Make it to me escrita por Queen Jeller


Capítulo 10
Allie's baby


Notas iniciais do capítulo

O hiatus aqui acabou o/ Espero que tenham aproveitado bem (e lido Paperweight, claro) Juntei uma teoria que tenho sobre Blindspot juntamente com algo que aconteceu no último episódio. Espero que gostem!



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Estava sentado, porém impaciente no sofá quando a porta abriu. Uma Jane chorando apareceu a minha frente. Ela não falou nada. Apenas apoiou sua cabeça em meu ombro e passou a chorar. Aquilo me lembrou o momento que eu a prendi, porque ela chorava do mesmo modo. Não era só lágrimas, ou soluços, ela realmente chorava impiedosamente.

Encontrei seu corpo com o meu, buscando dar a ela ainda mais conforto, mas ela chorou ainda mais quando apoiei minha cabeça a dela, sentindo o cheiro do seu shampoo. Era bobagem eu perguntar se algo tinha acontecido, ou se tava tudo bem, pois estava claro que algo tinha acontecido e algo que não deixava tudo bem. Passei a acariciar delicadamente seus braços e ainda aninhada aos meus braços ela passou a chorar mais calmamente.

De repente ela se afastou bruscamente de mim indo se sentar no sofá, colocando suas pernas encolhidas na sua frente e abraçando-as. Ela continuou a chorar olhando pra fora, mas silenciosamente. Uma Jane silenciosa não era uma Jane que estava bem. O que será que Sandstorm havia dito pra ela?

Decidi fazer um chá pra ela pois sabia que de alguns ela gostava e assim ela teria um pouco mais de tempo pra se acalmar. Servi a mim e a ela, e sentei na mesinha de centro de frente pra ela que estava no sofá. Ela pegou o chá.

— Obrigada. — Ela disse num sussurro.

Eu apenas acenei com a cabeça.

— Você está pronta pra conversar sobre? — Perguntei calmamente.

Foi a vez dela acenar calmamente com a cabeça.

 

Algumas horas atrás…

 

— Enfim um lugar que eu possa respirar sendo eu mesma. — Eu disse suspirando, mas no fundo sabendo que aquele era um dos muitos lugares de Sandstorm que eu não me permitia nem respirar em falso.

— Pode considerar aqui sua casa. — Ian disse sentando-se em um sofá que havia lá e me convidando para sentar com ele. — Como estão as coisas por lá? — Ele disse calmamente.

— Eu espero que Shepherd entenda meu sumiço. — Eu disse, até que ele olhou estranho para mim. — Oscar me falou, apesar de que eu não consegui me lembrar dela. Como está Oscar? Vocês conseguiram recuperá-lo? — Eu disse demonstrando nervosismo, que no fundo era um medo dele não ter morrido apesar de ter sido atingido e ainda ter queimado.

— Temos muitas coisas pra contar pra você, mas você precisa nos dar sua versão da história. — Ele disse meticulosamente.

— Cade reapareceu atrás de mim. Eu fui atrás de avisar a Oscar, mas quando consegui achá-lo já era tarde demais. Não consegui contactar com ele e achei que Cade já tinha pegado ele. Cade foi até a minha casa segura porque aparentemente ele não estava satisfeito em se vingar apenas de Oscar por algo, mas ele queria se vingar de mim também. O FBI não conseguiu pegar ele, mas me colocaram sob custódia por conta dessa tentativa. — Eu conclui e respirei fundo. A mentira que Nas havia orquestrado soou muito bem da minha boca.

— Oscar está morto. Cade o matou. Sinto muito. — Ele disse olhando pra mim

Fingi estar atingida por aquilo.

— Como você ta lidando com essa custódia? Como conseguiu vir pra cá?

— Eu aproveitei para fazer algo que Oscar havia me pedido. Para me aproximar de Kurt. Eu precisava me sentir livre de novo e quando o vi tão vulnerável eu decidi investir assim ele poderia retomar a confiança em mim. Namorando o diretor do NYO ninguém ia ter motivos pra ficar me vigiando. Algum tempo eles largaram a custódia e hoje Kurt estava cheio de trabalho então eu tive tempo de contactar com você, mas não posso ficar aqui por muito tempo.

— Ele está tratando você bem? — Ele perguntou de repente preocupado.

— É melhor do que ficar sozinha. E ele cozinha melhor que eu. Mas eu não consigo sentir nada por ele.

— Isso é bom. — Ele respondeu enfim. — Shepherd não quer que sentimentos e nem nada atrapalhe nossa missão. Ela é maior do que todos: eu, você. Se algo tivesse atrapalhando seu julgamento você se tornaria descartável. — Ele disse bem sério.

— Eu só fiz o que vocês me pediram. Até agora não venho questionando nada. Eu sei onde está minha lealdade. — Respondi ainda mais séria.

— Você sempre faz as coisas do melhor modo, irmã. — Ele disse com uma risada que não me agradou, mas me forcei a sorrir também.

Eu tinha que saber fingir da melhor maneira para acabar com aquilo tudo.

— Qual o próximo passo? Eu não sei de nada. Eu preciso saber de algo pra saber como agir, o que fazer para nos ajudar. Eu não aguento mais só servir ao FBI.

— Nenhum. — Ele exclamou, com seu riso que me deixava cada vez mais nervosa.

 

— Não há nenhum problema com isso, Jane. — Eu disse passando a mão em seu joelho e acolhendo seus dedos nos meus. — Você apenas fez o que tinha combinado com a Nas. Eu sei que você não fez isso por eles.

— Esse não é só o problema, Kurt. — Ela disse com lágrimas nos olhos.

— Qual é o problema, então? — Perguntei nervoso.

— Allie. — Ela respondeu com dor.

