Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 17
Na primeira página


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se, raridades! :)



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Stark dormia tranquilamente quando Jarvis avisou:

—“Bom dia, senhor. O tenente coronel James Rhodes está solicitando contato. Deseja atendê-lo?”

Tony esfregava os olhos e bocejava sem parar – prova de que a noite não havia sido nada fácil.

—“Nossa, que loucura! Por que Rhodes só liga quando estou dormindo?”, perguntou ele, mau humorado. “Atenda, Jarvis.”

—“Tony? Está tudo bem com você? Tô tentando ligar desde cedo!”, disse Rhodes, cujo tom de voz denunciava sua preocupação.

—“E por que eu não estaria?”, Tony perguntou. “Que horas são, hein?”

—“Quase meio dia, cara. Isso quer dizer que você não viu o noticiário dessa manhã...”

—“Por acaso, estourou a Terceira Guerra Mundial?”

—“Quase isso. Levanta dessa cama e liga a TV, Tony.”, pediu ele. “É sério. Me liga de volta quando tiver assistido.”

—“Sim, senhor. Seu pedido é uma ordem!”, Tony brincou, levantando-se rapidamente e indo para a sala.

“Vamos para o giro de notícias: O FBI, em conjunto com a Interpol, derrubou um esquema de tráfico de drogas e armas que por muitos anos tirou o sossego dos cidadãos de vários países da América e do Oriente médio. Descobriu-se que parte da quadrilha envolvida se escondia na cidade de El Paso, Texas, e respondia aos líderes escondidos em Bogotá, na Colômbia. Além de fornecer entorpecentes, o grupo abastecia organizações paramilitares no centro e no sul do continente e também guerrilheiros do Irã, Iraque e Líbia.”

—“Rhodey?”, chamou Tony, retomando a ligação. “Não tem nada de mais.”

—“Cala a boca e continua assistindo.”, respondeu Rhodey, já impaciente.

—“Okay! Não precisa ficar nervoso.”, ele disse.

“Segundo a assessoria de imprensa do FBI, o bilionário Tony Stark, o Homem de Ferro, ajudou bastante na investigação, indicando os locais de esconderijo e revelando a participação de Gary Huddleston Brandt, ex-militar e o principal correspondente da quadrilha nos Estados Unidos. Fontes da polícia local de El Paso confirmaram a presença de Stark e uma segunda armadura no esconderijo de Brandt.”

—“Então, estamos na TV, querido!”, exclamou Tony, soltando gargalhadas.

—“Isso não deveria ter acontecido.”, retrucou Rhodey. “Tudo bem em repassar a investigação pro FBI, mas não era necessário nos expor, Tony.”

—“Relaxa, amigo. Ninguém citou seu nome.”

—“Você acha mesmo que eles não sabem que era eu?”, questionou Rhodes. “O dia mal amanheceu e o General Meade já me ligou querendo saber dessa história.”

—“Ele não tem provas disso.”

—“Basta ligar os pontos. Tony Stark só deixaria uma pessoa usar o traje.”, explicou ele. “Óbvio que sou eu. Seu amigo, que se mete em toda furada pra te ajudar.”

—“Tem razão. O general pode até saber, mas ninguém disse nada na mídia.”, concordou Tony. “Aliás, obrigada.”

—“Pelo o quê?”, Rhodey perguntou.

—“Por ser meu amigo e se meter em toda furada pra me ajudar. A vida é curta, Rhodey. Se a gente nunca pôr pra fora os nossos sentimentos...”

—“Alô? É Tony Stark falando mesmo?”, ele interrompeu. “Acho que você precisa de um banho gelado e de um bom almoço.”

—“Qual, é? Vai ficar zoando com a minha cara mesmo?”

—“Desculpe. Só é esquisito ouvir você falando esse tipo de coisa. Um cara nada sentimental falando de sentimentos? Pepper deveria ouvir isso.”, James provocou.

