Maquina. escrita por Lógica


Capítulo 1
Capítulo 1 - one-shot.




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A primeira vista, o som que se originava das varias engrenagens pareciam que se quebrariam a qualquer momento com seu estalos, ruídos e ricochete amentos de funções de movimentação. Exalava um cheiro forte de petróleo queimado e sua movimentação robótica indicava um protótipo em desenvolvimento pelas mãos do homem mais conhecido no mundo. Faraize Maquin, seu professor por um breve período de tempo que tinha a honra de conhecer. 

—Professor, é realmente possível pelas leis de Isaac Asimov, fazer robôs perfeitos?  - questionou a morena e recebeu um sorriso do construtor de maquinas que deixou as ferramentas de prata por um instante. 

—O que você acha Urano?  

—Eu? Bem, eu acredito que as leis não tem defeitos, mas e o robô em si?  

—Vejo que está aprendendo. Realmente, Isaac Asimov criou as três leis da robótica perfeitamente, que, mudadas, poderiam causar grandes erros na programação de um robô. Veja por exemplo, esse pequeno MP (Maquina Protótipo), ele é novo, foi criado a menos de dez minutos e já tem as três leis, mas não se mexe corretamente e suas falas sempre terminam com "beterraba é baba!" E ainda fede a óleo diesel de uma maneira irritante. - assinalou e poderão ouvir o pequeno robô estalar parecendo indignado pelas falas de seu criador. - oh, desculpe se fui grosseiro.  

—Então... Apesar de ter as três leis, ele não é perfeito?  

—Nenhum robô é perfeito, podemos evoluir em tecnologia, mas sempre de algum modo essa tecnologia cairá em desuso e logo irá nascer outra, mais melhorada e potente, mas também logo seguira sua antecessora. Podemos dizer, que inevitavelmente, procuramos a perfeição. - pontuou e Urano assentiu enquanto observava o MP brincar com um parafuso como se fosse uma bola e comemorar quando em um chute relaxado ele passou o parafuso pelo meio de uma argola em formato de parafuso. 

—Eles podem criar personalidade própria também?  

—Nunca se provou ser possível, as ações que você está vendo agora são de um chip que embuti em seu dorso. Basicamente, eles não tem mente própria para criarem sua própria personalidade. 

—Ou seja, não tem livro arbítrio. - pontuou e Faraize assentiu enquanto ajeitava os óculos de aros redondos e pequenos. 

—O livro arbítrio ainda é muito distante para os robôs, mas talvez um dia podemos dar a eles, de alguma maneira.  

—Seria incrível! - elogiou e Faraize olhou em seu relógio de bolço. 

—Mas agora estamos sem tempo para mais conversas. Já é meio dia, não deveria estar na escola?  

—- 

Sim, deveria. Mas sua escola já fora o tempo que fora um dia boa, agora, com o campos totalmente encoberto por nada além de metal e ferro, a morena somente podia apreciar uma vista cinza e algumas vezes prateada, que recaia também sobre toda a cidade capital. Ajeitando a mascara de respiração, ela sairá do enorme prédio de mais de cem andares da corporação Robótica Primes com o olhar perdido. A bolça pendida sobre um dos ombros enquanto, na calçada, retirava um dos bolsos seu cartão de identificação e passava por uma das maquinas que existia a cada duzentos metros em cada rua para chamar um meio de transporte. Quando a mesma soou positivo, resplandecendo em um sinal verde, ela ouviu um som baixo parecendo como se alguém estivesse pedalando em uma bicicleta e logo depois, um pequeno globo transparente, com uma cadeira, apareceu em suas vistas. Entrando calmamente, quando a porta se fechara, e a compressão liberara um abastecimento acoplado de oxigênio, ela digitara rapidamente as coordenadas no pequeno teclado embutido e em um solavanco, começara a se movimentar velozmente pela rua.  

