Cavaleiro - (Contos do Branco e Vermelho) escrita por emrys


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste.



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Ao continuar subindo pela claustrofóbica escadaria, o cavaleiro já havia se acostumado com o silêncio. O que realmente o intrigou foi quando ele começou a ouvir alguns sons distantes, os quais ainda não conseguia distinguir exatamente o que eram.

Ao continuar andando, finalmente enxergou e abriu a próxima porta, e através dela pôde identificar o som como uma música clássica e de certa forma aquilo até combinava com aquele andar, o qual possuía cor clara das paredes, o chão coberto por algum tipo de cerâmica branca e uma quantidade incrível de prateleiras contendo livros, alguns poucos jogos e muitos filmes decoravam o lugar. Ao entrar o cavaleiro teve que seguir uma espécie de labirinto entre as prateleiras, mas o cavaleiro finalmente chegava a um espaço mais aberto, onde, repousando em uma grande poltrona com um descanso para os pés, havia uma figura masculina. Do seu lado esquerdo um equipamento tocava aquela musica clássica que o cavaleiro ouvira desde antes de entrar e do seu lado direito havia um livro e algumas guloseimas sobre um criado-mudo.

— Cavaleiro? A que lhe devo a honra de sua visita? – Disse a figura que aparentava ser um senhor de meia idade, com as laterais dos fios de sua cabeça já grisalhos. Sua roupa consistia em uma calça verde escuro, meias brancas que cobriam dos pés até acima do tornozelo e uma blusa azul de lã que cobria o resto do seu corpo que aparentava ter menos de um metro e sessenta de altura.

— Olá, sinto atrapalhá-lo, mas estou com um pouco de dificuldade para encontrar a saída. Será que o senhor poderia me ajudar? Pois acho que começo a me atrasar para um compromisso importante.

— Acredito que você já seja inteligente o suficiente para saber que, como nos últimos três andares que você já passou, eu não posso simplesmente guiá-lo. Então façamos assim, sente-se ao meu lado, vamos comer alguma coisa e talvez até jogar algo, e depois disso você desistirá dessa idéia estúpida de falar com uma das deusas e vá embora dessa torre.

— Entendo, mas tenho que insistir para que me mostre o caminho. – Insistia o cavaleiro, sentindo um pequeno estresse que ele mesmo não sabia de onde vinha, mas por alguma razão estava difícil de contê-lo.

— Já lhe disse que não, cavaleiro, ainda continua com essa conversa ridícula? Vamos, estou sendo cordial com você. Vamos passar algum tempo conversando, quero saber como andam as coisas lá fora já que faz tanto tempo que não saio de minha casa. Diga-me quais são as novidades e vá embora, é a única maneira de não se machucar. – Finalizou fechando o cenho.

— Entendo sua posição, então a minha proposta é a seguinte, apenas aponte para que lado está a saída deste lugar e vamos fingir que você sequer me viu passar por aqui, tudo bem?

— Está começando a me irritar, cavaleiro.

— Juro que não é o que pretendo, mas preciso chegar rápido ao próximo andar e você não está cooperando. – O cavaleiro também começava a perder a paciência.

O ranger dos dentes foi audível.

— Ok, eu tentei ser hospitaleiro e você pisou em cima do meu ato gentil, agora você irá cumprir o que eu digo, seu verme insolente. Dê meia volta e saia pela mesma porta que você entrou, AGORA! – Livros caíram de suas prateleiras, a música parou sozinha, mas o cavaleiro não se mexeu. – Ora, seu maldito inseto, acha que pode me desafiar?

Vendo que não havia mais o que ser dito, o cavaleiro apenas deu as costas e procurou outro corredor para seguir seu caminho. O barulho o fez se virar e, ao olhar, uma grande estante caía em sua direção espalhando livros que havia nela por todos os lados. Um pulo para o lado fez o cavaleiro desviar e a estante se espatifou no chão, fazendo de sua estrutura uma grande pilha de madeiras e livros.

— Eu estou falando com você, maldito filho de uma cadela. – Disse enquanto segurava outra prateleira com uma única mão, como se ela não pesasse mais do que um dos livros que ela compunha.

— É. Realmente agora você deixou de ser hospitaleiro. – Sorriu, sabendo que o inimigo avançaria com esse sinal de ironia.

E assim o fez.

