Make it to me escrita por Queen Jeller


Capítulo 6
I miss you


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi demorado, mas porque é realmente difícil para mim escrever sobre o tema. Apesar disso, espero que gostem e que comentem.



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— A Allie sabe que estou indo pro seu apartamento? — Perguntei tirando o Kurt dos seus pensamentos, que pareciam estar longe. — Não quero atrapalhar.

Ele rapidamente olhou para mim.

— Você nunca atrapalha, Jane.

Eu sorri e ele finalmente respondeu.

— Ela sabe. Eu a avisei e expliquei tudo e ela disse que iria nos esperar. — Ele me olhou novamente de rabo de olho. — Não fique preocupada.

Eu dei um meio sorriso. Não lembro de qualquer situação parecida acontecendo comigo, mas estava me sentindo desconfortável. Na minha cabeça aquela criança era um claro sinal do destino de que Kurt devia ficar com Allie, com quem logo ele teria um filho, e não comigo que menti e o usei. Eu sabia que ele não pensava assim, mas eu pensava e sabia que todos ao nosso redor pensariam assim.

Chegamos e a casa estava em silêncio. Allie estava dormindo. Eu ia me dirigindo ao meu quarto quando Kurt me parou.

— Hey. — Ele sussurrou não querendo acordar Allie. — Allie está hospedada aí. Você não vem jantar?

— Vou tomar banho e jantamos, ok? — Respondi enquanto entrava no banheiro e ele assentiu.

Aproveitei o banho para pensar em toda aquela história. Na minha cabeça só se fortalecia a ideia de que eu devia ir embora e deixar Kurt e Allie cuidarem em paz da vida deles, mas sempre que eu pensava no quanto Kurt precisava de mim, e no quanto eu gostava dele eu acabava desistindo. Fui ao seu quarto e vesti qualquer uma de suas camisas que sempre ficavam como um vestido em mim. Ele ainda estava de terno, terminando de preparar qualquer coisa no fogão e colocando na mesa. Eu adorava assisti-lo cozinhar, mesmo quando a gente tava mal, era algo que ele sempre parecia ter prazer em fazer.

Me sentei e ele logo veio sentar ao meu lado.Estávamos comendo em silêncio e quando terminamos eu estava sem sono, então decidi ir para sala assistir qualquer filme. Kurt puxou as minhas mãos.

— Você não vem dormir agora? — Ele perguntou.

— Posso ficar um tempinho aqui assistindo TV? — Eu disse querendo um pouco de espaço para decidir o que eu deveria fazer, talvez ligar pra Patterson e contar tudo a ela, na esperança de que ela me desse alguma luz.

— Ok. — Kurt disse suspirando fundo e indo para o seu quarto.

Liguei a TV em qualquer canal e estava passando um filme chamado “Juntos pelo Acaso”. Era a história de um casal que se odiava, mas era obrigado a cuidar de uma criança juntos. Eles tinham começado a se beijar e eu pensei que talvez isso aconteça com Kurt e Allie. Talvez por conta dessa criança eles voltem. Apesar de parecer um filme legal, eu acabei cochilando por conta do horário, mas acordei com os passos de Kurt. Ele se aproximou de mim quando me ajeitei em seu sofá.

— Ei, desculpa te acordar. — Ele disse sentando ao meu lado e tocando a minha mão que estava sobre o travesseiro.

Tinha momentos que eu odiava gostar do Kurt. Esse era um dos momentos. Eu tinha todos os motivos do mundo para sair dali, para sair de sua vida, mas eu não queria. Eu queria sentar no seu colo, beijá-lo, eu queria gostar dele o tanto quanto fosse possível para mim nos piores momentos possíveis entre nós.

— Você quer conversar, Jane? — Ele perguntou entrelaçando seus dedos nos meus. Eu olhei nossas mãos e o alisei com um dos dedos que estavam livres.

— Eu não sei se consigo, Kurt. — Disse em um tom de honestidade para ele e ele me olhou impactado. — Pra mim essa criança é um sinal de que você e Allie deveriam ficar juntos, não...nós.

Ele me olhou com um pouco de tristeza.