—“Ah, não! Pepper? Ela já sabe?”, Tony perguntou.

—“A essa altura eu imagino que sim. Ela não trabalha mais na mansão?”

—“Ela tá me cobrindo na Stark por um tempo.”, ele disse. “Deve estar muito ocupada para não ter vindo até aqui e arrancado minha cabeça.”

Os dois riram.

—“Não perca as esperanças, irmão. Isso vai acontecer. Cedo ou tarde.”, avisou Rhodes.

—“A srta. Potts acabou de chegar a mansão, senhor.”, Jarvis informou.

—“Parece que vai ser cedo. Vou desligar agora, Tony. Boa sorte com a Pepper.”

—“Mas Rhodes, isso é furada! Não me deixa aqui sozinho... Alô? Alô?”

—“Chamada finalizada.”

*****

No costumeiro silêncio da mansão, o único ruído que se podia ouvir era proveniente dos saltos do sapato de Pepper, que caminhava a passos curtos e ligeiros em direção à Tony. Ao vê-la, ele simplesmente desligou a TV e sentou-se no sofá sem pronunciar uma única palavra.

—“Anthony Edward Stark!”, ela exclamou, num misto de preocupação e euforia, parando em frente a ele, com as mãos firmes sobre sua cintura esbelta. “Que diabos de história é essa que você se meteu?”

Tony permaneceu sério, a encarando, embora sua vontade fosse rir sem nenhuma vergonha, já que estaria ali para discutir um assunto que Pepper julgava sério demais a ponto de abandonar os afazeres na empresa para procurá-lo em busca de explicações.

—“Em primeiro lugar...”, ele começou, sendo subitamente interrompido por ela.

—“Você não deveria estar vestido?”, Potts perguntou, notando que Tony vestia apenas uma camisa qualquer e a roupa de baixo.

—“Era o que eu ia dizer, senhorita Potts!”, justificou ele, cobrindo-se com uma das almofadas do estofado. “Se importa se eu... for até o quarto pra pegar uma calça? A menos que queira aproveitar a visão...”

—“Por favor, faça isso.”, ela disse, revirando os olhos.

Minutos depois...

—“Onde foi que paramos, Pep?”, Tony perguntou, descendo lentamente as escadas de propósito. Pepper já estava sentada esperando por ele.

—“Colômbia? Quando você esteve na Colômbia, Tony?”

—“Um dia desses... Mas minha assistente estava ocupada demais pra saber disso.”, ele retrucou, sentando-se na frente de Potts.

—“Ocupada cuidando das suas empresas, você quer dizer.”, Pepper rebateu.

—“Ah, Pepper... Para de drama, mulher! Fiz meu trabalho ajudando a achar Brandt e aquela cambada de bandidos. Nem foi difícil. Rhodes até me deu cobertura.”, ele justificou. “Devia vê-lo na Mark II. Nunca vi o cara tão empolgado.”

—“Legal. Até James sabia e eu, não.”, ela reclamou, puxando o tablet de dentro da bolsa. “Na verdade, o mundo todo soube antes de mim.”

—“Se você estivesse aqui, ao invés de estar sempre lá... Saberia tudo o que eu faço ou deixo de fazer.”

—“Como antigamente?”, ela indagou, olhando ironicamente nos grandes e amendoados olhos dele. “Sim, eu sabia de tudo. Às vezes até preferia não saber, considerando seus hábitos estranhos.”

—“Incrível como você nunca foi embora por causa deles, né? Só pode ser amor...”, provocou ele.

—“Deixa de ser ridículo.”, Potts repreendeu, desta vez com o olhar fixo na tela do tablet. “Ouça isso.”

Stark mergulha de cabeça no mundo dos herois enquanto sua empresa caminha para o naufrágio?

Quem é o novo presidente das Indústrias Stark? Já que o antigo está ocupado demais agindo como um tira vermelho e dourado?