Após arremessar a segunda estante na horizontal, esta que passou a centímetros da cabeça do cavaleiro e que com certeza o acertaria se ele não tivesse se abaixado, o senhor de meia idade pulou chutando de cima para baixo o cavaleiro, esse que bloqueou levantando ambos os braços. O impacto fez com que seus pés cravassem-se no chão, mas não o impediu que fosse atirado metros para trás quando seu oponente o chutou com a outra perna. Ele destruiu tudo que havia em suas costas fazendo um rastro de alguns metros, mas antes de parar conseguiu estabilizar seu equilíbrio, caindo de pé.  Porém, seu inimigo não parara com os ataques, desta vez avançando pela lateral do cavaleiro e mirando um soco em seu queixo. Ele o bloqueou novamente, criando rachaduras no chão ao fazê-lo, mas sem esperar por um segundo golpe o cavaleiro revidara ao ataque, movendo o braço do inimigo para criar uma abertura. Feito isso era a vez do cavaleiro atacar, desferindo um soco na barriga de seu inimigo e tirando-o do chão por alguns instantes.

Silêncio.

Nenhum dos dois se mexia.

— Até que você sabe dar um soco. – Disse o atacante, cuspindo sangue. – Mas isso não foi o bastante. – E devolveu o soco também no abdômen do cavaleiro. O soco foi igualmente possante, porém o cavaleiro não sofreu dano maior que um pequeno tapa em seu estômago, já que a armadura absorveu todo o restando do impacto. – Essa sua armadura... Alguém como você a usando, quem lhe deu um equipamento desses?

Sem responder à pergunta o cavaleiro dá o próximo golpe no maxilar de seu inimigo, atirando-o de volta a sua poltrona a metros de distância. A poltrona virou quando ele caiu por cima dela, fazendo-o dar uma cambalhota para trás. A poltrona ao cair bateu no equipamento musical, fazendo agora tocar uma música mais acelerada.

Ao se levantar, seus olhos estavam vermelhos, sua boca salivava e seu corpo tremia com a tensão que seus músculos faziam sobre si mesmos. Avançou, o soco veio reto mirando o capacete do cavaleiro, fácil de desviar, mas o atacante girou o corpo e com a outra mão tentou acertar a têmpora do cavaleiro, ele se abaixou já para bloquear um chute que veio em seguida da mesma direção, deslizou apenas para se ajoelhar e ser recebido por uma chuva de socos e chutes. Cada golpe criava rachaduras no chão, a mobília tremia e caía. A armadura estava absorvendo boa parte dos golpes, mas após dezenas o cavaleiro começava a se prejudicar. Com os braços erguidos para evitar golpes na cabeça o cavaleiro os cruzou, acumulou sua energia e a liberou criando uma explosão de fogo que atirou seu atacante para o outro lado do salão, este somente parando quando atingiu a parede e marcando com o contorno do seu corpo no local da batida. A música havia parado. O cavaleiro finalmente teve tempo de se levantar e olhar para o inimigo caído. Olhou para os arredores, muitas das estantes agora estavam caídas ou completamente destruídas, as mais próximas estavam queimando com um fogo baixo devido ao poder do cavaleiro, mas agora, com o cenário mais revelador, era possível se ter maior noção do tamanho do salão e, mais importante, de onde estava a porta de saída: A poucos metros ao lado de seu inimigo agora vencido,Mas antes que conseguisse abri-la e sair, o cavaleiro ouviu:

— Você é realmente mais forte do que parece, moleque. – Cuspiu para tirar o sangue que estava na boca.

— Não pretende continuar com isso, pretende? – Perguntou o cavaleiro, esquentando o ar ao seu redor.

— Não, não, vejo que todo esse tempo tentando me controlar só adiantou para me deixar enferrujado. De qualquer forma, se quiser continuar em sua subida que o faça, mas digo o seguinte: Os próximos três que entrarão em seu caminho são completamente diferentes de mim e dos anteriores. Você não pode com eles. – Exclamou, levantando-se e fitando o cavaleiro.

— Obrigado pelo aviso. – Disse sem expressar preocupação e saiu pela próxima porta em sua missão.

— Tsh, convencido. Que raiva que fiquei desse moleque, mas bem, acho que isso me mostra que devo voltar a me exercitar lá fora... Droga, mas antes tenho que encontrar uma forma de dar um jeito neste lugar. – Terminara de dizer, olhando os destroços ao seu redor.


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Notas finais do capítulo

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