— Jane, essa criança não irá florescer nada entre mim e a Allie porque faz muito tempo que nós não sentimos nada. Muito tempo. — Ele disse apertando ainda mais forte minha mão.

— Como essa criança foi feita então, Kurt? — Perguntei sem pensar enquanto lágrimas começavam a brotar em meus olhos. Minha cabeça estava muito confusa.

— Fuga. — Ele respondeu olhando em meus olhos. — Eu e Allie voltamos a ficar quando você disse que não queria sair comigo. Eu queria distância de você porque eu não suportava te querer tanto e não poder te ter e eu não queria estragar nossa amizade, mas não deu muito certo. Depois da missão com Rich, eu e Allie terminamos porque ela finalmente abriu meus olhos, então foi isso. Eu só estava fugindo do que eu sinto por você. — Ele finalizou secando a última lágrimas que havia em meus olhos.

Eu não sabia o que falar, eu apenas queria enterrar minha cara em qualquer lugar. Eu não acreditava que por causa do meu medo de cair no amor por Kurt isso tudo tinha acontecido, quando ele claramente já assumia seus sentimentos por mim, mesmo sem saber verdadeiramente quem eu era.

Eu dei um meio sorriso.

— Desculpa por ter fugido de você, Kurt. — Eu disse e antes que eu falasse qualquer coisa ele continuou.

— Nós já conversamos sobre isso. — Ele disse acenando sobre mim.

Eu me aproximei dele e ficamos sentados de lado no sofá, finalmente de frente um para o outro. Me aproximei ainda mais e beijei sua bochecha.

— Sente? — Perguntei e ele me deu um selinho.

— O que?

Perguntei um pouco envergonhada.

— Você ainda sente algo por mim? — Perguntei o encarando. Eu precisava escutar sua voz afirmando qualquer coisa para mim para que eu pudesse ficar.

Ele riu e se virou para trás, tirando de debaixo do travesseiro uma pequena caixa. Nela estava um colar de ouro com uma pequenina pedra solitária verde. Ela reluzia naquela pequena iluminação que a TV dava para a sala. Ele abriu o colar e o posicionou em meu pescoço, chegando ainda mais perto de mim. Ele me encarou ainda sorrindo quando eu olhei para o colar e depois para ele.

— Quer saber o que eu sinto agora? Com você tão perto de mim, com os lábios a centímetros do meu e com sua respiração sob a minha? Eu sinto que você devia ser minha namorada. — Ele disse e pôs um sorriso em seu rosto, quando eu levantei minha cabeça rapidamente para olhá-lo, assustada. — Jane Doe, você aceita ser minha namorada? — Ele perguntou e eu sorri ternamente pra ele. Ele finalmente fechou o colar em meu pescoço e eu pulei em seu colo, o puxando para um beijo.

Nos separamos apenas quando o ar se fez necessário e seus braços já estavam entrelaçados em minha cintura. Eu o olhei no olho, depositando um beijo em seu nariz.

— Você tem certeza que é isso que você quer, Weller? — Perguntei o encarando e ele posou firmemente suas mãos em minha cintura enquanto me apertava, me fazendo cócegas. Não consegui segurar o riso até que ele parou e eu repousei minha cabeça em seu ombro.

— É o que eu mais quero agora. — Ele respondeu acariciando meu ombro. — Na verdade, o que eu queria mesmo agora era deitar na minha cama com a minha namorada. Será que posso? — Ele perguntou com ironia e eu o olhei.

Acenei com a cabeça e ele me pegou pelos braços, me levando até a cama. Lá ficamos abraçados e nos acariciando mas logo Weller dormiu. Eu o fiquei observando dormir. Aquele dia tinha sido extremamente longo para nós, mas no final nós sabíamos exatamente o que nós queríamos. Nos queríamos um ao outro, como sempre foi. E sempre foi complicado, mas mais do que nunca eu queria lutar para ficar. Eu escolhi ficar com o homem que eu amo. A última palavra refletiu forte em minha cabeça enquanto agora eu estava lavando meu rosto na pia do banheiro na madrugada, ainda sem conseguir dormir. Levantei minha cabeça para encontrar Kurt sonolento no pé da porta olhando para mim no espelho.

— Ei, não quis te acordar. — Eu disse enquanto ele se aproximava de mim por trás.

