parece ter aceitado bem a morte do filho.

— Os pulmões dele não eram desenvolvidos corretamente. Ele teve uma infecção respiratória.

Só parece que ela está bem, por dentro ela está tomando uma decisão drástica.

...XXX...

 

Mais tarde, naquele mesmo dia foi realizado o enterro de Collin. Esme não estava triste, mas num estado catatônico. Apático. Completamente indiferente.

Compareceram ao velório e enterro apenas a amiga de Esme, Caroline, e o Dr. Melville.

— Sinto muito, Esme – Caroline a abraça afagando seus cabelos e pousando a cabeça dela em seu ombro.

— Obrigada – Esme diz, mas sem chorar.

— Você está bem, Esme? Você não está chorando. Precisa chorar. Faz bem.

— Eu estou bem, Carol – Esme responde quase rudemente.

— Não quis ofender. Só estou preocupada com você.

— Quero ir para casa.

— É claro. Vamos com você – diz Carlos.

— Obrigada.

— Não tem de quê – ele responde.

— É o minimo que podemos fazer por você, sabe que pode sempre contar conosco - diz Caroline.

...XXX...

 

Carlos e Caroline deixaram Esme em casa, mas quando a noite caiu ela não conseguiu dormir. Ela tinha um plano em mente. Queria rever Collin, mas vivo. Ela já tinha pensado no que tinha de fazer.

Saiu de casa e foi até o penhasco que ficava próximo. Olhou para baixo para ver o quanto teria de esperar até chegar lá embaixo. Estava escuro e ela não conseguia ver muito bem a base do precipício. Mas isso não era importante. Ela recuou três passos para trás, correu para frente e pulou no ar, saltando como se fosse voar e abriu os braços. Parecia que estava finalmente livre sentindo a brisa no rosto.

Logo, no entanto, a gravidade começou a agir e ela começou a cair. Esme fechou os olhos, o que não fazia muita diferença, pois ela não conseguia ver muita coisa devido a escuridão. Sentiu seu corpo batendo contra os rochedos, a dor era insuportável, mas ela não se importava. Iria esperar pacientemente até morrer.

Ela finalmente sentiu que seu corpo moribundo por fim chegou à base do abismo. Agora precisa apenas esperar, agonizando até a morte iminente. Tudo para rever seu amado filhinho Collin. Ela faria qualquer coisa para poder encontrá-lo mais uma vez. Sentir ele em seus braços. Olhar em seus olhinhos brilhantes...

...XXX...


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