Welcome Home escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo Único




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— Eu volto mais tarde! — avisou Draco mais uma vez, observando o filho desaparecer na casa, sem olhar para trás.  Ficou impressionado que mesmo com todo o dinheiro, os Weasley ainda se apegavam as raízes, mantendo a casa torta e desajeitada. Harry segurou sua garrafa de cerveja, olhando Draco de forma estranha, ignorando a barulheira infernal dentro da casa. O homem grisalho deu-lhe um sorriso rápido. — As seis eu volto... Eu já o ensinei a aparatar, mas...

Draco deu um riso, sem graça. Ele não tinha o que fazer, então buscar o filho e ouvir seus relatos sobre o dia incrível que tivera seria uma boa distração. Não que não terminar seu livro de mais de oitocentas páginas não fosse, mas... Ele assentiu lentamente para o Potter e virou-se, pronto para aparatar.

— Você não quer entrar? — convidou Harry. Draco virou-se novamente. — Tem muita comida... É uma festa, não convidamos só Scorpius.

— Não acho uma boa ideia. — agradeceu Draco, afastando-se mais um pouco.

— Malfoy... — O homem louro apertou a varinha, impaciente, ansioso para aparatar. Ele havia se habituado de tal forma a sua solidão que situações sociais o deixavam irritado. Olhou Harry, ignorando seu traje despojado. — Draco... — corrigiu ele, respirando fundo. — Se nossos filhos vão ser amigos... Então não somos mais inimigos.

Draco olhou o homem, receoso.

— Vamos, entre. — convidou ele, abrindo espaço. O homem grisalho avaliou o interior da casa, barulhento e movimentado, receoso. Sempre teve uma curiosidade ardente para saber como era a casa dos Weasley. Seu livro não iria fugir e tempo ele tinha de sobra. Deu um sorriso falho para Harry, abaixando a cabeça ao entrar na casa. Mal pisou no local e fora cutucado por algo em seus joelhos. Olhou para baixo, vendo um bebê de quatro anos, lambuzando suas calças de chocolate.

ZOE! — gritou Angelina Weasley, trançando o cabelo de uma garota loura, visivelmente com raízes veelas. — FRED, EU DISSE PARA CUIDAR DELA! QUE SACO!

— Mãe, calma! — pediu um garoto negro, alto, agachando-se e pegando sua irmãzinha. — Ei, cara, me desculpe...

— Não foi nada! — sorriu Draco, constrangido. Deu mais um passo e pisou em um brinquedo, deu outro para trás e tombou em um menino de cabelos azuis. Desculpou-se, desesperado, dando uma cotovelada em Ginny Potter.

— Calminha, senhor Malfoy! — brincou ela, acariciando seu ombro.

— Me perdoe, desculpa...

— Tudo bem, esse lugar é do tamanho de um ovo. — riu ela, pegando a pequena Zoe no colo de Fred, desaparecendo nos andares acima. Draco olhou ao seu redor, fascinado. Era tudo rústico e estranhamente confortável e seguro. Não havia um canto da casa sem alguém e as pessoas estavam sempre rindo ou brigando, e rindo em seguida. Deu alguns passos, conferindo se não bateria em ninguém, achando uma piscina de plástico no grande quintal, onde a maioria das crianças berravam e brincavam.

Scorpius, no auge de seus dezesseis anos, conversava algo com Roxanne Weasley, que gesticulava, extremamente animada.

— O que vai querer? — o homem ruivo tirou a cabeça da geladeira, dando um olhar rápido para Draco. Ele sentiu-se desconfortável, todos estavam com roupas confortáveis e despojadas, diferente dele, que estava em seu melhor terno. Deu de ombros, ainda desconfortável e admirado pela realidade paralela.

— Uma cerveja. — decidiu.

