The Grey escrita por Milla Lyra


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Aproveitem o capítulo.



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Já era noite quando chegamos na minha antiga cidade. Era um lugar tranquilo, não muito desenvolvido. Passamos por uma praça cheia de crianças brincando e mães sentadas conversando entre si. Era isso que se fazia, por aqui. E era isso que eu não queria para minha vida. Eu tinha ambições, que não incluíam achar um marido que me sustentasse e ser uma boa dona de casa. Eu vi o que isso causou na minha mãe, não iria seguir o mesmo destino.
Dirigi direto para a casa da minha mãe, o nervosismo só aumentava com a proximidade. Draco observava tudo com o cenho franzido, os olhos atentos na cidade pequena.
- Você cresceu aqui? - Perguntou ele.
- Sim. Não é um lugar muito desenvolvido. - Draco olhou para mim com uma expressão estranha.
- Eu gostaria de ter crescido em um lugar assim. Brincando nas praças, fazendo amigos na escola. Deve ter sido bom para você. - Foi quando percebi o que o fascinava. Draco tinha crescido em uma cidade grande, em escolas particulares, rodeado de gente rica e poderosa. Ele não sabia bem o que dizia, só desejava o que ele nunca teve, uma vida comum.
- Eu não tinha tempo para brincar. - Falei, tensa. - Meu pai foi embora muito cedo. Eu ajudava minha mãe em casa, e quando tive uma certa idade fui trabalhar fora para ajudar nas despesas. - Ele me encarava com o cenho franzido. - Não faça essa cara, eu já superei isso. E não foi ruim, ao todo. Aprendi muita coisa trabalhando.
- Só estou… orgulhoso. - Draco falou, sorrindo. - Você é a garota mais forte que eu já conheci. - Meu rosto esquentou com o elogio.
Estacionei na frente da pequena casa azul claro. Na frente tinha um jardim mal cuidado, a porta de madeira estava lascada em alguns lugares. Engoli seco, tomando coragem.
- É aqui. - Falei, apertando o volante com tanta força que meus dedos esbranquiçaram. Draco colocou uma mão sobre a minha, me acalmando.
- Vamos lá? - Perguntou, sorrindo. Acenei e desci da caminhonete. Draco me esperava do outro lado, e segurou minha mão. Caminhamos até a porta e eu bati. Demorou alguns segundos angustiantes, mas eu ouvi a tranca da porta se mover, e logo Helena Granger apareceu na entrada.
Estava um pouco diferente do que eu me lembrava. Os cabelos longos e acobreados não estavam descuidados como de costume, mas soltos e lisos sobre os ombros magros. O rosto, mesmo marcado, tinha um brilho diferente. As roupas velhas que geralmente usava em casa não estavam em canto nenhum, ela estava com um vestido vermelho simples mas bonito. Quase não reconheci quando a vi. Mas eu sabia que ela podia ficar linda, se quisesse. Soube disso da pior forma possível.
- Hermione? - Ela perguntou, confusa. Em seguida olhou para Draco e arregalou os olhos, abrindo um sorriso arrasador.
- Oi, mãe. - Falei, insegura.
- Que surpresa. Não sabia que viria aqui hoje. - Helena falou, com os olhos ainda fixos em Draco. - Entrem, por favor. - Disse. Quando passamos, notei que ela olhou para o carro estacionado na porta com curiosa apreciação.
- Mãe, esse é Draco, meu namorado. - Apresentei. - Draco, Helena Granger, minha mãe. - O sorriso de Helena vacilou, mas depois voltou com força total.
- Olá, Draco.
- Senhora Granger. - Ele acenou, sorrindo.
- Não, não. Por favor, me chame de Helena. - Soube naquele instante que ela já sabia o que eu temia. Ela nunca trataria um ‘qualquer’ daquela forma tão amigável. - Vamos sentar, por favor.
Levei Draco para o sofá antigo e surrado. Ele olhava para mim e depois para minha mãe, como se comparando as semelhanças. Helena tinha cabelos acobreados, enquanto os meus eram castanhos, mas a diferença acabava aí. Helena sentou à nossa frente, animada com a nova diversão sentado no sofá de sua casa.