Uma indústria de armas que não faz armas! Qual é a jogada de Tony Stark para manter sua herança nos padrões de outrora? Fabricar tijolos para construir maternidades?

—“É sério isso?”, ele perguntou.

—“Seríssimo!”, Pepper afirmou.

—“Tira vermelho e dourado? Sei lá, poderiam ser um pouco mais simpáticos. Nada contra a polícia, mas eu não fico o dia inteiro comendo rosquinha e escutando Richard Pryor no rádio da viatura.”

—“Já chega de gracinhas.”, ela disse, guardando o aparelho novamente. “Passei a manhã inteira atendendo telefonemas de pessoas que querem muito saber sobre seu bico como ‘heroi’. Não é meu trabalho. Então, é bom se virar com isso sozinho, sr. Stark.”

—“Marque uma coletiva, srta. Potts.”, Tony decidiu. “Estarei lá às cinco.”

—“Outra coletiva? Não tem um modo mais discreto de fazer isso?”

—“Não. Quero que seja assim.”

—“Okay.”, Pepper disse, levantando-se. “Vou pedir para prepararem a sala de coletivas.”

—“Melhor não.”, ele falou. “Prepare tudo na entrada do prédio, ao ar livre.”

—“Por quê?”, perguntou ela, estranhando a ideia do chefe.

—“Porque é hora de dar o que eles querem... Começando pelo local das entrevistas.”

—“Você não está pensando em...”

—“Sim, estou.”

—“Mas isso é loucura, Tony.”

—“E desde quando sou uma pessoa normal?”

*****

Mais e mais pessoas, isto é, curiosos e repórteres, chegavam à frente do prédio principal da sede das empresas em Los Angeles, aguardando o início da entrevista coletiva com o Homem de ferro. Rhodes havia chegado cerca de uma hora antes do horário oficial, fazendo companhia a Pepper na presidência. Apesar do tumulto do lado de fora, os funcionários cumpriam seus expedientes normalmente, sem modificar o fluxo sempre intenso nos corredores do prédio.

Pepper estava terminando de organizar certos documentos que o chefe assinaria após o pronunciamento à imprensa quando Happy foi ao seu encontro e avisou que não o apanharia na mansão, pois o mesmo havia dito que preferia dirigir naquela tarde. É claro que ela já sabia o que isso significava – sabia tanto que não esboçou reação alguma ao receber o comunicado de Hogan. Rhodes, no entanto, por pouco não foi até a mansão para frustrar as intenções sensacionalistas do amigo, sendo impedido apenas pela grande multidão de jornalistas que se empurravam quase que vorazmente para garantir o melhor lugar diante do pequeno palanque montado na calçada. Além disso, como muitas vezes antes, o tenente coronel desempenharia seu papel de mestre de cerimônias; mais um motivo para não desgrudar o pé dali.

—“Cinco minutos para começarmos.”, ele sussurrou para Pepper, que estava parada ao seu lado, atenta a toda movimentação.

—“Relaxa, James. Ele vai chegar.”, respondeu ela, sorrindo timidamente para as câmeras que já estavam ligadas e direcionadas ao palco.

—“Você está o vendo?”, Rhodes perguntou. “Eu não!”

Repentinamente, um ruído parecido ao de uma turbina à jato pode ser ouvido, chamando a atenção de todos. Cabeças intrigadas se voltaram para cima, a fim de observar o objeto que se aproximava em alta velocidade.

—“Você estava olhando para a direção errada.”, Pepper disse.

Flashes e aplausos tomaram conta do lugar quando a armadura aterrissou no centro do palco. Tony acenava animadamente, para a satisfação dos fotógrafos que tentavam capturar a melhor pose.

—“Graças a Deus!”, Rhodes comemorou. “Minha participação foi dispensada.”

—“Eu não me preocuparia com isso...”, retrucou Pepper. “Nem sabemos o que ele vai falar. Como da vez que voltou do Afeganistão.”