Não iria mentir e dizer que não era divertido, na realidade era bem interessante como todo o funcionamento da CTMP (Cúpula de Transporte Móvel Pessoal) funcionava. Com injeção magnética poderosa, a CTMP se tornava o objeto de locomoção mais sem poluentes já desenvolvido. É claro que usava energia elétrica, mas compensava em não precisar de gasolina ou outros combustíveis fosseis. Mas, mesmo assim, eles estavam muito longe da completa perfeição. Haviam conseguido inventar uma tecnologia ecologicamente correta muito tarde, sua mascara de respiração era uma prova do que pensava. E... Desesperadamente, os humanos tentavam já rever a anos o que haviam perdido. 

Olhou para o lado, e pelo vidro da cúpula ela pode ver sua cidade e também, os dois grandes SPs (Sugadores de Poluição) que faziam a vida das pessoas se tornar razoavelmente estáveis, mas mesmo assim ainda precisando de mascaras de proteção. Mas ela agradecia por pelo menos não precisar mais usar as roupas pesadas e negras que impediam dos corpos reterem doenças ou coisas piores.  

—A uma ligação para a senhorita, deseja recebe-la? - piscou os olhos surpresa ao ouvir a voz feminina emitida pela cúpula e olhou para o teclado a sua frente que piscava em uma luz azul. 

—Sim, por favor. - respondeu e se ajeitou no banco. Um minuto depois, um holograma se programou a sua frente. A face séria de seu pai se projetou com uma leve interferência. - Papai? 

—É bom saber que esta bem. - um chiado se emitia de sua voz. - sua mãe andava preocupada com você.  

—Estou bem. - afirmou e depois forçou um sorriso. - como andam as coisas por ai? 

—Vão bem. - respondeu rápido e depois levantou uma sobrancelha. - recebemos um VT (Vídeo Telegrama) essa manhã de sua escola.  

—Aé? - seu sorriso sumiu. - E o que dizia?  

—Que você anda indo maravilhosamente bem, com notas altas e carreira promissora. - A morena suspirou internamente, aliviada. - Mas que anda faltando consideravelmente! - retesou sua respiração surpresa. 

—Ah, alguns dias... - mencionou como se fosse uma bobeira, mas a face séria de seu pai a desarmava. 

—Eles falaram que já fazem duas semanas, Urano! Duas semanas! E você só aparece para fazer alguma prova, ou apresentar algum trabalho. O que anda acontecendo?! - questionava com a face já se direcionando para uma irritada e a morena engoliu em seco. 

—Eu tenho feito estágios em uma corporação. - disse calmamente, mas na verdade estava suando frio. - Como aprendiz. 

—E por que não falou isso para a escola? - a morena suspirou. 

—Pai, a coisas que eu não quero que saibam na escola. 

—Mas um estagio em uma corporação como aprendiz é um fato de muito orgulho! Sua mãe ficara orgulhosa, mas suas faltas podem impedir de se formar. Não a estou jugando Urano, mas não acha que está se contradizendo?  

—Desculpe pai eu tenho que ir. - seus olhos se voltaram para o sinal da copula que indicava que estava chegando perto de sua parada. - Conversamos mais tarde quando eu chegar em meu apartamento.   

—Está bem... Mas não pense que fugirá dessa conversa!  - a morena sorriu. 

—Eu sei. Adeus, diga a mamãe que mandei um abraço e um beijo. - o patriarca suspirou e depois sorriu. 

—Cuide-se. Nós te amamos. - Urano sentiu seu coração apertar. 

—Também amo vocês... - quando o projetor encerrou a ligação a morena se esparramos em seu banco. - ... Eu acho. - falou, completando a frase no silencio da CTMP com sua cabeça latejando. Quando enfim a cúpula parara de se mover, recolocara a mascara e quando enfim a porta de compressão se abriu, ela saiu no meio de uma multidão de adultos e crianças pequenas, mesmo a de colo, usando mascaras de respiração. Ela havia decidido descer bem no maior balneário a estação principal da cidade capital.  

