— Iwa-chan, não precisa fazer isso... — dizia, cheio de remorsos e envergonhado.

Sentia uma das mãos de Iwaizumi em sua cintura, enquanto entrelaçava seus dedos na outra. Os dois estavam ternados e se esconderam em um cômodo vazio daquele prédio, deixando as luzes apagadas e a porta trancada — ninguém sentiria falta deles por alguns minutos, mas Oikawa achava melhor prevenir que alguém os pegasse naquele tipo de situação.

Afinal, os dois brigaram na semana passada e finalmente passariam algum tempo sozinhos, ainda que pouco.

— Lógico que preciso, Shittykawa, não quero ver você tropeçando nos próprios pés quando subir no palco — expôs, firme. — É por minha culpa que você não praticou direito, então, eu meio que te devo isso.

Conduzia Oikawa naquela dança, entre curtos diálogos, mas com uma aura silenciosa. Podia sentir sua pulsação acelerada quando apertava seus dedos contra os dele, percebendo o quanto ambos sentiam falta um do outro. Seu coração se mergulhava em culpa por terem se afastado, florescendo novamente sempre que sentia o calor da presença de seu amado. Naquele momento, ficara disperso entre todos os seus sentimentos, sem saber onde sua cabeça estava. Entretanto, a cada segundo, sentia a necessidade de abafar seu nariz naquele perfume doce, embriagando-se em somente uma palavra.

"Oikawa..."

Quando discutiram, pararam de se falar, sem mesmo entenderem o motivo e sem enxergar que a raiva e nervosismo pendurou um branco desnecessário no passado, que guardava uma melancolia etérea. Isso foi pouco antes do baile de inverno, e Oikawa faltou em todas as aulas de dança naquela semana. Ele sabia dançar, sabia o de dois anos atrás — com a falta de prática, era o suficiente para dar duas voltas e escorregar no próprio cadarço por cima de um chão enceirado. Ao menos, com aqueles poucos minutos, Hajime esperava compensar um pouco daqueles sete dias, pois sabia que Tooru faltara às aulas somente para não precisar o ver.

— ... Obrigado, Iwa-chan. Mesmo — sussurrou. Logo após, encostou a testa no ombro de Iwaizumi. — Me perdoa, por favor...

— Já perdoei. — Continuando com os passos, permanecia sério e calmo, como de costume.

— Você ainda tá com raiva de mim? Pode falar.

— Olha, sinceramente, raiva de você eu tenho o tempo todo... Mas eu nem lembro mais porque a gente discutiu.

Hajime pôde sentir as lágrimas de Oikawa escorrerem gradativamente e pingando em seu terno. Logo em seguida, o mais alto desvencilhou-se daquela posição de dança e passou os dois braços por trás das costas de seu querido, envolvendo-o em um abraço apertado. Ouvir aquilo deu-lhe uma leveza incomparável, trazendo, novamente, junto da felicidade da paixão que sentia, a sensação de flutuar em um mundo separado no qual só existiam os dois. Sentia saudades demais desse lugar.

— Oikawa — chamou-o. Ele prontamente entendeu o recado.

Levantou a cabeça, sem se afastar, dando para Iwaizumi a facilidade de alcançá-lo para um beijo. Sentiu alguns reflexos involuntários em seu corpo por culpa dos arrepios corriqueiros em sua pele que seriam impossíveis de rejeitar. Quando terminaram, Hajime colocou as mãos sobre o rosto de Tooru e respirou fundo antes de beijá-lo novamente.

O que só não durou muito porque tiveram que correr para o salão principal ao ouvirem as dez badaladas da noite, anunciando o início do baile. Ajeitaram suas roupas e ficaram de prontidão no corredor.

— Enxugue essas lágrimas e fique pronto pra ir — alertou.

Ainda choroso, molhava suas mangas ao secar seus olhos. E sentindo que o clima tenso entre os dois acabara, disse o de sempre.

— Iwa-chan, você é minha mãe, por acaso? — Recebeu um soco em troca, mas já estava acostumado. Depois do evento acabar, ele se desculparia decentemente com seu namorado.