Longbottom escrita por Siaht


Capítulo 1
Longbottom


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, essa é a última one-shot dessa "saga" e espero realmente que vocês gostem! ♥



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ALICE

.

O bebê dormia tranquilamente em seu berço, abraçado ao pequeno leão de pelúcia. Uma áurea de inocência parecia envolvê-lo, fazendo um sorriso involuntário se formar nos lábios da mulher que tão atentamente o observava. Por meio minuto foi capaz de esquecer o mundo a sua volta, todo o caos em que estava inserida, e se concentrar apenas no menino gordinho, de bochechas fofas e rosadas, que havia trazido ao mundo. Aquele era um péssimo momento para dar à luz a uma criatura tão pura, porém, bastava um olhar ao filho adormecido para que soubesse que jamais se arrependeria de sua escolha.

Alice Longbottom nunca havia se imaginado como mãe. Na verdade, a simples ideia seria capaz de fazer com que a mais debochada das gargalhadas lhe escapasse pelos lábios. Por muito tempo a noção de maternidade lhe parecera terrível, algo tão destruidor como uma maldição imperdoável. Não era sua culpa, durante toda a vida lhe passaram uma ideia equivocada do que seria ter um filho, uma ideia que fazia parecer que ser mãe era abdicar de si mesma e viver em função de outra pessoa. Aprendera que maternidade era uma obrigação, que significava abrir mão de sua vida, personalidade e sonhos. Alice não estava disposta a se abandonar.

Sendo assim, a descoberta da gravidez lhe trouxera um conflito óbvio. Era jovem, havia acabado de se casar e estava no meio de uma guerra. Em resumo, tinha todas as dúvidas do mundo. Não era surpresa para ninguém. A garota sempre fora conhecida por suas indecisões e incertezas. Entretanto, o que ninguém jamais ousaria cogitar era que Alice carregava também todos os temores do mundo. Não era fácil perceber. Fora a mais ousada das grifinórias durante seus anos em Hogwarts, e agora se convertera em uma auror competente e um membro de valor da Ordem da Fênix. Travava batalhas épicas contra Comensais da Morte e já duelara até mesmo contra o próprio Lorde das Trevas. Ainda assim, o medo real e latente surgia apenas quando se tratava de sua vida pessoal.

Havia momentos em que achava que estava fazendo tudo errado. Apenas para, no instante seguinte, sentir todas as certeza possíveis a dominando. Sua única convicção imutável era que amava Frank Longbottom. Quanto a isso não tinha dúvidas. Amava o rapaz e não conseguia imaginar um único cenário em que deixaria de amá-lo. Ele era seu melhor amigo, seu fiel companheiro de batalha e o homem que conseguia roubar seu fôlego com um único olhar. Fora por isso que aceitara se casar com ele pouco depois de se formarem em Hogwarts. Parte dela acreditava que aquilo era uma loucura, eram tão jovens e sem experiência...

Ainda assim, uma guerra batia à porta e a sensação dominante era de que o tempo estava acabando. Podiam cair mortos a qualquer momento e Alice não queria morrer sem ter sido de Frank Longbottom de todas as formas possíveis. Se o cenário fosse diferente, teria esperado alguns anos para começar a pensar sobre casamento e responsabilidades. Mas não havia tempo. Gostando ou não, o momento de crescer havia chegado. Tudo o que a moça podia fazer era tentar construir uma vida em meio às cinzas de um mundo que se deteriorava.

Aquilo a mantinha acordada durante a noite. Sentia que todos os seus esforços seriam inúteis e em breve se transformariam em pó. Ela se transformaria em pó. Viraria nada e seria esquecida. Sabia que podia desistir da luta e fugir, entretanto, não seria Alice Longbottom se o fizesse. Não conseguiria viver consigo mesma se fugisse e não desejaria viver por um único segundo em um mundo comandado pelo Lorde das Trevas e seus seguidores.

Talvez fosse aquilo que tenha feito optar por ter o filho. A descoberta da gravidez lhe fora chocante e a moça precisou de muito tempo e lágrimas para decidir o que fazer. Nada no mundo poderia assustá-la mais do que a maternidade, ainda assim, ela escolhera aquela criança. Uma criança que era um pedaço dela e de Frank, a prova definitiva do amor entre eles e alguém para impedir que caíssem no esquecimento, para lembrar que os dois existiram, mesmo quando já houvesse deixado esse mundo miserável. Talvez fosse uma motivação egoísta, mas a mulher sempre teve um pouco de egoísmo em si e não havia nada de errado sobre isso.

Bastou que segurasse o filho pela primeira vez, entretanto, para que Alice Longbottom descobrisse que todas as suas ideias sobre a maternidade estavam erradas. Ainda era ela. Ainda era uma pessoa, com sonhos, medos e opiniões. Ainda era tão Grifinória e feroz quanto no minuto anterior. A única coisa que mudara fora a descoberta de um amor único, algo que sequer sabia que era capaz de sentir. Ainda era Alice, mas abdicaria de ser, se o filho precisasse. Por Neville faria qualquer coisa, mataria ou morreria sem hesitar por um único segundo. E aquela seria sua escolha e não uma obrigação e não uma imposição.

Às vezes, todo aquele amor a assustava, mas não havia como lutar contra o que sentia. De certa forma, não queria lutar. Em meio aquela guerra sangrenta e destruidora, Neville fora seu ponto de paz, o que lhe dera forças para batalhar e acreditar que ainda havia esperança. Neville fora tudo o que importara. 

No fim, a vida não fora gentil com a Longbottom e o maior temor da moça se realizou. Deixou de ser Alice, perdeu a parte de si que a fazia inteira, sã e lúcida. Ao menos o filho permanecera bem. De certa forma, aquilo fazia com que qualquer coisa valesse a pena.


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Notas finais do capítulo

Então, acho que essa foi a one mais difícil de escrever e a coisa meio que tomou vida própria durante o processo. Queria muito escrever sobre a Alice, mas como não sabia seu sobrenome de solteira, optei por manter o Longbottom e falar um pouco sobre sua experiência com a maternidade, ou o que eu imagino que seja, já que não tenho filhos.
Espero que tenham gostado dessa e das outras ones. Gostei muito de escrevê-las e já estou com planos de estendê-las para as garotas da geração do Harry.
Nos vemos por aí!
Beijinhos...
Thaís