A passos rápidos, ela caminhara entre a multidão seguindo a fila que a levaria para a saída da estação. Já fazia muito tempo que não caminhava sobre aquelas plataformas, a ultima vez havia um mês e jurara para si nunca mais voltar lá novamente, pelo menos não para ir aquele certo lugar. Mas sua curiosidade sempre fora uma enigma cruel, e de alguma forma, seus extintos não se engavam tão fácil. Ela precisava ter certeza!  

Passando entre duas senhores de idade, que tinham as faces levemente amareladas, a morena seguiu pela rua metálica com uma ansiedade que estava sendo difícil de controlar. Mas não conseguiu não se interessar pela conversa das duas, o que fez Urano reter um poucos seus passos para ouvir as palavras das mais velhas que saiam abafadas pelas mascaras. 

—... E, estão testando em pessoas agora. 

—Fique sabendo, ouvi pela RN (Rádio de Noticias), será revolucionário!  

—Ah, espero que nos ajude... 

Urano parara de ouvir quando as mais velhas viraram uma rua em direção contraria do que ia e se manteve pensativa. A RN era uma rádio que basicamente noticiava tudo que vinha a publico na cidade capital, era a mais bem informada como também nunca transmitia assuntos falsos o que deixava a questão muito mais curiosa. Eles andavam testando que tipo de coisa em humanos?  

Com um suspiro longo, voltou a refazer seu percurso fazendo uma nota mental que deveria verificar aquele tipo de noticia. Havia muitas coisas estranhas acontecendo recentemente naquela cidade que faziam os sentidos da morena se alarmarem, mas também tinha seus motivos para se preocupar com aquele tipo de coisa e um deles, era ele. 

Quando virou a rua R-C1, se deparou com uma loja de estilo gótico, um pouco sombrio, talvez levemente mórbido, que vendia acessórios e objetos de segunda mão para clientela mais pobre que não podia comprar os de primeira mão. Seria uma atitude bonita, se na verdade ele não fizesse um comércio ilegal por trás da loja. Entrando no estabelecimento, a morena sentiu um ar golpeá-la assim que a porta se fechara completamente. Retirando a mascara, ela respirou fundo o oxigênio, mas tampou rapidamente a respiração quando sentiu outro cheio junto com o ar. Era gás?  

—Puta que pariu! - falou o palavrão saindo correndo em direção ao fundo da loja e encontrando rapidamente a cozinha, um fogão antigo ligado, soltando gás. Desligou rapidamente o objeto para depois abrir as janelas colocando rapidamente a mascara. - Cozinha, ventilar! - gritou e rapidamente foi atendida. O som de ar escapando por alguns buracos e em cinco minutos, fechara a janela retirando a mascara e suspirando aliviada. - Essa foi por pouco.  

—Ah, sabia que tinha esquecido uma coisa. - virou o rosto e viu um homem de estatura alta e cabelos brancos aparecer por uma porta lateral. - Urano...? - os olhos com heterocromia se desviaram para si e a morena se virou para o mesmo com a expressão irritada.  

—Você é idiota? Como esquece esse bendito treco ligado? Poderia ter explodido a loja!  

—Mas não explodiu. - pontuou entrando no cômodo e se aproximando do fogão. - não acha lindo? Foi realmente difícil encontrar essa peça rara. 

—Imagino. - fez uma careta. - Que azar que o encontrou no final.  

—Não seja tão rude. - comentou e Urano suspirou. 

—Eu não entendo como você gosta dessa coisa e sempre esquece ligado. Sabia que estamos no século 25?  

—Infelizmente... Sim. - falou desgostoso mas depois voltou seu olhar para a morena curioso. - Mas, pelo que eu me lembre, e se ainda me lembro bem, você disse que nunca mais viria aqui de novo. - a morena desviou os olhos. - o que a trouce aqui, novamente?  

—A ultima vez que estive aqui você me disse sobre uma coisa... Estranha.  

—Inovadora na verdade. - reformulou as palavras da morena e a mesma deu de ombros.  

—Que seja... Bem, eu comecei a pesquisar depois disso. - Lysandre sorriu ao ouvir as palavras. 

