Six escrita por Nikki Meyers


Capítulo 1
Você viveu lá por tanto tempo, é meio estranho agora que você se foi


Notas iniciais do capítulo

Olá, gatinhas e gatões. Depois de tanto tempo fora resolvi postar essa one-shot sobre um dos meus casais favoritos, espero que gostem deles como eu gosto.

♡ Marlene e Sirius. Sirius e Marlene ♡



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Espero que você ainda esteja quebrando corações com a eficiência que os quebrava, mostre-lhes os mesmos dentes levemente amarelados antes de dar lhes um dos seus beijos com gosto de twinkies e cigarros mentolados, e então seria como se estrelas cadentes despencassem em algum lugar. Gostaria que não abandonasse-os tão rapidamente quanto os havia encontrado. E então, apenas então, poderia encontrar uma maneira parar fingir que você foi apenas uma amante. Poderia procurar alguma maneira para convencê-los todos de que fui o que sempre pensaram que havia sido; você me destruiu, querida. Contudo, eu a destrui também. Não fomos feitos para amar, talvez no fundo fomos apenas os monstros que todos nos acusavam de ser, apenas os efeitos colaterais de um destino demasiado ocupado para se importar.

E pensei que eu era seu para sempre, talvez eu estivesse enganado, mas ultimamente eu não consigo passar um dia inteiro sem pensar em você.

A menina das selvagens madeixas douradas possuía apenas alguns punhados de sorrisos e um par de olhos oceânicos dispostos a lhe afogar em qualquer momento, apenas perdidos enquanto fixava a multidão que pouco a pouco reunia-se ao redor do Expresso de Hogwarts; tão bonita quanto alguém poderia se parecer com seus míseros onze anos incompletos. Gostaria de tê-la notado antes de todas as outras vezes, antes de todos os outros; gostaria de a ter convidado para sentar-se conosco antes de James o tenha feito. E talvez, apenas talvez, você não lhe tivesse negado.

— Tenho que esperar pela Meadowes.

Eu realmente não me importava na ocasião, nem ao menos fiquei para ouvir seu nome. Apenas havia puxado James antes que mais alguma palavra saísse de sua boca, não achava que ele importava-se também. Aquela foi a primeira vez que a vi para novamente a perder enquanto nos aventurávamos no labirinto de corredores até uma cabina desocupada, e então a havia esquecido tão rapidamente quando a encontrei.

Não havia nada mais para se concentrar com exceção de seus novos amigos, quase tão novos quanto a palavra para qual um novo significado fora atribuído. Nunca tivera nada ao menos próximo disso, sempre vivera com a companhia das mulheres Black, sempre a sombra do grandioso Regulus, não que ele houvesse significado alguma coisa para ele, pelo menos não até seus momentos finais. Contudo, não tanto quando James Potter significaria, não tanto quanto o garoto com os cabelos da cor de areia e sorriso alienado significou até o dia de sua morte, ele nem mesmo conseguiria negar o que o garoto com feições de rato havia significado.

Sente-se perto de mim antes de eu partir.

Eu a vi pela segunda vez quando o chapéu seletor cobriu-lhe a cabeça, mandando-a para a Grifinória quase tão rapidamente quanto a James. E então gostei de sentir seu nome rolar por entre meus lábios como havia feito com todos os outros, decidindo por fim que aquele não era um nome tão ruim. Marlene McKinnon. Eu a odiei tanto quanto a amei.

Você ainda se sente mais jovem do que pensou que seria agora?

Sirus em seu segundo ano mostrara uma eficiente tão grande em fazer amigos quanto em criar inimigos, sua verdadeira família era o principal, mesmo não querendo chamar-lhes assim. Construíra uma nova família ali, não era perfeita, na realidade era composta exclusivamente por quatro pessoas com uma infinidade de defeitos, mas ela era boa, ele apenas não queria que mais ninguém entrasse nela.

— O que diabos ela está fazendo aqui?

Ela não parecia assustada tanto quanto deveria aparecer enquanto a luz da lua lhe lançava sombras na face, seu casaco militar fortemente puxado para mais perto de seu corpo, os pés firmemente cravados no início da passagem. James não deveria tê-la chamado, essa era a regra, sempre fora desde o ano anterior. Nada de garotas, mesmo que fosse apenas para beijá-las, não enquanto mapeavam as passagens.

