A Procura Da Minha Personalidade escrita por CClioPatra


Capítulo 5
Capítulo 5




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No segundo dia sem ir à escola, eu fui à Montrose, num vestido simples, sandálias e pronta para ir conviver com os hippies, cantar "Somebody to love", andar numa hippie van e renovar meu contrato de uma good vibes.

No final eles até me ofereceram uma tragada de Narguilé com tabaco.

Eu não fumava, e nem bebia, mas o que fez com que eu recusasse a oferta foi que em frações de segundos lembrei-me da aula de Ioga e assim que eles me deram o narguilé, eu fiquei com os olhos acesos como se tivesse levado um choque elétrico.

Mas no geral, os hippies foram bem amigáveis e acolhedores.

Minha mãe nem prestou atenção que eu havia saído, e os funcionários da casa não eram daqueles com a língua solta.

Já era o terceiro e último dia sem ir a escola, e eu estava exausta. Já havia ido a uma escola de ioga na tentativa de praticar o xamanismo( que era a tentativa de buscar orientação académica), já havia ido para um bairro hippie cantar "Somebody to love", gritar paz e amor para o vento, mas não havia solucionado meu problema.
A minha ideia era conviver com os vários estilos de vida para ver, com qual eu mais me identificava. Talvez eu estivesse tentando resolver da forma errada.

1.Personalize a sua roupa; faça com que pareçam únicas.
Divirta-se! Não faça a linha deprimida acreditando que
isso deixa você "mais gótica", porque não deixa.

2.Você não precisa mudar o seu cabelo nem o seu guarda-
roupa inteiro para ser gótica.

3.Muitas pessoas pensam que
tipos como os góticos não gostam de estudar, usam drogas,
bebem, fumam prove que estão todos enganados.

Dizia um artigo na Internet, sobre como ser gótica.

Como era o último dia de suspensão, eu decidi descansar a mente e me vestir de um modo drasticamente diferente dos hippies.

Peguei numa das poucas calças pretas que eu tinha e numa tesoura, e comecei a personalizar ao meu gosto.

Vesti a calça acompanhando-a com uma camiseta branca que ia até ao joelho, um moletom preto e ténis da mesma cor. Passei delineador, rímel, um batom preto, deixei meu cabelo solto com aquele estilo de "eu não me importo" que parecia mais com" pedi emprego para ser juba de leão" e fui caminhar.

Já eram 20:35, quando eu estava passando por um bairro pouco movimentado e decidi entrar em uma mercearia e comprar algo para comer.

Entrei na mercearia que parecia que estava bem vazia, isso até eu ver muita gente amontoada perto da área do caixa. Uma moça deitada no chão, fazia um gesto com as mãos, como se estivesse me mandando embora daquele local, também fazia uma arma com as mãos, um celular, e eu continuei andando e recolhendo os pacotes do que eu queria.
A moça continuava fazendo os gestos e eu apenas pensava: moça você é muito assustadora, mais estranha que o doutor estranho. Você me dá medo, deixa só eu adiantar o meu processo de comp...

JESUS, JOSÉ E MARIA ! NOSSA SENHORA DOS ENCRENCADOS! AAAAAAA!COMO.EU.VIM.PARAR AQUI? TEM ALGUM BOTÃO QUE VOLTA AS DECISÕES?

O que a minha mente entendeu: vá embora garota antes que eu te dê um tiro. Você não é bem vinda aqui.

O que a moça estava tentando dizer: saia daqui antes que eles te vejam, eles estão armados, vá e ligue para a polícia.

Eu estava mais assustada que cachorro em canoa e mais desorientada que alpargata em cima do piano.
Aquela mercearia estava sendo assaltada por um grupo de três moços, armados, e um deles estava com o rosto descoberto.

O que dá nos bandidos que assaltam um local sem máscara. Será que se suicidam depois do assalto para que a polícia não os identifique?

Eu permaneci imóvel como se alguém tivesse clicado no botão "pausa" em mim.