Tony deu dois tapinhas no microfone, retirando-o do suporte.

—“Esse negócio tá ligado?”, perguntou ele, após levantar a máscara do traje, revelando seu rosto. “Okay. Antes de começarmos com isso, alguém viu minha assistente, a srta. Potts?”

Pepper subiu lentamente ao palco, postando-se à direita dele.

—“O que você está fazendo, Tony?”, ela perguntou entre os dentes, visivelmente constrangida com todos os olhares voltados para si.

—“Relaxa, Potts.”, ele respondeu. “Rhodes, suba aqui também.”

James se pôs ao lado esquerdo, mantendo a melhor cara de paisagem que conseguia.

—“Agora sim. Meus braços estão aqui.”, Tony disse, olhando brevemente para os dois. “Então, eu agradeço pela recepção calorosa. Embora a maioria de vocês seja homens.”

A numerosa concentração de pessoas riu.

—“Continuando. Esta manhã o FBI divulgou o encerramento de um dos maiores casos de tráfico de drogas e armamentos do planeta. Conforme já sabem, estive envolvido por razões pessoais e coletivas na resolução deste problema. Ajudei a encontrar aqueles que se aproveitaram dos meus infames inventos para lucrar e destruir a vida de inocentes. Claro que não foi e nem será a última vez que usarei este traje para defender os interesses da paz e, principalmente, de nossa nação. O Homem de ferro está a disposição do mundo.”

—“Senhor Stark!”, chamou uma voz feminina conhecida.

—“Sim... Er... Carine, certo?”, ele perguntou, tentando lembrar-se do nome dela.

—“Christine Everhart, Vanity Fair.”, ela o corrigiu. “Quem estava usando a segunda armadura durante a missão no Texas?”

—“Você é rápida, hein Christine! Mas essa pergunta iria surgir uma hora ou outra, então que se dane.”

—“Tony, não diga nada.”, Rhodes sussurrou.

—“Desembucha, cara. Isso pode valer mais uma medalha para sua farda.”, retrucou Tony, esquecendo-se que ainda estava segurando o microfone.

—“O senhor está confirmando a participação do Tenente Coronel James Rhodes?”, perguntou outro repórter.

—“Isso mesmo. Em quem mais eu confiaria para dividir minhas armaduras?”, ele confirmou. “Próxima pergunta.”

—“Qual o projeto da Stark para o futuro?”, Christine questionou, enquanto olhava com deboche para Pepper, que queria sair correndo para bem longe daquele estardalhaço.

—“Já que você perguntou.”, Tony disse. “Faríamos isso em um mês, mas pra quê esperar, não é?”

—“Tony, eu acho que...”, Pepper o interrompeu, sussurrando em seu ouvido. “Não é hora para falar disso.”

—“Vamos economizar uma grana se dermos todos os recados hoje, Pep.”, ele retrucou, como se o dinheiro fosse realmente um empecilho.

—“Não estamos prontos para a divulgação!”, ela insistiu.

Os presentes assistiam a conversa particular dos dois, que pareciam ter esquecido o fato de que as câmeras estavam focando exatamente em seus rostos e transmitindo as imagens para o mundo todo.

—“Tony, não!”, Pepper pediu.

—“É isso que você quer?”, ele perguntou, olhando-a nos olhos, que imploravam o fim daquela maldita entrevista coletiva. “Okay, é isso.”

Tony colocou o microfone de volta no suporte e olhou para todos.

—“Vocês saberão em breve.”, disse ele. “Por enquanto, nada a declarar.”


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Notas finais do capítulo

Desde já agradeço aos que estão acompanhando a fic e também todos os comentários!
Até mais!
P.s.: Já deram uma olhadinha no meu outro trabalho?
Especialmente aos fãs de Brutasha ----> https://fanfiction.com.br/historia/711570/Um_cara_mau/
Confiram!



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