Era 18 de março. A cidade era Hong Kong. A última música foi Best Song Ever. Eu lembro de tudo. Os gritos eufóricos,o jeito de como todos me olhavam. Ao me lembrar,eu sinto. Estávamos agradecendo pela presença e apesar de estar me sentido ruim,eu lembro que era minha decisão certa. 

 Decisão certa...

Até onde nós vamos ao pensar que uma decisão influenciada poderia ser uma escolha do coração? 

Ao sair do palco,eu tirei os fones que protegiam meus ouvidos e me mantiam ouvindo a base da música que tocava,os dei para um assistente e fui até o camarim onde Louis,Liam e Niall estavam tirando os sapatos. 

Todos eles me ignoraram quando eu sentei no sofá para tirar o sapato. Eu precisava tomar um banho. Sentia que iria desabar ali mesmo. Cair num choro incontrolável e forte perto deles não era opção. Eu deveria me mostrar ciente do que estava fazendo,e,por isso,me dirigi rapidamente ao banheiro. 
Tirei minha roupa e entrei num chuveiro,caindo num choro copioso. 

Após me recuperar,sai do banheiro e vesti uma roupa que encontrei ali perto do camarim. 

Assim que voltei ao camarim,vi que Harry mostrava algo em seu celular a Louis que fumava calmamente. Eu não deveria tê-lo levado para meu vício. 

Liam e Niall contavam piadas um para o outro enquanto comiam pizzas. Eles eram os únicos que não tinham sofrido tanto com toda a pressão que a mídia jogava para cima de nós. Eles não tinham mudado muita coisa desde o começo. Eu não queria que eles mudassem,tanto Niall quanto Liam deveriam manter suas mentes boas e inocentes ao meu ver. 

Pigarrei para chamar atenção dos quatro ali que me observaram. Eu me dirigi a uma poltrona que ficava de frente para todos e comecei a falar palavras que doeriam tanto neles quando em mim. 

Logo após eu terminar de falar,Louis se levantou irritado,e eu achei que ele fosse me bater. Mas,ao contrário disso,ele saiu do camarim batendo fortemente a porta. 

Niall começou a chorar,e eu me vi fazendo o mesmo. O irlandês se jogou no meu colo e logo eu pude ouvir o choro de Harry. 

Liam e ele se jogaram na poltrona também abraçando a mim e Niall. Eu quase pensei se a decisão não estava errada. 

Louis voltou e eu senti a falta dos braços de Harry ao meu redor,mas logo senti mais quatro braços ao meu redor. 

Todos choravam e eu me sentia mal. 

Mas eu realmente não aguentava mais. 

— Isso não vai deixar de importar na nossa opinião sobre você,Zayn. Nós vamos estar sempre aqui para você. – Harry disse e eu ouvi os outros concordarem. 

Eu assenti. 

Nós dia seguinte,eu peguei minha mala dentro do ônibus. Dei um abraço em Niall que estava aos prantos novamente. Um em Liam que me levantou do chão. Um em Harry que me acolheu em seus grandes braços. E um em Louis,que se ajoelhou ao meus pés pedindo para não ir.

Mas eu já estava indo. 

 Eu estava deixando os meus garotos.

Quando cheguei ao meu apartamento em Londres,eu só conseguiria pensar se aquilo era o certo. 

Naughty me ligou dizendo que a qualquer momento poderíamos lançar uma música. 

Eu disse que Simon ainda iria comunicar minhas Directioners. 

Quando ele comunicou,eu senti a ira,a revolta e,principalmente,a dor delas. Elas não suportaram a minha saída. E quase 70 delas se suicidaram. Eu me senti um monstro. Pior que Jason ou qualquer um desses de filmes de terror. 

Eu não consegui olhar meu celular naquele dia. 

Eu não conseguia ver a ira delas. 

Ou iria revogar minha decisão. 

Eu não aguentava mais ser controlado,e era por mim que fiz aquilo. 

Então,eu lancei I Won't Mind. E briguei com o Naughty Boy. E terminei com a Perrie. 

Esse ano foi um dos melhores para os garotos. Um dos piores para mim. 

Mas ele passou tão rápido que eu nem pensei nas merdas que fiz. 

Eu já não era Zayn Malik da One Direction. Eu era Zayn Malik. 

O ingrato. O polêmico. O ignorante. 

Hoje eu penso se aquilo que fiz foi bom para os meninos. Provavelmente. 

Essa semana,vi Liam no supermercado. Ele estava sorrindo para uma garotinha que era sua cara. Eu lembro que vi num jornal que era a filha dele com a tal de Sophia. Ela era linda. 

Hoje vivo num bairro comum de Londres. Trabalho como professor particular de música. Ganho o bastante para me manter. 

O meu CD solo deu certo. Sim,ele deu. Eu ganhei muito com ele,mas eu não tive mais inspiração para nada. Então,a RCA acabou com nosso contrato. Eu aceitei,pois não queria mais aquilo para minha vida. 

Às vezes penso em como seria se eu tivesse continuado no One Direction. Provavelmente teria me casado com Perrie e estaria terminado a banda agora,vinte anos depois. 

Nós éramos uma direção,e,de repente,viramos duas direções. 

Duas direções que um dia,iriam voltar a ser uma. Porque eu sabia,minha vida estaria eternamente ligada à aqueles que eu dei adeus. 

Nós sempre seríamos só one direction.