Morto em Combate

Eis que enfrento a batalha mais difícil da minha vida senhora

A peleja mais assustadora agora

É chegada a hora

Uma luta injusta e cruel,

onde eu sou o grande réu.

Culpado por seguir minha essência,=

Acusado de não possui decência.

Minhas armas são feitas de ilusões,

minhas lanças são alucinações,

meus tiros são sonhos

e um desejo tristonho.

O inimigo é o pior adversário.

Aquele de quem herdo um inventário.

Conhece-me como a palma de sua mão,

ao mesmo tempo não sabe um tostão.

Minha alma inteira se dói,

deste amor que só me destrói.

Uma tortura vestida de amor,

que não me traz nada além de dor.

O inimigo é quem eu mais amo.

Alguém me deu tudo o que chamo

chamo de meu e me apego.

O lugar onde eu me entrego.

A balança pesa para um lado,

onde o inocente é culpado.

Culpado de amar o que não deve.

O amor não era puro como a neve?

Agride, humilha, mata e tortura.

Sociedade inteira lhe ajuda.

Como lutar contra alguém tão poderoso?

Se você é apenas um pecaminoso?

Meu coração se aperta

com a flecha que lhe acerta.

E com ela todos os dias a mesma oferta

Porque não abandona aquilo que és?

Porque não esconde sua alma revés?

Aceite que sua verdade é uma mentira

Aceite que não é capaz contra minha ira

Agora lhe mato e lhe rasgo o peito

É hora de você amar direito.

Deitado no chão a sangrar

Tudo o que acredito vejo vazar

O amor que sobrou foi todo embora

Mataram minha alma e a espada nem chora

Recolho os cacos da minha existência

Impotente então aceito minha penitência

Amarás aquilo que não sente

Agora sim você se tornou decente. 

Dentro de mim só ecoa: alma inexistente