The Feeling escrita por Agent Nalla


Capítulo 3
III – Not Again




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697004/chapter/3

A convivência entre os dois acabou tornando-se bastante amistosa, já que ambos se conheciam há algum tempo e tinham conhecimento do passado que tiveram com a HYDRA, resultando em um convívio simples. Sem qualquer mísera mentira. Quando estavam um na companhia do outro, eram apenas Katherine e Bucky. Duas pessoas que a vida brincou de formas bastante desagradáveis, causando a fragilidade da condição mental de ambos.

No mês que se seguiu, a loira era quem cuidava da alimentação do Soldado Invernal desde que percebera quão mal ele cozinhava. De acordo com ele, era falta de prática, mas não reclamou nem um pouco quando a loira começou a levar comida ao seu apartamento, garantindo que o soldado continuasse bem alimentado com cada prato criativo que deixava na mesa do moreno – e, para a sorte do mesmo, eram bastante comestíveis.

Naquele dia, Kath estava absorta em montar um receptor de sinais Gama para ser utilizado em um futuro não muito distante quando a porta de seu apartamento foi aberta repentinamente, logo vendo Barnes passar por si e ir até sua geladeira, fazendo-a esconder um sorriso divertido. Ele abriu a porta do eletrodoméstico, mas pareceu não encontrar o que queria, então foi até os armários, achando apenas ingredientes.

— O que está procurando, soldado? — Perguntou sem tirar os olhos do que fazia, ouvindo-o bater os dedos contra uma das portas do armário antes de fechá-lo e virou-se para a mulher.

— Há quanto tempo não compra frutas? — Retorquiu sem de fato respondê-la, cruzando os braços e fazendo-a rir pelo tom exigente que Bucky utilizara. — Sabe, não estou entendendo sua risada, frutas são alimentos importantes, até onde sei.

Ela parou o que estava fazendo para erguer seus orbes esverdeados repletos de humor.

— Ainda acho estranho um homem com a sua capacidade se preocupando com o abastecimento do meu apartamento. Não que isso seja ruim, claro, mas é bastante engraçado. — Observou ao vê-lo arquear a sobrancelha e a loira se recostou na cadeira. — Ok... Não tive tempo, preciso entregar isso em dois dias e ainda tem muito que ser feito. — Mentiu antes de mover-se até seu computador, fingindo verificar se era realmente aquilo que seus compradores queriam.

— Tudo bem, vou dar um jeito nisso. — E se encaminhou para a porta, mas parou ao olhar por sobre o ombro. — Quer algo?

— Um hambúrguer decente cairia bem. — A engenheira estava com uma vontade doida de comer algo gorduroso, pois estava pouco se importando com sua condição física atual. Já fazia umas boas semanas que não realizava qualquer exercício para se manter em forma. — Com bastante batata frita, de preferência.

Um sorriso de canto que começava a ser familiar para Katherine surgiu no rosto de Bucky, pois era uma pessoa insistente e, depois de muitos dias, conseguiu fazê-lo rir ao contar certas histórias de sua infância antes de seu pai atrapalhar tudo, assim ferrando com sua vida.

— Vou ver se consigo. — Assim que ele fechou a porta, um arrepio subiu por sua espinha, deixando-a com uma sensação ruim dentro de seu peito. Tentou não se concentrar naquilo, focar em qualquer outra coisa, mas parecia ser algo completamente inútil e, soltando um longo suspiro, concentrou-se no moreno.

E o que viu não foi algo bom.

...

Ela saiu do prédio antes que o Capitão América ou os agentes do governo o invadissem, trancando seu apartamento e ligando o alarme de segurança que, caso o lugar fosse invadido, ativaria um mecanismo que colocaria fogo em tudo no interior do mesmo. Por mais que fosse ruim, a loira sabia que era necessário, afinal, tinha um pen drive consigo que continha todos os projetos já feitos por si.

Kath, enquanto andava com rapidez entre as pessoas que iam e vinham pela rua, mexia avidamente em seu celular, conseguindo colocar seu registro dentro do sistema atual do governo romeno para que pudesse adentrar o prédio e manter-se lá até que tudo aconteça como tem que ser. Graças aos céus, conseguira colocar-se como uma neurologista conceituada.

Teve de pegar um táxi até o local, que era enorme e com agentes demais, deixando-a desconfortável diante tanta agitação. Mas precisava focar. Estava ali para impedir que qualquer coisa ruim ocorresse com Bucky. Ele era quem importava, nada mais. E garantiria que o moreno não fosse privado de viver sua vida como a HYDRA havia feito com ambos.

