Inverno escrita por Tah


Capítulo 1
Idiota


Notas iniciais do capítulo

Oie
Espero que gostem.
Boa leitura.



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Inverno

Idiota

Capítulo 1

Sakura Haruno

                Soltei um suspiro de alivio enquanto colocava a última caixa de papelão no chão ao lado da minha cama de casal, olhei em volta e praguejei em desgosto. Meu novo quarto estava uma verdadeira bagunça e nada fazia sentido naquele amontoado de caixas da mudança. Passei a mão por meus cabelos rosas cacheados e fazendo um coque mal feito.

— Mãos à obra – Resmunguei para mim mesma enquanto abria a primeira caixa e entrando no meu mine closet com algumas roupas de inverno nos braços.

Cameron, não era exatamente uma cidade que eu um dia sonhei em morar. Pequena e muito chuvosa. Um verdadeiro ovo verde e congelante. Mas, não exitei em incentivar meus pais, Kisashi e Mebuki Haruno, a aceitarem a proposta de emprego no único hospital cidadezinha pouco populada. Essa nova chance de recomeçar em outro país chegara em um momento oportuno em nossas vidas. A dor do luto ainda era presente em minha família, não como antes, pois o tempo se carregou de amenizar um pouco, mas mesmo assim ela ainda continuava a existir.

Passei o dedo sobre o meu pulso.

Karin.

Eu havia tatuado o nome dela um pouco antes de tudo acontecer e minha vida vim a ruínas. Meu nome também estava no pulso dela. Havíamos feito essas tatuagens como uma forma física de representar nosso amor uma por outra.

Soltei um riso fraco em meio algumas lágrimas relembrando como nossos pais surtaram de raiva e colocaram nos duas de castigo, entretanto, no fim tiveram que aceitar. Não é como se uma tatuagem pudesse removida com água e sabão facilmente.

— Sinto muito sua falta, Kah.

Eu ainda podia sentir a essência do perfume dela.

— Sakura? – Mebuki chamou-me entrando no quarto – Precisa de ajuda, querida?

Rapidamente, limpei minhas bochechas e sorrir falsamente, saindo do closet e encontrando-a sentada na minha cama.

— Não precisa, mamãe.

Ela ficou em silêncio me analisando com os belos olhos astutos. Nada passava desapercebido por ela.

— Senta aqui, querida – Pediu batendo no espaço ao seu lado – Quero conversar com você, Sah.

— Conversar sobre o que, mamãe? – Indaguei encostando a cabeça no seu ombro, sentindo ela me abraçar pelos ombros e plantar um beijo nos meus cabelos rosados – Eu te amo, Mebuki.

— Também te amo, filha. Amo vocês mais do que tudo. Vocês são a razão da minha existência – Declarou.

— Oh, mamãe – Chorei abraçando-a com força.

Ficamos abraçadas chorando pelo que me pareceu horas, mas eu não me importava. Sentir minha mãe, meu pai ou meu pequeno irmão Sasori nos meus braços era o que ainda conseguia me fazer feliz. Mebuki me soltou dando um beijo na minha testa.

— Está feliz, Sakura?

Fitei-a organizando meus pensamentos e escolhendo as palavras certas.

— Não é tão ruim assim, mãe – Balbuciei sem ter certeza das minha próprias palavras – Eu sempre quis esquiar mesmo, talvez, aqui eu consiga – Menti dando um sorriso amarelo.

Ela dera uma gargalhada jogando a cabeça e rindo com vontade. Não consegui reprimir um sorriso verdadeiro.

— Querida, você mente muito mal – Debochou.

Fiz uma careta de desgosto.

— Já ouvi alguma coisa do tipo, mãe – Resmunguei.

— Sou sua mãe e te conheço como ninguém, meu amor.

É mentira, mãe. Karin que me conhecia, era o que se passava por minha cabeça, porém era o que eu nunca a diria.

— Aqui chove muito. Muito verde. Muito pequeno. Muito frio – Falei o óbvio – Mas, eu me acostumo. Pelo menos, Sasori está curtindo a ideia de esquiar mais do que eu.

— É verdade- Concordou – Mas, é de você que quero saber, Sah.

Revirei meus olhos diante da insistência dela.

— Meu closet tem mais agasalhos do que qualquer loja desse pinico – Murmurei.

— Certo, querida. Vou entender isso como ‘’sim mamãe, estou bem e super agasalhada’’ – Disse fazendo uma imitação mal feita da minha voz.

Rimos juntas. Peguei suas mãos entre as minhas.

— Mãe, eu estou bem com essa mudança – Comecei a dizer – Isso será uma boa coisa para nós. Juro que qualquer coisa eu falo com você e com papai.

— Está bem, querida – Concordou novamente se levantando – Tenho certeza que Kah aonde estiver tem orgulho de você. Porque eu e seu pai temos muito orgulho de você, Sah.

Fitei-a emocionada e sem palavras.

— Mãe! Sah!