— Ela disse que podia nos ajudar, disse que sabia onde algumas dessas passagens levavam por causa de Andre, não é Marls? — sorriu ele para as duas piscinas da cor dos oceanos que poderiam lhe engolir naquele mesmo instante.

Oh, é claro que ela sabia. A irmã de Andre McKinnon deveria saber muito bem disso e outros assuntos mais. Ele era como um deus vivo, se você realmente quisesse alguém para adorar, coisas estritamente proibidas poderiam ser conseguidas em um piscar longos cílios manchados de alguma maquiagem demasiadamente pesada, não os assustava que ele houvera contado sobre as passagens secretas para a irmã. Principalmente se ela o pedisse. Ninguém nunca chegou a negar-lhe algo que realmente quisesse até o fim de seus dias.

Sei que as pessoas não eram como estrelas, mas se fossem, sei que ela seria a mais brilhante de sua constelação e seu sorriso poderia deixar-me perdido em uma galáxia interminável, perdido nas memórias de pessoas que não mais se importariam.Só Deus sabe o que eu daria para perder-me em seus olhos novamente.

— Que seja.

E então, foi como se o mundo fizesse algum sentindo. As aventuras segredadas no meio de noites vazias, constantemente seguidas por súplicas para que se afastasse de seus doces delinquentes juvenis, nas na maior parte do tempo era apenas a garota dos cabelos cacheados que tornava seus mundos mais suportáveis. Ainda me lembro de uma das noites quentes do meio de julho quando fizera-me desabar por completo. Quando seus lábios em formato de coração haviam se encontrado pela primeira vez com outros quase tão macios, contudo a mão que envolvia sua cintura não fora a minha, não achei que podia invejar James Potter tanto quanto o invejei naquele momento, o sentimento de que era o meu coração que ela estava roubando e eu a odiava por isso.

Eu tentei te perguntar isso em alguns devaneios que eu tive, mas você sempre esteve ocupada em um faz de conta.

Ele afastara-se tão rapidamente quanto caía no sono, não existira mais ela. Eram apenas eles, apenas os marotos, apenas meninos que sempre possuiriam uma nova garota em seus braços em cada manhã. O quarto ano também mostrara sua recompensa para Marlene, e todos puderem se surpreender no início de setembro quando suas selvagens madeixas louras não lhes pareceram mais tão selvagens, quando suas pernas sembre cobertas pelos jeans de segunda mão lhe apareceram desnudas, várias vezes pegou-se imaginando o que aconteceria se pudesse se transformar no pequeno strawberry lace que tanto gostava.

— Cuidado para não babar, Almofadinhas. — sorriu James, enquanto jogava o pequeno pomo de ouro apenas para agarrá-lo depois, o que atraiu risinhos de um bando de quintanistas. — Você sabe que poderia apenas ir lá conversar com ela, né? Ela seria sua em uma noite.

Apenas uma, mas não todas as outras.

— Como você faz com Evans?

Ele mexera com um assunto realmente perigoso, não fora nenhuma novidade quando alguns meses antes James Potter admitira estar louco e perdidamente apaixonado por Lily Evans. Ou, em suas verdadeiras palavras, ele realmente a amava, pra caramba, de verdade. Contudo, isso não o impedia de flertar descaradamente com outras garotas, muito menos quando ele passava de apenas palavras para algo a mais.

— Eu tento todos os dias, camarada. Mas vá em frente, só não quebre o coração da Marls, certo?

Aquilo foi o mais próximo que James possuiu de uma amiga, uma amiga para qual ele não possuía pensamentos do tipo James Potter, pelo menos na maior parte do tempo.

Sirius não soubera exatamente de tudo o que acontecera no ano anterior, apenas se afastara e levara tudo que possuía junto, inclusive seus amigos, entretanto o outro ainda havia mantido contato com a menina que havia roubado o que possuía de mais precioso, seu coração.

E talvez fosse esse o motivo que o impulsionou para frente, não em direção da menina com os cabelos da cor do sol, mas para a menina de sorriso maroto que o havia encarado tantas vezes antes. Ele talvez no fundo de sua mante ainda lembrasse de seu nome. Alguma coisa a ver com Padma, ou talvez fosse June, ele não tinha certeza. Mas ela era bonita, e isso, por um tempo, o distrairia de sua maior distração.

