Make it to me escrita por Queen Jeller


Capítulo 2
Take me home


Notas iniciais do capítulo

Como agirá Jane e Kurt depois de toda aquela troca de verdades na noite anterior? Espero que gostem, comentem, leiam pro papagaio e etc hehehehe



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Acordei com a cabeça explodindo. Não eram só dores, mas palavras que soavam em minha cabeça. Eu finalmente havia falado parte do que queria pra Kurt, mas o que ele pensava disso tudo? O que teria passado na cabeça dele a cada palavra que eu disse? Sei que era difícil me perdoar, porque nem eu mesma havia me perdoado por tudo, mas será que essa noite ele pensou nisso tudo, e em mim?

 

Ainda deitada olhando pro teto me lembrei da última frase que eu havia dito. Do desejo finalmente transformado em palavras, o desejo de fazer parte da vida dele como nós queríamos. Pela primeira vez eu estava com vergonha de encarar o Kurt pelas verdades que eu havia dito, porque eu sabia que ele sabia que tudo aquilo que eu havia falado era verdade e eu não tinha ideia de como ele reagiria a isso comigo sóbria.

 

Era sábado, 12:11 da manhã. Eu havia dormido mais que o normal e sabia que Kurt estava acordado. Aquele não era dia de estar na casa dele, mas eu estava e depois de ontem eu não sabia se queria voltar para o quitinete. Nós ainda tínhamos tanto a conversar, e nós precisávamos se quiséssemos ainda dar uma chance a nós.

 

Tomei banho e vesti uma camiseta branca juntamente com um short jeans que Patterson havia me dado. Roupas propícias para o calor que fazia em Nova York naquela manhã. Peguei minha mochila e depois de muito protelar, decidi sair do quarto. A casa estava silenciosa e fiquei um pouco feliz pois não havia pensado no que dizer ao Kurt sobre a noite passada. Fui a cozinha pegar café que estava pronto e quente e aproveitei para procurar remédio para a dor de cabeça física.

— Não está nesse armário, está no outro, na gaveta de baixo. - Era sua voz, me tirando novamente de órbita, fazendo eu sentir meus pés longe do chão. Eu o olhei, ele estava sentado na sala lendo algo e eu estava vendo-o pela primeira vez de óculos. Não pude deixar de achar charmoso.

— Obrigada. - Eu disse em voz baixa. Ele veio em minha direção

— Se estiver de ressaca é melhor tomar um chá. Tem água quente e algumas opções aqui. - Ele disse abrindo o armário e chegando perto de mim.

Pela primeira vez fizemos contato visual naquele dia. Os olhos cheios de dúvidas, palavras, lembranças da última noite. Me virei pra ele e só paramos de nos olhar quando eu quase queimei a mão com a água quente do chá. Me virei de costas de volta e ele continuou parado perto do armário. Decidi que precisávamos conversar, mas que eu precisava tomar a iniciativa.

— Kurt… - Eu disse tentando começar. Me virei pra ele. Ele ficou de pé.

— Jane, se você não estiver preparada nós podemos conversar mais tarde, ok? - Ele disse chegando mais perto - A noite passada foi…

— Profunda - eu completei e ele continuou

— Isso. - Ele concluiu. - Você precisa do seu espaço. Quando estiver pronta, eu também estarei e estarei aqui.

Eu sacudi a cabeça concordando. Coloquei o chá em um copo descartável e saí de lá, agradecendo-o silenciosamente porque apesar de tudo ele ainda era compreensivo.

 

***

 

Acordei essa manhã diferente. Ver Jane falando comigo, mesmo que bebendo, havia me feito bem. Eu havia pensado em algumas coisas pela madrugada e chegado a conclusão que nós iríamos voltar a nos falar, mas que iríamos dar tempo ao tempo. Nada de pressão, expectativas, assim os problemas seriam menores para nós dois. Levantei cedo e nenhum sinal dela. Pensei que ela havia ido para casa, mas como não tinha certeza acabei decidindo deixar um pouco de café pra ela. Era final de semana, mas eu tinha documentos a passar para a reunião com os treinadores do recrutas na segunda, então tinha que organizar tudo antecipadamente. Fui pra sala revisar os papéis e pouco depois senti seu cheiro. Era Jane que havia acordado. Ela mexeu em umas coisas, se serviu, e embora estivesse vestida de forma confortável, ela parecia se sentir pressionada. Eu a acalmei e ela foi para casa. Disse que nós conversaríamos quando estivéssemos preparados.