- Draco. - Repetiu ela, lentamente. - Não tem sobrenome? - Gelei diante da pergunta. Draco pareceu desconfortável, mas respondeu:
- Draco Malfoy. - Disse, rapidamente. Eu podia imaginar o quanto deveria ser duro para ele admitir ser um Malfoy, e estava orgulhosa por sua tentativa, apesar da situação.
- Malfoy? - Helena perguntou, franzindo o cenho. Desejei com toda a minha força que ela não ligasse o nome à nada.
- Mãe, estava de saída? - Perguntei, tentando distraí-la. Helena ergueu as sobrancelhas.
- Ah, não. Só estava pensando em dar uma volta pela cidade, mas não era nenhum lugar em particular.
- E está tudo bem por aqui? - Perguntei, hesitante. Eu não queria que ela falasse sobre o quanto eu era uma péssima filha que mandava pouquíssimo dinheiro para a mãe.
- Sim, claro. Tudo ótimo. - Ela respondeu, para minha surpresa. Seus olhos ainda estavam em Draco, analisando-o. - Então, Draco, você e minha filha estão à muito tempo juntos?
- Hã… não muito, na verdade. - Draco respondeu, remexendo no sofá. Tudo nele gritava o quão desconfortável ele se sentia. Mas parecia empenhando em ser gentil. Eu o amei ainda mais por isso.
- Então se conheceram na faculdade?
- Sim. - Respondi. Helena me lançou um olhar de repreensão, ela queria ouvir Draco falar.
- E você quem arrumou o novo emprego de Hermione, pelo que sei, não foi?
- Sim, senho… Helena. - Draco respondeu. - Hermione trabalha na empresa da minha família.
- Da sua família? - Repetiu Helena, arregalando os olhos. Meu coração congelou. - Malfoy. Malfoy’s Company, é claro! - Exclamou ela, maravilhada.
- Exatamente. - Draco confirmou. Eu só queria sair correndo da sala e levá-lo junto comigo. Helena me olhou estupefata. Era óbvio que ela estava adorando a novidade.
- Que gentil da sua parte fazer isso para minha filha. - Disse, me sobressaltando com a doçura fingida na sua voz. Minha mãe não era carinhosa comigo havia muito tempo. - Deve ser um rapaz especial. - Mas seus olhares para o corpo de Draco estavam óbvios demais. Ela estava o analisando, mas não como o ‘namorado da filha’.
Draco parecia mortificado.
- Mãe. - Chamei, firme. Helena tirou os olhos dele e me encarou. Quando ela sorriu, meu peito apertou. Não era o sorriso gentil ou amável, era aquele que ela usava quando queria me magoar.
- Harry veio a sua procura várias vezes desde que você saiu da cidade. - Disse ela. Eu estava petrificada. Horrorizada com a crueldade de Helena. Como uma mãe poderia machucar tanto uma filha? E como eu ainda conseguia amá-la depois de tudo?
- Harry? - Draco perguntou, arqueando a sobrancelha. Meu corpo estava tenso, minha voz tinha desaparecido. Helena se aproveitou da minha condição.
- Sim, ele é ex-namorado de Hermione.
- Ele nunca foi meu namorado! - Falei, mais ríspida do que eu pretendia. Helena queria me destruir.
- Mas foi quase, querida. Não consigo perceber a diferença, quando me lembro de você com Harry. - Draco continuava a me encarar, parecia incomodado.
- Ele era meu amigo. - Falei, se para acalmar Draco ou me acalmar, eu não sabia.
- Mas você gostava dele, não era? - Perguntou ela, cínica. Eu não aguentava mais, levantei do sofá subitamente.
- Até você transar com ele nesse maldito sofá, pelo que me lembro. - Falei, furiosa.
Helena não parecia envergonhada, nem ao menos piscou com minhas palavras. Draco estava chocado, os olhos cinzas arregalados e surpresos.
- Não seja tão ranzinza. Não foi nada demais, ele também gostava de você.
- Meu Deus, mãe! Será que você não percebe o quão repulsivo isso é?! Ele tinha dezessete anos!
- E daí? Não o forcei a nada. E nem sou velha, como você acha. Muito menos estava procurando por um relacionamento duradouro. Seja sensata, Hermione.
- Você é louca.
