— Candy! Deixa isso quieto! Candy! – Ele quer brincar com minhas Action Figures. Eu estou tentando faze-lo almoçar, mas é uma missão impossível. – Candy vem comer isso logo! – ele está balançando desesperadamente a Figura do Nero (a versão limitada inspirada no filme. Devo me desesperar?). E eu estou tentando alcança-lo com o prato na mão, mas ele está correndo pela casa. – Candy, vai esfriar!

Eu desisto. Meu celular toca e eu vou ver quem é.

— Aby? – digo atendendo sua ligação.

— Oi, Oi! – o tom de voz dele está mais animado e vibrante do que nunca.

— Oi Ju! – grita Kitsune do outro lado da linha também. Estou confusa.

— Escutem – digo rindo – o que vocês têm?

— Nada. – responde Aby confuso. – por quê?

— Estão chapados? – eu tenho amigos que usam algumas coisas, e eles ficam bem animados quando estão sob efeito das drogas, mais ou menos como eles estão agora.

— Não! – Aby berra – por que a pergunta?

— Digamos que eu saiba reconhecer ataques súbitos de alegria... Mas vocês vão falar alguma coisa útil ou vão ficar gritando ai? Tenho um prato de comida esfriando para enfiar na barriga de uma criança trabalhosa.

— É sobre a criança trabalhosa que queremos falar, Ju.

— Sobre Candy? – pergunto desconfiada.

— Que a gente saiba sim. – diz Kitsune – Ou tem outra?

— Ah, Kitsune, vai se...

— Sente-se, Ju. – ordena Aby e depois faz uma pausa. Acho que ele está realmente esperando que eu vá me sentar. – Já sentou?

— Estou sentada! – minto. Eu não tenho paciência para ir puxar uma cadeira agora. – contem logo!

— Não está! Sente-se ou eu vou fazer uma vídeo-chamada para verificar. Rápido!

Tudo que eu não preciso agora é aparecer descabelada em uma vídeo-chamada com Aby. Eu vou até a mesa e puxo uma cadeira fazendo o máximo de barulho que posso.

— Pronto. – digo me sentando – Agora estou sentada de verdade.

— Ótimo. Gosto assim. – ele vai contar ou não? Eu reviro os olhos impaciente – Ju, você se lembra do nosso projeto?

— Uhum. – murmuro roendo as unhas.

— Então – ele continua embromando – lembra-se da condição que eu dei ao presidente? Para a construção dele?

— Sim – digo sem pensar – você só iria ceder o projeto se... – me dou conta. Será mesmo? É muito bom para ser verdade. Bom demais. – Não...

— Sim! – eles gritam em coro. Oh meus deuses. – Nós vencemos Ju! Nós conseguimos! Candy vai ser tratado!

— Seu filho da puta! – eu começo a gritar para o celular – Eu te amo Aby! 

— Opa! Filho da puta não! – ele esperneia na linha. – E não é recíproco!

— Porque ele só ama a mim! – Kitsune arranha ao fundo.

— Ah, vão se ferrar! – eu desligo o celular. Procuro Candy para dar a notícia e ele está me encarando congelado. Finalmente parou de correr.

— Candy, quer saber a novidade?

— Não. Você falou palavra feia. – Murmura ele de cabeça baixa – duas vezes.