— E aí gata? Pelos vistos nos encontramos novamente neh?—O QUÊ?!—Mermão, essa é a garota que eu falei para você que eu estava a fim dela. Mas ela me deu um fora. Ela mora lá nos lados do meu subúrbio—disse um dos assaltantes para o colega, referindo-se a mim.

É AGORA QUE EU ME ABSORVO!

— O que você tá esperando? Exploda os neurónios dela—NÃO PELO AMOR DE DEUS! PAZ E AMOR! PAZ-E-AMOR. PAZ.E.AMOR.

—Mas tá tudo legal. Eu sou uma pessoa do bem, sabe?

Claro que eu sei, tanto que você está com uma arma na mão assaltando uma mercearia.

—E então, como tu tá? 

Falando sério eu não tive escolha senão fingir que conhecia aquele criminoso.

—E...u to bem gato. Arrumei um negão aí sabe?

—Ah é, tó feliz por você.

—Ob...eh mermão!

—Eu achando que você seria mais uma coitada num ambiente tão assustador como esses, e acabou sendo a rainha dos assaltantes.—disse um dos reféns.

—CALA BOCA AÍ. QUEM MANDOU TU FALAR ALGO!?—o assaltante apontou a arma para ele, fazendo-o encolher-se. Eu abri os olhos mais do que o normal e depois forcei um sorriso.

—É uma pena cê ter me dado um fora. Mas pode escolher qualquer coisa aí, doces, chocolates, refrigerante e batatinhas. Qualquer bagulho aí.

Eu juro que eu iria recolher tudo que havia ali e levar para minha casa, se eu não ouvisse os carros da polícia chegando na hora.

—VAMOS SAIR DAQUI AGORA!— falou um dos quatro assaltantes que saíram dos fundos da mercearia.—VOCÊ ESTÁ LOUCO OU QUÊ PARA NÃO ESTAR COM A MÁSCARA?—disse ele para o meu possível ex. pretendente que se despedia de mim.

Eu juro que eu pensei que eram só três, isso até aqueles quatro surgirem do além.

Eles saíram na velocidade da luz, mais rápidos do que leopardo em corrida de lesmas.

A polícia entrou no local mas não chegou de encontra-los a tempo.

—Algum de vocês sabe algo mais detalhado, mais do que o assaltante sem a máscara?— perguntou um oficial.

—Essa moça de tudo preto conhece ele—disse uma senhora.—Devem ser da mesma quadrilha.

— O quê!?

— Você poderia me acompanhar a delegacia por favor?

É agora que eu estou mais enrolada que briga de polvo. Oi chão, você deixa eu me enterrar e me juntar a você?

Minutos depois eu estava na delegacia e numa sala de interrogatório.
Eles me deixaram lá e disseram que mais tarde viria alguém para me interrogar, porque aquela não era a área deles.
Não me lembro o número de vezes que eu me perguntei " Como assim não é vossa área?"

Minha atenção desviou-se para a porta da sala de interrogatório assim que ela se abriu e pude ver entrar um rapaz pouco mais alto que eu, o cabelo até aos ombros, de calça jeans e camisa social, e quanto mais ele se aproximava, mais dava uma visão especial do seu rosto lindo.

Se eu soubesse que iria encontrar uma obra de arte daquelas numa sala de interrogatório, eu mesma teria assaltado aquela mercearia.

Ele aproximou-se da mesa de interrogatório, sentou na única cadeira vaga, limpou a garganta e disse:

—Deixa só me apresentar, sou o detetive Styles ou simplesmente Mr. Styles— ele olhou para mim.— Posso saber o seu nome?

Assim está difícil nem, bota uma máscara para eu não ter de me desconcentrar com essa sua cara de gostoso.

—Li...lian!— o.k. eu pensei cinco vezes e depois decidi que não iria falar meu nome. Eu estava numa sala de interrogatório, suspeita de pertencer a uma quadrilha e me apresentando com um nome falso. Que lindo, nem?

—O que faz na vida?

Pensa Lili, pensa, pensa, pensa.

—Trabalho numa loja de conveniência, em Montrose.