- E você está gritando comigo por causa de um garoto qualquer, quando o seu namorado está bem aqui. Isso não me parece muito com uma menina apaixonada.
- Eu vou dar um tempo para vocês. - Draco sussurrou, e saiu da casa. O rosto dele deixava claro que ele não estava feliz.
- Essa era sua intenção, não era? - Perguntei, enfurecida. Helena sorriu, tão fria quanto a noite lá fora.
- Só estou poupando você, querida. Aquele garoto não procura uma garotinha para viver o resto da vida, e você não sabe aproveitar as oportunidades que a vida te dá. Isso só acabaria mal para você.
- E ele procura alguém como você, então?
- Não exatamente. Mas eu poderia me divertir com ele. Ele não quer romance, querida, você sim. - Disse ela, o tom falsamente doce. - Você tinha que aproveitar o que ele pode dar a você. Não trabalho, diversão.
Ela não queria que eu fosse feliz quando ela continuava sozinha naquela casa. Helena era do tipo de mulher que não admitia que ninguém fosse melhor do que ela. Muito menos a própria filha.
- Eu vou embora. - Falei, caminhando até a porta. Helena riu suavemente.
- Não fique chateada. Um dia você vai me agradecer.
Saí pela rua, arrasada e furiosa.
Draco estava dentro do carro, corri até lá e entrei no lado do carona, apressada em ver como ele estava. Quase perdi a fala quando notei um cigarro nos lábios dele. Draco inspirou aquela fumaça, em seguida soprou pela janela. Tinha o cheiro estranho, mentolado junto com a nicotina.
- O que você está fazendo? - Perguntei, cética. Aquele dia parecia ser três vezes mais longo, e não parecia que iria acabar tão cedo. Draco me olhou de esguelha, soprando a fumaça.
- Fumando.
- Eu não sabia que você fumava. - Reclamei.
- Não costumo fazer muito isso. Só quando estou frustrado, ou quando eu descubro que minha namorada tem um ex, e que vocês só pararam de se ver porque ele dormiu com a sua mãe. - Sua voz estava fria, e ele ainda não me olhava nos olhos. Suspirei, passando a mão no rosto.
- Eu não queria te trazer aqui.
- Então preferia continuar me escondendo isso? - Perguntou ele. - Ou só estava com medo de eu dormir com sua mãe também?
Eu não tinha mais emocional para aguentar brigas. Já me sentia tão diminuída, tão exposta. Só percebi que estava chorando quando um soluço engasgado escapou da minha boca. E quando esse escapou, meu auto-controle escorreu pelo ralo. Me perdi em um choro descontrolado, soluços cortantes e lágrimas. Draco parecia assustado, mas estava olhando para mim, ao menos.
- Jesus, Hermione. - Murmurou ele, jogando o cigarro pela janela e me puxando para o seu colo. Seu gesto só me fez chorar ainda mais. Me agarrei a frente da sua camiseta, molhando-a com minhas lágrimas. Me sentia destruída. Draco passava a mão nas minhas costas, beijando meu cabelo. - Não chora, por favor. - Pediu ele, ansioso. - Vai ficar tudo bem.
- Eu a amo tanto, e ela me odeia. - Solucei, abalada. - Eu não a fiz nada.
- Não importa, está tudo bem. - Dizia ele, outra e outra vez. - Vamos sair daqui, vamos para um hotel.
- Desculpa. Eu não queria te esconder nada, mas eu não sabia como dizer que minha mãe transou com o cara que seria meu namorado. - Falei, limpando o rosto e respirando fundo.
- Vamos sair da porta da sua mãe, no hotel conversaremos melhor. - Saí do colo dele, Draco ainda segurava a minha mão.
- Vamos embora daqui. - Falei, olhando para a casa de Helena, pelo que eu queria que fosse a última vez. Eu estava envergonhada pelo descontrole emocional. Não era de chorar daquele modo, e não queria que ninguém pensasse em mim como uma garota sensível, muito menos Draco.

Procuramos o hotel mais conhecido da cidade. Não era muito sofisticado, mas pelo menos havia lençóis limpos e um chuveiro quente.