— Sei que não quis. — Ele disse se aproximando de mim e beijando meu ombro e eu me virei de frente pra ele, me encostando no mármore da pia.

Ele me olhou nos olhos tão profundamente e Deus como eu amava seu olhar.

— Eu amo como você me olha assim. — Disse pensando alto e ele se aproximou, depositando um doce beijo em meus lábios.

— Eu amo te olhar. — Ele disse quase num sussurro e eu o beijei, grudando nossos corpos.

Fomos para cama, mas nossos lábios não desgrudaram e logo suas mãos estavam tirando nossas roupas. Eram tão bom sentir sua pele, seu tato e seu carinho. Eu sentia meu coração pulsar cada vez mais forte sempre que ele me tocava sem rápido. Trocamos carícias e logo ele estava dentro de mim. Nossos corpos balançavam tão juntos e mais pareciam dançar alguma melodia harmoniosa. Nossos dedos estavam entrelaçados e não demorou muito para que alcançássemos o ápice juntos. Quando minha respiração suavizou, ele me acolheu para o seu peito e ouvindo as batidas de seu coração eu enfim consegui dormir.

 

Acordei um pouco mais cedo que Kurt e para evitar qualquer problema ao encontrar Allie, me levantei antes de todos para fazer o café. Eu já estava terminando de arrumar a mesa quando Allie apareceu na sala. Ela parecia cansada.

— Bom dia. — Disse olhando para ela e ela me sorriu, sentando a mesa.

— Bom dia, Jane. — Ela respondeu. — Bonito colar.

— Ah, obrigada. — Eu disse um pouco tímida

— Kurt tem um bom gosto para essas coisas. Ele me mostrou logo que veio me deixar ontem. — Ela completou. — Que bom que você aceitou.

Sorri timidamente sem saber o que responder, mas fiquei feliz por Kurt ter deixado claro para Allie sobre o que se passava entre nós. Me sentei para comer com ela enquanto escutava o barulho do chuveiro do Kurt, não ia demorar para ele aparecer para tomar café conosco.

— Allie… — Eu disse tentando puxar assunto — eu espero que isso entre mim e o Kurt não atrapalhe em nada em relação ao filho de vocês.

Ela sorriu e se virou para mim.

— Claro que não. — Ela disse colocando um pedaço de pão na boca e logo depois prosseguindo. — Antes de tudo eu quero que meu filho esteja em ambientes felizes e sei que a felicidade do Kurt é do seu lado e que minha felicidade não é com ele. Eu sou feliz por ter alguém responsável como ele como pai do meu filho, mas nós dois sabemos quem nós verdadeiramente amamos.

Amar, eu pensei, mas logo minha cabeça foi levada para a realidade quando Kurt apareceu na sala de terno.

— Bom dia, moças. — Ele disse, chegando perto de mim e me beijando e se sentando ao nosso lado.

— Bom dia. — Respondemos, eu com um sorriso no lábio.

Estava agradecendo mentalmente pelo clima mais familiar e não estranho como imaginei. Conversamos banalidades e eu terminei de comer primeiro, indo para o banheiro escovar meus dentes. Enquanto estava lá, Kurt entrou no banheiro, mas ficou na porta me observando.

— Fico feliz que vocês não tenham se estranhado nem nada do tipo. — Ele disse depois de um tempo.

Eu parei a escovação e o olhei.

— Você achou que eu fosse me estranhar com uma mulher grávida? — Respondi com sarcasmo e ele logo respondeu.

— Ela. — Ele disse sem pestanejar.

— Nos nos damos bem, querido. Não se preocupe quanto a isso.

— Que bom. — Ele respondeu dando de ombros. — Você não vai hoje?

— Você se incomoda se eu ficar pelo menos por hoje? — Perguntei honestamente. — Ela parece cansada.

Ele olhou para ela na mesa e depois para mim.

— Claro que não. — Ele respondeu e eu estava guardando a escova quando ele me olhou. — Hey, obrigada por tudo isso.

— Eu é quem tenho a agradecer. — Respondi. Ele me beijou e partiu.

Fui tomar banho e deixei Allie na companhia da enfermeira. Quando cheguei na sala, ela estava fazendo careta.