Você é tão rara quanto uma garrafa de Dandelion & Burdock, e aquelas outras meninas são apenas limonadas pré-preparadas.

Depois de alguns litros de vinho barato e cigarros a descansarem no cinzeiro ele pudera finalmente diminuir o formigamento gerado pelo soco de Emmeline Vance, não que ele soubesse o porquê de tê-lo recebido, nunca dissera que seriam alguma coisa. Talvez fosse esse o verdadeiro problema com as garotas, elas realmente não se importavam com o que não era dito, elas apenas o deduziam por si mesmas.

— Você realmente não sabe como tratar uma garota, Black. — e então ele afogou-se novamente no verde cerúleo dos olhos da recém chegada.

— Não é verdade, McKinnon, basta perguntar. — seu sorriso sacana havia-se alargado ainda mais quando notou a gargalhada surgindo nos seus lábios em formato de coração, ela estava em seu bom juízo mental tanto quanto ele.

E quando ela aproximou-se ele pôde sentir o seu hálito com cheiro de pick’n’mix e licor de cereja, e naquele momento, eu os juro, ela estava linda. Seu olhos encarando outros completamente castanhos como se compartilhassem todos os segredos do universo naquele único instante, enquanto suas mãos com unhas roídas pintadas de um azul celestial bagunçavam suas comportadas madeixas douradas, as roupas levemente coloridas contrastando com o fundo esfumaçado do pub trouxa, ele sabia que de algum modo o destino os deixou pensar brevemente em um nós.

— Algumas vezes gosto de descobrir certas coisas por mim mesma.

E então não eram mais as mãos da garota que encontravam-se em seus cabelos, e sim as suas próprias, puxando-a para si como se lutasse para respirar e ela fosse o próprio oxigênio, seus lábios eram como o limite da galáxia puxando-o cada vez mais em direção a um espaço ainda desconhecido por tudo e por todos. E então não estavam mais no pequeno espaço fedendo a cigarro e bebida, adentrando um pequeno quarto vagabundo de um hotel. Só Deus sabia o quanto ele a amara.

Contudo, quando acordara suas roupas não estavam mais atiradas descuidadamente pelo piso de madeira, nem mesmo um bilhete fora deixado ao seu lado como ele fizera com tantas garotas antes dela. Marlene McKinnon era única até mesmo em seus pequenos detalhes, apenas dela até seus últimos momentos. Soubera apenas pela recepcionista com os cabelos coloridos que houvera saído rapidamente pela manhã enquanto murmurava em seu telefone ultrapassado sobre os erros da noite passada com um pequeno sorriso aflorando em seus lábios.

E você olha no espelho para se lembrar que você está lá? Ou alguns beijos de boa noite de alguém cuidaram disso?

— Eu não tenho medo — sussurrou para a noite, para a garota que sempre habitara seus pensamentos.

— Você sempre têm, Sirius.

As lágrimas vazavam de seus olhos e era como se oceano escorresse para fora deles. Ele a queria, e sabia que ela o queria também. Contudo, ele não conseguia, não poderia fazer isso. Se as dissesse naquele momento, naquela noite quente de nove de novembro, ele estaria dizendo as três breves palavras que arruinariam sua vida para todo o sempre. Ele possuía apenas dezesseis anos e preocupações que não mais importariam depois do que o dissesse, e apenas se, ele o fizesse.

Sirius e Marlene haviam passado a ser Sirius e Marlene depois daquela noite que lhes vinha como luzes de néon. Os encontros no meio da noite, os segredos despejados após algumas garras de algum estoque pessoal, os beijos roubados e armários de vassouras apertados, os encontros marcados nas madrugadas de insônia como tantos outros já duravam um ano, encontros como esse.

— Eu acho — e então ele forçou para que as palavras presas em sua garganta se despejassem para fora. — Eu acho que eu amo você.

Ele a conhecia tão bem como a palma de sua mão, a conhecia tanto quanto sabia que o sol nasceria todas as manhãs. Não haviam sido exclusivos, eram suspeitos e apenas isso, nada mais.

Ele não gostaria de mudar isso, não em trocar suas saideiras e sexo em bancos traseiros para um rotina como todas as outras. Contudo, sempre houve algo que insistiu em puxá-lo diretamente para ela, de novo, de novo e de novo.

