Reportagem escrita por mary__chan


Capítulo 1
Capítulo 1




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  Naquele dia eu era apenas mais uma garota a sair do colégio 12h00min e ir para casa almoçar. Pegava dois ônibus para finalmente deixar a mochila pesada no sofá, tirar os sapatos, lavar as mãos e o rosto e sentar-me na mesa para finalmente almoçar. Papai morreu em um acidente de trânsito antes mesmo de eu nascer... Nunca tive um pai. Morava com minha mãe Sônia, meu tio Marco de 20 anos e meu irmão Henrique com 17. Sempre tive todo conforto e felicidad/e – mesmo sem um pai -. Morava na Barra, levava uma vida de classe média que ralava muito. Sentada na mesa, dava leves e vagarosas garfadas – apesar da minha fome -. Aquele dia não era um dia comum. Já era comum almoçarmos vendo TV, o canal de casos de policia era o predileto dos rapazes. Afinal Rio de Janeiro é uma cidade bem movimentada. Nunca gostei de comer assistindo ou ouvindo a desgraça alheia.

   Naquela tarde algo me chamou atenção. Um garoto de 24 anos, filho do dono de uma rede de hotéis, havia sido sequestrado na noite anterior, na saída de uma festa em Copacabana. Pedro era lindo. Sua pele refletia raios de luz, uma pele doce e apesar do ocorrido, um sorriso iluminava seus lábios atraentes e carnudos. Fiquei paralisada, não sabia se mastigava a comida presente em minha boca, ou se tinha um ataque histérico. Meu nome é Nayara, tenho 15 anos e nunca vi um homem tão lindo em toda minha vida. Tinha que encontrá-lo, tinha que tocá-lo, sentir seu calor e saber se alguém tão perfeito realmente era real. A partir daquele dia faria o possível e o impossível para encontrá-lo.

   Desde aquele dia, seu sorriso ficou gravado em minha mente, junto com a imagem de sua face perfeita. Já não dormia direito, meu rendimento escolar havia caído de 10 para seis e também havia perdido 4 quilos – isso era bom -. Parecis sentir a presença de alguém me observando e me transmitindo segurança. Estava enfeitiçada por um desconhecido. Mal sabia que algo estava prestes a acontecer.

   Era domingo, 16h23min, um calor insuportável de 38°c. Estava ansiosa e com o coração batendo descompassado. Ora que diabos! O que estava acontecendo? Nunca fui muito chegada em praia, calor. Meu irmão e meu tio foram “apreciar a paisagem” – o que na linguagem deles era igual a olhar as garotas de biquíni -. Eu e mamãe fomos ter uns ataques de consumismo e depois tomar um sorvete. Indo em direção a carro para deixar as compras, tive uma surpresinha. Sempre fui fascinada por carros, luxo, vida boa. Mamãe não tinha muitas opções em relação á carros. Nosso Fiat Uno modelo 1995, já estava abatido e com um pezinho na cova, mais era nosso xodó. Caramba! Estacionado bem no nosso lado um Ford Fusion novinho em folha, brilhando. Fiquei encarando, sem perceber que o sorvete derretia pelo meio de meus dedos. Em meio a tanta fascinação e distração, eu vi a porta se abrir e de lá sair o homem dos meus sonhos. Sim! Era ele. Pedro estava bem na minha frente. Com um sorriso jocoso nos lábios e me olhando insistentemente. Pessoalmente ele era ainda mais lindo. Não senti mais nada, acordei ouvindo os gritos histéricos de minha mãe – super protetora – e sentindo um perfume maravilhoso. Abri os olhos e me dei um pequeno beliscão no braço esquerdo para ter certeza de que era vida real. Lá estava eu, em seus braços fortes e nus. Sentia-me uma idiota, desmaiada nos braços de um “desconhecido”. Estava tão bom! Desejei que aquele momento nunca acabasse. Desejava também que minha desaparecesse por alguns instantes. Mas mãe é mãe. Soluçando me tirou dos braços Dele – que no momento pareciam duros como concreto – e me tomou nos braços. Levantei-me num pulo, eu não era uma fraca que necessitava de colinho de mamãe – não naquele momento -. Tinha que passar uma boa imagem para o Pedro. Minha mãe ligava pro meu tio e irmão e gritava sem parar insistindo que eu havia batido a cabeça e podia estar com traumatismo craniano. Exagero. Nem me arranhado eu havia. Eu e ele nos olhamos sem nenhum intervalo. Ele me olhou, deu-me um delicado beijo em minha bochecha direita fazendo meu rosto se ruborizar. Depois do escândalo da dona Sônia, me obrigando a ir ao hospital bater raio-x e realizar uma consulta médica, enfim voltamos para casa.

   Chegando em casa fui tomar um banho para tirar a areia do meu corpo. No bolso do meu short havia alguma coisa. Um papel... Não pode! Um cartão, com seu número de telefone. Meu banho foi o mais lento e demorado de toda a minha vida. Seu perfume ainda estava nas minhas roupas e em meu corpo. Escondi minha blusa para que não fosse lavada, queria sentir seu perfume todos os dias. Como diria Bella Swan, “E eu estava irrevogável e incondicionalmente apaixonada por ele”.

   Resolvi ligar. Chamou... Chamou... Chamou e ninguém atendeu. Quatro dias depois fui comentar com mamãe o quanto Pedro era atraente. Para meu espanto ela deu ataque, gritava por socorro, falando que eu estava louca, conseqüência da pancada na cabeça. Não entendi nada, a ferida na cabeça era ela, que berrava que nem uma descontrolada. Exigi explicações, mas não as ouvi de sua boca. A reportagem reapareceu na TV... Desta vez eu a entendi completamente.

   Corri para meu quarto, peguei a blusa que usei naquele dia. Seu perfume ainda estava La... Mais Pedro não pertencia mais a este mundo. Havia sido morto durante o seqüestro. E eu... “Estava perdidamente apaixonada” por um fantasma, o meu amado fantasma que do outro lado da vida comunicara-se comigo.

 

 

Fim

 


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Notas finais do capítulo

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