Vida e Legado de Lullaby Minus escrita por Laudomir Floriano


Capítulo 12
Decimo Primeiro Capitulo


Notas iniciais do capítulo

"In another life
I would be your girl
We'd keep all our promises
Be us against the world"
—The One That Got Away, Katy Perry



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— Alguém quer bolo? – Gregor aparece de surpresa como ele sempre costuma fazer. Necessito de um pequeno intervalo de segundos para entender o que ele quis dizer por causa das gargalhadas. Parece que ele e Candy se deram muito bem porque ele está rindo bastante também.

            – Eu quero! – Digo tentando quebrar o clima pesado que se deu por aqui agora a pouco. Corro na direção deles e pego um pedaço de bolo na bandeja. Eu olho para Gregor esperando que ele explique por que estão rindo tanto, mas ele dá de ombros. Acho que nem eles sabem.

            – Gostou Ciel? – pergunta ele se acalmando. – O recruta me ajudou bastante. Vocês querem? – pergunta ele para os meninos. – Ah! – ele exclama lembrando-se de algo. – Comandante, vem cá! Candy quer te conhecer!

            Aby olha por cima do ombro e arregala os olhos, depois se afasta lentamente da janela e tropeça em nossa direção, ele parece desconfortável, acho que não se dá tão bem com crianças quanto o pai. Ele para a uma distância considerável.

            – O... Oi, Candy – gagueja meio nervoso – eu sou Lullaby Minus. E assim que você se apresenta para crianças? – ele pergunta para Kitsune que apenas sorri como resposta.

            – Lullaby! – Candy esquece que está de boca cheia e cospe bolo para todo lado.

            – Candy! – repreende Ju cortando o clima – Cadê a educação? Não se fala de boca cheia!

            – Desculpa. – diz ele indo em direção a Aby com a intenção de abraça-lo.

            Pego outro pedaço de bolo para assistir o abraço desajeitado que Aby dá em Candy. Gregor levanta a bandeja acima da altura da cabeça e me olha feio, mas sei que está brincando.

            – Venham pegar o bolo logo antes que Ciel papa-bolo coma tudo! – ele começa a caminhar para fora do quarto – venham! – grita ele do corredor – vou fazer vocês correrem um pouco. Sigam o homem com o bolo!

            Todos gemem de preguiça e desaprovação à ideia, menos Candy que sai em disparada na mesma direção que Gregor saiu. Eu e Kitsune o seguimos, mas Ju e Aby ficam para limpar o bolo cuspido.

            Chegando ao andar térreo vamos até a cozinha, Candy está sentado no balcão fazendo torres de biscoito de morango e Gregor está tirando uma jarra de suco da geladeira.

            – E aí? – ele pergunta enquanto sentamos à mesa. Pego outro pedaço de bolo. – Como vai o namoro? – quase me engasgo quando ele termina a pergunta, então ganho um copo de suco para ajudar a descer. – Calma rapaz. Foi uma pergunta inocente. – ele ri meio nervoso e serve Kitsune também que por sua vez agradece.

            – Vai bem. – ela responde por nós enquanto me encara – até agora, obrigado por perguntar.

            – Fico feliz por vocês – ele pega mais copos, provavelmente para os outros. – não pensem que eu fiquei bravo, é só que – ele estaciona os copos na mesa. O tom de sua voz é triste. – quem não quer ver seu filho feliz, né?

            – Nós entendemos. – Kitsune se serve de bolo. – também foi difícil para nós Gregor. Aby é nosso melhor amigo.

            – Eu amo Aby – murmuro – não do jeito que ele quer, eu o amo como um irmão. Ele é importante para mim Gregor, nunca quis faze-lo sofrer e continuo não querendo.

            – Eu sei Ciel. Eu amo vocês como filhos. – ele se senta apoiando o queixo no punho. – Eu quero tudo de bom para vocês, assim como quero para Aby. E se um de vocês é a felicidade que o outro acha que precisa então vão em frente. Contanto que os dois sejam felizes.

            – Obrigado Gregor – agradece Kitsune – nós seremos.

             Lullaby e Ju chegam discretamente cochichando alguma coisa. Gregor olha-os desconfiado.

            – Podem compartilhar com o grupo se quiserem. – brinca Gregor – nós somos uma panelinha, lembra?

            – Você não faz parte da panelinha, Gregor. – debocha Aby – mas as inscrições para novo integrante estão abertas. Vai que você possua os pré-requisitos.