— Essa é uma frase longa demais, Sirius.

E então ele a deixou partir como todas as outras, e ele desejou que ela não o fizesse.

Bom eu não estou sendo honesto, irei fingir que você só foi mais uma amante.

Por um breve período de tempo, ele voltou a sentir-se como se talvez não houvesse perdido seu coração para ela, como se não houvesse realmente se importado com os seus braços ao redor de um novo garoto todas as manhãs. Apenas amigos, fora o que dissera. Um obro disposto a segurar todas os baques que a outra não poderiam suportar, seu farol no meio de um oceano interminável que a preenchia em seu eu mais íntimo. As guerras sempre possuíram suas consequências, criança.

— Eles mataram mamãe, Sirius. — sussurrou Marlene.

Mestiça. Ele sabia que cedo ou tarde aquilo poderia acontecer, e sabia que parte da culpa era sua, sempre fora. Ele não escolhera da onde viera, mas as consequências sempre pesariam sob seus ombros. Os Black tornaram-se o braço direito de Lord Voldemort, e mesmo tendo se desvinculado ao fugir para a casa de James eles ainda eram sua família. Que ironia, não? Consolando filhos que tiveram seus pais mortos pelos seus próprios.

Ele os odiava, cada átomo de seu corpo os odiava.

— E eu serei a próxima, não? — as lágrimas aumentavam cada vez mais em um misto de ironia e desespero enquanto lia a matéria que informara-lhe sobre o fato, o Profeta Diário firmemente agarrado em suas mãos.

Por favor, salve-me também

— O casal possuí dois filhos, um ainda desaparecido. — começou — Que ironia, Andre que sempre gostara de desaparecer por si mesmo. Enquanto o Senhor McKinnon encontra-se em um estado grave no St. Mungus. — interrompendo-se apenas para tomar mais uma dose generosa da garrafa de uísque de fogo quase vazia ao seu lado, provavelmente misturada com alguma coisa a mais. Ele demorara tempo demais para encontrá-la.

Por favor, apenas pare.

— Mais um ataque, não é mesmo? E então pode ser o meu cadáver em um caixão. — sussurrou ela apenas para que ele ouvisse, enquanto suas mãos buscavam apoio na estante repleta de livros na que estivera encostada. — Nós vamos levar uma detenção, não? — e então deixou uma gargalhada escapar por entre seus lábios pintados de vermelho — Mais uma.

— Você não está chapada, né?

— Melhor que estar morta, Six. — respondeu ela utilizando o apelido que utilizara tantas vezes antes, em um tempo apenas deles em que eran donos de tudo e de todos, perdidos em seus próprios mundos, ocupados demais para se importar.

E então seus pés que mal se equilibravam desabaram por completo, levando-a para o chão juntamente com o garoto. E eles apenas ficaram ali, jogados entre as estantes, confortando um ao outro pelo simples fato de estarem ali.

— Eu tenho medo de que isso não seja o suficiente, de que eu não seja o suficiente, tenho medo de entrar em choque quando aqueles canalhas apontarem suas varinhas para mim. — murmurou ela, seus olhos perdidos nos castanhos que tanto adorava. — Eu não quero morrer, Sirius.

— Você não vai, é corajosa. — sussurou ele para que os olhos verdes que fecharam-se silenciosamente para um universo onde tudo estaria bem. — Eu não deixaria isso acontecer.

Eu morreria por você.

Agora não consigo pensar sobre aquele momento, sem pensar em você. E eu duvido que isso seja uma surpresa.

Eles eram como deuses dançando com velhas estrelas. Beijando-se no vermelho sangue das luzes de discoteca no salão, enquanto batiam e comparavam instantâneos dos melhores anos de suas vidas. Enfim livres de tudo o que não quiseram se livrar, levando cada detalhe que podiam para um mundo além. Eles não quiseram esquecer-se, mas seriam esquecidos como todos os outros antes deles. Um baile de formatura com os antigos garotos exibidos de óculos escuros e garotas com as pálpebras policromáticas que não mais se importariam.