 

Aproveitei sua ausência para arrumar o quarto em que ela estava. Sabia que Jane era organizada, porém, caso alguém aparecesse não poderia ter qualquer vestígio de mulher naquela casa. Algumas roupas apenas fora da gaveta, então decidi guardá-las. Ao abrir a gaveta, um pequeno envelope caiu de seu fundo. Juntei do chão e parecia ter papéis de fotografia dentro. Eu sabia que poderia estar sendo desonesto, mas não consegui não abri. Eram fotos de Jane. Fotos de Jane, Patterson e Tasha bebendo “Provamos várias bebidas, a minha preferida é fireball”, fotos com Patterson “Minha irmãzinha do FBI”, uma foto da equipe “Meus alicerces” e a última foto me fez largar todas as outras no chão. Era uma foto minha com Jane no escritório. Pelo modo como foi batido dava para perceber que algumas das meninas tinha tirado sem que nós percebêssemos. Jane estava sorrindo e eu estava ao seu lado retribuindo seu sorriso. Seria de alguma piadinha ou algo do tipo? Olhei para a legenda de trás: “meu melhor amigo, meu confidente, minha força e meu ponto de partida”.

 

Procurei um lugar para sentar e me apoiei em sua cama. Será que apesar de não confiarmos mais nela ela continuava nos vendo assim? Era contraditório, porque mesmo quando ela mentia aquilo nos mostrava que ela ainda estava sendo fiel a nós, que ela ainda sentia algo bom por mim, pelo team. Me levantei, juntei as fotos e apanhei as chaves do carro. Eu precisava saber se isso ainda era real.

 

****

 

Estava no quitinete escutando uma música qualquer enquanto juntava um quebra-cabeça. Apesar de tudo, Patterson ainda me presenteava com coisas que poderiam me distrair. Ela ainda se preocupava comigo. Embora fosse difícil, queria que ela soubesse que também me preocupo, que queria ligar pra ela e saber se ela tava bem, dizer que ela era como uma irmã que eu nunca tive, mas eu havia perdido esse direito. Estava a juntar algumas peças quando a porta bateu forte. A porta bateu e ninguém falou nada. Tasha sempre que ia ficava gritando por mim. Quem poderia ser? Fiquei em silêncio. Olhei pela brecha da cortina: Era Kurt. Ele parecia agitado e com uma coisa na mão. Uma coisa amarela. Minhas fotos.

Abri a porta lentamente.

— Algum problema, Kurt?- Eu disse enquanto tirava a grade e ele entrou ainda agitado.

— Jane, desculpa, mas… - Ele se sentou no sofá e me estendeu as mãos.. Eram minhas fotos.

— Não, Kurt, eu… - disse tentando explicar, mas sem ideia do que fazer - eu, não devia ter deixado isso na sua casa. Isso poderia ser prova de algo. Desculpa. - Disse pegando as fotos de sua mão. Ele parecia muito inquieto.

— Você aceita uma água, ou uma cerveja? - Eu perguntei e ele me olhou. Antes de responder eu fui pegar uma cerveja pra ele e água pra mim.

Logo que o entreguei, ele se virou para olhar pra mim novamente.

— Jane… - Ele disse bem sério. Eu estava começando a ficar nervosa

— Oi, Kurt

— Isso tudo é verdade? - Ele perguntou apontando pras fotos

Olhei pra descrição de cada uma delas. A última era a dele. O silêncio tomava conta de nós.

— Sim - Eu disse e o olhei

— Quando você escreveu isso? - Ele perguntou bem sério, passando a mão pela sua barba

— Alguns dias antes da Mayfair… Você sabe - Lembrei abaixando a cabeça

Ele se levantou, parecia ir embora, mas ele se virou de pé bem de frente pra mim

— Se nós significávamos tudo isso pra você, por que você fez isso tudo com a gente? - Ele perguntou com um pouco de sangue nos olhos. Aquilo me amargava.

— Kurt, eu já disse. Eu fui enganada, não sabia que estava enganando vocês.

— Mas você enganou, Jane. - Ele disse com a voz um pouco mais alterada - Você parece nos amar, mas você nos enganou, você sabe o quanto isso é difícil para nós?

A última pergunta tinha explodido minha cabeça por dentro. Não sabia se estávamos falando de nós ou de todo o team, não sabia o quanto eles gostavam de mim até eu perceber a tristeza no rosto deles ao saber das mentiras. Lágrimas caíram dos meus olhos.

— Também foi difícil pra mim, Kurt. Mas você sabe que eu não tinha escolha. Você sabe disso. - Eu disse tentando lembrá-lo da ameaça.

— Você mentiu pra nós, pra mim, uma, duas, várias vezes, Jane… - ele respirou fundo - por que em nenhuma dessas vezes você parou pra pensar no resultado disso tudo, Jane? - Ele perguntou respirando exausto, como se tivesse tirando um peso de si.