— O que… o…. — Eu ia perguntar, mas já imaginei o que ela poderia falar. — Jane… — Eu disse quando ela abaixou a cabeça. — Qual o problema?

— A Allie não perdeu seu filho, Kurt. A Sandstorm fez a Allie perder seu bebê.

Eu abri a boca, mas nada saia de dentro de mim.

Gaguejei mais um pouco, até encontrar uma linha de raciocínio.

— Como eles fizeram isso? — Eu disse já com os olhos marejados.

 

Algumas horas atrás… (2)

— Como não vou fazer nada? — Perguntei confusa. — Eu sinto falta de estar com vocês.

— Você só precisa manter Weller somente com você. Ele precisa confiar totalmente em você. Torne-se a bússola dele. Faça ele ser leal somente a você. Nós vamos precisar disso para fase 2, e sabemos que você é capaz pois foi por isso que mandamos você pra ele. — Ele disse me olhando no olho.

— Só isso? — Perguntei fingindo deboche.

— Isso é tão simples pra você… Mas tivemos que trabalhar para que isso se mantesse.

— Do que você está falando? — Perguntei confusa.

— O bebê. — Ele respondeu com a maior calma do mundo, enquanto eu tinha acabado de tomar um chute no meu estômago.

— Da Allie? Ela perdeu.

— Esse bebê veio numa péssima hora. Você já estava próxima dele, nós sabíamos, mas o bebê poderia tirar a atenção dele que precisamos então Shepherd fez um de nossos soldados colocar um abortivo na comida da Allie pois sabíamos que ela estava com suspeita de gravidez.

— Weller é muito tonto. Ele mesmo não sabia que ela estava grávida até ela passar mal. — Eu disse tentando deixar o meu lado ruim atuar por mim, mas no fundo eu só queria chorar.

— Ela mesma não sabia. Apenas suspeitava, mas estava com medo de confirmar. Enfim… Que bom que ela não morreu, embora teria sido menos um empecilho entre vocês.

— Eu vou cuidar pra ela ficar bem longe… — Eu disse, pensando em deixa-la o mais longe possível da Sandstorm.

Aquela informação me descontrolou. Eu precisava sair dali o mais rápido possível.

— Eu preciso ir. Kurt vai voltar logo pra casa e eu tenho dormido lá nas últimas noite então. — Finalizei.

— Boa noite. — Ele disse se levantando e me abraçando. — E boa sorte.

— Obrigada. — Eu disse com um meio sorriso pra ele e após virar a rua pensei. — É algo que eu vou precisar.

 

Nós dois começamos a chorar, até que Jane quebrou o silêncio.

— Eu sinto muito. — Ela disse me olhando nos olhos.

Ambos os olhares estavam marejados.

— Jane… — Eu disse calmamente a ela

— Foram escolhas minhas que te trouxeram a isso, Kurt.

— A culpa não é sua. — Eu exclamei. — Eu quem escolhi ficar com você.

— Nunca passou pela sua cabeça que eles podem ter moldado toda minha personalidade de acordo com seus interesses? Eu posso ser só uma isca pra você, assim como aqueles espiões russos eram com seus esposos quando os prendemos.

— Sua memória foi apagada, Jane. Você não é mais a pessoa que é antes. Aqueles espiões tinham as escolhas deles, você não. Você não sabia que tinha que se tornar assim. E se você fosse exatamente o que eles queriam que você fosse, você estaria do lado deles e não do meu.

Ela suspirou fundo, colocando a cabeça novamente em seus joelhos e gemeu em exaustão.

— Talvez eu ainda esteja servindo a eles, mesmo que de modo indireto. Porque mesmo quando eu fiz algo que eu queria, eu acabei fazendo algo que eles queriam. — Ela respondeu.

— Não foi você que fez. — Eu a olhei no olho. — Fui eu.

— Não. — Ela teimou.

— Quando nós brigamos, eu quem fui na sua casa pra me reconciliar com você. Eu quem tomei a atitude que eles queriam, não você, Jane. Se alguém aqui tem que se preocupar por estar fazendo o que eles querem, esse alguém sou eu.

Ela levantou a cabeça, e me viu com lágrimas nos olhos.

— Não é sua culpa. — Ela sussurrou de um modo acolhedor e pegou minha mão.

— Não é nossa culpa. — Eu corrigi. — E parece que não importa o lado pelo qual jogamos, no final nós sempre vamos ajudá-los.

— Precisamos parar com isso

— Sim. — Eu disse enfim. — E vamos, mas agora nós não podemos fazer nada. Nós dois não estamos pensando direito.

Ela suspirou fundo.

— Vamos dormir. Amanhã é um novo dia e nós podemos começar a fazer o que quer que tenhamos que fazer pra acabar com eles.

— Nós vamos fazer. — Ela respondeu.

Eu tomei suas mãos e me levantei. Fomos tomar banho e logo estávamos deitados, ela porém estava um pouco mais distante que o normal de mim. Seus olhos ainda estavam abertos e eu conseguia vê-los.

— Venha aqui. — Eu disse, passando a mão um pouco mais perto do meu travesseiro para que ela se aconchegasse.

Ela se aconchegou e respirou fundo.

— Eu me odeio porque até meu amor por você é algo útil pra eles. — Ela disse quebrando nosso silêncio.

Eu a puxei ainda mais pros meus braços, acolhendo-a como algo que eu tinha e que não queria perder. Eles já tinham me tirado tanto antes, e agora o meu filho. Eles não poderiam me tirar a única mulher que eu havia amado nessa vida.

— Eu também me odeio por isso. — Eu respondi num sussurro. — Mas isso não me faz amar menos você.


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber o que vocês acharam desse plot twist aqui! Estou com saudades de vocês comentando nessa história. Sejam bem vindos de volta!



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