Começou o costumeiro corre corre dos piratas para se prepararem pra batalha, o Pérola estava na linha de frente.
A Hidra se aproximava do navio, muitos marujos já beiravam o desespero, Felicity sabia tudo sobre o tal monstro, e precisava alertar a tripulação sobre o que sabia. Ela foi ao timão com Heitor sempre ao seu lado, chegando lá, gritou por atenção.
— Vocês precisam saber que... - ela não teve tempo de terminar a frase.
O monstro estava bem perto do navio, uma de suas cabeças entrou no navio, um marujo, no desespero, cortou a cabeça dela antes que City pudesse alerta-lo.
— Droga - sussurrou ela - Escutem bem! Não corte as cabeças dela, se fizerem isso, nasceram duas no lugar!
Nesse momento os marujos puderam observar duas cabeças nascerem de onde o marujos tinha cortado a outra cabeça. A Hidra observou o marujo que estava a observando, ele estava paralisado, já não sabia o que fazer e estava com medo de mais para fugir. Foi aí que a Hidra atacou, mordendo-o bem no tronco, cortando-o ao meio e engulindo uma das metades, a outra caiu no mar.
Um caos começou no Pérola Negra, marujos corriam de um lado para o outro sem saber o que fazer, como matar o monstro agora? Se eles fossem pacientes e escutassem Felicity, eles saberiam. Mas os únicos que ficaram e escutaram ela foram Heitor, Simon, Aurora, Sebastian, Angélica e Jack.
— Ok, esse monstro é fraco contra o fogo, o que precisamos fazer é acertar seu coração com uma bola de canhão.
— E onde fica o coração? - perguntou Bash.
O monstro se levantou naquele momento, para atacar outro marujo, que se jogou no mar para escapar, o que não deu muito certo pois uma das cabeças da fera o pegou.
— Está vendo aquilo brilhando bem embaixo da quarta cabeça? - todos observaram o ponto do qual ela falava - é lá onde fica o coração.
Todos acentiram e foram em direção aos canhões, já os carregando e esperando o momento certo para atacar. Mar o monstro estava atacando na proa, muito longe dos canhões.
— Precisamos atraí-lo! - disse Felicity, ja saindo em direção ao monstro, porem alguém segurou seu braço, impedindo-a.
— Não, você não vai Felicity! - disse Heitor.
— Alguém precisa ser a isca Heitor!
— E esse alguém não precisa ser você! - Heitor suspirou e pensou bem no que falaria a seguir - Olha, eu já quase te perdi, não faz nem dois dias, e foi uma dor horrível, insuportável - ele olhou nos olhos dela - ver a pessoa que eu amo sofrer, é péssimo, eu não quero que isso aconteça de novo, então não, você não vai, eu vou. - e dito isso, foi em direção a Hidra.
Felicity ficou sem palavras por um tempo, parada a alguns metros dos canhões, não sabia o que fazer, só sabia que agora ele corria perigo, e que ela precisava ajudá-lo.
Ela foi em direção aos canhões e avisou:
— O Heitor foi ser a isca, e precisamos salvá-lo quando chegar a hora, então, por favor, não errem.

