Estava dirigindo para o shopping de Seattle, mas nenhuma palavra era dita.

- Allie_ tentei quebrar o silêncio._ sobre ontem se importa se fizer uma pergunta meio indiscreta?_ perguntei esperando um “não” como resposta.

- Sim_ ela disse fitando a estrada.

- Por que você estava chorando?_ perguntei rápido.

- Não sei_ ela disse e olhou para mim_ Talvez por raiva...

- Raiva?_ perguntei.

- É, e de você_ ela disse honesta.

- De mim?_ eu estava nervoso com sua afirmação.

- Sim_ ela me respondeu cabisbaixa_ eu estava com raiva pelo o que aconteceu dentro do carro depois da praia._ sua voz saiu em um fio.

- Não é bem assim_ eu disse_ você não entendeu o que eu quis dizer_ falei me lembrando do que havia acontecido.

Nesse exato momento chegamos ao Shopping e o assunto morreu.

Na verdade todo o assunto que teríamos havia morrido. Todos. Subimos as escadas rolantes sem abrir a boca, distantes como se não nos conhecemos. Eu não podia deixar tudo acontecer assim, eu tinha que falar que eu a amava, era isso ou nada mais, não suportaria mais viver sem ela, não mesmo.

Mas o que devia fazer?

Carreguei a mulher mais linda e estressada do planeta até um dos carros da “garagem secreta”. Ignorei todos os chutes e socos que ela me deu como forma de protesto por estar a obrigando a ir até a cidade por minha mera diversão. Sim, era apenas por diversão, afinal eu queria ficar um pouco com ela a sós. Ela não me dava chances então eu teria que criá-las.

- Me larga Emmett McCarty, me põe no chão agora. Eu disse que não iria e eu não vou_ ela protestou mais uma vez.

- Não, Rosalie_ disse a colocando sentada no banco de um dos carros_ você não entende não é?_ perguntei.

- Não_ ela disse tentando sair do carro.

- Esquece_ disse a empurrando de forma delicada e a fechando dentro do carro, dei a volta e entrei do lado do motorista_ eu quero que você vá. Eu preciso passar esse tempo com você_ disse de forma sincera.

O trajeto da casa a cidade foi calado. Em alguns pontos eu olhava de canto de olho, sempre com os braços cruzados, um bico esboçado em sua face e olhos semicerrados que me faziam lembrar uma criança emburrada. Talvez ela fosse aquilo para mim, uma criança que devia ter toda a atenção e amor. Eu a amava certo? Sim eu a amava e não importaria de falar isso a ninguém.

- Chegamos_ disse parando o carro e saindo, dei a volta e abri a porta da poltrona onde ela estava.

Era uma pracinha que tinha visto enquanto íamos para o mercado fazer as compras.

- Eu to com frio e não vou descer_ ela disse batendo o queixo e se encolhendo.

A puxei para fora do carro e abri seus braços. Ela não permitiria que eu o fizesse se soubesse o que iria fazer, mas não sei o que aconteceu ela não reclamou e muito menos voltou a sua posição encolhida. Fechei a porta do carro e encostei-me a ele a puxando para mim, em um abraço.

Assim que Emmett saiu carregando Rose para a sua nova descoberta, Bella se virou para mim querendo saber o que eu queria falar com ela.

- Agora eu quero conversar com você_ disse.

- Pode falar_ ela pediu.

- Ontem eu queria te dizer, mas depois da confusão no carro até desisti_ informei.

- Teve outros momentos para falar_ ela me disse se jogando no sofá.

- Nenhum que estivesse somente com você_ a disse.

- No carro você não ia estar somente comigo_ ela lembrou.

- Bella eu vou poder falar ou não?_ perguntei meio nervoso.

- Não estou tampando sua boca_ falou fria.

- Mas está me interrompendo_ falei nervoso.

- Você é que me faz perguntas ou diz algo errado o tempo todo_ disse brava se levantando do sofá.

- Se você me deixasse continuar_ pedi.

- Eu já disse que não te estou impedindo_ gritou.

Ela caminhou nervosa até mim bufando. Seus passos eram firmes largos e fortes. Parou a poucos centímetros de mim.

- Fala_ pediu.

- Não vou consegui_ admiti

- Por quê?_ ela perguntou.

-Você_ falei.

Antes que sua boca pudesse pronunciar qualquer outra palavra eu a enlacei entre meus braços e a beijei.

Ele abriu meus braços, encostou-se ao carro e me puxou para perto dele. Ele havia me abraçado. Meus braços agora estavam fechados contra o seu corpo musculoso, entre sua blusa e o casaco. O que ele tentava fazer?

Se eu não tivesse com tanto frio já teria o derrubado e saído de lá. Teria?