— Está sentindo algo, Allie? — Perguntei preocupada e ela não quis responder.

— Ela está com um pouco de cólica. — A enfermeira completou. 

 

— Nós precisamos ir ao hospital. — Eu respondi honestamente preocupada, já sacando o celular quando ela me interrompeu.

— Não, por favor. — Ela respondeu e depois suspirou. — Eu vou para onde você quiser, mas não liga pro Kurt agora. Eu não quero preocupá-lo.

Eu assenti com a cabeça e coloquei um casaco, pegando suas chaves para que pudéssemos ir para o hospital. A enfermeira já havia descido para tirar o carro quando Allie caiu do banheiro chorando e ela parecia pálida.

Peguei água e fomos pelo elevador de emergência. Eu precisava levar ela pro hospital o mais rápido possível. A caminho do hospital, enquanto a enfermeira dirigia, Allie passou a apertar mais forte meu braço e logo depois lágrimas começaram a nascer em seus olhos. Eu saquei meu celular para ligar para Kurt quando ela puxou o celular da outra mão.

— Por favor, Jane. — Ela disse em lágrimas. — Eu não quero que Kurt saiba que eu estou perdendo nosso filho.

Foi a minha vez de suspirar.

— Allie, você e essa criança vão ficar bem. — Eu disse tentando acalmá-la e segurando sua mão.

Ela acenou com a cabeça que não e começou a chorar. Chegamos ao hospital e logo um enfermeiro veio com uma cadeira de rodas.

A enfermeira o acompanhou e eu fiquei na sala de espera. Logo que Allie saiu de minha vista eu liguei para Kurt. Não demorou muito para que o enfermeiro aparecesse na sala.

— Você é? — Ele perguntou.

— Jane Doe. — Respondi.

— Moça, isso é sério. — Ele respondeu e antes que ele dissesse mais alguma coisa eu mostrei meu documento do FBI.

— Allison Knight é? — Ele perguntou.

— Ela é amiga do meu namorado. Não há parentes dela no país então estamos com ela.

— Ok. — Ele respondeu. — Seu namorado era pai do bebê?

Era, pensei antes de responder. Isso não pode acontecer.

— Sim. — Respondi tropeçando nas palavras. — Isso foi antes de começarmos a namorar, ontem.

— Onde ele se encontra? — Ele perguntou olhando pros lados.

— Ele é diretor do FBI e está a caminho. Você pode me dizer algo.

— Allison sofreu um aborto espontâneo. Nós lamentamos, mas o desenvolvimento do feto não foi possível. Desde ontem ele está recusando o corpo. Ontem a medicamos, mas hoje quando passou o efeito tudo piorou. Se não fosse por você ela tinha sangrado e até falecido com a criança. Nós lamentamos muito. — Ele me disse e eu não conseguia me mover.

Lágrimas começaram a brotar em meus olhos. Não só pela vida perdida, pela dor da Allie, mas por Kurt. Por mais difícil que fosse, eu sabia que ele seria um bom pai. Sabia que ele jamais iria querer aquilo e que de algum modo eu já imaginava alguns de nossos finais de semana com essa criança conosco. Imaginava o sorriso de Kurt com uma criança dele, como eu o via sorrir por Sawyer.

— Você poderá vê-la em breve. — O enfermeiro disse passando a mão em meu ombro.

Eu assenti com a cabeça e me sentei no banco. Logo que ouvir seus passos, suspirei.

Antes que pudesse passar as mãos no rosto para limpar minhas lágrimas Kurt se ajoelhou na minha frente. Eu o olhei com tanto medo de lhe contar tudo, mas ele logo me abraçou. Nós nos abraçamos.

— Eu juro que fiz o que pôde. — Disse entre o choro e ele me apertou mais forte.

— Eu sei. Não se culpo, Jane. Infelizmente meu bebê não está mais entre nós. — Ele disse encostando sua cabeça em meu olho e em minha camisa eu senti sua primeira lágrima daquele dia nascer.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Escrever sobre aborto para mim é algo muito forte, então por isso eu demorei a atualizar essa fic, mas espero que tenham curtido. Comentários são super aceitos.



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