Heitor corria para a proa do navio, precisava chamar a atenção do monstro, mandá-lo para perto dos canhões.
A Hidra atacava os marujos desesperados, suas várias cabeças dançavam pelo convés, pegando os marujos e estraçalhando-os. Aqueles que se jogavam no mar só retardavam um pouco sua morte.
Heitor chegou na linha de visão da coisa, e chamou-a com os braços. O monstro virou suas oito cabeças para ele, e começou a segui-lo. Heitor ziguezagueou pelo navio, fazendo com que o monstro tivesse que se deslocar para o lado oposto do navio, bem onde Heitor queria que ele estivesse. Heitor diminuiu o passo, o que foi um erro, uma das cabeças da coisa foi atrás dele, quando ele viu voltou a correr, mas ela já estava perto demais. Heitor saltou de onde estava para o convés, a cabeça do monstro estava tão perto que conseguiu arrancar um lenço que Heitor guardava na cintura, mas com o salto, ele tinha conseguido escapar.
Já no convés, de frente para os canhões, Heitor observou o monstro se levantar para atacá-lo, viu seu coração pulsando no peito, e também viu quando esse mesmo coração foi perfurado por uma bola de canhão. Ao virar para ver quem tinha acertado a fera, ele viu que o único canhão que fora acionado era o de Felicity. Ele sorriu. Mas não durou muito, já que o monstro se debatia enquanto morria, e uma de suas cabeças o acertou, enviando o pequeno Turner para o outro lado do navio.
Felicity largou o canhão e foi até onde Heitor tinha caído, ele estava desacordado.
— Heitor! Heitor fala comigo, por favor, fala comigo... - disse, com o rosto banhado por lágrimas enquanto o balançava, querendo acordá-lo.
Não muito longe a Hidra afundava no mar, totalmente sem vida.
— Heitor! Heitor por favor volta, volta pra mim por favor... - dizia sem perceber as pessoas se acumulando em volta dela para ver o que estava acontecendo.
De repente, Heitor abriu os olhos e olhou confuso para todos, principalmente para Felicity
— O que aconteceu? - perguntou ele.
Felicity sorriu e o abraçou.
— Nada, não aconteceu nada.
Heitor retribuiu o abraço.
— Belo tiro Sparrow.
Felicity riu. Ao notar as lágrimas, Heitor as enchugou e perguntou:
— Por que estava chorando.
— Porque pensei que tinha te perdido. - disse, o abraçando mais forte.
— Você nunca vai me perder Felicity.
E ambos ficaram daquele jeito, abraçados, por um bom tempo.

De noite, os marujos que restaram estavam em festa, apesar das perdas, eles tinham muito o que comemorar, aquele era o último monstro, agora era só chegar até a ilha.
Heitor estava sentado em um canto sozinho, observando tudo, e Felicity estava em um canto sozinha, observando ele.
Ela queria uma explicação lógica para a dor que sentiu quando viu ele sendo arremesado daquela forma. Eles eram amigos não é? Foi por isso que ela ficou tão preocupada, não foi? Ela sabia que não, só não queria admitir. Desde quando ainda estava vestida de garoto, ela sentia algo diferente por ele, ela amava conversar com ele, e quando ele se distanciou dela, ela sentiu um vazio no peito que não sabia o que era. Mentira, ela sabia sim, estava completamente, perdidamente, verdadeiramente apaixonada por ele.
Depois de admitir isso a sí mesma ela sentiu um peso sair de suas costas. Era óbvio o que sentia, por que não tinha admitido antes? Ela sorriu sozinha, se achando ridícula por ter demorado tanto para aceitar isso.
Ao olhar novamente para Heitor, viu que ele já não estava mais sentado onde estava anteriormente.
— No que você está pensando Sparrow? - perguntou ele, aparecendo do lado dela.
— Umas coisas... - disse sorrindo.
— Que coisas? - perguntou novamente.
Felicity se aproximou dois passos dele, ambos estavam na porta de sua cabine, escondidos dos outros.
— Eu estava pensando... - ela hesitou por um instante, mas depois continuou - No que você me disse antes de correr em direção a Hidra.
Heitor abaixou a cabeça, dissera que a amava, não se arrependia, mas não sabia como agir depois disso.
— Eu só queria dizer Heitor, que eu sinto o mesmo por você.
Heitor levantou a cabeça e olhou nos olhos dela, que o encarava com um brilho no olhar.
Ele sorriu, colocou uma mão na nuca dela, e a outra em sua cintura, a puxou para perto e antes de selar seus lábios, sorriu.
Seus lábios se tocaram, e para ambos, aquilo era o céu.
Ela envolveu-o com os braços, ficando ainda mais perto dele.
Os lábios de ambos estavam em sintonia, em uma dança sem fim, que duraria para sempre, se não fosse a necessidade de ambos por oxigênio.
Ao se separarem, sorriram, mas continuaram abraçados, não queriam perder o contato físico. Ficaram a noite inteira daquele jeito, e não se separam nem na hora de dormir, dormiram ambos na cabine de Felicity, só dormiram, aproveitando a companhia um do outro.

Quem observara o casalzinho feliz durante toda a noite fora Sebastian, ele não gostara nada do que vira, e com certeza iria fazer algo a respeito.