— Segura aí, riquinho. — Draco pegou no ar a garrafa de cerveja, agradecendo rapidamente. O homem ruivo parecia um pouco selvagem com sua barba abundante, parecia mais velho que a maioria dos Weasley. — Então você é o Malfoy... — ele abriu sua cerveja com os dentes, assustando Draco mais ainda. Ele sorriu, cuspindo a tampa, oferecendo a mão grande e calejada para o Malfoy. — Charles Weasley.

— Prazer. — cumprimentou Draco, perdendo sua mão na do homem, que apertou tanto sua mão, que quase fez uma expressão de dor. Sabia que não foi proposital, mas sentiu seus olhos lacrimejarem um pouco.

— Você vai morrer de calor nessa sua roupa milionária. — ele riu e então mudou sua expressão bruscamente em um berro. — GINEVRA, APAREÇA MULHER!

Ginevra Potter apareceu em uma das escadas e Draco olhou para cima, fascinado com a arquitetura torta e única. A mulher parecia furiosa.

— PARE DE GRITAR COMO SE FOSSE UM HOMEM DAS CAVERNAS! — urrou Ginny.

— O que está acontecendo? — um outro homem ruivo entrou na casa, de sunga. — Ah, olá senhor Malfoy... Bill Weasley.

Draco cumprimentou, envergonhado com o homem seminu. Outro Weasley apareceu, olhando o irmão com repulsa.

— Será que pode se vestir? Pensa que todos amam ver suas cicatrizes? — questionou ele.

— Ah, vá se foder, Percy. — mandou Charles, fazendo Bill rir, tentando encostar sua barriga no suposto Percy, que fugia, irritado. — GINEVRA!

— PARA DE GRITAR, CHARLIE! — urrou Ronald Weasley em algum canto da casa.

Um raio vermelho fora disparado em alguma parte das escadarias, queimando levemente o chão. Os homens gargalharam e Charles empurrou Draco para fora do caminho, rindo, parecendo procurar o autor do disparo.

— Não me vê há anos e quer me matar, maninha? — gritou Charles.

— Estão brigando sem mim? Por que vocês sempre me deixam de fora nas brigas? — indagou George Weasley, com uma boia em sua cintura. Pareceu assustado ao ver Draco, mas controlou-se. — Ei... Você... Tudo bem?

O Malfoy assentiu, dando um sorriso, extremamente acanhado.  Deu alguns passos para trás quando mais alguns homens entraram na casa e quase caiu em cima de Hermione. A mulher derrubou seu copo com o impacto, segurando-se na parede.

— Me perdoe! — pediu Draco, apontando sua varinha para o copo, que se reconstruiu. Hermione, entretanto, não parecia se importar com o copo e sim com Draco, fascinada por ele estar n’A Toca. Tocou seu ombro, abrindo um enorme sorriso.

Draco! Você aqui! — constatou ela, chocada.

— O Potter... Harry... Me convidou. — ele sentia-se bizarro falando os primeiros nomes das pessoas que sempre chamou pelo sobrenome. Ela riu, o olhando como se fosse uma miragem. Charles Weasley meteu sua mão pesada no ombro de Draco, o apavorando mais uma vez.

— Rapaz, minha irmã irá lhe dar algo mais confortável para vestir, suba as escadas! — ordenou ele, ainda gargalhando de algo com os irmãos. Hermione pegou o braço de Draco.

— Sim, eu te levo até lá! Acho que as roupas de Harry cairiam bem em você!

— Não... Não, por favor, estou confortável assim...

NÃO SEJA FRESCO! — berrou Charles Weasley no térreo enquanto Draco era arrastado escadas acima. Sentiu seu rosto queimar enquanto ouvia as gargalhadas no andar abaixo. Olhou as paredes repletas de quadros e rabiscos, a casa parecia um museu de memórias. Queria analisar cada detalhe. A mulher negra lhe guiou pelas escadas, enquanto ele via mágica em cada detalhe. Observou rapidamente Dominique Weasley arrumar seu pequeno altar Wicca em um quarto, Lily Potter pentear seu cabelo escovinha no banheiro sem porta, James Potter atracar-se de forma explicita com uma garota, fazendo Hermione fechar a porta bruscamente, olhando para Draco, envergonhada.

