Freaks escrita por Lua Chan


Capítulo 19
Dezoito




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POV do Scott

—Filho... -Minha mãe sussurrou, totalmente abalada. Já fazia uma semana que enterramos o corpo de Stiles. Mesmo depois de tantos dias, a experiência de perder praticamente um irmão foi sufocante.

Já não fazia as mesmas coisas que antes. Minha rotina era simples: Escola, lacrosse, passar um tempo com os amigos, assistir à um bom filme... Agora não era assim. Cortei meu tempo com os amigos, já não saía muito e passava a noite lamentando por Stiles.

—Não fica assim, meu amor... -Melissa McCall continuou -A morte vem para todos nós algum dia.

—Mas não precisava vir tão cedo para ele, mãe. -Ela me abraçou. Não reagi inicialmente, mas depois retribui o gesto com muito mais força e necessidade.

—Vamos fazer o seguinte. -Começou -Como vocês não têm escola hoje, pode chamar seus amiguinhos pra cá, tá bem?

—Mãe, não sou mais criança -Disse com uma voz carrancuda. Sabia que apesar da minha mãe me tratar de maneira infantil, era para o meu próprio bem. Então entrei em seu jogo -Tá bom, mamãe. -Falei sem nenhum tom de sarcasmo.

—Ótimo.

Liguei para minha alcateia e para os Horston -comecei a tratar Darren e Evra como Horston de vez em quando. Eles não se importavam -mas só o garoto cobra (entre os Horston) pôde vir.

—Certo, -Allison suspirou - o que vamos fazer agora? -Pensei por um momento.

—Não sei. Que tal se compartilharmos momentos que tivemos com o Stiles? -Lydia sugeriu.

—Lydia, entendo que queira lembrar dele, -Isaac se pronunciou -mas acho que não seja uma ótima ideia.

—Concordo com Lahey. -Evra sussurrou -Se quisermos superar isso, precisamos apenas guardar suas lembranças.

—Então o que os vampiros fazem por lá, quando um ente querido deles morre? -Kira perguntou -Você sabe... na Montanha dos Vampiros.

—Bem, não tenho autoridade para falar sobre isso, já que não sou um vampiro, -Evra estabeleceu -mas sempre ouvia histórias de Darren, quando ele e o Sr. Crepsley voltavam para o Circo dos Horrores.

Fez uma pequena pausa, seguida de um suspiro e continuou.

—Lá na Montanha, eles cremavam os corpos dos vampiros e antes de partirem, eles dizem "Mesmo na morte, que você seja triunfante" -Na hora lembrei do que Darren dissera a meu amigo, em seu funeral -É uma forma digna de se despedir de um vampiro ou até vampixiita.

—Eles não costumam lembrar dos melhores momentos do falecido? -Malia perguntou, aborrecida.

—Não. São os princípios deles. Não deveríamos compará-los aos nossos.

—Bem, então vamos fazer alguma outra coisa! -Falei depois de um tempo sem dizer nada.

Combinamos um cinema. Pesquisamos o melhor horário e compramos os ingressos.

Apesar de ser um filme de comédia, meu coração ainda se apertava. Lembrei do local onde tudo começou e tudo terminou para Stiles Stilinski.

—Esperem todos vocês! -A voz rouca de Steve Leonard, o garoto que dizia ser "Simon Crespo", dançava na minha cabeça -Não disse que tinha um presente para você, Stiles? -Suas garras afiadas já arranhavam o pescoço de Stiles -Aqui está nosso presente.

Foi esse o fim. Antes mesmo de conseguir socorrer meu melhor amigo, as presas afiadas de Steve, o meio vampixiita, já haviam enterrado na garganta do meu amigo. Lembrei de ter gritado tanto naquele momento, que minha voz se desgastara mais do que a do adolescente que segurava Stiles.

—Seu monstro! -Darren vociferou, se aproximando de seu "irmão" -algo que eu tinha acabado de descobrir sobre os dois -Nunca vou ser como você, Steve!

—Você não se dá conta, Darren - O adolescente vampixiita falou. Estava com os lábios manchados com o sangue do Stilinski -Você já é exatamente como eu. -Sorriu -Ah, e mais uma coisa. Quero que depois devolva meu filho.

Filho? Do que estava falando? Ele era apenas um adolescente!