A porta do meu quarto abriu-se com violência, chocando-se contra a parede em um estrondo. Mebuki fez cara de séria colocando as mãos na cintura e bateu o pé no chão de forma impaciente.

— O que eu já falei sobre correr dentro de casa e abrir as portas assim, Sasori? – Perguntou retoricamente arqueando a sobrancelha fina.

— Desculpe, mamãe – Pediu arrependido – Mas, é que papai vai pedir pizza e pediu para perguntar o sabor.

— Está bem, querido. Mas, sem corrias dentro de casa, certo?

— Certo – Concordou balançando a cabeça ruiva positivamente.

— Vamos descer, Sah? – Indagou mamãe.

— Vou terminar de ajeitar algumas coisa enquanto a pizza ainda não chega – Desconversei entrando no closet outra vez enquanto a porta do quarto se fechava agora suavemente.

Eu precisava ficar à sós com meus pensamentos por alguns instantes.

Kah teria orgulho de mim?

[...]

— Bom dia, família – Desejei entrando na cozinha como um furacão pegando a primeira coisa, que vi pela a frente e comendo – Tchau, família.

— Só vai comer isso, Sah? – Gritou mamãe da cozinha.

— Estou atrasada, mãe – Gritei abrindo a porta da frente e saindo rapidamente– Amo vocês.

Caminhei até a garagem sentindo alguns pingos de chuva cair contra a minha cabeça, mas nada que me molhasse. Sorri amplamente, quando meus olhos bateram no meu xodó. Nunca fui uma pessoa materialista, porém, o meu Impala 67 preto era um caso à parte. Sentei-me dentro dele me sentindo extremamente confortável com o banco de couro bege e macio. Dirigir me distraia dos meus demônios do passado. Em poucos minutos, eu me encontrava no estacionamento da única escola do ensino médio de Cameron.

A escola era tão grande quanto a cidade, pensei ironicamente enquanto me preparava mental e espiritalmente para enfrentar um bando de adolescentes curiosos e fofoqueiros em pleno segundo semestre do ano.

— Pior que está não fica – Fiz o sinal da cruz saindo Impala e ajeitando com os dedos mesmo meus cabelos rosas. Eu os tinha pintados dessa cor antes de tudo acontecer – Ora do show – Resmunguei como uma velha.

Sou mal humorada de manhã. Aliais alguém consegue levantar bem humorada?

Com passadas rápidas caminhei até a secretaria, eu conhecia o caminho porque na sexta feira anterior eu tinha ido com mamãe para fazer minha matricula, evitando olhar muito ao redor para não chamar a atenção de ninguém. Parei em frente uma porta de vidro escrito ‘’ Secretaria’’ e entrei sem ao menos bater. Confesso, que as vezes não sou muito educada.

— Bom dia – Desejei segurando uma risada ao dar um susto na senhorinha, que lia alguma revista Teen.

— Bom dia, querida – Respondeu escondendo a revista debaixo da pilha de papeis e me encarando, seus olhos brilharam ao me reconhecer – Sakura Haruno, correto? Sou Sra. Smith.

Contive a vontade de revirar meus olhos. Odeio isso.

— Correto. Vim buscar os papeis.

No mesmo momento ela começou a revirar a pilha de papeis e em seguida me entregando três deles.

— Aqui estão o mapa da escola, sua grade escolar e sua caderneta. No final das aulas me traga ela assinada por seus professores, querida. Boa sorte.

— Obrigada – Agradeci dando o fora dali e saindo para a chuva novamente.

Fiz uma careta em desgosto ao ver que o estacionamento, antes que deserto, agora se encontrava apinhado de adolescente. Como se um letreiro de neon estivesse sobre a minha cabeça, eles se viraram para me olhar.

— Porra – Xinguei cada vez mais mal humorada por ter virado o centro de atenção daquelas pessoas.

[...]

— Como é o Rio de Janeiro? – Perguntou Meg empolgada sentada ao meu lado no refeitório.

Dei de ombros.

— Normal – Murmurei de qualquer jeito dando uma mordida no meu sanduíche cansada de tantas interrogações de todos, que falaram comigo.

Odeio Cameron.

— Só normal? – Disse cética.

Respirei fundo.

— É quente e ensolarado – Repeti o que eu havia tido a amanhã toda.

— Uau – Exclamou com os olhos brilhando empolgados – Adoraria conhecer um dia a Cidade Maravilhosa.

— Você não é muito morena, Sakura – Rebecca Smith comentou dando uma mordida no seu pedaço de pizza.

— Papai é britânico e mamãe alemã. Sou meio que albina – Dei de ombro encerrando o papo.

Eles até que eram uma boa companhia e eu, talvez, estivesse sendo mal educada por agir assim, entretanto, responder as mesma perguntas por um par de vezes acabaria com o bom humor de qualquer pessoa.

Meus novos colegas até que eram bem simpáticos, mas deveras curiosos.