Entramos no quarto. Era pequeno, as paredes eram todas brancas e os móveis escuros. Só havia uma cama e um criado-mudo e uma poltrona perto da porta. E do outro lado estava a porta para o banheiro. Era o suficiente por uma noite.
Sentei na cama, suspirando. Não conseguia aceitar tudo que tinha acontecido, o que Helena tinha feito era cruel. Draco sentou na poltrona, me observando.
- Eu não quero pressionar você, mas acho que deveríamos conversar. - Disse ele, franzindo o cenho.
- Temos sim. Eu só não sei por onde começar ainda.
- Tenta me explicar sobre esse Harry. - Mesmo que aparentasse calma, eu sabia que Draco estava chateado. Sua personalidade possessiva não aceitava outro homem na minha vida.
- Tudo bem. - Murmurei, tentando manter a calma enquanto relembrava de tudo. - Harry e eu éramos amigos de infância. Ele era o único amigo que eu tinha. Como eu já disse, não havia muito tempo para brincar, na minha infância. Nós éramos bastante unidos, sempre fazíamos tudo juntos. Caminhávamos até a escola, saíamos nos fins de semana que eu podia. E, então, nós fomos crescendo. Eu tinha dezesseis anos, e Harry dezessete. Eu comecei a sentir… algo diferente de amizade por ele, e Harry também demonstrava sentir o mesmo. Harry foi meu primeiro beijo, meu primeiro abraço, meu primeiro amigo. E minha primeira decepção. - Draco continuava me olhando, impassível. - Um dia eu estava voltando do trabalho, Harry tinha me avisado que me esperaria em casa. Eu estava feliz, porque no dia anterior ele tinha me beijado pela primeira vez, e eu tinha esperança de que ele me pediria em namoro naquele dia. Então eu abri a porta de casa, com um sorriso enorme. Ele estava deitado no sofá sobre a minha mãe. Eles estavam nus, e se beijavam. Acho que nunca senti tanta dor como naquele dia. Não era apenas uma pessoa que quebrava meu coração, mas duas! E uma delas era minha mãe. Não falei mais com Harry depois disso, e também fiz de conta que nada tinha acontecido com a minha mãe. Ela sabia que eu tinha visto, claro, mas também não puxou o assunto. Até hoje.
Draco fechou os olhos, esfregando a mão sobre eles e bufou. Abaixei a cabeça, com vergonha do que tinha acabado de falar. Tinha confessado que perdi meu primeiro namorado para minha mãe. Era tão humilhante quanto doloroso.
- É uma história e tanto. - Draco murmurou. - Eu não tinha ideia disso. Se eu soubesse, não teria pedido para vir.
- Eu sei que você não sabia. Ninguém, fora nós três sabe disso. Não é algo que eu me orgulhe.
- Você? - Perguntou ele, confuso. - Você não tem do que se envergonhar. Foi sua mãe quem errou, e também esse garoto. Não foi você, Hermione.
- Não estou falando disso. Não é agradável saber que ele preferiu minha mãe à mim. Minha falta de confiança só foi piorando depois disso, não é algo que eu goste de lembrar.
- Agora eu entendo porque você não se acha linda. - Sussurrou. - Eles à magoaram ao ponto de destroçar seu amor próprio. - Senti mais lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto, mas limpei-as rapidamente. Draco veio até mim, sentando do meu lado. - Eu quero te mostrar o quanto você é perfeita, Hermione.
Olhei para ele, confusa. Draco me encarava com intensidade esmagadora. Ele estendeu a mão, e prontamente eu a segurei. Ele me levantou, e me levou até o banheiro. O box ocupava uma parte do local, e no outro tinha o vaso, uma pia e atrás da porta tinha um espelho de corpo inteiro. Draco fechou a porta, me colocando de frente para o espelho e ficando atrás de mim. Seguro, mas devagar, ele segurou a barra da minha blusa, deixando claro seu intuido. Eu deixei, deixaria qualquer coisa naquele instante, com os olhos dele fixos nos meus. Minha blusa foi ao chão, e meu sutian e calças a acompanharam logo depois. Eu estava só de calcinha na frente do espelho.