—Então veio admitir que estou certo?  

—Não. Eu vim admitir que o que você me disse tem um pouco de lógica. - disse e abriu sua bolsa retirando algumas folhas de anotações. - Foi em perto de 2300 não?  

—Em 2299 para ser mais exato. - corrigiu.  

—Bem, talvez eu esteja louca... 

—Oh, finalmente admitiu que é um pouco louca? - riu de forma calma e Urano teve vontade de soca-lo no estomago. 

—Sim, eu sou louca. Sou louca o bastante para admitir que não tenho nenhum sentimento de carinho ou fraterno com os meus pais. - seu olhar se tornou duro e Lysandre se calou por um momento.  

—Desculpe. - o mais alto falou, o olhar compreensivo que dirigia a morena era verdadeiro. Foi o que Urano constatou.  

—Não preciso de piedade. - resmungou irritada e Lysandre suspirou. 

—Não estou le dizendo desculpas por piedade, deve ser difícil, afinal... Seus pais devem ama-la, mas você não pode retribuir o sentimento.  

—Por que? - perguntou e o prateado colocou um dedo sobre o queixo.  

—Quem sabe? Essa sociedade é bem misteriosa não acha?  

—Tão misteriosa ao ponto de substituir humanos?  

—Acha que fomos substituídos? 

—Minhas pesquisas me deixaram confusa. - admitiu e começou a ler um dos papeis. - Em 2299, uma nova vacina foi oficialmente oficializada pelo governo. Apesar de realmente reter algum efeitos colaterais, o desespero por uma salvação levou a morte quase a metade do mundo em menos de três meses. Os que não sofreram efeitos colaterais, ou que não morreram, foram oficialmente dados como "salvos", mesmo que ainda tendo que usar roupas de proteção e mascaras especiais de respiração. As crianças que nasceram dessas pessoas, eram saudáveis e não apresentavam problemas. - terminou de falar e Lysandre olhou de forma vaga para a morena.  

—Isso parece promissor.  

—Mas é o que se pode encontrar em qualquer site em uma pesquisa rápida no S.N.O.B (Sistema de Navegação Operacional Bruto). - comentou e depois retirou outra folha. - Se formos pesquisar em corporações com bancos de dados mais amplos, conseguimos informações bem mas detalhadas e contrarias.  

—Espera. - interrompeu. - Como você conseguiria informações em uma corporação? 

A morena sorriu de forma malandra. 

—Vire aprendiz do maior inventor de maquinas da cidade capital com uma influencia admiravelmente enorme. - sorriu e Lysandre a olhou impressionado. 

—Realmente, surpreendente.  

—Obrigada. - voltou seu olhar para folha. - agora, ouça: Em 2300, crianças nascidas dos "salvos" começaram a apresentar comportamento conturbados, tinham épocas que somente sorriam ou brincavam de maneira humana longe dos pais, iam com completos estranhos mas ignoravam completamente a presença paterna, como se estivessem se tornado completamente independentes do leite de sua mãe ou presença do pai.  

—Esse foi o efeito colateral dos Salvos. - concordou e depois sorriu. - Venha comigo. - ordenou e foi em direção a porta por onde entrara. Urano o seguiu guardando suas anotações rapidamente e também passando pela porta, olhara um pouco impressionada quando, de súbito, vislumbrara a visão de uma sala muito ampla e branca. Ela nunca em sã consciência imaginaria que existira um lugar daqueles dentro daquela loja. 

—O que é...? 

—Existem coisas, que nem mesmo os humanos imaginam que existem. - falou e a estendeu a mão.  

A morena tremeu levemente em expectativa. 

—Você tem as respostas? 

—Você quer descobrir se as tenho? É corajosa o suficiente para isso? Tantas perguntas... 

—Tsc... Não me subestime. - agarrou a mão estendida. - Me conte tudo! - ordenou e o prateado assentiu levemente. Daquele momento em diante, estaria ali, se iniciando o começo da mudança talvez até de uma revolta.


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