— Eu pensei, Kurt. - Eu finalmente gritei, tirando pesos também de cima de mim - Mas eu sabia que ver você triste era melhor do que ver você morto. Eu não queria isso, o team não queria isso, e eu não ia suportar viver sabendo que você morreu por minha causa. Não ia suportar. 

Nos olhamos e eu pude finalmente respirar fundo. Ele me olhou e saiu batendo a porta. Me deixando ali com mais fotos e quebra-cabeças pra resolver. Um quebra-cabeça enorme que era nossa vida.

 

****

Cheguei em casa enfurecido. Não mais com Jane, mas comigo. Eu finalmente havia me tocado que a culpa de tudo isso era minha. Minha. Culpa do meu nome em suas costas, da minha gentileza, da maneira com a qual eu a olhava. Eu não havia evitado que nenhum de nós nos apaixonássemos e por isso nós estávamos aguentando isso tudo. Ela estava carregando uma cruz por conta de uma tatuagem.

 

Me deitei enfurecido e depois de muito pensar, acabei dormindo.

 

Acordei às 20 horas da noite. Algumas ligações de Tasha, uma mensagem de voz:

Kurt, é Tasha, você voltou a falar com Jane? Sabe se algo aconteceu a ela? Íamos sair hoje e ela disse que estava sem animação. A Patterson a liga e ela não atende. Ela está com você? Sabe se ela está doente? Estamos preocupadas. Retorna essa mensagem quando souber de algo. Abraço.

 

Jane estava em casa, sozinha, e agora triste. Novamente por culpa minha. Eu tinha que corrigir isso. Tomei um banho, a noite estava mais fria então coloquei uma calça preta, uma camiseta cinza e um chinelo qualquer e fui até o quitinete de Jane. Ao estacionar em frente, vi que a luz da cozinha estava acesa. Depois, a luz apagou e a da sala acendeu. Bati na porta, mas fui me dando permissão de entrar. Jane estava sentada no sofá.

— Juro que não vim brigar - eu disse enquanto fechava a porta

— Espero que não - Ela disse sussurando com um café na mão enquanto algo cantava na TV

Eu me aproximei dela e seu olhar ia crescendo pra cima de mim. As palavras estavam na minha cabeça, mas agora que eu a olhava, elas simplesmente não saiam.

— Ja-ne.... - Eu comecei dizendo e me abaixando pra ficar na sua altura do sofá - Me desculpa - disse quase num sussurro

— Kurt, mas… - ela ia começar a falar quando eu coloquei a mão em sua boca

— A culpa é toda minha. - Eu disse e toquei suas costas com minha outra mão. Culpa disso aqui. - Completei andando meus dedos por cima de sua tatuagem com meu nome. - Dei uma longa pausa para respirar. - E culpa minha também. E de eu nunca ter evitado me apaixonar por você

Uma lágrima rolou no meu rosto e nós nos olhamos com toda força do mundo. Nossos olhos piscavam e quando vimos já estávamos nos beijando. Não sabemos como ou porque, mas não paramos de nos beijar. Nossas mãos tiravam nossas roupas desesperadas, como se o mundo fosse acabar a qualquer momento e nossos lábios não se desgrudavam. Tinha tanto desejo, vontade, sentimento em todos aqueles movimentos.

Estávamos em combustão pura e nosso álcool era nossos arrependimentos. Por ter passado tanto tempo se evitando, não se escutando, engolindo culpa. Naquele momento éramos finalmente o que queríamos ser, sem mais pudores.

****

Quando me dei conta, já estava sem roupa e sentada em cima de Kurt. Nos beijamos por horas e ele estava sentado em meu sofá e eu estava sentada em seu colo de frente pra ele. Era um misto de desejo, paixão, mas também um misto de arrependimento. Não pelos atos, mas por ter evitado-os, por termos nos evitado, por não termos nos protegido, por não termos sido honestos com nós mesmos. Nos beijávamos numa energia e sintronia desconhecida e eu queria cada vez mais sentir seu sabor, sentir seu perdão. Lágrimas começaram a correr do nossos rostos em forma de arrependimento. Era nosso sabor de arrependimento. Beijamos nossos corpos naquele sofá sem muita pressa e sempre nos olhando, sempre vendo um o arrependimento nos olhos do outro. Depois nos beijamos mais, nossos lábios cada vez mais vermelhos agora trocavam sorrisos enquanto se enrolavam um no outro. Trocamos carícias lentas até que Kurt me invadiu. O sorriso pelo perdão alcançado um do outro foi crescendo e nosso prazer também. Em meio ao suor, aos gemidos, as lágrimas e ao prazer, eu pude finalmente ter Kurt de volta, e ter aquilo que mais queria de volta: o seu perdão.


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Notas finais do capítulo

Melhor coisa ver esses dois fazendo as pazes assim, não? Espero que tenha aquecido o coração de vocês!



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