- Olhe para você. - Ordenou ele. Eu não conseguia, se olhasse veria todos os desfeitos que eu temia, e tinha medo daquilo. - Por favor, anjo. Olhe para você. - Eu olhei. Era eu, tensa, os olhos inchados, mordendo o lábio. Draco tirou meus cabelos dos ombros, segurando-os enquanto beijava meu pescoço. - Olhe o quanto você é linda. - Disse ele. - Veja seu rosto tão bem desenhado, olhe seu corpo enlouquecedor. Acho você a garota mais linda que eu já conheci, e você também deveria achar isso.
Ele segurou minhas mãos e passou seus braços pela minha cintura, ainda segurando-as. Encostou o rosto no meu ombro e me observou.
- Você é perfeita. Não tem nada que eu mudaria em você. - Eu sorri, envergonhada. Mas não de um modo ruim, agora eu só gostava do que ele falava. Meu coração parecia inflar dentro do peito, e antes que eu segurasse, falei:
- Eu amo você. - Eu esperava que Draco me largasse naquele hotel, fosse embora o mais rápido que pudesse. Ou pelo menos que ele me chamasse de louca e risse da minha cara. Eu com certeza não esperava aquela reação.
Draco abriu o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Os olhos brilhando tanto que pareciam emocionados. As bochechas ficaram rosadas, como se tivesse constrangido. E ele me apertou mais contra seu corpo.
- Eu sou louco por você. - Disse, no meu ouvido. - Não acredito na sorte que eu tenho por te ter aqui comigo.
Virei para ele e o beijei. Suas palavras doces eram o que eu precisava, mas havia outra coisa que eu queria. Eu o necessitava por inteiro, queria pertencer a ele e saber que ele era meu em todos os aspectos. Eu o amava, mais do que era aceitável para minha sanidade mental. Draco me ergueu do chão, me levando até a cama. Me deitou lá, tirou sua camisa e se pôs em cima de mim. O peso do seu corpo sobre o meu não era sufocante como eu imaginava. Me reconfortava, e eu ainda queria mais. Passei as pernas ao redor do seus quadris, me erguendo para ele. Draco arfou, surpreso.
- Eu quero. - Murmurei. Draco franziu o cenho.
- Tem certeza?
- Sim, eu quero.
- Eu não quero que faça nada porque acha que deve...
- Eu não acho nada. - Disse, mas ele me interrompeu.
- ...ou porque está frágil. Eu não quero me aproveitar de…
- Draco! - Chamei, olhando diretamente para ele. Quando se acalmou, eu repeti. - Eu quero. Agora. Cala a boca e vem.
Ele riu suavemente, e voltou a me beijar. Pude sentir o gosto do cigarro mentolado nele, mas eu não me importava.
Eu gostava do modo como ele me segurava. Não como se fosse uma boneca de porcelana, ou frágil de algum modo. Draco me tocava com vontade, até com desespero. Apertava minhas coxas, me puxava para ele. Logo suas roupas estavam no chão, ele estava nu, e eu só queria parar um pouco para admirá-lo. Mas Draco não me deu essa chance. Depressa, ele pegou um envelope no bolso da calça, e me olhou, inseguro.
- Quer colocar? - Olhei para o preservativo, intimidada. Eu não sabia como fazer aquilo. Claro que eu tivera aulas de educação sexual, mas colocar uma camisinha numa banana devia ser diferente da vida real. Eu neguei, nervosa. Draco sorriu de modo confiante, e colocou. Eu ainda não tinha olhado para baixo, estava com medo de ficar assustada e perder a coragem. Mas engoli seco e finalmente olhei. Minha respiração saiu em um sopro. Meu… Deus… aquilo ia doer. Muito. - Está tudo bem?
- Sim. - Respondi, tentando sorrir. - Está tudo ótimo.
Draco se apoiou sobre mim outra vez, capturando meus lábios entre os dele.
- Você sabe o quanto eu quero você? - Ele murmurou na minha boca. Neguei com a cabeça, queria ouvi-lo falar. Draco sorriu de lado, só uma curva dos lábios. - Eu quero você para caralho.