E de alguma forma deram conta para que se tornassem inesquecíveis, os fogos explodidos sem permissão alguma e os beijos debaixo das árvores enfeitadas, suas mãos buscando outras enquanto os olhos procuravam pelos céus qualquer indício de algo maior do que eles estava em movimento. A guerra os despedaçaria tanto quanto despedaçou os outros.

Mas por aquela noite para Sirius bastava observar Marlene na pista de dança como se não soubesse realmente em qual ritmo dançar. E então ela foi sua por mais uma outra noite com gosto de memórias banhadas a saudade, e as outras pararam de fazer algum sentindo.

E dessa vez ele a deixou partir como ela o deixara anos antes, com alguns últimos beijos e as promessas de que voltariam a encontrar-se novamente. Então, ela partiu-se para a América com os seus sonhos e nada mais, com a vaga esperança de que talvez ele partisse em sua procura.

Ele nunca o fez, enclausurado em sua própria fantasia de que ela voltaria para ele. Marlene e Sirius, Sirius e Marlene.
Sirius.
Orgulhosos até no nome.

E não consigo pensar em nada para sonhar, não consigo achar nenhum lugar para me esconder

Cinco anos. Ele voltou a encontrar-se com a garota apenas cinco anos depois. E parecera que o tempo houvesse dado uma pausa nesse intervalo de tempo, como se ainda fossem adolescentes a proclamarem juras de amor em madrugadas vazias. Observando o futuro repetir um passado longínquo como se nada houvesse mudado entre eles, como se nem mesmo um segundo lhes houvesse passado desde a noite em que se despediram pela última vez. Eles tornaram-se os melhores aurores da Ordem da Fênix, e por um breve momento foi como uma pequena batalha ganha em uma guerra há muito perdida, as horas tranquilas antes de uma grande tragédia.

As palavras reformulavam-se várias e várias vezes em sua mente, preparando-se para o estopim de todas as outras as coisas que se seguiriam. O universo estaria conspirando contra nós, querida?

— Casa comigo, Marlene?

Primeiro seguiu-se uma risada, encerrada logo depois ao perceber a seriedade na face do homem. Não possuíam nem mesmo anel na pequena mesa de bar que se encontravam, apenas um silêncio havia se seguido antes que o outro juntasse coragem para dizer o pedido que deveria ter feito há muito tempo atrás.

E então ele pensou que ela o abandonaria como ele fez, como ele errou tantas vezes antes. Mas as palavras seguintes vieram como um sussurro em um silêncio demasiado constrangedor.

— Sim.

Eu aceito.

Escolha suas últimas palavras, esta é a última vez. Porque você e eu, nascemos para morrer.

Marlene partiu em uma madrugada sem estrelas de segunda-feira, e tudo seguiu-se como um borrão como todos os seguintes dias. As chacoalhadas insanas de James e as palavras presas em sua garganta enquanto as lágrimas vazavam como nunca antes por seus próprios olhos, os gritos para que parasse e seus socos desferidos contra paredes até que suas mãos ficassem em carne viva. A última coisa que lembrava-se era de que abraçava o amigo como nunca fizera antes, as súplicas abafadas para que o deixassem vê-la uma última vez.

E mesmo contra os protestos do amigo que esforçava-se para manter-se calmo onde o outro falhara miseravelmente, ele fora arrastado por lugares e mais lugares, dentre mãos que o tocavam e lhe davam palavras de conforto que nunca mais a trariam de volta, ele finalmente a encontrou estirada na grama fria da casa de campo dos McKinnon.

Todos mortos, todos eles.

E seus olhos em que ele não mais se perderia fixavam o horizonte como se soubessem algo de que ninguém mais poderia saber. Corajosa até seus últimos suspiros.

E então ele combateu tudo como sempre combatia, com a queimação ardente do álcool que escorria por sua garganta até que não se lembrasse mais onde deveria se encontrar.

Não era mais ele, era apenas ela. Sentada no jardim do parque central ou em um mesa de um bar qualquer, sorrindo enquanto comia os últimos resquícios de seus twinkies ou sentada em uma varanda qualquer, então ele beijava quem quer que estivesse ali, e dentre os beijos sufocantes de uma garota desconhecida ele sussurrava para ela e apenas ela.

Eu a amarei até o final dos tempos.


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Notas finais do capítulo

That's all, folks. Estou pensando em adicionar um gif sobre Marlene no final, sobre o modo como eu a imagino, o que acham?