— Ele não tem um pingo de pudor! — resmungou ela, rolando os olhos. — Vamos, é por aqui.

O homem passou por mais um quarto, assistindo a comunicação silenciosa de Hugo Weasley e a filha de Neville Longbottom, Alice, na língua dos sinais. Ela o olhou, sorridente. Ele desviou o olhar. Conseguiu também ver uma garotinha corpulenta fungar, enxugando as lágrimas, apoiada no corrimão. Hermione aproximou-se, preocupada.

— Lucy... O que foi? — indagou ela, dócil. A garota soluçou, chorosa.

— Nada! — disse ela, fugindo para um dos quartos. Hermione olhou para Draco, maneando a cabeça negativamente.

— Ela gosta de James. Hannah está certa, gostar dos bonitos sempre dá trabalho... Ei, Ginny, você pode emprestar para Draco alguma roupa de Harry? — A Potter estava conversando com uma mulher loura quando eles entraram no quarto. Ela tinha a pequena Zoe adormecida em seus braços.

— Sim, claro! — ela levantou-se da cama, delicadamente colocando a bebê no berço, indo com Hermione para outro quarto, deixando Draco para trás. A mulher estava com um vestido negro longo, fitando o nada. Ele limpou a garganta e continuou na soleira da porta, sem saber o que fazer. A mulher o olhou, finalmente. Ela pareceu reconhece-lo.

— Uau... Um Malfoy entre os Weasley. — Draco parou, sem respirar. A mulher deu-lhe um sorriso triste. — Isso é no mínimo estranho.

— Me desculpe, a senhora é...?

— Jemima McLaggen. — disse ela, levantando-se e indo até ele. Ofereceu a mão e Draco apertou, sentindo um balde de água fria. No domingo foi anunciado no Profeta a morte do irmão dela.

— Eu sinto muito... — murmurou ele, sabendo exatamente o que ela estava sentindo. A mulher assentiu, dando de ombros.

— Um balaço na cabeça não é para todos. — disse ela, com uma voz rouca. Seu irmão era um excelente jogador da Ballycastle Bats, Draco se lembra dos diversos jogos que assistira com ele como goleiro. Foi uma fatalidade seu jogo contra os Falmouth Falcons, que são conhecidos por ser um time violento. — Bem, não me chame de senhora, sou casada com meu destino de ficar para tia.

Antes que Draco pudesse responder, Ginny Potter voltara com uma muda de roupas. O homem pegou as roupas, sem conseguir desviar os olhos claros da mulher, ela tinha um olhar único.

— Ah, vocês se conheceram. — disse ela, pegando o braço da amiga. — Jemima está passando um tempo conosco para recuperar-se.

— Eu... — Draco olhou as duas, receoso. — Eu conheço um grupo de apoio... Caso precise conversar. Eu... Eu precisei.

Ele desviou o olhar de pena em Ginevra, mas aceitou o olhar ponderador de Jemima, o avaliando. Ela, lentamente, deu-lhe um sorriso de aceitação e disse obrigada, saindo com a amiga, descendo as escadas. Draco entrou em um dos banheiros e trocou-se rapidamente, sentindo-se estranho em roupas que não eram suas. O Potter era relativamente mais volumoso que ele.

Saiu do banheiro, sentindo-se um extraterrestre de camisa e bermuda, confortável nos chinelos que lhe deram. Colocou suas roupas perto do berço da pequena Zoe, adormecida, e sorriu para a garotinha negra, fascinado por seu cabelo crespo.

— Quem é você? — Draco virou-se, assustado, dando de cara com uma garota de cabelos negros e franja, cheia de piercings e uma maquiagem forte e pesada. Ela deu uns passos para trás, arregalando os olhos.