Não contive o sorriso abobalhado no meu rosto. Draco desceu, indo na direção da minha calcinha. Eu já tinha ideia do que ele faria, e já estava ansiosa por antecipação. Rápido, ele a retirou, jogando-a no chão. E então eu senti. Meu Deus, o que ele me fazia sentir apenas com a língua era inacreditável. Segurei os cabelos claros entre meus dedos, desesperada por alívio e ansiosa pela liberação. Minha respiração saía em arquejos. Eu podia ver os olhos dele no meu rosto. Draco gostava de me ver perdendo o controle. Todo meu corpo tremeu com os espasmos, meus dedos ainda seguravam os cabelos dele. Draco sorriu, os lábios brilhando.
- De uma só vez. - Pedi. Draco pareceu confuso, então expliquei. - Não devagar, vá de uma vez. Rápido. - Quando ele abriu a boca, eu o interrompi. - Não pergunte se eu tenho certeza outra vez.
Sorrindo de modo divertido, Draco se posicionou. Meu corpo estava tenso, mas eu estava preparada, eu tinha que estar. Olhei para o rosto dele, focando no quão maravilhoso ele parecia. Com o lábio inferior brilhando entre os dentes, os olhos radiantes. Parecia feliz como eu nunca tinha visto.
- Você me quer. - Me surpreendi com a verdade naquilo. Ele me queria, realmente me desejava. Ele sorriu ainda mais ao ouvir minhas palavras.
- Para caralho. - E aconteceu. Arquejei pela pressão súbita dentro de mim, e em seguida veio a dor. Fechei os olhos, respirando fundo. Ardia, como os sete ciclos do inferno. De modo distante, ouvi Draco murmurar, a voz rouca. Eu não queria me mover, não ainda. Abri os olhos, ele parecia preocupado. - Você está bem?
- Sim. - Sussurrei de volta. Estava queimando, eu sentia como se tivesse engolido brasas. Mas eu não falaria isso para ele, Draco já parecia ansioso. Finalmente, alguns segundos depois, a ardência estava cedendo, consegui erguer uma perna e colocá-la ao redor de Draco. Ele pareceu se acalmar com meu gesto. Ainda devagar ele começou a se mover. Meu corpo ainda estava tenso, mas a expressão de Draco me distraiu. Cristo… agora eu entendia o que ele queria dizer com ‘seu rosto quando você goza’. Ele estava completa e totalmente desarmado. Não havia o sarcasmo habitual, nada de raiva, ódio, ressentimentos ou medos. Ele parecia tão livre, feliz. Eu podia amá-lo mais do que já o fazia? Eu achava que sim. Meu coração parecia inchar até duas vezes maior, e todo ele amava Draco. Seus lábios estavam tão macios, suas mãos acariciando meu rosto eram como plumas. Ele estava sendo doce, mesmo que aquele não fosse eu jeito de ser. Ele estava se esforçando por mim.
O fôlego de Draco estava mais rápido. Meu coração já estava acelerado. Só consegui me abraçar mais a ele. Seus movimentos intensificaram. Era tão raro vê-lo daquela forma. Então ele me olhou nos olhos e murmurou meu nome, parando seus movimentos com um último ímpeto. Estávamos os dois sem ar. Tirando o som das nossas respirações aceleradas, o quarto estava em um total silêncio.
- Você é toda minha, agora. - Ele murmurou, resvalando os dedos no meu rosto. Eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto.
- E você é meu. - Falei, radiante.
- Eu sou seu desde que você tentou me esbofetear naquele estacionamento. - Ele riu, lembrando. Parecia ter sido à séculos atrás. - Garotinha irritante.
- Babaca troglodita. - Retruquei, rindo. Draco deitou-se ao meu lado, retirou o preservativo e me abracou pela cintura como sempre fazia. Deitou a cabeça no meu peito nu.
- Também não quero que você vá embora. - Disse ele, me sobressaltando.
- Porque eu iria?
- Um dia você vai perceber que eu sou muito fodido, e aí vai embora. Mas eu não quero que você vá.
- Eu não irei, Draco. - Assegurei, passando os dedos nos cabelos macios e loiros. - Eu amo você, não te deixaria.
- Eu gosto de ouvir isso. - Falou. - É também assustador, mas eu gosto.
- Eu também tenho medo. Mas vai dar certo, de alguma maneira. Vamos conseguir.
- Só prometa para mim. Você não vai me deixar, mesmo que você perceba que eu não tenho muito para te oferecer a não ser a mim mesmo. - Ele levantou o rosto apenas para me olhar nos olhos. - Prometa.