Assim que se encontrou dentro do prédio, vestiu-se de forma adequada e esperou em uma sala durante muito tempo, sempre enrolando a ponta de seu rabo de cavalo em um gesto de puro nervosismo. Não poderia esperar as luzes se apagarem para alcançá-lo, precisaria ser mais rápida, pois se aquele homem lesse as palavras que acenderia o lado Soldado Invernal de Bucky, teria certas dificuldades em trazê-lo de volta.

Através da janela que dava para o lado de fora, viu o carro e o caminhão que traziam Barnes – assim como Steve Rogers, Sam Wilson e o novo rei de Wakanda – ao prédio, começando a sentir seu estômago se embrulhar, nervosa demais. Havia medo em seu coração, medo de que não saísse nada como planejara, mas tinha que tentar. Menos de 20 minutos depois, ouviu passos se aproximando pelo corredor.

— Dra. Lorienzo? — Um homem muito bem vestido chamou-lhe pelo nome falso e ela cumprimentou-o de maneira formal, como alguém de seu cargo o faria. — Everett Ross. Estava lendo seu currículo e parece que já lidou com pacientes com perca de memória, seja a longo ou curto prazo. — Observou interessado ao voltar a ficar a uma distância segura, fazendo-a assentir em concordância.

— Posso estar afastada nos últimos tempos, mas ao que tudo indica, sou bastante apta para qualquer que seja o caso, contanto que minha vida não esteja em risco. — Soltou com profissionalismo, salientando seu falso sotaque italiano para não levantar qualquer suspeita desnecessária. — Qual o laudo do paciente? — Resolveu questionar e, instantaneamente, uma pasta foi pousada na mesa que havia entre eles e empurrada até estar próxima da loira, que a pegou com certa curiosidade.

— Seu nome é James Buchanan Barnes, tem por volta de 100 anos graças a uma experiência que foi feita com ele pela HYDRA. Já deve ter conhecimento sobre essa organização. — Kath assentiu em silêncio enquanto lia as informações um tanto vagas que tinham sobre Bucky. — Eles mexeram com sua mente, até onde sabemos. O reprogramavam para cada missão que tinha de realizar, mas o que realmente desejamos descobrir é sobre os assassinatos que já realizara, se ainda está trabalhando para HYDRA e do que recorda exatamente. Quanto mais informação eu souber sobre seu passado, mais estarei inclinado a conversar com os integrantes das ONU sobre lhe fazer uma proposta.

Ela fechou o arquivo, encarando-o com uma seriedade atípica de sua personalidade.

— Quando começamos, senhor? — O sorriso discreto que surgiu no rosto do homem fez Katherine ter vontade de vomitar, mas disfarçou com uma expressão indiferente.

O diretor das Forças-Tarefas realizou um sinal para que a loira o seguisse, coisa que ela fez de imediato. Eles seguiram pelo longo corredor, em seguida adentrando um elevador, que pareceu demorar tempo demais para a mulher, que mexia seus dedos da mão livre constantemente para tentar aliviar seu nervosismo, embora fosse quase impossível atingir sucesso quando a vida de alguém que se importava estava correndo perigo.

Mas o pior daquela situação toda, era que Kath não se recordava quando começou a se importar tanto com o soldado.

Assim que ambos chegaram ao seu destino, Ross fez um sinal para que os agentes os deixassem passar, não demorando muito para alcançarem a porta que continha um pequeno painel digital com senha. Ela observou com atenção cada dígito que era pressionado antes de ouvir o metal se afastar com facilidade.

— Até logo, doutora. — O diretor murmurou antes de deixá-la ir até onde Barnes seria interrogado. Sozinha. Quando o moreno ergueu seus olhos, os arregalou discretamente, mas aquilo não durou mais do que quatro segundos.

Havia um homem sentado na mesa próxima de onde a loira se encontrava, que logo olhou por sobre o ombro com certa surpresa, afinal, aquele singelo detalhe modificaria todas as peças de seu plano meticulosamente arquitetado.

— Não sei quem é o senhor, já que não fui informada de que o paciente em questão estaria com companhia, mas não acho que seja apropriado para um homem, com seu quadro cognitivo, ser interrogado agora. — Informou-o com praticidade ao andar até onde o soldado encontrava-se preso. — Precisaremos de exames. Mapeamento Cerebral, Tomografia, Ressonância Magnética, dentre diversos outros que ainda terei de listar. — Katherine se virou ao suposto psiquiatra, erguendo o queixo em desafio. — Interrogatórios, apenas depois que cada um deles estiver em meu poder, assim como do governo.

A mulher viu a expressão de Halmut Zemo mudar de incredulidade à raiva em poucos segundos, porém, antes que ele pudesse fazer ou falar algo, a eletricidade simplesmente se apagou e, sem permitir que o homem pensasse em qualquer ação, ela pegou cinco pequenas bolas de metal do bolso de sua calça jeans, atirando uma de cada vez contra o mentiroso após apertar o único botão que continha nelas.

