O sol brilhava alto.

O sol brilhava alto e era um dia especial.

Elia estava sentada, nervosa, esperando. Trajava um vestido laranja, a cor de sua casa, com mangas que chegavam até o chão e o corpete, tão apertado que a sufocava, decorado em renda de Myr branca. Era feito de um tecido pesado, com diversas saias, que pareciam querer puxa-la para baixo. Nada parecido com os vestidos leves que usavam em Dorne.

Era o vestido de seu casamento.

Usava também seu manto de donzela, uma capa laranja, com o sol vermelho transpassado pela lança estampado, o símbolo de sua casa. Logo esse mesmo manto seria trocado, e em vez de um sol vermelho ela usaria o dragão da casa Targaryen, nas cores preto e vermelho. As cores de seu futuro marido.

Futuro marido que nem bem conhecia.

Havia o visto uma ou duas vezes de longe, que chegara a Porto Real, e Rhaegar Targaryen era tudo o que diziam e um pouco mais. Era esguio e forte, com seus cabelos brilhantes, prateados. O sonho de toda a donzela. E era um príncipe. O futuro rei. E Elia, aparentemente, serviria como sua futura rainha e mãe de seus herdeiros.

Não podia deixar de se sentir feliz, mesmo que nervosa. Seu sonho de criança havia realmente se tornado real, após tantos anos. Finalmente se tornaria uma princesa. Uma princesa de verdade, não apenas o título dornês para se referir a simples lordes.

Levantou-se quando a porta se abriu. Doran, seu irmão mais velho, entrou por ela, trajando um gibão laranja, assim como o vestido da irmã. Tinha um sorriso calmo no rosto. Era esguio e de típicos traços dornenses, assim como seus irmãos. Não era tão bonito quanto Oberyn, mas tinha um rosto honesto e inteligente.

"Você está linda" ele disse, com um sorriso gentil. Elia sorriu nervosamente em resposta, observando suas mãos, que tremiam. "Não há motivo para estar nervosa", ele disse, calmo, envolvendo as mãos da irmã nas suas. "Rhaegar é um bom homem. Ele cuidará de você"

"Não é por isso que estou nervosa, irmão" ela respondeu, com o cenho franzido. "Depois de me casar, vocês voltarão para Dorne. Ficarei sozinha aqui?" perguntou, aflita.

"Não estará sozinha. Estará com seu marido, com sua nova família" ele respondeu, calmo, tentando fazer com que a irmã compreendesse.

"Minha nova família? Não serei mais uma Martell, então? Serei abandonada?" perguntou, com um tom magoado.

"Não, Elia, não está entendendo", ele disse, rindo suavemente. "Ninguém irá te abandonar. Nasceste uma Martell, sempre será uma de nós. Sempre será o sol de Dorne, Elia, e sem seu calor os Jardins das Águas sempre parecerão mais frios para nós. Mas isso não significa que nunca poderá voltar. Dorne é sua casa e ninguém ousaria te expulsar de sua própria casa."

"Nunca? Promete?" perguntou, ainda com preocupação na voz.

"Prometo, irmã. Prometo que nada de mau jamais acontecerá contigo" ele disse, com um sorriso gentil.

O sol brilhava alto.

O sol brilhava alto, e Elia nunca havia sentido tanto medo.