- Eu prometo. - Falei, mesmo que tivesse medo daquela promessa. - Não vou deixar você.
Draco sorriu, beijou minha barriga, e voltou a descansar sobre ela. Mesmo com medo da minha promessa, eu estava feliz em perceber que Draco também tinha medo de me perder. Não era somente eu quem sentia alguma coisa. Ele também me queria. Era o bastante para mim.

DRACO

Eu jurava que podia sentir o cheiro de casa de novo, e não era uma boa coisa. Meu coração estava apertado enquanto a ardência da surra me golpeava. Eu gritava para que parasse, chamava pela minha mãe, estava desesperado. Minha voz saia como a de uma criança. Talvez porque eu tivesse cinco anos naquele sonho. Eu sabia que estava sonhando, mas isso não me fazia ter menos medo.
Estava doendo. Eu gritava, dizendo que doía e que eu queria a mamãe. Seria patético, se não fosse só uma criança. E então veio a já esperada pancada na cabeça, e tudo escureceu.
- Draco? Acorda, por favor! - Ouvi alguém falar ao meu lado. Meus olhos abriram repentinamente, e minha primeira reação foi esquadrinhar todo o quarto estranho, a procura dele. Minha respiração estava pesada, eu só esperava que não tivesse chorado dessa vez. Porra, eu já estava cansando daquela merda!
- Eu estou bem. - Falei, soando tão patético quanto me sentia. Hermione me olhava com seus grandes olhos castanhos assustados. Eu odiava vê-la com medo, e odiava ainda mais ser a causa daquilo.
- Você estava gritando. Tem certeza que está tudo bem? - Perguntou, insegura. Eu queria me bater por ser um babaca fodido, mas isso também não resolveria, eu já tinha tentado.
- Não foi nada. Está tudo bem, agora. - Abracei a cintura macia dela, pousando a cabeça no seu peito. Como sempre, ouvir o coração de Hermione bater me acalmou, como se suas batidas regulassem as minhas. Senti seus dedos nos meus cabelos, e fechei os olhos.
Estava com medo, mesmo que me doesse admitir. Aquele sentimento que eu nutria por ela me assustava para caralho, era inédito para mim. Eu não gostava de ter medo, não era natural na minha vida desde que eu tinha feito meus quinze anos. Mas a ideia de ficar sem ela, sem o som do coração dela batendo, ou a risada dela quando eu brincava, ou até suas bochechas coradas quando eu a constrangia, me deixava maluco.
Hermione tinha falado que me amava. Quando ouvi, estava inebriado demais com seu cheiro para pensar racionalmente, as palavras só me fizeram querer gritar que ela era minha. Mas, agora, eu começava a entrar em pânico. Eu a magoaria, e aí ela iria perceber que eu não valia nada, e então me deixaria. Pensar em uma vida sem ela era nauseante. Hermione, mesmo contra minha vontade, tinha tornado-se o centro dos meus dias. A todo momento eu pensava nela, mesmo quando deveria pensar em outra coisa.
Cara, eu estava ferrado.
Mesmo com o pânico agitando meu estômago, me permiti apreciar o momento. Ela era minha, agora. Em todos os sentidos. Estar dentro de Hermione tinha sido único, magnífico. E fazer isso sabendo que ela me amava, só fazia tudo melhor, apesar do medo.
Se amor era dependência, eu aceitava que ela dependesse de mim. O problema estava com ela me entregar o coração de tão boa vontade. Eu era um filho da puta, e sabia disso. Mesmo quando eu queria ser bom, eu fodia tudo. Eu a despedaçaria, e não tinha como evitar. Era meu instinto natural. Era o que eu realmente era.
Que merda, eu estava agindo como um fraco idiota. Era isso que eu tinha para entregar a Hermione? Toda a minha alma mutilada e meus pensamentos perturbados? Sim, ela merecia muito mais do que isso. Mas eu era um maldito egoísta, e eu não a deixaria ir à porra de lugar algum.


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Notas finais do capítulo

Algumas de vocês poderiam pra que eu continuasse por aqui, então voltei. :)
Até a próxima.



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