Seu cheiro era doce. Uma mistura perfeita entra aromas que o tornava único. Ele era único. Meus braços duelaram comigo para continuarem envolvendo tal corpo, um duelo que perdi.

Eu queria continuar ali, eu queria continuar abraçando-o. Mas eu queria mais. Queria ele e só ele, não naquele momento apenas, eu queria sempre. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Mas na pior das hipóteses não era apenas desejo, eu estava apaixonada.

Ele me segurava apertada em volta de seu corpo.

Ninguém poderia falar que aquilo era um encontro ou uma conversa, afinal ninguém falava. Assistimos ao filme em silêncio, subimos e descemos a escada em silêncio, comemos pipoca em pacotes diferentes em silêncio.

Nossas mãos não se encontraram no pacote de pipoca romanticamente porque não eram os mesmo. Se aquilo era para ser uma conversa estava indo por água abaixo, ou estávamos falando uma língua muda, a qual eu não entendo.

Saímos da sala de cinema um atrás do outro como desconhecidos, como fizemos durante todo o dia no shopping.

- Allie_ ele disse tentando quebrar o que se estabeleceu entre nós.

- Sim Jazz_ falei apertando o passo para ficar ao seu lado.

- Vamos nos sentar?_ ele perguntou apontando para um dos diversos bancos existentes naquele shopping.

- Tudo bem_ disse caminhando até um dos bancos.

- Eu preciso falar com você_ ele disse fitando a frente.

- Pode falar, foi pra isso que viemos, não é?_ perguntei.

- Basicamente_ ele disse um pouco corado_ A verdade é que viemos porque eu queria ficar com você_ ele disse e me deu uma olhada_ Não..._ ele praticamente gritou quando percebeu a duplicidade em sua frase_ não quero ficar de nada mais, quero ficar perto de você..._ eu sorri pra ele_ você deve esta me achando um idiota não é?

- Não_ respondi sinceramente_ no momento eu estou te achando fofo_ eu olhei pra ele rindo.

- Devo agradecer?_ ele me perguntou.

- Não_ existia mil coisas para ele fazer, agradecer seria a última que queria que ele fizesse._ Você sabe o que fazer.

- Eu_ ele fechou seus olhos tomando ar_ queria te falar uma coisa_ ele falou e eu apenas o incentivei com a cabeça_ Vai parecer meio bobo e idiota_ ele avisou_ E que eu... Eu acho que_ ele gaguejava.

- Jazz fala rápido_ eu tentei ajudar.

- Eu te amo_ ele disse por fim.

Meu coração saltou a boca batendo mais forte do que devia, minhas mãos suavam e eu não sabia se tinha ouvido o que eu ouvi.

- Eu sei que é meio estranho e rápido, mas eu te amo mesmo_ ele disse um pouco vermelho e olhando pra mim_ Devemos voltar e esquecer? Eu prometo que não conto isso pra ninguém se você quiser, e assim que essa missão terminar, eu desapareço de sua vida_ falou, não eu não suportaria vê-lo partir nunca.

- Não_ praticamente gritei_ eu não quero voltar_ falei em um fio de voz_ quero ficar com você_ falei_ eu acho que também gosto de você mais do que devia. Eu acho que te amo_ confessei.

Senti ele me puxar para mais perto e nossos lábios se unirem em um beijo.

Beijávamos. Eu não queria que isso tivesse acontecido, eu não queria ceder aos seus beijos, não mais.

A quem eu quero enganar? Eu queria ceder, eu queria beijá-lo, eu o queria hoje e sempre. Eu o amava, e isso é um fato que não posso mais negar, que não podia mais ignorar.

- Bella eu te amo, muito mesmo_ ele disse quando encostamos nossas testas pela falta de ar.

- Edward não fale isso da boca pra fora_ eu disse.

- Não é da boca pra fora_ ele argumentou_ eu não consigo mais dormir, quando te vejo meu coração acelera, quando nossos lábios se juntam é algo que não consigo descrever, não mesmo. Bella eu nunca senti isso..._ ele afirmou_ Eu te amo!

- Edward..._ tentei falar.

- Não, eu sei que sou acelerado e que tem menos de uma semana que eu te conheço, mas não dá pra eu negar que não quero e não consigo mais viver longe de você_ ele disse fazendo meus olhos encherem de lágrimas_ Não, por favor_ ele pediu_ não chore, eu não vou consegui ver você chorar, não mesmo. Ontem eu quase morri.

- Edward cala a boca_ falei_ tem mil coisas que você pode fazer com sua boca e você só sabe falar?_ perguntei brava

- O que você quer dizer com isso?_ ele me perguntou um pouco preocupado.

- Eu te amo. Eu quero que você me beije. Para de..._ minhas palavras foram interrompidos pelo roçar de sua boca na minha.

- Eu te amo_ ele repetiu antes de nos beijarmos apaixonadamente.