—Idade?

—Dezoito anos.

Pensei em mentir e falar que tinha dezassete, assim me poupariam. Mas pensei bem, e vi que teria que ligar para os meus responsáveis. Meu pai estaria ocupado, e eu realmente não queria ter que ligar para minha mãe, e dizer que fui presa por ter uma conversa mais ou menos amorosa com um criminoso.

—Como você sabe, ouve um assalto a mercearia Benson's e você esteve presente, como também teve uma conversa muito pessoal demais com um dos criminosos. O que você  estava fazendo naquela mercearia?

—Dançando macarena até ao chão.

—Mm—ele sorriu e continuou: — Devo dizer-te que não tenho tempo para piadinhas, há muito que fazer e eu preciso mesmo de sair daqui o mais rápido possível.

—O.k. aquilo realmente não foi uma piadinha, foi só para mostrar o quão idiota foi a sua pergunta. Você acabou de me perguntar o que eu fazia numa mercearia, é uma mercearia e para que serve mesmo uma mercearia?  Fazer compras nem.

—Você acabou de nomear como "parva" a minha questão? Você sabia que pode ser presa por isso?

— A...ah —tentei falar algo mas eu estava engasgada. Eu ainda não tinha me tocado que realmente estava numa sala de interrogatório, com um detetive gostoso, que estava sério demais para o meu paladar.

—Mas não se preocupe, isso não vem ao caso. O que foi que você conversou com o assaltante?

Eu contei tudo o que aconteceu e acrescentei: —Só para constar eu não conheço ele.

—Então você quer dizer que foi uma coincidência, uma gótica, estar num local em assalto e conversando com um criminoso que diz ter levado um fora.

—E o que tem meu estilo de gótica haver com isso? Eu estou assim porque gostei do estilo, e não porque sou uma criminosa, drogada, assaltante de mercearias. Puro preconceito, você e a sociedade tudo junto, ah!

—Me desculpe se a ofendi, não quis me referir à gótica nesse sentido. Só acho que é impossível você conversar com alguém, sem ao menos o conhecer.

Revirei os olhos.

—Eu não tenho culpa se o criminoso decidiu me confundir com a ex. paixoneta dele. Eu só entrei na onda da conversa, como diz o ditado, "salve-se quem poder".

—Isso é sério?

— Não, estou só brincando de faz de conta com você. A verdade é que eu conheci aquele moço na desconhecidolândia, somos amigos de infância e fomos invadir aquela mercearia para angariar fundos para o nosso desconhecido casamento.
Os outros assaltantes eram: meu cunhado, o padre, meu sogro e meu sogro, eles são gays—ele formou um sorriso no canto da boca.

Porquê um assalto à uma mercearia é tão grave assim e importante? Não está na cara que eu não tenho nada haver? Pensei.

O tal do detetive Styles, anotava algo que nem deu para ver o que era, enquanto eu permanecia sentada com os braços por cima da pequena mesa e os meus cabelos morenos piores do que estavam antes.

—Posso ir ao toalete?

Ele olhou para mim como se estivesse fazendo uma análise raio x e eu ergui as sobrancelhas. Ele levantou-se, saiu da sala por uns minutos e voltou com um policial e disse:

—Ele vai acompanhar-te.

Cara você está fazendo eu me sentir uma verdadeira criminosa, eu juro que não é necessário eu ir escoltada para o toalete, e se esse cara decidir me violar?

Levantei-me lentamente e sai da sala escoltada com aquele policial com cara de demónio das águas.


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Notas finais do capítulo

Oies.

Mais um cap, demorou mas chegou.
É que a escola anda muito apertada, e pensem numa nerd que não gosta de escola :) prazer, eu!

Para quem não sabe, "Montrose" é uma das partes da cidade de Houston.

Narguilé, é uma espécie de cachimbo de água. Também é camado de Hookah, e Xixa.

Gente não sejam moitas, porque isso é vírus.

Qual é a vossa cor favorita?

Beijos na bunda, da ClioPatra ❤ Vos amodoro.❤



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