Os Aprisionados escrita por Igor Feijó


Capítulo 3
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696564/chapter/3

 

 

Três noites e nenhuma pista.

Sakura abriu a porta com um solavanco resmungando algo sobre a fechadura, ao deslizar o dedo pelo interruptor a luz permaneceu apagada.

— Ah, ótimo. Eles cortaram a luz – bufou batendo a porta em seguida.

Na gaveta da escrivaninha havia uma lanterna, enquanto caminhava em direção ao objeto seu telefone vibrou. Era Uzaki, seu contato da polícia.

— Sakura?

— Nossa, até que enfim consegui falar com você – reclamou brincando.

— Me desculpe, as coisas têm andado meio estranhas por aqui – ele não parecia muito confortável.

— Estranhas, estranhas como? - se interessou.

— Um caso. Ainda não temos nada, mas está dando dor de cabeça para o departamento.

— Mas o que aconteceu?

— Isso não pode sair daqui, ouviu?

— E quando foi que eu saí por aí espalhando casos secretos?

— ;Está bem, eu confio em você – algumas vozes no fundo da ligação foram se distanciando, um som de algo batendo pode ser ouvido – Pronto, estou em um local mais reservado. Ao que parece duas pessoas estão desaparecidas, tudo indica que a última visita foi a catedral. As duas se confessavam com frequência nesta mesma catedral. Estamos investigando os padres, mas não temos nada concreto no momento. Pra falar a verdade… não temos nada.

Sakura pensou por um momento.

— Hmm. Entendo. Obrigado por me contar, Uzaki. Te devo essa!

— Ei, espere, você n…

Mas ela já havia desligado.

Ao lado da lanterna também repousava um revólver. Sakura verificou o tambor, todos preenchidos.

— Gostaria de me lembrar quando esta cidade começou a ficar suja – disse pra si.

Ela conhecia a catedral mencionada por Uzaki, ficava a três quadras dali. O estabelecimento nunca se envolvera com escândalos desde que fora fundado. Pelo contrário, muitos frequentavam a missa local, vivia lotado.

Sakura tinha um plano, se funcionasse poderia encontrar uma resposta antes da polícia. Ela não tinha certeza, mas desconfiava que trilhava a pista da primeira carta.

Isso a deixou animada.

Chegando ao local reparou que o movimento era quase nulo, duas ou três pessoas rezavam ajoelhadas enquanto uma saía pela porta. A direita entre grossas pilastras de granito branco encontrava-se o confessionário. Se aproximou com cuidado para analisar a pequena construção de madeira escura, vazia.

Raspou o dedo no assento acolchoado como quem investiga grãos de poeira, porém, uma estática ínfima surgiu no exato segundo em que a pele roçou no couro avermelhado. Era sem dúvida um resquício de magia.

Um pigarro rouco a fez saltar para trás de susto.

— Posso ajudá-la senhorita?

O dono da voz era um padre de batina escura, era alto e careca, os olhos eram castanhos. Mesmo com a roupa larga percebeu braços fortes e uma pequena barriga se avolumando pelo tecido.

— Ah… eu queria me confessar – falou meio sem jeito.

O padre abriu um sorriso acalentador, embora os olhos expressassem uma frieza sobrenatural.

— Sem problemas, pode se sentar aqui – ele indicou o local enquanto fechava sua cortina.

— Obrigada.

Ao lado de sua cabeça uma portinhola deslizou reproduzindo um som característico. Os furos pareciam alguma espécie de decoração, era quase impossível reconhecer o rosto de alguém por ali.

— Na verdade, espero que não me leve a mal, padre. Mas eu sou uma detetive e estou aqui para lhe fazer algumas perguntas.

Não houve resposta.

— O senhor sabe alguma coisa sobre o desaparecimento dos frequentadores?

— Peço que espere alguns minutos. Ainda existem alguns irmãos trabalhando, mas eles já estão de saída, daí poderei conversar melhor e responder todas as suas perguntas, detetive – as últimas palavras foram pronunciadas de modo mais lento.

Depois de alguns minutos a porta da catedral bateu, Sakura concluiu que não seria um questionário tranquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Aprisionados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.