Quando elas atingiram seu alvo, cordas de aço saíram do interior delas e cercaram o tronco de Zemo, deixando-a satisfeita. Apressando o passo, Kath se aproximou da mesa, pegando a bolsa do homem e retirou o caderno vermelho que aquele cretino usaria contra o soldado assim que possível. Ela analisou-o em suas mãos antes de encarar Bucky com determinação.

— Consegue sair dessa coisa? — Questionou enquanto andava até aquela caixa muito bem trancada. — Não tem nenhum mecanismo visível para abri-la.

— Saia de perto. — O moreno avisou simplesmente, vendo-a assentir antes de recuar alguns passos e, quando o viu libertar seu braço de metal, sentiu um chute sendo deferido no centro de seu estômago, surpreendendo-a.

Uma dor latente se alastrou por sua barriga, mas não deixou aquilo distraí-la por mais que alguns segundos. A loira jogou o caderno longe antes de socar a face do filho da puta, criando uma sequência dos mesmos, não demorando muito para que o derrubasse no chão. Aproveitou a oportunidade para voltar a pegar o objeto em mãos, em seguida ouvindo o vidro quebrar e a parte da frente daquele cubículo sendo derrubada.

Ao vê-lo sair dali, ele a encarou por um momento que pareceu muito longo.

— Quando viu acontecendo? — Indagou por pura curiosidade, vendo-a encolher os ombros discretamente.

— Assim que saiu do apartamento. Não podia permitir que o usassem como a HYDRA fez durante tantos anos. — Explicou, encarando Halmut com hostilidade logo após. — Ele queria vingança por sua família, que faleceu em Sokovia, como diversas outras. Justifica sua atitude impensada, mas, de certa forma, é compreensível. — Um suspiro escapou por seus lábios, sacudindo a cabeça a seguir. — Precisamos ir. Rápido.

Assentindo em acordo, o soldado se encaminhou a porta e, com certo esforço, conseguiu abri-la, dando de cara com alguns homens da Força-Tarefa. Bucky cuidou de cada um deles, apagando-os antes de olhar para trás, observando Kath desviar de um e outro até estar perto dele. Não compreendeu o que aconteceu no momento em que encarou os orbes esverdeados sem medo algum de si ou de qualquer outra coisa e, antes de perceber o movimento, o moreno estendeu a mão biônica para ela, que não hesitou em pegá-la.

A loira sabia que nunca seria ferida por ele enquanto o protegesse da maneira que estava fazendo até então. Foi por aquele motivo que não sentiu medo quando entrelaçou os dedos nos de Barnes, pouco se importando com o metal frio contra sua pele. Os dois saíram dali o mais rápido que puderam, mas Katherine havia se esquecido de avisar o soldado de que seria em vão, pois demorou segundos até que o Capitão América e Gavião Negro bloqueassem o corredor.

Instintivamente, Bucky empurrou a loira para que ficasse atrás de seu corpo. Steve moveu seu olhar entre ela e o moreno, erguendo a sobrancelha de forma inquisitiva assim que percebeu a proximidade que havia entre ambos.

— Não sabia que tinha uma namorada. — Observou com um leve toque de humor naquele momento tenso, fazendo com que a mulher encarasse Bucky com o cenho levemente franzido e, vendo que ele estava processando aquela frase, acabou pegado as rédeas da situação.

— Não sou namorada dele, apenas... Nos conhecemos há algum tempo. — Explicou com cuidado, embora soubesse que o loiro estava do lado deles. — Basicamente, sou uma vidente ex-HYDRA que está dando uma mãozinha para nosso fugitivo aqui e, bem... Acho que precisamos resolver essa situação. Existe uma maneira bastante prática para isso. — Ela sentiu o peso de três olhares sobre si e o desconforto começou a tomar conta da mulher. — Um julgamento. Mas não um qualquer, teria de ser um que deixasse nítido a inocência de diversas vidas que a HYDRA já destruiu. — Katherine baixou seu olhar, tornando-se tristonha por um momento. — Preciso disso para livrar meu irmão de uma prisão perpétua, coisa que Bucky também conseguiria caso essa proposta não venha à tona.

— Mas isso apenas lhes daria o direito de me colocar em outra prisão! — Exclamou o moreno com extrema seriedade, trazendo o olhar perspicaz de Kath para si e notou o brilho discreto que havia nele.

— Não se quem for defendê-los tiver provas o suficiente para livrá-lo disso. — Eles se encararam por um curto espaço de tempo, como se conversassem através deles sem fazer qualquer mínimo gesto. — Confia em mim? — Barnes demorou a assentir, mas quando o fez, a mulher abriu um enorme sorriso antes de encarar os dois heróis a sua frente estranhamente animada. — Onde está o diretor Ross?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Feeling" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.