—Darius não é seu filho! Nunca vai ser! -O meio vampiro gritou.

—Adeus, maninho. -Steve se despediu, ignorando Darren. Atirou o corpo inerte de Stiles no chão e como um vulto, foi embora.

Corremos na sua direção, esperançosos.

—Scott!! -Lydia gritou espantada, pondo dois dedos no pescoço de Stiles -Ele não tem pulso!

—Scott! -Ouvi a voz da banshee. Finalmente alguém me despertou -Você ainda não disse o que achou do filme... -Observou.

—Ah, sim. O filme... -Cocei a cabeça.

—Escuta, não podemos ficar assim para sempre. -Deu um sorriso triste e forçado -Stiles sempre estará conosco.

—É, eu sei. -Murmurei, sem vontade de aceitar os fatos.

***

POV do Darren

Eu estava indo para a casa dos Hale. Enquanto ficávamos em Beacon Hills, Scott e sua alcateia sugeriram que hospedássemos na velha mansão.

Foi difícil provar minha inocência para o velho xerife, ainda mais depois de tantos acontecimentos. Ele estava debilitado, mas teve compaixão de mim, apesar de não ir muito com a cara de Vancha March.

Depois da morte de Stiles, fiquei contando tudo o que restava da minha vida para meus amigos. Falei sobre o fato de Steve ser meu irmão e de Des Tino ser nosso pai -não falei muito sobre ele. Não ouso sequer falar o nome daquele gordo nojento. Falei também de Darius Shan ser seu filho e meu sobrinho. Steve só tinha a aparência de um adolescente, assim como eu, mas nossa idade vampírica se aproximava dos 20 e tantos anos.

No momento, fui chamado por Larten para ensinar meu sobrinho a caçar. Aceitei na hora, mesmo sabendo que Scott tinha me convidado para assistir a um filme. Honestamente, não estava no pique para isso.

—E então, garoto? -Chamei Darius -Vamos começar?

—Isso! -Como a casa dos Hale ficava próxima a floresta, não precisávamos nos locomover muito. Mesmo assim, não fomos caçar por lá.

—Vamos andar um pouco, ok? -Disse -Vou te levar para outro lugar. Não podemos ficar por aqui.

—Por quê? -O pequeno meio-vampiro, meio-vampixiita perguntou com sua inocente voz de criança.

—Respeito aos mortos. -Sussurrei -Stiles foi enterrado bem aqui, nessa floresta. Nós, vampiros, temos algumas tradições bem... exóticas. Entre elas, existe essa.

—Preciso aprender tantas coisas... -Gemeu, meio enfurecido.

—E vai, criança. Vou te ensinar tudo o que puder.

***

Escuridão. Era tudo o que consegui perceber. Lembrei-me da minha claustrofobia, quando era criança. Já tinha me enfiado em cada lugar estranho que acabei adquirindo essa aversão.

Fiquei pensando tanto que me esqueci de perguntas fundamentais. Onde eu estou? O que está acontecendo? Por que tudo está escuro?

Minha voz era inexistente. Tudo o que conseguia me lembrar era de uma breve dor violenta na minha garganta, mas que logo voltou a tona. Meu interior parecia ser consumido por labaredas ácidas. Tentei me mexer, mas só piorava.

Então uma imagem apareceu na minha cabeça, que me fez pensar em tudo o que havia ocorrido. Simon Crespo ou Steve Leonard. Era ele. Ele me largou no chão, como se fosse um objeto e acredito que por causa dele estou confinado neste lugar. Mas onde? Continuei a fazer a mesma pergunta.

De repente, ouço um barulho. Aparentava ser de alguém cavando. A parte esquisita era que o ruído se repetia várias vezes numa velocidade anormal e irregular. Não parecia ser um humano.

O barulho cessou, mas uma leve batida oca foi emitida no lugar onde eu estava. Era um caixote. Eu fiquei num caixote esse tempo inteiro!

Meus olhos se acostumaram aos poucos, quando uma figura abria o caixão. Era um adolescente. Tinha cabelos brancos e um pingente que comportava uma serpente em sua extremidade.

—Olá, Stiles. -A firme voz foi emitida por ninguém mais, ninguém menos que Steve Leonard -Seja bem-vindo de volta a vida, vampirinho.


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