Gregor faz uma careta de desaprovação e finge ficar ofendido.

            Lanchamos vagarosamente e rimos por horas até que Ju sugere que toquemos algo.

            – Boa ideia! – exclamo. – Vocês querem? – pergunto aos outros tentando ser democrático. Todos aprovam e dizem que é uma ótima ideia.

            – Eu quero te ver tocar de novo Ciel. Senti muita falta disso. – diz Aby me olhando daquele jeito que ele sempre olha e eu finjo não entender.

            Subo para pegar nossos violões e quando desço, eles já estão sentados em circulo no chão da sala.

            – Talvez eu seja a única pessoa que goste de aprender cifras de músicas seculares, – confesso sentando-me ao lado de Kitsune – mas você conhece The One That I Got Away, Ju? – fico surpreso quando ela diz que sim.

            – É claro que eu conheço! – grita ela claramente entusiasmada – eu achei que fosse a única no mundo que ainda conhece essa música. Não sei por que, nem gosto muito de música antiga, mas conheci essa por acaso, é importante pra mim.

            – Por algum motivo especial? – interpela Lullaby como quem não quer nada.

            – Tudo há seu tempo. – Ju pisca para ele.

            – Você começa. – digo.

            – Lá vai. Dois, três, quatro... – então ela puxa os acordes familiares e eu a sigo.

            Enquanto cantamos vou me lembrando do significado daquelas palavras:

                        Em outra vida

                        Eu seria sua garota

                        Nós manteríamos todas as promessas

                        Seríamos nós contra o mundo

                        Em outra vida

                        Eu te faria ficar

                        Então eu não teria que dizer

                        Que você foi aquele que foi embora

 

            Os olhos de Lullaby marejam e ele encosta a cabeça no ombro de Kitsune.

                        Todo esse dinheiro

Não pode comprar uma máquina do tempo, não

Não pode substituí-lo com um milhão de anéis, não

Eu deveria ter dito a você

O que você significava para mim

Porque agora eu pago o preço

           

Quando a música acaba todos ficam pensativos por um tempo. Aby não contém as lágrimas, parece que a música o tocou bastante. Kitsune o abraça.

— Próxima. – diz Ju.

Ficamos tocando até o sol se por, depois que pedi alforria para os meus dedos dormentes poderem recuperar sua utilidade, Gregor ligou para um restaurante e pediu pizza. Assistimos a um filme sobre vampiros enquanto esperamos.

Quando os pedidos chegam, Gregor deixa as caixas no centro da mesa para que todos possam pegar livremente. Mas Lullaby é apaixonado por pizza, então, discretamente, ele deu um jeito de roubar uma inteira só para ele.

Fomos dormir praticamente de madrugada, porque o filme na verdade era o primeiro de cinco. Tivemos que assistir a todos. Menos Candy, ele adormeceu no inicio do terceiro.

Pela manhã, depois do café exageradamente reforçado de Gregor, esperamos meu pai vir nos buscar. Enquanto os outros falam sobre o filme de ontem eu converso com Lullaby.

— Eu senti sua falta Aby. – sibilo baixo.

— Às vezes eu não entendo seu jogo Ciel. Por que você sentiria minha falta? Por que você insiste em deixar claro que eu sou importante pra você?

— Por que você é? – reviro os olhos – Aby você é meu melhor amigo.

— E você é o filho da mãe que eu amo. Quando eu digo que senti saudades de você, você não sente o peso que eu sinto quando você diz isso. Porque os tipos de amor que sentimos são totalmente distintos.

Olho para ele pensativo. Isso é verdade. Pensando assim, eu também não sou correspondido por ele. Direciono meu campo de visão para o lado oposto e não falo mais nada até ouvir o interfone tocar.

— Meu pai chegou. – declaro.

— Percebi – ele se levanta e estende os braços. – tchau, Ciel.

— Até mais, Aby. – eu o abraço.

— Foi muito bom conhece-lo, Gregor. – diz Ju.

— Digo o mesmo, – ele sorri – venha aqui mais vezes. E traga Candy também.

Candy pula encima dele.

— Até logo recruta. – diz Gregor o beijando na testa.

— Você vai voltar segunda não é Aby? – interpelo o olhando nos olhos.

— Eu vou tentar. – ele encara o chão.

— Obrigado. – eu viro as costas e vou embora.

Na segunda, ele não apareceu.


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Notas finais do capítulo

A partir desse momento eu estava me perdendo e me tornando vazio assim como Aby.



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