— Draco Malfoy! — disse ele, rápido. — Eu fui convidado.

— Estava tocando em Zoe? Você é algum tipo de pervertido? — Draco arregalou os olhos, sem reação. — MÃE!

— Ele é o pai de Scorpius, sua retardada! — um garoto louro de olhos escuros apareceu, de calças de banho. — Deus, como você é burrinha, Dominique.

— Cala a boca!

— Que tontinha! — riu outro garoto, idêntico ao primeiro. Draco soltou o ar em seu pulmão, impressionado como aquele lugar era recheado de surpresas. Pediu licença para os adolescentes e desceu as escadas rapidamente, dando de cara com Ronald Weasley. Os dois se olharam, tensos.

— Harry me disse que estava aqui. — ele forçou-se a sorrir. — Espero que esteja gostando.

 

Radical Face - Welcome Home, Son

 

— Sim... É bem... Diferente. — Ron acabou rindo, e continuou seu caminho, subindo as escadas. Draco ouviu ele espantar os adolescentes, chamando por Hugo. Continuou descendo as escadas, presenciando uma cena única na sala de estar. Draco sentiu seu coração tremer ao perceber que a música que embalava todos na sala, era a música preferida de Astoria. Scorpius parecia saber daquilo, por isso observava tudo de longe, sentado no último degrau. Draco sentou-se ao lado do filho, que sorriu, surpreendendo-se rapidamente ao ver o pai.

Algumas pessoas ainda estavam esparramadas no sofá, bebendo e conversando, enquanto algumas dançavam no centro da sala como se fosse uma pista de dança. Algumas molhando o chão porque correram da piscina para a sala, outras com os pés sujos de terra, de biquíni ou de roupa, eles dançavam naturalmente, descontraídos, de formas e movimentos diferentes.

Rose Weasley apareceu, com a boca cheia de algum aperitivo, agarrando as mãos de Scorpius para que ele dançasse com ela. O garoto foi, rindo, pulando com a garota, que mexia em seu black crespo, o aumentando mais e mais.

— Vamos, vamos! Não pode ficar parado! — chamou Hermione Weasley, forçando Draco a levantar-se ao puxar seus braços. O homem levantou-se, aflito, caminhando até o centro da sala, balançando-se lentamente. Roxanne Weasley dançou com ele, balançando suas madeixas, ele soltou-se mais um pouco, apesar de ter sentido suas bochechas queimarem com a dança feminina e extravagante de Louis Weasley, fazendo seu pai gargalhar e incentivá-lo.

Fleur apareceu na sua frente, em passos perfeitos, e atrás dela, Charles Weasley dançou com Draco em passos antigos, segurando uma garrafa de uísque. Aos poucos, o homem estava gargalhando e girando Hannah Longbottom pela sala, a trocando por Jemima McLaggen, que parecia estar aflita como ele estava no começo.

Desejou que Astoria estivesse ali.

Mas continuou batendo palmas, girando com todos pela pista.

No almoço, sentou-se ao lado de Harry, que o incluiu na conversa intelectual de um de seus amigos. Ele experimentou a torta que Angelina insistiu para que comesse e divertiu-se com as histórias do garoto de cabelo azul, que acabou derrubando uma garrafa de suco, extremamente desastrado. Ele nunca se divertiu tanto. Não desde Astoria. Entendeu porque seu filho queria praticamente morar com os Weasley.

Sentiu-se vivo.

Sentiu-se em casa.


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Notas finais do capítulo

É quase um mixtape maroto daquela minha fanfic "Os Excêntricos Weasley", mas na versão Cursed Child.


Jemima McLaggen é minha Meredith Grey em questões de aparência.


ESPERO QUE GOSTEM, PORQUE EU AMEEEEEEEI ESCREVER ESSA HIST