A conversa entre eles continuou a todo vapor, uma vez ou outra eu respondia ou fazia algum comentário. Meg Fox, era uma loira com olhos azuis muito falante e comunicativa. Rebecca Smith cabelos escuros e olhos castanhos, meio na dela mas parecia uma boa pessoa. E os gêmeos Agatha e Wesley Nakamura, cabelos e olhos escuros. Eles são os que mais gostei. Austin Cabello era uma versão feminina de Meg. Loiro de olhos azuis e arrogante, sua postura claramente dizia isso.

Escutei um suspiro ao meu lado e olhei de esguelha para Meg, que olhava para o outro lado do refeitório parecendo em transe. Discretamente, segui o seu olhar hipnotizado e encontrei algo que fez meu queixo cair literalmente.

Eles eram lindos. Para não dizer estranhamente perfeitos.

— Eles são bem bonitos – Me ouvi dizendo para ninguém em particular.

— Muito – Concordou Meg dando outro suspiro e apoiando o queixo na mão – Mas todos namoram.

A olhei esperando que ela continuasse.

— Ino Yamanaka – Apontou uma bela loira – Está com Gaara Sabaku  – Indicou para o ruivo sério – Naruto Uzumaki é noivo de Hinata Uchiha – Fez uma careta olhando para o loiro – Eles tem dezessete anos e já pensam em casar. São loucos. Hinata – Murmurou olhando para a pequena morena – É irmã gêmea de Sauke Uchiha.

Olhei para o tal Sasuke Uchiha. Ele estava de costas virada para mim, então, não dava para ver o seu rosto.

Dentro de mim, crescia uma imensa vontade de ver o seu rosto. Meu estômago parecia uma escola de samba em pleno carnaval e minhas mãos soavam de ansiedade de olhar dentro dos seus olhos pela a primeira vez.

Franzi o cenho aborrecida comigo mesma.

Que merda era essa?

— Ele é o único solteiro – Meg comentou – Nunca deu bola para ninguém aqui. Ele é metido demais. Na realidade, todos eles se acham superiores a todos, mas ele é o pior de todos – Completou com raiva.

— Você tem raiva dele porque Sasuke te deu um fora, Meg – Wesley esclareceu.

Os olhos dela ficaram escuros de raiva.

— Ela ainda vai me pagar – Murmurou para sim mesma.

Estranhamente aquilo me irritou. Antes, que eu pudesse falar qualquer coisa o sinal tocou dando fim ao intervalo e início a mais uma maratona de aulas cansativas. Me levantei e saí andando sem espera-los. Continuei caminhando com passos rápidos até minha próxima aula, mas meu trajeto foi interrompido por Rebecca, que surgiu do nada me assustando e entrelaçando o seu braço no meu.

— Vamos, Sakura? – Perguntou animada enquanto me arrastava pelo corredor movimentado – Minha próxima aula é com você.

Nada disse, apenas deixei ela me rebocar até a sala de biologia.

— Seja bem vinda, Srt. Haruno – Desejou a Sra. Hauther me entregando minha caderneta – Pode se sentar ao lado do Sr. Uchiha – Apontou para o único lugar vago ao lado dele.

Fora, então, que tive o meu primeiro contato visual com ele.

Era como se meu mundo tivesse parado e tudo se resumisse a ele.

Sasuke Uchiha.

Meu coração batia ferozmente dentro do meu peito, que eu achei que seria possível ser ouvido na sala. Andei até o lugar vago ao seu lado com as minhas pernas bambas e examinando-o com cuidado.

Os cabelos escuros e um pouco longos emoldurava o rosto másculo e alvo. A boca fina e avermelhada, pediam por um beijo. Eu me sentia extremamente atraída por ele.

 Então, olhei dentro dos seus olhos e senti medo.

Seus olhos pretos como ônix me fitavam com extrema raiva e fome. Sasuke parecia querer arrancar minha cabeça. Sentei-me ao seu lado de forma automática e abri meu livro de biologia em uma página qualquer. Os minutos pareciam se arrastar e o sinal nuca batia, assim encerrando minha agonia. No mesmo, que eu me sentia completamente fascinada por ele o medo também me dominava e me paralisava. Arrisquei uma olhada para o lado e me arrependi da minha tolice.

Sasuke me encarava descaradamente e estava quase fundido na parede atrás de si. Sua postura era rígida e ele parecia mal respirar. Suas mãos pálidas estavam fechadas em punhos e seus olhos como a noite cravados no meu rosto. A raiva ainda estava lá, porém havia outro sentimento. E esse eu não conseguia decifrar qual era.

Porra! Meu coração parecia que ia sair por minha boca e a vontade de beija-lo continuava crescendo a cada segundo, que eu me perdida nele.

 Ficamos nos encarando como dois malucos e ninguém dizia nada. O sinal tocou finalizando a aula e eu já estava irritada por me encontrar nessa situação bizarra.

Ele abriu a boca parecendo querer dizer alguma coisa, entretanto, fui mais ágil.

— Idiota – Murmurei catando minhas coisas e saindo como um furacão da sala enquanto deixava um Sasuke Uchiha pasmo para trás.


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Notas finais do capítulo

Então, continuo ou paro?
Bjus.



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