Septuagésima Oitava escrita por Clara Cristiane


Capítulo 1
Capítulo 1 – Resistir é inútil




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A pergunta no topo da folha era simples: Quem é você?

Eu? Bem, eu sou Clara Cristiane, tenho 17 anos e estudo em um cursinho preparatório para o vestibular. Perceber que a pergunta era muito mais profunda do que isso era fácil, a partir da minha resposta sobre o quem eu sou, ela calcularia a minha aptidão para cada área de trabalho, espero que ela aponte para medicina...

Os dias eram sempre os mesmos, e sempre divididos entre estudar, ajudar na casa e se divertir. Minha mãe me caracteriza como uma boa filha, e tem o péssimo hábito de ser curiosa e intrometida em si tratando de mim. Meu pai é um tanto quanto indiferente, contanto que seus filhos se tornem boas pessoas e vençam naquilo que se comprometem fazer, por ele tudo bem. E tem meu irmão, ele é 6 anos mais novo do que eu, e já consegue agir como um pequeno adulto.

Toda família tem problemas, isso é comum, tento com a ajuda dos amigos a lidar com os meus. Divididos entre presenciais e os da internet, eles me escutam e me dão força para aguentar o dia-a-dia, graças a eles, minha sanidade consegue manter-se quase intacta. Agradeço bastante a existência da internet, ela me aproxima de pessoas que talvez nunca viesse a conhecer, e me distrai com o fácil acesso de qualquer coisa que eu tenha vontade de saber, assistir, ou simplesmente ajuda a passar o tempo enquanto espero pelo novo dia de aula.

Devanear-me em pensamentos e sonhos também é bom, tanto que quase esqueci de pegar meu irmão no colégio. Rapidamente eu levanto da cama, jogo a preguiça de lado e vou pegar aquele protótipo de pessoa na sua aula de xadrez. Ele estava treinando para mais um campeonato brasileiro, e isso me deixava orgulhosa, por mais que soubesse que se ele viesse a perder, nosso pai ficaria furioso, mas isso é um pensamento para outra hora...

Andando pelas ruas de Petrolina, o sol insistia em continuar queimando minha pele clara. Deveria ter passado protetor antes de sair de casa, mas Álvaro estava me esperando, então o jeito era curtir o novo bronzeado e rezar para os raios ultravioletas não me dessem câncer.

O colégio onde ele estudava ficava no centro da cidade, não era longe de casa, com apenas 15 minutos de caminhada eu já havia passado pelos portões e já me dirigia para a sala de treinamento, em que encontraria meus antigos colegas praticando o esporte que abandonei, e meu irmão, que insistia em achar que agradar nosso pai o deixaria tão feliz quanto um pedaço de pudim me deixa com bom humor.

— Clara! Joga uma partida comigo antes de irmos? – Álvaro, ou Vinho (chame-o como queira) perguntou em alto e bom som para distrair todos aqueles concentrados em seus jogos.

Mal havia chegado à sala, e essa pergunta fez a atenção geral voltar para mim. Ótimo! Seria obrigada a jogar com meu irmão novamente, e cumprimentar aqueles que eu já não via a muito tempo. Eu pretendia ser breve, o xadrez me fascinava pelas amplas possibilidades de jogo, mas simultaneamente sentia um desconforto por não ser a melhor. Sei que conduzi o jogo para um empate, e saí daquele ambiente o mais rápido possível.

— Você poderia ter pensado mais! – Meu irmão resmungou sobre o fato de ter demorado apenas uns 10 minutos no jogo, ele gostava de pensar.

— Hm... Você teria perdido se eu tivesse pensado mais. – Respondi e dei um belo sorriso para ele.

— Duvido, todos nós sabemos que eu sou o melhor.

— A humildade mandou lembranças, viu? Vamos para casa, eu te faço um bolo quando chegar lá.

Quando se fala em comida, Vinho logo se dispõe a fazer qualquer coisa para obter-la, contanto que seja algo doce, é claro.

Enquanto pensava sobre qual bolo prepararia dessa vez, percebi que na rua em frente ao colégio haviam estacionado vários carros pretos. Muitos homens de terno também preenchiam o portão para qual eu e meu irmão nos dirigíamos. O que será que tinha acontecido?

— Clara, aqueles homens estão vindo para cá... – Meu irmão apontou para os 5 que vinham na nossa direção.

No meio deles estava um que se destacava porque tinha cabelos muito longos e tinha uma cicatriz do lado direito do rosto. Ele segurava uma maleta, e no instante que os olhares do grupo se cruzaram com o meu, eles correram na nossa direção.

— Alvo localizado: Sexo, altura, peso e perfil confirmado. Segurem-na! – Ordenou o cara da cicatriz.

Aquilo era comigo? Eu não entendi nada do que estava acontecendo, mas só deu tempo mandar meu irmão fugir, e antes que eu percebesse, já estava imobilizada no chão. Sério? Não sei o que fiz, mas era necessário 4 homens para segurar uma garota?

— Ei! Que merda é essa? Me larga! – Tentei gritar em vão.

— Calada. – Vociferou o da cicatriz.

Ele abriu a maleta e tirou uma seringa que continha substância desconhecida. Sério, eu sempre pedi para Deus algum tipo de aventura na minha vida, mas aquilo já era demais!

Meu irmão apenas parecia chocado, não conseguia dizer uma palavra ou agir de algum modo. Não o culpava, nem mesmo eu sabia o significado disso tudo. Resistir era inútil, e antes que me desse conta, já estava apagando por conta do que tinham injetado em mim.


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