Vida e Legado de Lullaby Minus escrita por Laudomir Floriano


Capítulo 1
Apresentação




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Oi. Como eu poderia pedir – de maneira educada, afinal, temos que manter as aparências – para você fechar esse livro e nunca mais pensar em abri-lo novamente? Tenho que escrever um discurso de apresentação da obra. Mas, olha para você, você já teve que escrever uma apresentação para a sua vida? Não? Então por que eu tenho que te apresentar a minha? As pessoas apenas cruzam seu caminho e sua vida se encarrega de apresenta-se a elas. Então vou deixar você entrar na minha. Mas não se sinta privilegiado. Eu sou uma pessoa normal. Não sou herói, nem vilão. Sou apenas eu. Lullaby Minus. Esse é meu nome. Você o achou estranho? Pois eu adoro o meu nome, então você não precisa gostar dele. E acredite, ele é mais comum do que imagina. De qualquer forma você está livre para me chamar de Aby. Você tem meu consentimento.

Sua cara de confusão está maravilhosa, estou imaginando ela daqui. Talvez você não esteja entendendo muito bem o que está acontecendo – nem eu estou – bom, vamos às explicações. Eu não sei quantos anos de idade nós temos de diferença. Eu posso estar falando diretamente com um ancestral meu. Com o bisavô do bisavô do avô meu pai. Ou estou falando com uma pessoa da minha idade que mora do outro lado do bairro. O que estou tentando dizer, é que pode haver milênios de diferença entre nós, ou décadas, ou minutos, você que decide. Você está no passado ou no presente? Ou melhor, eu posso ser obsoleto, e você está há trezentos anos no futuro.

De qualquer forma vou explicar o meu contexto, o mundo está provavelmente “acabando”. Desastres ambientais são tão comuns quanto grãos de areia, e o clima muda a cada minuto. Os governos não conseguem mais alienar as pessoas quanto a nossa situação, então elas mesmas se alienam. Alguns dizem que isso acontece a cada milhão de anos e passará, outros dizem que é o apocalipse e que algum dos dez milhares de deuses inventados pela humanidade vai voltar em breve, e outros apenas tentam viver uma vida normal e esperar por dias melhores. Eu me enquadro no último grupo, mas não espero dias melhores. Quero que o mundo despenque da sua orbita e caia no vácuo de algum buraco de minhoca e se desintegre lentamente. Acho a humanidade um desperdício de espaço no universo. Ou até nesse planeta. Ele tem cara de gente boa, mas suas células são lixos inúteis.

Além dos desastres naturais, as pessoas se matam entre si. Ou seja, além do mundo ao nosso redor nos matando, nós também fazemos isso, e muito bem por sinal. Guerras, chacinas, ataques terroristas. Mas isso já existe há anos então todos sabemos lidar. Você deve estar mais curioso com o meu dia a dia, então irei explicar. Vamos começar com o lugar em que estou situado. Eu moro em Santa Carmen, interior do Nordeste da NNSA, meu país.

Bom, o planeta está super populado, então não existem mais casas. Não do jeito que você imagina, vivemos empoleirados em prédios agora. O menor bloco de moradia que conheço tem duzentos e vinte andares. Nos tetos da maioria dos prédios, há hortas e essas coisas, de onde vem a comida dos moradores. Como não há espaço, não há lugar para criação de gado, logo, nossa carne é produto da soja, algo essencial na culinária pós-contemporânea. Claro que existe carne de verdade pra vender ainda, mas é absurdamente caro.

Outro problema da superpopulação é que as pessoas não podem mais ter o número de filhos que quiser. Se você tiver um filho a mais, terá que pagar a Taxa de Natalidade, uma espécie de imposto por ele quando nascer, por isso tios são cada vez mais raros. Eu possuo apenas um: Escobar, irmão mais novo da minha mãe. Meus avós juntaram dinheiro por muito tempo para poder tê-lo.

As ruas são exageradamente arborizadas, já que nossos amados ancestrais destruíram praticamente tudo, temos que correr atrás do prejuízo. A cada vinte metros há um pé de qualquer coisa ao lado do meio fio. O que é bom, porque quando estiver muito quente elas podem fazer uma sombrinha.

Papel quase não existe, exceto pelos livros – que são de papel reciclado e têm um preço um tanto quanto salgado, mas há versões digitais. Eu tenho sorte de possuir alguns porque meu pai me deu dois por ano desde que aprendi a ler. – Árvores são muito preciosas, então não podemos desperdiça-las com isso. Plástico também é algo absurdamente difícil de encontrar fora de museus. Como o silício é bem mais abundante que o petróleo, e descobriram como fazer algo meio parecido com o plástico de verdade com ele, evitou-se muita coisa. Falando em combustíveis fósseis, os carros também não são mais abastecidos com gasolina há muito tempo. Eles têm placas solares, assim como nossas casas.

Tirando essas pequenas diferenças, eu vivo uma vida de adolescente normal assim como você vive, viveu ou viverá. Eu tenho amigos – dois, mas isso não vem ao caso –, eu gosto de alguém, eu morro de tédio... Todas essas coisas que pessoas da minha idade fazem por séculos. Há propósito tenho dezesseis.

Eu, Ciel e Kitsune – esses são meus amigos – criamos um projeto chamado Wondeland. É uma cidade perfeita, onde todos colaboram e tudo funciona divinamente bem. Eu fiquei com a parte econômica e social. As pessoas não trabalham para ganhar dinheiro, elas trabalham para servir a cidade. Por exemplo, um médico cuida da saúde de um sapateiro, que em troca conserta os sapatos da esposa desse médico, que por sua vez é a professora da filha do sapateiro. Kitsune ficou com a arquitetura do lugar, como ela desenha muito bem, todos os prédios e ruas ficaram uma graça. E Ciel deu nome aos bois, afinal as pessoas precisariam se situar no local. Ruas, prédios, bairros, essas coisas.

Por fim, isso é tudo que você precisa saber até o momento. Eu pediria mais uma vez que você parasse de ler, mas isso só te deixaria mais curioso e você ignoraria de qualquer forma. Então vá em frente, o livro é todo seu. Até logo.

 


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Notas finais do capítulo

Sejam bem-vindos ao meu mundo, bem-vindo ao meu universo. espero que você consiga imergir nesse lugar que eu amo tanto e que você se apaixone por Aby, Kistune e Ciel assim como eu. Quero que você entenda que cada um deles é um fragmento de mim que grita e se debate pedindo um lugar no mundo. E como eu poderia negar?
Em cada nota eu vou deixar uma citação que eu goste e vou deixar também as músicas que eu estava escutando para escrever determinado capítulo.
Obrigado por dedicar um pouquinho do seu tempo para ler. Obrigado aos meus amigos que me apoiaram e me encorajaram a postar essa história, dedico ela a vocês. Eu amo vocês, até a próxima. ♥



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